Destinos Improváveis escrita por Nara


Capítulo 34
Futuro - Planos




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Severo passou o dedo anelar sobre o anel, ele já nem sabia ao  certo quantas vezes ele havia feito isso durante aquela madrugada longa e interminável, ela também não estava dormindo, embora estivesse em seu dormitório e ela estava triste, ele precisou de muito auto controle para não ir averiguá-la, cogitando algumas desculpas que pudessem ser aceitáveis para aquele comportamento importuno, mas o fato é que simplesmente não era adequado, um professor não deveria circular pelo quarto dos alunos a noite, principalmente das garotas, ele fechou os olhos como se aquilo pudesse ajudar a dissipar sua preocupação, aquela criança havia mudado sua vida, suas crenças e também suas prioridades.

A grande verdade é que por mais que ele tentasse se desligar, ele não conseguia deixar de revisitar em sua mente o momento exato em que ela se jogou em seus braços daquela maneira, não era lógico e nem convencional, era como se ele fosse o último recurso seguro na terra e não ele não estava preparado para receber aquilo, ele estava bravo, muito bravo, ela não deveria estar ali, aquele era um treino de quadribol da Grifinória e aquilo era com o maldito garoto Potter outra vez, ela tinha outras tarefas em atraso para finalizar e era demasiadamente perigoso, haviam tantos motivos, mas ela não entendia, ela simplesmente havia decidido  desobedece-lo e mentir para ele e isso o incomodou  ele estava prestes a lhe ensinar uma lição, algo humilhante o suficiente para que ela o detestasse pelo resto da sua vida, e isso na frente daqueles moleques insuportáveis com os quais ela havia feito amizade, para que todos entendessem de uma única vez que haveriam consequências e que elas poderiam ser desastrosas, mas então ela o surpreendeu, como já havia feito tantas outras vezes se arremessando daquela forma contra ele, ela estava tremendo, em pânico, alguém a havia deixado naquele estado e aquilo mudou tudo, completamente tudo, primeiro que ele ficou sem reação, ele nunca ficava sem reação, ele era rápido e astuto, ele sempre sabia o que fazer em situações de perigo, mas ela havia se tornado aquilo que ele mais temia, agora ela era a sua maior fraqueza, e então ela chorou e aquele era um choro de alivio, e isso fez com que ele sentisse raiva outra vez, mas dessa vez ele poderia matar, matar quem quer que fosse o responsável por aquilo, mas ele não podia agir sem antes ter certeza de que ela estaria segura e longe dali, ele havia feito uma promessa e ninguém iria machuca-la outra vez.

Foi então que ele se embrenhou floresta a dentro, ele não tinha medo de nada, ele mataria se tivesse a oportunidade, ele já tinha feito isso tantas outras vezes no passado, Alvo sabia disso e eles tiveram uma breve troca de olhares antes dele partir junto com os aurores que ele havia convocado, Alvo não concordava com a ideia de ve-lo saindo a campo daquela forma, mas ele não poderia simplesmente ficar ali e esperar, não, seu sangue fervia e ele queria fazer vingança com as próprias mãos e ele chegou tão perto, ele a viu... ela estava fugindo agora, acuada a ave tinha razão, ela tinha medo, ela entrou no lago e submergiu antes que ele a alcançasse, ele chegou a entrar parcialmente na água, talvez ele não devesse ter ido tão longe, na água ele não teria chances contra aquela criatura, mas ele não estava medindo esforços ali, ele não sabia dos aurores que haviam sido mortos por ela momentos antes, e então ele voltou, completamente frustrado, por que ele não havia conseguido protege-la, Alvo levantou a voz para ele depois de ver o seu estado e depois de tantos anos, e eles discutiram, Severo não se importava.

Ele estava confuso, algo havia mudado, haviam evidências, e ele buscava entendimento sobre aquilo, por que ele se sentia tão frustrado com tudo aquilo? e não era só sobre a criatura que ele não havia conseguido atingir naquela noite, era sobre a criança também, ela era desfiadora e ele era completamente inapto para a função, e  encontrar Antony talvez fosse o escape que ele estava buscando para vomitar todos os seus inúmeros argumentos de o por que ele não poderia prosseguir com aquilo, era irracional, mas então mais uma vez as coisas fugiram do seu controle e agora ele se encontrava no meio de uma quebra de maldição, uma maldição milenar, e ele se viu perguntando se tudo não era mesmo algo meramente premeditado? Ele estava soando tão caótico como a professora Trelawney…. Por Merlin ele não acreditava nisso, da mesma forma que ele dizia não acreditar na maldita lenda, e havia a história daquele pássaro agourento, cada qual com suas particularidades, mas ainda assim era demasiadamente parecida com a sua própria história, e não havia como aquilo ser ao mero acaso… A vida poderia mesmo pregar esse tipo de peça? Antony não tinha nada, ele havia perdido tudo e não à toa que ele estivesse cansado da sua jornada e desejasse morrer, Severo podia entender isso, até por que por muito menos ele nutriu o mesmo sentimento e ainda assim aquele pássaro, agora aquele rapaz tinha tanto pelo que lutar, e foi nisso que Severo se apegou, ele também lutaria, ele faria por Shara, ela era a sua filha, e diferente de Antony ele ainda tinha algo  e foi com esse pensamento que Severo levantou aquela manhã.

Eram 8:00hrs da manhã em ponto, quando Severo ouviu a porta da sua sala ser aberta, ela entrou, ele notou que ela estava com uma péssima aparência, olhos pequenos e o rosto ainda inchado de tanto chorar, talvez ela tivesse chorado ainda mais naquela noite, e ela não havia dormido isso ele sabia, haviam algumas olheiras adicionais embaixo dos seus olhos, mas mesmo assim ela havia se dado o trabalho de ajustar uma trança muito bem modelada na lateral do seu cabelo, tentando disfarçar um pouquinho o caos que ela se encontrava naquela manhã, ela estava em silêncio obviamente, ele não podia deixar de admitir que ele apreciava isso.

—Epson - ele chamou - sente-se - ele pediu e ela obedeceu prontamente, ele havia deixado pergaminhos e tinta na bancada, não era bem o que ele havia planejado para aquele momento, mas devido as circunstâncias, pareceu adequado - Quero que comece com 200 linhas pra mim – ele solicitou a analisando – escreva a seguinte frase "não devo desrespeitar a autoridade dos mais velhos, não devo mentir e devo aprender a ter controle emocional das minhas ações" - ele disse, ela parecia pensar a respeito daquilo, mas assentiu, ótimo era melhor assim – vejo que trouxe seu material – ela havia retirado uma pilha de cadernos da mochila – separe o que você fez, pretendo analisar o seu trabalho enquanto isso – ele disse a encarando, mas ela não esboçou nenhuma reação contraria ali, eles estavam começando bem, ele pensou, embora o olhar da criança estivesse distante e vazio. Ele se sentou, enquanto notou que ela havia começado o trabalho também, ele começou pelo ensaio de transfiguração, e ela tinha uma excelente caligrafia, escrevia com clareza e bastante objetividade, algo difícil para os cabeças ocas daquela idade, ele fez algumas considerações, não muitas, ela era dedicada e inteligente, ele não podia negar. Ele finalizou o ensaio, passando os olhos sobre ela outra vez, ela estava concentrada na escrita e então ele desfez o feitiço da língua presa, ela nem sequer havia notado, seu próximo passo era avaliar o caderno de defesa, quando percebeu que entre os materiais estava também o livro sobre visões que ele havia emprestado da sessão restrita, ele suspirou se levantando, ele entendeu o sutil recado que aquela ação representava.

 _Epson – ele chamou novamente a interrompendo, ela o encarou enquanto ele caminhava até a frente da sua bancada de trabalho se escorando nela, e cruzando os braços para analisa-la melhor, ela parecia confusa ele notou – já que não dormiu essa noite como posso ver, espero que pelo menos tenha usado esse tempo para algo útil, como refletir sobre os acontecimentos de ontem, conforme instruí – ela assentiu, pigarreando, agora ela havia notando que podia falar novamente.

—Eu fiz senhor – ela disse um pouco rouca enquanto passava a mão na garganta, ele acionou um copo de água que flutuo prontamente até ela, ela aceitou bebendo um pouco – obrigada – ela retribuiu.

—Hummmm e posso saber a qual conclusão chegamos? – ele pediu tentando estimula-la um pouco mais naquilo e ela parecia desconfortável.

—Eu me comportei mal, eu percebo, eu me exaltei com o diretor ontem e me sinto envergonhada por isso – ela disse sem graça – e eu não deveria ter ido lá fora, foi um erro, eu... – ela engasgou – simplesmente não deveria – ela disse baixando os olhos.

—Aparentemente vejo que fizemos algum bom avanço aqui – ele disse, ela parecia ainda mais pequena essa manhã, talvez fosse pelo casaco de moletom preto que ela usava, claramente alguns números maiores do que o adequado – estarei solicitando para que um elfo trague algo para que possa comer, já que é evidente também que tenha pulado essa refeição e isso é algo que já falamos – ele disse sério enquanto estalava os dedos.

—Não estou com fome – ela respondeu rapidamente.

—Não é uma opção – ele reforçou – estou avisando, e se eu perceber que está sendo negligente quanto a isso, eu ainda posso aborda-la em sala de aula e questionar sua falta de alimentação publicamente, se preferir é claro – ele soltou, se lembrando do quanto isso a incomodou no início da semana.

—Não... não precisa senhor – ele sorriu com ironia, foi o que ele imaginou – eu só não me sinto... bem – ela disse baixinho – ele convocou uma poção para o desconforto estomacal, a essa altura, ele já conhecia um pouco sobre ela, e era assim que o corpo dela reagia quando ela se sentia nervosa ou apreensiva com algo, e não o surpreendeu perceber que ela estava optado em não se alimentar, justamente para não ter problemas ou vomitar na presença dele outra vez, era uma questão de honra da parte dela ali.

—Beba isso antes de comer – ele orientou – vai resolver -  ela fez sem questionar – o seu comportamento ontem passou longe do admissível Epson – ele disse notando que ela havia tomado toda a poção e que certamente ela já teria surtido o efeito esperado – eu avisei por diversas vezes, mas aparentemente você não ouve – ele disse com o seu tom intimidador de sempre – e isso me obrigou a disciplina-la, o feitiço da língua presa por exemplo, é uma consequência dos seus próprios atos tolos já que você estava completamente fora de controle - ele disse lentamente para que ela processasse isso - eu não tolerarei que alunos da minha casa se comportem dessa maneira, ainda mais na frente do diretor, agora me responda, isso é alguma novidade para você? - ele queria entender qual parte ela não havia entendido ainda.

—Não senhor… eu... me desculpe, eu sei que posso não atender as expectativas na maior parte das vezes, mas eu tinha acabado de passar...  por aquilo, lá fora.. tem uma hidra me caçando lá... – ela disse lamentando e parecendo exausta - eu só… esqueça - ela pediu.

—Isso não é sobre expectativas Epson – ele rebateu irritado, ele detestava qualquer tipo de vitimismo - eu quero que entenda que isso é sobre obedecer, apenas obedecer – ele a encarou por um momento  - se você pudesse seguir uma recomendação simples, mas não, você se acha acima das instruções que recebe, saiba que nem sempre eu ou o diretor estaremos a sua disposição para salva-la quando toma decisões tolas e equivocadas e se coloca em perigo como fez mais uma vez - ele também estava cansado - mais uma vez Epson - ele repetiu, mantendo o contato visual, ele notou o desconforto dela, ela estava lutando contra as lágrimas agora.

—Eu não pedi por nada disso - ela disse tentando não desabar - e isso é sobre expectativas sim... quando você é jogada em um mundo completamente diferente do qual viveu sua vida toda, e todos esperam que você simplesmente não questione nada, que você não faça perguntas, que você apenas abaixe a cabeça e obedeça cegamente recomendações que são impostas apenas a você, isso é sobre expectativas mesmo quando tudo ao seu entorno aponte para uma direção, mas te pedem para ir para o lado contrário, simplesmente por que decidem que é isso que você deve fazer, por que isso é o melhor…

—EPSON - ele interrompeu, ele estava se exaltando outra vez, ele podia sentir - escute - ele tentou manter o controle.

—EU NÃO VOU ESCUTAR – ela gritou - por que vocês falam, mas ao mesmo tempo não me dizem nada e vocês mentem - ela disse de forma ousada - eu confie em você… mas se desejar, vá em frente professor… - ela o encarou - pode me calar outra vez - aquele era o ponto, ele sabia, previsível demais.

—Então isso tudo é por que você se sente injustiçada e portanto está chateada por ter sido enfeitiçada, previsível Epson - ele afirmou - você acha que está no direito de exigir algo aqui? - ele pediu… - Epson, você está fazendo birra - ele disse finalmente.

—Talvez… - ela disse de forma vaga - ou talvez eu esteja apenas incomodada com o fato de ter uma varinha especial, dada por uma completa estranha que prevê o futuro - ela deu de ombros - ou quem sabe por possuir um colar de uma lenda mitológica, que está sendo perseguida por outro bruxo, ou por uma criatura aquática assustadoramente letal, que consegue sair da água a noite apenas para me atacar, é talvez… talvez por possuir uma marca esquisita de nascença no ombro que dói e sangra quando sei lá… ou quem sabe por ter visões, visões inesperadas por motivos aleatórios, ou quem sabe por que tudo isso tem alguma relação com o meu passado e todos parecem saber disso, menos eu, e ainda assim ninguém me esclarece nada, NADA – ela lançou um olhar duro e frio na sua direção – mas pode ser ainda pior quando a única pessoa que você conseguiu confiar, resolve te calar daquela maneira – ela baixou os olhos, visivelmente abalada – é professor, deve ser birra mesmo, me desculpe por isso, ela colocou as mãos no rosto – apenas me castigue e me deixe ir embora – ela pediu, ele queria gritar para aquela garota estúpida que as coisas não eram tão simples assim, que todos estavam tentando protege-la, que sua mãe havia morrido para que ela pudesse viver, e que isso significava que certos segredos não poderiam ser revelados… garota estúpida, ele se conteve.

—Vejo que trouxe o livro sobre visões, mas imagino que não tenha finalizado a leitura ainda – ele disse e ela assentiu, sem o olhar – o que significa isso? – ele pediu, ele sabia.

—Significa que eu não quero mais... sua ajuda – ela sussurrou, ele suspirou, sentindo que dessa vez era ele que precisava de uma poção para o estomago, garota idiota, aquilo era uma perda de tempo, mas então por que ele estava se sentindo mal com aquilo? Isso não deveria ser tão relevante, deveria? ele caminhou até a parte de trás da sua bancada, ela estava chateada, ela queria respostas, e ele não poderia fornece-las.

—Pois bem – ele disse com certa dificuldade – você cumprirá detenções todas as noites dessa semana com o Filch ás 20:00 vá até ele e ele saberá o que fazer, apenas faça, você tem o resto do dia para finalizar as frases que pedi, entregue a um monitor chefe quando finalizar – ele orientou – agora saia – e ela o olhou, uma última vez, ele podia ver a dor ali, mas ela foi, ele notou a refeição que ele havia pedido intocada na mesa lateral e num simples movimento de varinha, ele havia feito tudo desaparecer, por que ele não podia fazer sumir também aquele ano letivo?

—____

Shara correu o mais rápido que pode, ela queria voltar a sua sala comunal o quanto antes, ela não queria correr o risco de esbarrar ou ser abordada por algum dos seus amigos grifinórios, ela simplesmente não saberia o que responder, não ainda, ela precisava se recuperar de tudo aquilo, pensar em uma boa história para contar sobre aquilo  que tinha acontecido, e bem ela tinha algo em mente com o que se ocupar agora, ela passou pelo retrato, localizando ali na sala comunal a garota loira que ela estava procurando e se direcionando até ela.

—Diaz – ela disse chamando sua atenção – e a garota se levantou prontamente fazendo sinal para que as outras duas meninas que a acompanhavam a aguardassem no local, claro que ela já sabia do que se tratava.

—E então? – Diaz disse enquanto se aproximava – já decidiu o que fazer? – ela perguntou com desconfiança.

—Eu disse que ia fazer não disse? – Shara não estava de bom humor e ela também não podia simplesmente ignorar todo o passado entre elas, aquela garota não estava meramente sendo legal com ela quando ofereceu a poção, sim Shara sabia disso, de qualquer maneira esse era um risco que ela já havia decidido que estaria disposta a correr, ela havia refletido sobre isso e tantas outras coisas durante toda aquela madrugada, e estava ciente de que ninguém naquele lugar iria colaborar com nenhuma informação sobre o seu passado, se ela quisesse alguma resposta, ela teria que se virar e procurar por conta própria e era justamente isso que ela iria fazer, ela estava determinada.

—Calma garota, não precisa ficar toda nervosinha... – Diaz disse zombando – quando? E o que tem em mente?

—Hoje à noite, assim que iniciar o jantar – Shara informou, ela sabia que poderia parecer prematuro, mas ela havia olhado o calendário lunar antes de sair essa manhã, cogitando sair um dia da semana para essa missão já que a flor só desabrochava a luz da lua e eles teriam uma semana de lua inteira pela frente, até que o tempo virasse, mas ela não estava contando com o fato de que estaria em detenções pelos próximos dias seguidos naquela semana, e isso fez os planos mudarem um pouco, não lhe restando muita opção, e definitivamente esperar mais um mês todinho, simplesmente não era algo que ela estava disposta a fazer, ela queria respostas.

—HOJE? – Diaz disse um pouco mais alto do que o esperado.

—Ei, se quiser eu te arrumo um autofalante, assim você anuncia para a Sonserina toda de uma vez – ela disse aborrecida, obvio que o quanto menos pessoas soubessem melhor seria, Shara não queria chamar mais atenção sobre si do que ela já vinha fazendo nesses últimos dias.

—O que é um autofalante? – Diaz perguntou confusa.

—Deixa pra lá – Shara disse revirando os olhos.

—Mas por que não me avisou antes? – Diaz estava indignada – você se esqueceu que eu também tenho parte nesse plano e que uma parcela considerável dos ingredientes, pra não dizer quase todos sou eu que devo providenciar.

—O que foi? não sabia que você precisava convencer papai e mamãe a colaborar – agora foi a vez de Shara provocar a loira – cumpra a sua parte do acordo e consiga os ingredientes pra mim – ela finalizou.

—Você terá todos os ingredientes para a poção até amanhã final do dia, consiga o que falta, a flor... enquanto o isso o pergaminho fica comigo, até termos certeza de que teremos tudo – Diaz disse com um tom de arrogância

—Sim, eu farei, pretendo resolver o mais rápido possível e estarei de volta antes mesmo do toque de recolher – pelo menos essa era a ideia, se tudo ocorresse bem é claro, Shara tinha dúvidas.

—Preciso admitir que coragem não te falta heim garota, principalmente depois do incidente de ontem, eu poderia bater palmas, mas você não é de receber créditos, não é mesmo? – ela disse de forma irônica.

—Que incidente de ontem? – Shara perguntou alarmada, não era possível que a escola toda soubesse do que havia acontecido com ela na noite passada, ela sentiu o coração acelerar naquele momento, como isso podia ser possível?

—Você não sabe? – ela riu, bem dito daquela forma não parecia bem ser algo sobre ela – ah é mesmo você não toma café da manhã né? Você é estranha sabia – ela disse de forma esnobe – enfim está no profeta diário, para todos verem – Diaz pegou um jornal que estava em uma bancada onde o título da capa chamava bastante atenção “Bruxa misteriosa é vista nas proximidades dos terrenos da escola de magia e bruxaria de Hogwarts, há rumores de que ela tenha sido a responsável pela morte dos aurores Josefh Clint e Osborne Jhonson” mais abaixo haviam fotos deles e de suas famílias, ambos com filhos pequenos, Shara segurou o jornal com força, ela precisou se sentar naquele momento, ela sabia quem era aquela bruxa, ela sabia que na verdade se tratava da hidra, ela se lembrou do diretor ter comentado sobre os rumores e sobre ninguém poder saber a verdade, a hidra estava ali por sua causa e em outras palavras aqueles bruxos estavam mortos por sua causa também, ela sentiu uma parcela do pouco que ainda a sustentava se dissolvendo ali, isso precisava acabar de uma vez por todas, ela daria um fim nisso – bom, como eu disse boa sorte lá fora – a garota loira gargalhou, como ela podia rir daquele jeito, principalmente depois de uma tragédia como aquelas?

—Eles estão mortos – Shara disse abismada – como pode achar graça da situação, depois de algo assim? – a loira deu de ombros.

—Eu heim garota, desencana vai, e eu nem os conhecia – ela disse fechando a cara – e por que você se importa afinal? – ela perguntou irritada – agora só por curiosidade, eu posso saber por qual motivo você decidiu fazer isso hoje a noite, assim tão em cima da hora? – Não que Shara sentisse necessidade de justificar algo para aquela garota esnobe, porém ela sabia bem do risco que ela corria lá fora, mas Shara estava eufórica por respostas e estava passando por cima de qualquer sentimento contrário que a pudesse fazer desistir, naturalmente ela estava apreensiva, mas ela não ia permitir que o medo a para-se agora ela olhou para Carla, e embora houvessem segundas intenções ali na ação daquela garota, interesses dos quais ela ainda desconhecia, nada tinha a ver com a hidra, Shara pensou por um momento, ela estava disposta a correr o risco, sim ela estava, mas ela não iria facilitar as coisas para a hidra, e nem para a garota loira que a olhava estranho agora esperando por uma resposta.

—Bom dificilmente sentirão minha falta no jantar, já que não vou em todas as refeições como você mesmo pontuou, já que sou estranha – Shara disse imitando o tom de voz que Carla usou anteriormente - e assim já vai ter escurecido, e para que eu consiga sair do castelo sem problemas, você terá que fazer algo – Shara disse enquanto tirava o colar, ela havia prometido não tirar o colar, mas ela estava quebrando quase todas as suas promessas ultimamente, que diferencia poderia fazer mais aquela? Ela não se importava, ela estava chateada com o que havia acontecido ontem e com o professor Snape, talvez ele estivesse mesmo certo esse tempo todo, sua mãe estava errada e ele não era a pessoa certa, Shara estava sozinha outra vez, e ela respirou fundo, pois ela havia decidido que não iria mais chorar por causa isso.

—O que está fazendo? – Diaz perguntou desconfiada.

—Você deve usar o colar no meu lugar – Shara disse tentando abrir ali o seu melhor sorriso, embora deixar o colar da sua mãe, seu único tesouro com aquela garota idiota daquela maneira não era exatamente algo que a agradasse, e simplesmente não soava certo, não depois de tudo, mas ela tinha um plano e ela estava jogando ali, aparentemente aquela era a melhor decisão – o professor Snape sabe sobre o colar e de alguma maneira ele sabe quando eu não o estou usando, portanto use-o no meu lugar, para que ele não desconfie – ela disse estendendo a mão com o colar para ela.

—Está maluca? Então o use você, por que está me dando? – ela parecia assustada agora, era isso que Shara queria, e ela parecia não entender também e bem, sobre isso seria um prazer poder explicar.

—Bem por duas razões, a primeira e a mais importante de todas, esse colar é importante pra mim, já que era da minha mãe, você sabe, ele é valioso, mas não valioso da forma como você ou sua família pensam em valor, enfim essa é uma discussão para uma outra hora, você não entenderia, então não eu não vou adentrar naquela floresta usando o colar, afinal eu não quero correr o risco de perde-lo ou extravia-lo de alguma forma – Shara sorriu, basicamente era isso, e como Shara sabia que aquele colar possuía uma ligação forte com a lenda e a hidra de alguma forma que Shara ainda não sabia ou podia explicar também, ela não iria simplesmente entregar de mãos beijadas algo assim tão valioso para aquela criatura caso viesse a encontra-la essa noite, Shara engoliu em seco pesando na possibilidade de um encontro  – e segundo, bom se eu demorar ou se eu não voltar, alguém vai sentir minha falta em algum momento, e então o professor achará o colar e bem boa sorte pra você também que terá que responder por isso – sim, Shara estava convencida, principalmente pela insistência dele em vê-la usando aquela peça, de que certamente ele estaria monitorando aquilo de perto, ela também não podia entender de que forma exatamente ele podia fazer isso, mas ele fazia, e esse poderia ser um problema, alguém precisava usar o colar já que ela não o faria, e por mais errado que pareça, Diaz era a melhor pessoa pra isso no momento.

—Eu não vou fazer isso - a garota loira disse aborrecida – você vai criar problemas pra mim dessa forma e dos grandes.

—Bom, eu não sei quais são suas verdadeiras intenções Carla, mas não pense que eu acredite nesse negócio de “trégua” sabe não por mal, mas é que simplesmente não dá pra acreditar no seu coraçãozinho bom e generoso – Shara a olhava com superioridade agora e essa sensação era boa, era óbvio que Carla a achava uma completa ingênua, e essa seria uma prova para que aquela garota entendesse de uma vez por todas que ela não era tão inofensiva assim como ela acreditava, ela estava na Sonserina e aprendendo com os melhores – o que foi Diaz, está assustada? Se eu cair, você cai junto e o tombo é grande – Shara a encarou, cruzando os braços enquanto Diaz pegava o colar com agressividade das suas mãos e o colocava no pescoço, o guardando por dentro da roupa, Shara lamentou pelo colar, mas ele estaria mais seguro assim.

—Apenas volte o mais rápido possível – ela disse bufando

—Essa é a intenção – Shara sentiu um frio na barriga, estava feito e agora dependeria dela, literalmente, o colar deveria protege-la ela sabia, mas ela não iria arriscar, aqueles eram dias insanos, havia uma busca pela colar e Shara estava cansada de colocar as coisas e as pessoas em perigo, e agora ela sentia que carregava a morte de duas pessoas sobre si, ela passou a mão no cabelo, tentando se manter em pé, apenas mais algumas horas para ter a flor e mais algumas para os demais ingredientes e assim ela faria a poção e teria as respostas finalmente, aquilo mudaria tudo e ela saberia o que fazer para eliminar tudo isso, finalmente.

—A propósito você está péssima – a garota loira disse saindo, Shara sabia.

Shara passou o resto do dia no dormitório, ela comeu uma maçã e um pêssego que ela havia guardado na bolsa durante a semana, ela sempre levava uma ou outra fruta consigo, mas esse não era um problema, ela não estava com fome, ela aproveitou para repassar o plano inúmeras vezes, para que não houvessem falhas, ela finalizou as linhas e o entregou ao monitor conforme o professor Snape havia orientado e agora ela estava apenas esperando os últimos alunos saírem para o jantar para que ela pudesse sair dali sem ser percebida.

—Diaz – Shara chamou a atenção da loira que a olhou desconfiada - ela havia ficado para trás para ser uma das últimas, certamente de propósito.

—Eu vou para a floresta proibida e é bom você me garantir que essa poção vai funcionar – Shara estava pressionando afinal o risco era grande.

—Se você trouxer o ingrediente certo e fazer a poção corretamente, eu garanto que ela vai – ela provocou – estarei na biblioteca depois do jantar, pode me encontrar lá – ela informou saindo, Shara assentiu, agora ela estava nervosa, sim ela estava, sentindo um frio na barriga característico, ela suspirou, ela não iria desistir por nada, ela estava perto das respostas que ela tanto buscava e então ela saiu.

O único detalhe é que nem ela e nem Diaz haviam reparado no menino loiro que estava prestando atenção em cada troca de palavras que elas tinham acabado de ter ali, ele parecia processar aquilo e sim ele havia entendido a gravidade do que Shara estava prestes a fazer, ele precisava fazer algo a respeito.


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Notas finais do capítulo

Chegamos com mais um capitulo...
Quero agradecer a quem esta acompanhando comigo até aqui.
Não restam dúvidas do quão determinada Shara é quando ela coloca algo na cabeça, e ela esta sendo completamente imprudente aqui, vai vendo... já to até passando mal... mas o que seria a vida sem uma aventura não é mesmo? hahaha

Confesso que consigo ser completamente imparcial, quando estou escrevendo pela perspectiva do Snape eu super entendo o lado dele, entendo as preocupações e as nóias (não significa que eu concorde com o comportamento) e quando escrevo pela perspectiva da Shara também e isso é incrível (sim ela imprudente e tudo mais... mas ela ainda é uma criança, bem madura por sinal, mas é uma criança)

e agora gente... me contem... o que acharam?



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