Destinos Improváveis escrita por Nara


Capítulo 48
Futuro - Minha filha?


Notas iniciais do capítulo

ALERTA lencinhos :)



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—Sim - ela disse séria - eu nunca falei da marca, ainda mais para você, como você sabe sobre isso? – ela perguntou, aquilo era impossível, não havia simplesmente como aquele rapaz saber que ela possuía algo assim, e pelo olhar de espanto que ele sequer conseguia disfarçar, ela realmente o pegou em algo ali – vamos responda – ela insistiu, se afastando um pouco mais.

—Shara... – ele chamou pelo seu primeiro nome de forma íntima, isso era completamente fora de padrão e a deixava ainda mais confusa – me desculpe, eu... não quis assustá-la assim, bem eu sei disso, por que... – ele a olhou de forma estranha – bom... eu sei por que… porque foi Madame Pomfrey, sim isso, exatamente isso, foi Pomfrey, foi ela que me contou – ele justificou – é que ela me manteve a par de todos os pacientes que passaram pela enfermaria nesse primeiro trimestre e você tem sido a mais assídua, é isso – ele disse sem graça, fazia até algum sentido mas por que ela ainda tinha a sensação de que ele estava mentindo, por que ele estava agindo de forma tão estranha? havia algo a mais ali e ela queria e iria descobrir, isso sem mencionar aquela mesma sensação que ela sentiu ao vê-lo pela primeira vez na enfermaria aquele dia, ele parecia tão familiar a sua voz... parecia ecoar na sua cabeça, eles se conheciam, mas como?... isso era impossível, ela precisava de mais informações.

—De onde você conhece o professor Snape exatamente? – ela resolveu perguntar, quem sabe isso ajudaria, afinal ela tinha ouvido aquele que era o comentário menos provável, mais inusitado e sem nenhum sentido referente ao seu rigoroso mestre de poções… aquele garoto na sua frente, ele havia mesmo pedido para dividir os aposentos com ele? Ou estava brincando, ele não se atreveria a brincar… ou se atreveria? então eles eram assim tão íntimos? Será que eram parentes? Isso tornava tudo mais confuso ainda.

—O professor... o professor Snape? – e agora ele estava gaguejando… ele estava nervoso, ela notou, era evidente de que havia algo acontecendo ali, por que ele se comportaria assim – bom, eu o conheço... Há alguns anos – ele respondeu vagamente.

—Alguns anos? – ela disse curiosa – bom você não me parece tão velho assim, Antony isso? é assim que se chama não é... quantos anos você tem? – ela pediu, de aparência ela achava que ele teria uns 25 anos de idade no máximo… qual o vínculo dele com o professor Snape? Por que ele não podia falar sobre aquilo?

—Alguns – ele disse apenas, era evidente que ele não queria fornecer nenhuma informação como se a idade pudesse dizer algo ali – olha eu só quero medica-la, certo... – ele disse mostrando a poção novamente que ele segurava nas mãos – e ficar de olho em você – ele finalizou sem jeito.

—Foi o que ele te pediu? – ela perguntou agora se aproximando dele – o professor Snape? Não foi?

—Sim... – ele assentiu –  a poção ela é pra dor - ele explicou um pouco mais a vontade - mas eu posso... bem… ver, eu consigo ajudar com isso – ele apontou para o seu ombro, ele parecia com dificuldade de encontrar as palavras certas agora, quem sabe estivesse com medo dela fazer mais perguntas das quais ele não poderia e nem queria responder – ela baixou um pouco a blusa, cedendo, talvez ganhar um pouco de confiança dele ajudaria, ele se aproximou, estendendo a mão sobre sua cicatriz, sem encostar nela, a marca estava aparentemente infeccionada, aquilo era tão estranho, ela nunca iria se acostumar com isso, mas o que ele estava fazendo afinal? Quando ela notou uma luz azul fluir entre a mão dele e sua cicatriz, o que era aquilo? ela nunca tinha visto Madame Pomfrey fazer nenhuma magia parecida com isso, ela sentiu uma sensação diferente, era como se qualquer conexão que houvesse entre eles ali, fosse acentuada e também como se ela já tivesse sentido isso antes, era uma sensação boa, aquilo era como sentir saudades de algo do qual ela não conhecia ou fazia a menor ideia do que podia se tratar, quem era ele afinal de contas? Ela não pensou duas vezes, com a outra mão ela tocou a luz azul… aquilo a atraia e foi então, que aconteceu outra vez...

“Era uma floresta, o dia estava ensolarado, eles estavam na beira de um lago, em cima de uma laje de pedras, as águas eram quase cristalinas, Shara já havia visto aquela mulher antes... sim era a mulher da sua primeira visão, ela reconheceu pelo cabelo, antes ela a havia visto apenas de costas, agora ela estava ali bem na sua frente, ela era tão bonita, já o rapaz... era ele, Antony e ele estava bravo, ela não conseguia ouvi-los, ela apenas podia sentir a tensão que havia naquela conversa, a mulher estava chorando, sentida, ela queria contar algo, estava apreensiva mas ele estava tão nervoso, ele não havia dado espaço para ela, ela estava tão triste, Shara podia sentir exatamente o que ela estava sentindo ali, tristeza, angústia, dor... eram apenas alguns dos sentimentos, Shara mesmo os conhecia tão bem, mas por que ele não ouvia? Porque ele estava indo embora?... Ela passou a mão na barriga, assim que ele saiu, deixando as lágrimas descerem pelo seu rosto, ela se sentia tão sozinha... Não tão sozinha assim, afinal ela estava grávida”

Shara piscou, percebendo que ela estava encarando Antony novamente, nos aposentos privativos do professor Snape, ela se afastou alguns passos, por que ele estava na sua visão? ele conhecia a mulher da sua primeira visão, quem era ele afinal? Aquela música na enfermaria... agora isso…

—Eu sei... assusta um pouquinho, a luz… mas veja... – ele apontou para sua cicatriz no ombro – já está muito melhor – ele disse, ele não havia notado o que tinha acontecido ali, e de fato a cicatriz, ela parecia normal agora, como ele havia feito isso? Aquilo definitivamente não era algo que Madame Pomfrey faria, não era algo comum…

—Quem é você? – ela pediu – DIGA! – ela gritou e ele se assustou, dando um passo para trás.

—Eu, eu… sou o ajudante de madame Pomfrey e....

—Não isso – ela o cortou, aquilo estava deixando-a louca – por que você está na minha visão? – ela disse por fim e aquilo o desconcertou.

—Como? – ele parecia impressionado – você teve uma visão comigo? - ele perguntou a analisando, Shara respirou fundo.

—Havia uma floresta, um lago – ela disse o encarando – você estava conversando... na verdade acho que discutindo, não sei, havia uma mulher e ela estava chorando, muito... ela queria te contar algo, mas você foi embora – ele havia paralisado, sim aquilo era real, havia mesmo acontecido, ela não precisava perguntar já que a expressão no rosto dele denunciava aquilo, que não pareciam ser boas recordações para ele também.

—Você… você, viu isso? – ele perguntou e ela assentiu, ele parecia tenso agora, as expressões haviam mudado completamente, aquilo não deveria fazer tanto tempo assim, afinal ele não havia mudado em nada fisicamente, talvez coisa de alguns meses.

—Quem é ela? – Shara perguntou, aquela que era a mulher misteriosa da sua visão... aquela que havia feito um ritual… e ela se deu conta de que ele fazia parte disso agora…

—Ela... – ele disse com dificuldade – foi a mulher que eu amei – aquilo pegou Shara de surpresa, ele disse isso com tanta dor, Shara entendeu que aquela lembrança foi a transição de algo que aconteceu entre eles, ela podia sentir aquilo, sentir o que ela sentiu…

—Você foi embora – Shara disse com tanta tristeza, ela podia sentir a dor dela, ele foi embora e ela se sentiu sozinha, outra vez... ela estava gerando uma vida ali, ela queria ter contado para ele... mas ele foi embora, nenhuma mulher deveria ficar sozinha numa situação como essa.

—Eu não pude ficar para ouvir... – havia dor naquelas palavras – eu sabia, eu a vi com ele, eu sei… era isso que ela queria me contar... eu não pude ficar para ouvir da boca dela, que ela não me amava mais, que ela havia escolhido ele… justamente ele – Antony disse remoendo aquelas lembranças... mas espera não, não era isso… não era sobre isso, ele havia entendido errado.

—Não, você está enganado – Shara disse – não era isso que ela queria te contar – ele a encarou confuso.

—Eu a vi, a vi com outra pessoa... com ele, eu sei... - Antony recuou um pouco – eu sei... – ele disse fechando os olhos - por que ela fez isso? Tudo poderia ter sido tão diferente… - Shara sentiu vontade de abraça-lo, mas não cairia bem…

—Olha Antony - ela disse soando de forma íntima também - eu não sei como... - ela suspirou, era difícil explicar aquilo - eu sei que vai parecer loucura, certo? – ela disse o olhando... - mas por um momento, era quase como se eu pudesse acessar os pensamentos e os sentimentos dela ali, então eu te garanto Antony que não, não era isso que ela ia te dizer... – ela disse vendo a cor do rosto dele sumir.

—Como? – ele perguntou - não pode ser… Não! - ele parecia não acreditar.

—Eu não sei ok – Shara colocou as duas mãos no rosto – essas coisas acontecem comigo, eu não sei... não sei explicar nada disso, isso é tão revoltante… é tão frustrante – ela sentiu vontade de chorar, mas se controlou por ele, já bastava tudo aquilo que estava acontecendo ali, e ele não estava bem com aquilo – enfim, talvez ela apenas queria que você soubesse – Shara disse tirando as duas mãos do rosto - sim, ela queria que você soubesse…

—O que? – ele perguntou sussurrando, ele estava chorando... sim aquilo a desconcertou, seja quem fosse aquele rapaz, ela se sentia como se a dor dele também fosse a sua, era como se ela tivesse que cuidar dele e não o contrário.

—Ela estava esperando um filho Antony – Shara disse, notando-o se remexer de maneira desconfortável… ele já sabia?

—Sim... mas não ainda, ela engravidou dias depois… disso – ele admitiu – ela engravidou dele… - não, ele havia entendido errado outra vez, ela se aproximou… colocando a mão no ombro dele e olhando no fundo dos seus olhos, aqueles olhos eram, tão familiares… por um momento ela sabia que precisava dizer aquilo, que ele precisava saber…

—Não... – Shara interrompeu – escute… ela estava tentando te dizer naquele dia que ela estava grávida Antony, um filho… um filho seu – Shara disse, sentindo o impacto que aquelas palavras causaram sobre ele, ele parecia transtornado, ele parecia ter perdido as forças, sim… ele soltou o frasco de poção que ele segurava em suas mãos, que estilhaçou ao bater no chão, sujando o tapete da sala com aquela gosma verde espessa, ela decidiu ignorar… depois lidaria com isso.

—Impossível…  – ele disse horrorizado – ela estava grávida sim, mas ela engravidou dele... a irmã dela me contou sobre isso – Antony paralisou, parecia pensar, se dar conta de algo ali - aquela… como eu pude acreditar nela? Eu… fui tão cego, eu me deixei levar pelo ciúmes… eu…  tem certeza? - ele perguntou enquanto as lágrimas desciam e corriam pelo seu rosto.

—Bom... como eu te disse, eu sei o que ela pensava e sentia – Shara o encarou outra vez, ela não conseguia entender o que estava acontecendo ali com ele, mas significava muito - o filho que ela está esperando, sim… ele é seu, tenho certeza – ela disse convicta.

—Crisa... não - ele colocou as mãos no rosto - aquela criança detestável… eu a odiei… a odiei tanto… Não - ele estava inconsolável, arrependido… ela não sabia.

—Antony, não deve ser tão ruim assim… eu não sei o que exatamente aconteceu entre vocês, mas sempre é tempo para voltar e pedir desculpas e bem se ela nasceu… ela é um bebê agora e não deve ser tão ruim - Shara tentou animá-lo, mas não parecia ter ajudado - eu sei que bebês podem assustar, mas…

—Você não entende - ele disse com tanta dor a interrompendo, de fato ela não entendia.

—Então tente me explicar - Shara pediu - talvez eu possa te ajudar a lidar com isso - ela tentou.

—Eu não posso… não posso… Shara - ele se aproximou dela, buscando as suas mãos e as segurando ali - me prometa uma coisa, precisa me prometer, por favor… - Shara o olhou confusa - por favor - ele implorou, enquanto mais lágrimas corriam pelo seu rosto, ela queria prometer, seja lá o que fosse, se de alguma forma isso pudesse ajudar…

—Antony… como eu posso prometer algo do qual eu não sei? - algo do qual desconheço? - ela não sabia o que dizer para ele- você precisa se acalmar e se me contar, quem sabe… - ela pediu, as mãos dele estavam geladas e ele estava tremendo.

—Você vai saber… na hora certa - ele disse olhando no fundo dos seus olhos - você vai saber Shara… você está predestinada a isso - ele apertou sua mão com força, do que ele estava falando? - Não deixe que nada te impeça de seguir seu coração, mas seja racional… faça o que tem quer feito… isso, isso vai me ajudar… acredite, só você pode fazer isso.

—Isso é loucura - Shara disse segurando a respiração, ela sabia…  mesmo que não pudesse compreender aquilo, que ele estava ali pedindo para que ela acabasse com seu sofrimento… ela sabia, e sabia também que de alguma forma ela poderia, ela sentiu a pedra do colar esquentando no seu peito, ela já havia sentido isso antes…  era loucura, tudo ali era na verdade.

—Eu sei… - ele a encarou de forma triste - eu sinto muito, por você, e por tudo que aconteceu com você, sua história e por tudo que teve que passar até aqui, nada disso teria sido necessário… nada… foi um erro… - agora ela não pode mais conter, ela sentiu as lágrimas quentes descerem por sua bochecha também, era como se ele soubesse, e aquela cena, se o professor Snape chegasse agora, seria trágico… e completamente incompreensível, mas ninguém nunca havia pedido desculpas para ela antes… ele estava sendo tão sensível ali.

—Quem é você? - ela pediu mais uma vez entre as lágrimas - por favor… - ele a soltou - você me conhece? - ela sabia que sim - eu te conheço? - ela também sabia que sim… - Como?

—Eu sinto muito - ele disse parecendo ter dificuldades em respirar -  eu preciso de ar fresco  - ele não parecia mesmo nada bem - preciso de vento… vento forte, do alto… - ele se afastou… Shara fechou os olhos, sabendo que por mais que ela buscasse respostas para tudo aquilo e por mais que Antony tivesse algumas, aquela era a coisa certa a se fazer naquele momento, ela podia lidar com isso, afinal caminhar no escuro era sua especialidade, mas ele… ele precisava de espaço, ela caminhou até a porta, colocando sua mão no centro e ela se abriu, como esperado, ele olhou para o que ela tinha acabado de fazer, olhou para a abertura, ele estava oscilando ali.

—Eu vou ficar bem… - ela disse enquanto o encarava - eu sei que ele te pediu pra ficar de olho em mim, eu entendo isso… mas eu estou bem, honestamente, e bem já se passou um certo tempo e ele deve estar mesmo voltando… pode ir - ela sinalizou para a porta, indicando que ele saísse - eu posso ver o quanto isso é importante pra você e que precisa de um espaço agora… eu entendo - ela entendia.

—Voce é tão boa Shara - ele disse limpando o rosto com as vestes, ela sorriu de forma discreta ali.

—Tudo bem em me deixar aqui, mas não o deixe vê-lo fazendo isso - ela disse tentando soar um pouco mais descontraída, o incentivando a ir - esse negócio de limpar o rosto com as roupas, acredite… ele sorriu de forma singela também - Antony vá procurá-las - ela incentivou, o rosto dele pesou.

—Elas… - ele disse com bastante dificuldade, passando pela porta e ficando de costas para ela - elas… estão mortas - ele disse suficientemente baixo, mas alto o bastante para que ela o ouvisse, aquilo foi um choque, eles ficaram em silêncio por um momento, enquanto ele se afastava devagar… até que ele correu, Shara ficou segurando a porta o vendo desaparecer… ele disse, mortas? Elas haviam morrido.

Ela ficou assim por mais alguns segundos, aquilo foi impactante, ela olhou para trás para os aposentos do professor, sua bolsa estava jogada no chão do lado do sofá, a mancha e a poção quebrada estavam no chão, no mínimo aquilo já havia impregnado no tapete, ela olhou para o corredor escuro, ela sabia que estava encrencada de qualquer maneira, que podia ser expulsa a qualquer momento pelo que havia feito essa manhã… mas ela não podia deixar ele lidar com isso sozinho, poderia? Como assim elas estavam mortas?... tudo bem que ele precisasse de ar puro… mas ele havia acabado de descobrir que tinha uma filha, que pelo visto ele não sabia e portanto ele não aceitava por achar ser de outro e agora não havia mais tempo para ele… por que elas estavam mortas… isso era tão triste.

Ela se afastou, avançando para o corredor e fechando a porta atrás de si, ela fechou os olhos… não tinha como abrir a porta pelo lado de fora, estava feito, ela lidaria com isso também, mais tarde, então ela correu tentando alcançá-lo, por alguma razão ela estava acessando as lembranças de uma mulher a qual ela sequer conhecia por algum motivo, mas ela havia morrido, recentemente por sinal… mulher essa que Antony disse amar, ela havia tido uma filha, essa filha era dele, e ele era alguém que ela achava ter algum tipo de conexão familiar, aquilo que havia acontecido ali, eram provas suficientes para validar sua tese… e onde ela se encaixava em tudo isso? Ainda para ajudar Antony era ou pelo menos aparentemente ser íntimo do professor Snape. Eram muitas pontas, como ligar tudo aquilo? sua mente estava fazendo mil conexões, enquanto ela corria.

Se havia outro alguém ali que também guardava segredos esse alguém era justamente o professor Snape, ele estava agindo de uma forma diferente ultimamente, aquele negócio com a moeda, depois de ouvir o que o diretor disse sobre isso, a fez ter ainda mais dúvidas, já que era um objeto raro e caro, por qual motivo ele desperdiçaria algo assim com alguém como ela?… bom, ele parecia se importar com ela, quer dizer, era confuso… às vezes parecia que sim, às vezes parecia que não… mas tinha também aquela visita no lar, ele havia feito vingança em seu nome… ele parecia estar cuidando dela, mas por que? Ele conhecia sua mãe, sim ele mesmo havia dito, será que era por causa disso? ela o mencionou indiretamente naquela carta, então ela confiava nele, bem Shara também… e havia o colar que ele insistia que ela usasse, a marca ele era o único adulto que ela havia mostrado por vontade própria… as visões que ele também conhecia, a lenda que ele agora acreditava, e agora havia Antony, ela tinha certeza de que havia uma conexão… ela estava virando o corredor, tentando recuperar um pouco do fôlego, quando se deparou com uma cena que ela jamais poderia imaginar bem a sua frente, sim de fato… havia uma conexão, ela se aproximou.

—_____

A conversa com os pais da Srta. Diaz havia sido teoricamente tranquila, isso depois de Alvo mencionar o imperdoável que a garota havia lançado mais cedo e entregue a eles a varinha da sua filha, para possível inspeção, que é claro, não se fez necessário, Alvo havia conduzido muito bem por aquele caminho e eles decidiram que o melhor para ambos seria mesmo não fazer nenhuma queixa, conforme Severo havia previsto, era mais que previsivel, então aquilo tomou relativamente pouco do seu tempo, porém os pais da garota, mais a mãe por sinal, fez questão de fazer um tour pelas masmorras e pelo dormitório das crianças, e obviamente ele teve que acompanhar, eles estavam quase se despedindo quando Severo entendeu o motivo daquilo, Louise estava tentando ganhar tempo para conseguir lhe entregar de maneira discreta um bilhete, e assim que eles se foram, Severo abriu o papel bem dobrado com letras bem ajustadas, ela havia escrito isso antes? enfim ela queria um momento com ele para uma conversar a sós, parecia urgente, aquilo era estranho, era por isso que ela estava o encarando daquela maneira estranha durante toda a reunião.

A sala comunal da Sonserina era relativamente perto dos seus aposentos então não faria nenhum sentido voltar até o escritório do diretor apenas para usar o Flu, ele retornaria por ali mesmo, os alunos ainda estavam em aula, naquela que parecia ser uma longa manhã, então o trajeto era bastante silencioso e completamente vazio, exceto por...  Antony ele estava correndo em sua direção, fugindo? como aquele traste ousa desobedecer a suas recomendações assim, ele havia sido suficientemente claro, era para ele estar de olho na criança, aquilo o deixou instantaneamente irritado um pouco mais do que ele já estava na verdade e como ele havia saído? Certamente Shara havia aberto a porta para ele, sim ambos eram o motivo de sua constante dor de cabeça ultimamente, Severo o barrou o segurando com certa força, ele sequer havia notado sua presença ali, ele parou, como quem tivesse congelado.

— O que pensa que está fazendo TRASTE? - ele disse com bastante rispidez, Antony o olhou nos olhos, seus olhos estavam vermelhos, marcados e Severo notou que ele estava chorando, aquilo o chocou, então ele o soltou imediatamente, o que havia de errado ali? Antony parecia completamente arrasado... e para completar sua surpresa, ele se aproximou dele, o abraçando e começando a soluçar em suas vestes, ele enrijeceu completamente, obviamente já que isso era demais até mesmo para ele, ele não abraçava ninguém... ele não era afetuoso com ninguém, ele não gostava de contato físico, certo, talvez alguns pequenas exceções para aquela garotinha estupida que havia quebrado alguns paradigmas no seu mundo, mas ela era uma criança e aquele era Antony, a ave insuportável de Maeva e agora ele era um homem adulto e formado ali, ele parecia estar sofrendo? o que ele deveria fazer com isso? Sua mente automaticamente trouxe a criança para o foco, algo havia acontecido, ele estava prestes a solta-lo, chacoalha-lo, seja lá o que fosse quando para completar aquela cena fora da curva, ele sentiu os braços da criança, sim os braços de Shara envolver sua cintura e também as de Anthony, ele estava tão perplexo com aquilo que estava acontecendo ali, que sequer tinha notado ela se aproximar.

—Eu sinto muito Antony – ela disse com a voz rouca – eu não sabia - Antony se afastou, passando a mão pelos cabelos dela e o soltando, fato que ele agradeceu mentalmente enquanto se recompunha, o que havia sido aquilo? Um abraço coletivo? O que mais faltava para ele? Quem sabe nesse ritmo ele poderia se candidatar para distribuir doces no natal… ele bufou, Alvo iria adorar com certeza.

—Eu que sinto, acredite – ele ainda chorava, chorava muito, então ele se afastou mais.

—Me desculpe por isso Snape – A ave disse olhando diretamente para ele, e então saiu correndo outra vez, Severo não o impediu, ele não poderia, ele olhou para a criança à sua frente, sem saber o que dizer… como de costume ele permanecia sério.

—Eu posso explicar – ela disse, é claro... ela sempre podia explicar, ele sinalizou para que ela voltasse aos seus aposentos, ela oscilou por um instante, olhando para o corredor onde Antony acabará de passar.

— Certamente deve haver uma boa explicação para tudo isso - ele disse a encarando, ele sabia que ela estava preocupada com ele ali - Ele vai ficar bem – ele falou, ele ficaria, teria que ficar... apesar de Severo sequer saber o que poderia ter causado tal reação ali, ela assentiu e seguiu pelo caminho de volta para os seus aposentos, ele agradeceu não haver nenhum aluno ali nesse horário, e quando ele achava que já havia tido o suficiente para um único dia, ele suspirou… sua vida havia mesmo mudado, ele pensou ao olhar a criança de costas caminhando na sua frente, por aquele caminho solitário que só ele havia caminhado por todos aqueles anos.


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Notas finais do capítulo

Esse foi um dos capítulos que eu mais chorei até aqui.
Agora sabemos "quase" toda a história de Antony... eu não consigo imaginar o quanto deve ter sido difícil para ele se dar conta de uma verdade dessas proporções, assim... milhares de anos depois, de uma criança que ele detestou por achar que era de outro, era na verdade dele.
É o que acontece quando nos deixamos levar pelos ciúmes... e tudo, tudo culpa da hidra (sabemos que a Hidra é na verdade as irmãs invejosas de Medusa) Resumidamente, Shara é descendente dele e de Medusa, uauuuu que mudança radical, e bem agora ele carrega um fardo maior ainda, já que a maldição e tudo que as guardiãs são, foi um erro... erro que ele podia ter evitado se tivesse ouvido o que Medusa tinha a dizer aquele dia :(

Ele pedindo pra Shara prometer que iria acabar com a dor dele (sabemos o que ele quer dizer né) - Chorei riossss
E esse abraço coletivo, eles são uma família completamente desajustada, admita Sev. sua vida nunca mais será a mesma com esses dois :)



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