Destinos Improváveis escrita por Nara


Capítulo 78
Passado - Natal de 1980


Notas iniciais do capítulo

25/12/1980 - o inicio (talvez essa fic devesse ter começado por esse capitulo... talvez...)



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Ele não sabia dizer ao certo o que o levou a aquele endereço, justamente naquele dia, ele não era dado a sentimentalismo e pouco se importava com datas festivas, principalmente aquela, um feriado potencializado por trouxas, com decorações exageradas e de muito mal gosto, barulho excessivo e muita correria… mas ali estava ele, usando suas vestes de comensal, se camuflando na escuridão da noite, ainda sentindo na pele a adrenalina de pela primeira vez em meses, não obedecer as ordens de seu mestre, ele sabia o que aquilo poderia significar, mas estava arriscando… Lucius o estaria encobrindo naquela noite, uma pequena troca de favores entre eles, claro Lucius não fazia ideia de suas intenções, ninguém sabia, era melhor assim… mas ele deveria estar em Chelsea agora, famoso bairro Londrino, num ataque a comunidade trouxa local, seria apenas uma distração a ordem, e uma lição aos trouxas que perdiam seu precioso tempo, e gastavam seu dinheiro inútil, ostentando e comemorando lá.

Ele olhou para a casa à sua frente, era simples, ele esperava algo mais arrojado?  talvez… e se ela estivesse acompanhada? Afinal ainda era natal, e se tivesse alguém da ordem à espreita? ele estava sendo um tolo? talvez… ele poderia estar comprometendo seu disfarce, mas algo dentro dele gritava para prosseguir… ele havia ido até ali, ele não era de retroceder e tão pouco desistir… ele queria muito fazer aquilo, era algo que ele vinha planejando desde que ela o abordou daquele jeito na cabeça do Javali aquele dia… quem ela pensava que era? E nos dias que se seguiram ele não conseguia deixar de pensar naquilo que ela havia dito, ele não se sentia à vontade com as palavras dela, ele queria confronta-la, e dizer que estava errada, por que isso o incomodava tanto?

Então ele tocou a campainha, é claro que seria mais fácil simplesmente entrar, mas ela não era uma bruxa qualquer, ela era esperta e muito poderosa, estava na Ordem a algum tempo e certamente haviam proteções, muitas delas, ele não queria causar nenhum alarde, não ainda… desse modo optou em usar os métodos trouxas tradicionais, era patético, ele Severo Snape, tocando a campainha de uma casa na Londres trouxa em pleno Natal, apenas por que achava que lhe devia uma resposta a altura… era o que ele pensava, mas não podia ser só isso… seu coração acelerou e ele quase recuou, mas não precisou muito para que alguém abrisse a porta e ali estava ela, de robe, cabelos presos de forma desajustada e pantufas... espera... pantufas… aquilo era um cisne? Ela usava pantufas rosas de cisne? Aquilo era ainda mais patético, ela se assustou ao vê-lo daquele jeito, sim as vestes de comensal não eram muito amigáveis e ela já as conhecia muito bem, mas ele não usava máscara, então ela se recompôs assim que o reconheceu, qual era o problema dela? Por que ela não sentia medo dele?

—Severo – ela disse segurando a porta – o que está fazendo aqui… Em Londres? – ela pediu fechando o robe melhor, ela havia corado e ele não pode deixar de notar a silhueta do seu corpo embaixo daquele tecido fino, ele sorriu com o canto da boca, ela era incrivelmente atraente, mesmo naqueles trajes, não era apropriado receber alguém assim… mas certamente ela não estava esperando por visitas a esse horário, ele a encarou, eles nunca foram muito próximos em Hogwarts, mesmo que fossem da Sonserina, eles haviam cursado apenas um ano juntos, em anos distintos, aquele havia sido um ano conturbado para ele, e ela era um ano mais nova, ainda assim ele se lembrava bem dela, aquela garota de cabelos castanhos e olhos verdes, ela chamava a sua atenção assim como chamava a atenção de muitos outros alunos, ela era impecavelmente bela… ela era…

—Quem está aí Maeva? – ele ouviu uma voz que interrompeu seus pensamentos... era uma voz masculina e aquilo o desconcertou, ele não sabia que ela tinha alguém, aquilo foi um erro e ele se arrependeu naquele mesmo instante de ter sido tão atrevido, ele recuou, descendo dois degraus.

—Não deveria ter vindo, obviamente está ocupada – ele disse fazendo menção em se virar, ele iria aparatar para longe dali.

—Não estou – ela disse para ele, enquanto se virava para dentro da casa – um amigo – ela respondeu para aquele que havia perguntado, um amigo? Ela havia dito, eles mal se falavam... eles estavam em lados opostos da guerra, eles deveriam se odiar, se matar talvez? ela havia sido gentil – ainda não respondeu minha pergunta Severo – ela se voltou para ele outra vez – como me encontrou? Por acaso andou me seguindo? – ela perguntou, ela estava esperando por respostas, respostas que ele não queria oferecer, não aquelas... estava se sentindo ridículo ali agora… aquilo era um erro, o que ele pensou que estaria fazendo?

—Tenho que ir – ele se limitou em dizer – vai ser uma noite longa – ele sorriu, era mentira - apenas volte ao cavalheiro que lhe espera e esqueça que estive aqui – ela riu... do que ela estava rindo?

—Cavalheiro? Francamente quem se refere a outra pessoa assim? – ela continuava rindo – estou sozinha, quer dizer... com Antony, mas ele é... minha ave, e ele não é muito galanteador – ela sorriu ainda mais – afinal é isso que cavalheiros deveriam ser? Galanteadores? – ela perguntou – não faço ideia do que cavalheiros deveriam ser – ela disse divertida - por que está aqui Severo? E por que está usando isso? – ela pediu agora séria.

—Me visto como um comensal, por que é o que eu sou – ele respondeu igualmente sério – e estou aqui, para dizer que está errada, sobre o que me disse no bar aquele dia... completamente errada – ele tentou soar bravo.

—O que? – ela a encarou agora confusa – Fazem semanas Severo, e depois desse tempo todo resolveu vir até a minha casa para me dizer que não concorda... que não concorda com o que eu disse? Francamente... – ela cruzou os braços – pois eu acho que se não se importasse, teria simplesmente ignorado e esquecido e bem... não é o que está fazendo, não é mesmo? e isso apenas reforça que eu estou certa – ela sorriu com ironia.

—Não está – ele a encarou de forma hostil – como ousa questionar minha lealdade... eu sou frio Maeva, não sabe do que sou capaz... – ele usava seu tom mais assustador – eu respondo pelas minhas escolhas, e eu escolhi ser o que sou... está enganada.

—Diga o que quiser, mas eu não acho que você seja – ela mantinha um ar de superioridade ali – Antony – ela disse se voltando para dentro da casa – pode me dar alguma privacidade, meu visitante... ele vai entrar e gostaria de ter uma conversa particular com ele – ela pediu, quem disse que ele ia entrar? Aquela garota era mesmo maluca, ela não estava pensando em deixa-lo entrar? Estava? Ela se colocava em risco ao abrir as portas para alguém como ele e honestamente… se suas intenções ali fossem para machuca-la, ele teria feito com facilidade, era assim que a ordem treinava seus aliados e por Merlin… o que eram aquelas pantufas de cisne? Eram simplesmente ridículas, ele ouviu algo como um bater de asas, então aquilo era mesmo uma ave? Ela tinha uma ave encantada, que se chamava Antony, que péssima companhia ele pensou, quem ia querer ser amigo de um pássaro? enquanto a via abrir a porta gesticulando para que ele entrasse – apenas tire as vestes, e suma com elas, nenhum seguidor de Voldemort entra na minha casa assim, ainda mais a meu convite – ela pediu - faço por que conheço seu coração.

—Não diga o nome – ele disse irritado – e engana-se ao achar que são as vestes que me tornam um comensal, isso vai além...

—São as vestes...  no seu caso, apenas as vestes... sabe eu tenho um dom especial – ela sorriu para ele – pode não acreditar em mim... mas eu posso digamos que saber sobre aqueles que me desejam mal e dessa forma conhecer as suas inclinações e por isso eu afirmo e reitero o que disse, você não é mal Severo, assim como também não é fiel a causa dele – ela o provocou, repetindo o que havia dito anteriormente, aquilo que o havia incomodado e trazido até ela nessa noite.

—Como ousa – ele a ameaçou – não me conhece, não sabe nada sobre mim...

—Se quer mesmo discutir isso, como vejo... – ela disse de forma desafiadora – e já que me parece ter tempo de sobra assim como também não tem ninguém para o natal.... assim como... eu – ela disse e agora parecia triste – sugiro que entre, estou congelando aqui fora – ela sinalizou para dentro – sem essa capa... é claro – ela reforçou, o que ele estava fazendo? Aqueles olhos verdes pareciam exercer algum encanto especial sobre ele e aquela garota, ela tinha atitude, ele precisava admitir, ela era diferente, era encantadoramente diferente, ele se moveu, ele iria entrar apenas para provar para aquela sujeitinha prepotente, de que ela estava enganada sobre ele, então ele fez, a casa era muito maior por dentro, era bastante aconchegante, a tapeçaria era quase toda em tons de verde, lembrava a comunal da Sonserina, e isso o deixou mais a vontade, apesar de que Maeva era uma das poucas de sua casa a não compactuarem com a causa do lorde das trevas, ela era mesmo diferente, em muitos sentidos.

—É muito corajosa em me deixar entrar assim – ele zombou – não acredito que um dos seus amigos da ordem possa aparecer para te salvar em condições como essa, quando você… permite que um comensal adentre em sua casa dessa maneira – ele a encarou, por Merlin, como ela era bonita, ele tentou imaginar como seria aquele corpo por baixo daquele robe, nem as pantufas rosas eram capazes de aplacar tanta beleza, ela sorriu… ela tinha o sorriso mais sublime…

—Nunca deixei nenhum comensal entrar na minha casa, nem antes e nem agora – ela reforçou – o seu coração não está nisso, só você não vê... assim como não estou preocupada em ter alguém me salvando, eu acho que dou conta sozinha – ela o provocou.

—Tola... – ele disse de forma grave e com ironia ao se  aproximar dela, ele queria assusta-la, mas ela não parecia se preocupar, normalmente ele assustava apenas com a entonação de sua voz, mas ali estava ela, sem sequer desviar o olhar, sem recuar ou esboçar qualquer reação, não era possível que ela fosse tão imprudente assim, ele não queria demonstrar fraqueza, então ele a impulsionou contra a parede, a prendendo contra ele, ela continuava sustentando o olhar, aqueles olhos verdes diziam tanto… aquela não era a primeira vez que eles haviam o olhado assim , aquele dia no bar ela estava comunicando algo e até mesmo algumas vezes em Hogwarts, ele sentiu o toque suave daquele tecido fino contra o seu corpo, e aquilo o fez estremecer, ele jamais a machucaria… o cheiro que ela emanava, era uma fragrância extremamente convidativa, seu corpo estava quente assim como o dele…

—Está tentando me provar algo – ela disse mordendo o lábio – estou quase convencida... apenas vá em frente - ela sussurrou para ele, ele entendeu sua intenção… suas bocas estavam tão próximas ali, aquilo era errado, eles jogavam para lados distintos na guerra, eram opostos... eles não poderiam se envolver daquela forma, ele havia deserdado uma ordem do seu mestre, para estar ali com ela nessa noite... o que ele estava fazendo? ela mexia com ele, era mais forte do que ele podia negar... ele fechou os olhos... uma de suas missões, além das inúmeras poções solicitadas pelo mestre, era espionar Dumbledore, e em virtude disso Severo frequentava  bastante o Cabeça do Javali, polisuco é claro...  Maeva estava sempre lá a tira colo, ele já havia notado que os bruxos da ordem dificilmente estavam sozinhos, e foi assim que ele passou a observa-la também, até aquele dia que ela o pegou de surpresa, ela havia descoberto seu disfarce, mas ainda assim não o entregou, aquilo era curioso... foi ela que ofereceu uma bebida e não o contrário… apenas para ridiculariza-lo, ele pensou … então ela passou a questionar sua lealdade, ela havia dito que não o achava mal, como ela pode ter sido tão abusada a esse ponto, ele havia sido rude com ela, mas não era o suficiente, ele vinha pensando nisso a semanas, desde o ocorrido, então ele a seguiu, ele sabia onde ela morava agora... ele precisava provar que ela estava errada... Maldita Maeva, malditos olhos verdes, então ele a beijou, ação que ela retribuiu prontamente, eles pareciam ter urgência ali, aquele era um beijo envolvente, ele achou que nunca mais sentiria algo assim por outra mulher... não depois de Lily... e naquele momento, tudo que ele precisava era dela, ela parecia ter a mesma necessidade… quem sabe num futuro distante pudesse haver alguma esperança para eles… ela passou a mão pelos seus cabelos.

—Feliz Natal Severo - ela sussurrou… com a voz rouca.

—Feliz natal Maeva – ele disse beijando seu pescoço, enquanto abria o seu robe, ela se comprimiu ainda mais contra o seu corpo, talvez o natal não fosse tão ruim assim.


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Notas finais do capítulo

Um capitulo bem mais curto, para quebrar a tradição dos capítulos longos e para embasar o natal de 1992 - 12 anos depois :)

E para quem se perguntava como bruxos tão opostos puderam se relacionar em plena guerra... sempre se dá um jeito né haha, esse foi o "primeiro" encontro de um relacionamento que não durou muito... como sabemos, mas foi intenso.

E Maeva não era tão politicamente correta assim e eu adoro mulheres com atitude hahaha ela tinha atitude, com toda certeza, a iniciativa foi dela... mas foi ele que correu atrás

E ele pensando "quem ia querer ser amigo de um pássaro?" ele no futuro hahaha



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