Destinos Improváveis escrita por Nara


Capítulo 18
Futuro - Enfermaria I




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Severo estava no meio do seu jantar no grande salão, observando aqueles cabeças ocas se alimentarem tal como um trasgo deixado ao relento sem ver comida a dias, nada fora do padrão, exceto e ele suspirou, pelo fato de que já havia passado um mês desde o início daquele ano letivo, e ele mal podia mensurar quantas mudanças ocorreram em tão pouco tempo na sua vida, Shara ele notou não estava na mesa, uma coisa bastante comum, ela pulava muitas refeições, e isso não o agradava, honestamente ele não deveria se importar com o que, e nem com o quanto aquela garota comia, mas quem ele queria enganar? Ele se importava, por Merlin sim ele se importava.

Prova disso era a decorrência da detenção do dia anterior, como professor dessa escola a tantos anos, ele já havia conduzido e aplicado incontáveis detenções durante esse período, mas nada se comparava a aquela, ele tinha concedido pontos a ela, e aquilo definitivamente não estava nos planos, ela o havia surpreendido e ele estava orgulhoso das suas habilidades e também da maneira como ela tinha se dedicado para conseguir as informações e depois administrado aquela conversa, ela era inteligente e era esperta, mas principalmente ela tinha vocação, e aquilo nela era algo completamente dele, e de alguma forma ele estava começando a se enxergar nela também, por vezes ela agia como ele no passado, e isso era novo e complicado de admitir, ele notou o quanto ela estava insegura com a ameaça que havia recebido, e sim ele sabia como era essa sensação, ele já esteve daquele lado no passado, e ele se perguntou quantas mais ameaças ela não deveria ter recebido na vida, para se sentir daquela forma? E isso o fez esmagar com mais força as batatas em seu prato do que deveria.

—Algum problema Severo? – Minerva não deixava passar nada, ele deveria saber, será que ele estava perdendo a discrição?

—Pareço ter algum problema Minerva? – Ele não costumava fornecer informações, além das necessárias, ela sabia.

—A forma como você está assassinando suas batatas no prato, indicam que sim – ela sorriu com malícia, maldita bruxa intrometida.

—Na verdade, já que perguntou, passei a tarde em reunião com a minha equipe de quadribol deste ano, e penso que a Grifinória tem muito a se preocupar – ele soltou sabendo que aquele assunto prenderia ela, eles sempre se provocavam nesse sentido, era uma tradição, mas a verdade é que aquele havia sido um dia exaustivo e havia demorado muito mais do que o esperado, Lucius Malfoy havia presenteado todos os integrantes da equipe com vassouras novas, uma Nimbus 2001 e aquelas criaturas estavam mais alvoroçadas do que de costume, sim eram vassouras absurdamente caras, e muitos dali nunca teriam a possibilidade de adquirir uma dessas em vida, afinal ao contrário do que todos pensam, nem todos os bruxos da Casa Sonserina tinham poder aquisitivo elevado, e sem falar que muitas famílias perderam seus bens após a guerra, mas todo aquele alvoroço e gritaria o fez desenvolver uma dor de cabeça, outra novidade, não tão surpreendente assim era que Draco seria o novo membro da equipe, é claro que Lucius não faria nada sem que houvesse um interesse por trás, mas Draco não era um caso perdido, ele tinha habilidades, então Severo optou em não se importar tanto, cedendo a vaga tão almejada para o garoto, ele era seu afilhado e um incentivo não faria mal a ninguém.

—Mudança de capitão? – ela perguntou interessada

—Não exatamente, Flint vem fazendo um bom trabalho, mas temos um novo integrante na equipe - ela achou melhor ir direto ao ponto, já que ela descobriria em alguns dias de qualquer maneira - Malfoy entrou para a equipe, e com ele algumas vassouras novas é claro – foi a vez dele de retribuir com um sorriso malicioso, principalmente após receber o olhar de reprovação quase imediato que ela lançou sobre ele, ele sabia exatamente o que ela estava pensando sobre aquilo e bem não que ele discordasse totalmente, embora ele jamais fosse admitir.

—Pelo menos ele tem algum talento? – ela perguntou de forma irônica.

—Ele fez o teste, pelo que pude notar, sim ele faz – não era uma mentira, Draco voava bem, era ágil e veloz, exatamente aquilo que eles precisavam, e havia o ódio que ele nutria por Potter, isso certamente iria ajudar, já que por natureza ele era bem competitivo e não mediria esforços para derrotar o seu rival e isso o agradava de certa forma, ver um Potter perder era sempre muito bem-vindo.

—Desde que seja um jogo limpo – ela disse dando de ombros e aquilo serviu para que o silêncio voltasse a reinar entre eles, ele agradeceu, tinha dado certo.

Severo estava quase finalizando o seu jantar e se preparando para ir até o seus aposentos, quando ele notou um par de olhos que o encaravam de tempos em tempos, Srta Vicente da Corvinal, ele podia jurar que ela estava tentando comunicar algo, principalmente por que o seu olhar ia dele para a mesa da sonserina quase que no mesmo instante, Shara ainda não havia aparecido e ele duvidava que ela o fizesse, foi então que ele notou que a Srta. Diaz tinha acabado de chegar, atrasada e sozinha, e isso não era muito comum, seus anos de espião o alertaram que aquele não era um bom sinal e o que aconteceu na sequência foi quase uma extensão daquilo que estava em seus pensamentos, ele notou sua monitora chefe se aproximando com bastante urgência, havia algo ali, ele podia sentir.

—Com licença professor, temos uma emergência na sala comunal da Sonserina - ela disse com pressa e ele sabia que dito daquela forma não seria algo bom, droga, aquelas malditas crianças ainda iriam matá-lo do coração, sem questionar ele se levantou para acompanha-la e percebeu o olhar aflito da Srta. Vicente em sua direção, por Merlin o que aquelas garotas poderiam ter aprontado agora? Era evidente que Shara estaria envolvida, e a chegada tardia de Diaz era a prova final de que ele precisava para validar aquele argumento, juntamente com a monitora, eles caminhavam apressadamente e em silêncio até o destino pretendido. Entrando na sala comunal, só havia o Sr. Harper também monitor chefe, os demais alunos estavam jantando obviamente e a sala estaria vazia.

— Posso saber do que se trata isso? - ele perguntou aborrecido, ainda sem entender o que poderia ter acontecido de tão urgente ali, quando sem dizer qualquer palavra o Sr. Harper se move liberando o seu ângulo de visão e ele nota que ali caído no centro da sala, completamente ensanguentado encontrava-se o corpo de um aluno. Seu coração acelera, ele se aproxima com cautela, para identificar de quem seria aquele corpo e sua suspeita se concretiza, era exatamente da única aluna que ele não estaria preparado para ver aquilo, como uma faca atravessando seu peito uma segunda vez, ele se ajoelha ao lado dela, ela estava deitada sobre uma poça de sangue, o seu próprio sangue, ela estava completamente inconsciente - Não fiquem aí parados – Severo conseguiu dizer - Harper acione Madame Pomfrey imediatamente diga para ela que vamos precisar de uma maca e venha pela rede de flu para ser mais rápido e não chamar a atenção, Chavez bloquei o acesso da porta principal e não deixe nenhum aluno passar até que eu dê sinal e autorize, e o mais importante não comentem a respeito do que vocês viram aqui com mais ninguém estão entendidos?

—Sim senhor… - ambos disseram se movendo rapidamente.

—Shara está me ouvindo? - ele perguntou tirando o cabelo do seu rosto ensanguentado, era óbvio que ela não podia ouvi-lo, Severo sabia que aquilo era uma emergência - eu não vou perder você, não ouse fazer isso… não comigo e não agora, sua garota tola - ele conseguia sentir a respiração dela lentamente, ela ainda estava ali, mas ela tinha perdido muito sangue, e ele não queria movê-la, nesse estado poderia piorar as coisas, ele segurou a mão dela, tão frágil e ele tentou colocar as emoções de lado para analisar friamente toda aquela situação, ela provavelmente havia caído da escada, da parte alta, caído não, a posição que ela estava ela havia sido empurrada, ou melhor lançada, um feitiço? tinha que ser por alguém que conhecia feitiços avançados, não um aluno qualquer, suas vestes estavam sujas aquilo não fazia muito sentido, não com o cenário, os arranhões nas mãos também não, já que ela havia caído de costas, ele baixou a capa e sua blusa até o ombro para olhar discretamente para a marca que ela carregava ali, mas não estava vermelha, não era um perigo iminente, talvez por ter sido feito por outra criança? ele procurou pelo colar de Maeva, mas não estava lá… ela não tirava o colar aquilo era estranho, Diaz foi a única aluna a chegar de forma suspeita no jantar, e dado aos relatos de Shara no dia anterior, obviamente que havia sido ela, mas onde estava o colar?

—Eu vou descobrir - ele disse mais para si mesmo, ele estava tentando agir da forma mais fria possível como ele aprendeu que deveria, ele foi um comensal, já havia visto coisa muito pior do que aquilo, mas aquela não era uma criança qualquer e ele podia sentir seu coração pulsando de forma anormal, e em anos o medo e a incerteza invadir seu pensamento - Shara - ele disse o nome dela pela segunda vez, ainda ao segurar uma de suas mãos - vai ficar tudo bem – mas ele não tinha tanta certeza disso – eu estou aqui.

—Severo… o que aconteceu? - ele ouviu a voz de Poppy saindo da chaminé, graças a Merlin ela havia atendido rapidamente o chamado - Oh céus… o que ouve aqui? - ela disse colocando as duas mãos na boca, e se aproximando da criança verdadeiramente assustada com aquilo que estava vendo.

—Acredite Poppy isso é algo que eu gostaria muito de saber - era uma verdade, enquanto ela lançava alguns feitiços de diagnóstico sobre a criança a sua frente.

—Severo, existem várias fraturas eu posso ver e por muito pouco ela não quebra o pescoço, batendo nessa mesinha, ela tem sorte isso teria sido fatal - ela disse enquanto colhia as primeiras informações - e esse sangue todo… se dá pelo fato dela ter caído em cima de um vaso, que se estilhaçou com o impacto, então os cortes em seu pescoço são em decorrência disso e por isso a poça de sangue nessa proporção, mas não são cortes profundos, assusta mais de ver, acredito que ela tenha quebrado uma costela, e por isso que ela está inconsciente, a dor é intensa, e me parece que é assim que o corpo dela reage a esse tipo de dor, como você já me relatou na última vez que a vi na enfermaria aquele dia, mas podemos movê-la sem traumas, me ajude segurando as pernas certo? - e ele fez conforme orientado - estou passando pelo Flu me acompanha? - ela disse enquanto lançava um feitiço que fazia a maca flutuar.

—Vá na frente, preciso limpar essa bagunça - ele disse um pouco mais aliviado em saber que ela não estava correndo mais perigo.

—É claro - ela disse saindo sem contra argumentar – te vejo mais tarde – ele assentiu.

Fazia muito tempo que ele não se sentia tão vulnerável, aquela garota havia mexido com ele definitivamente, de uma forma que ele não gostaria, ele não se permitia ter esse tipo de fragilidade, mas ali estava ele tremendo com o sangue dela ainda em suas mãos e espalhados por todo o chão, aquela criança estúpida no que será que ela se envolveu dessa vez? Ele achou que tinha sido suficientemente claro quando disse que ela deveria procura-lo imediatamente em qualquer situação de perigo, ele detestava reconhecer mas ele estava mesmo preocupado com o rumo que as coisas estavam tomando entre aquelas duas garotas, e elas estavam apenas no primeiro ano, o que mais esperar daquilo?

Não restava dúvidas de que Diaz havia sido treinada em casa e sabia executar feitiços de ataque avançado com muita precisão, muito melhor do que muitos alunos do 5° ano naquela escola, ele não podia subestimar aquilo e ele teria que ser muito cauteloso a partir de então, Severo limpou e organizou o lugar, e antes de ir até a ala hospitalar ele decidiu subir e dar uma analisada no dormitório das garotas também, ela não estava usando o colar e isso era de fato curioso, certamente havia algo por detrás daquilo, ele era bom em farejar as coisas, ao chegar no quarto Severo lançou um feitiço para procurar o colar, mas ele não estava lá em cima, do contrário teria aparecido, porém outra coisa chamou sua atenção, as cortinas da cama de Shara estavam fechadas e ao abri-las havia um volume embaixo das cobertas, era um livro, mas não era um livro comum era um livro sobre lendas bruxas, um livro bastante antigo e seu coração acelerou com aquilo, ela estava pesquisando por conta própria, era um livro da sessão restrita como ela havia conseguido aquilo? Ele puxou o livro decidindo levá-lo consigo, ele iria liberar o acesso da sala comunal com Chavez e ir até a ala hospitalar o último lugar de Hogwarts que aquela garota gostaria de estar por pura ironia do destino era justamente onde ela se encontrava agora e bem dessa vez ela não poderia simplesmente fugir, já que estava desacordada.

Severo caminhou apressado pela ala hospitalar, até próximo a maca onde se encontrava a criança, ele viu Madame Pomfrey ao lado da cama dela, ela ainda estava desacordada ou talvez apenas dormindo.

—Poppy – ele interrompeu - alguma novidade aqui? - ele disse se aproximando ainda mais da cama e notando que a criança já estava limpa e agora muito bem acomodada, uma cena muito melhor do que a anterior, ele certamente não esqueceria aquilo tão cedo.

—Sim, temos algumas boas notícias – a forma como ela disse aquilo não parecia tão animador como deveria parecer, e aquilo o fez erguer umas das sobrancelhas em sinal de conflito - não é tão grave como aparentava, e isso é bom, a quantidade de sangue costuma mesmo assustar – ela enfatizou passando os olhos sobre ele, certamente que ela havia percebido o quão desconcertado aquela cena toda o havia deixado momentos atrás, ele havia saído do script mais uma vez, ao segurar a mão da garota daquela forma e Poppy havia visto, mas ela não disse nada a respeito disso e ele agradeceu – já concertei a costela quebrada, e fechei os cortes que haviam pelo pescoço e nas costas, digamos que a parte que mais me preocupa é que ao cair, ela acabou batendo com força a cabeça no piso e bem isso sempre nos acende um alerta, mas pelo que pude perceber até o momento ela está bem, instável e com todos os sinais vitais em ordem.

—De fato uma boa notícia então - ele disse soltando o ar que ele nem notou que havia prendido, por um momento ele considerou que poderia mesmo tê-la perdido, ela era um problema, um problema que não deveria ser dele, e por mais duro que seja, ela não deveria estar ali, mas ela estava, e perde-la agora não era bem o que ele desejava, e ele se sentiu verdadeiramente aliviado por isso - não seria bom uma morte nos nossos registros – ele completou, percebendo que havia demorado mais do que de costume para concluir seu pensamento.

—Não temos nenhuma a anos, e bem certamente não é disso que a Srta. Epson irá morrer hoje, talvez...  Ela morra do coração quando acordar, o que deve ser em breve e perceber que foi trazida para cá – Poppy era uma bruxa muito habilidosa, não era a primeira vez que ela havia atendido uma criança em estado similar após um acidente, mas o que mais chamava a atenção nela, durante todos esses anos era como ela tentava sempre ser espirituosa apesar das circunstâncias, diferente dele, e ela tinha razão Shara não iria reagir bem, ela tinha repulsa a enfermaria, tal pensamento fez com que ele passasse os olhos pela criança mais um vez – sabe Severo – ela continuou - se eu não te conhecesse suficientemente bem diria que pela primeira vez, depois de tanto tempo eu tive a oportunidade de vê-lo decomposto daquela forma, e isso por causa de um aluno, mas... certamente estou equivocada não é mesmo?

—Eu sei reconhecer uma emergência quando a vejo – ele disse de forma fria - e zelo pela imagem da minha casa, uma aluna sob a minha responsabilidade, naquele estado no meio da sala comunal da Sonserina não me parece nada adequado, não acha? - ele tentou soar rude como de costume, mas era difícil com Poppy o olhando daquela maneira.

—Tudo bem Severo, veja que isso não é nenhuma crítica, então não precisa ficar na defensiva assim - ela disse mas havia algo a mais ali – a proposito sobre as nossas suspeitas, notei diversos hematomas nas costas enquanto fechava os ferimentos, nada agradável de se ver, essa criança tem uma história complicada – ela disse finalmente se apoiando na cama que estava à frente de onde a criança estava deitada, certamente era algo difícil para ela e isso explicava o semblante carregado de dor que ela estava camuflando, o motivo real daquele olhar triste, era igualmente difícil para ele, mas ele não podia admitir tal fragilidade, então eles ficaram ali em silencio por um tempo, e ele notou o quão pequena aquela criança era na verdade, Maldita Maeva se você pudesse ver o estado da sua criança, certamente teria repensado sua amaldiçoada decisão de levar isso a diante – Precisamos de mais informações... - Poppy disse finalmente – quem sabe eu possa tentar conversar com ela quando ela estiver mais disposta – ela ofereceu.

—Válido, porém acredito que ela não vai querer tratar isso dessa forma e não aqui, já que a enfermaria representa o lugar onde ela se torna exposta e vulnerável, então por hora prefiro manter isso reservado já que é algo que Epson ainda não se sente à vontade para compartilhar conosco e não quero desrespeitar sua decisão a forçando a algo -  Ele estava tentando manter a postura já que era isso que ele esperaria que fizessem com ele, se fosse o caso e de certa forma ele estava ali se colocando no lugar dela e bem ele também não era muito dado a esse tipo de comportamento, por Merlin ele precisava se recompor.

—Eu admiro sua atitude, honestamente mas conhecendo o professor Severo Snape esse seu comentário soa quase como uma ofensa para ele – ela bufou - eu deveria desconfiar que alguém está tomando seu corpo, numa poção poli suco? – agora ela lhe deu um sorriso discreto.

—Tente não parecer tão impressionada – ele disse cruzando os braços - afinal pelo que me recordo foi você que inicialmente me advertiu para ter mais paciência com a criança, dando a ela mais tempo com esse assunto, eu não sou paciente Papoula, mas seguindo conselhos é exatamente o que estou fazendo aqui - ele disse enquanto ela erguia as mãos em sinal de rendimento.

—Obrigada Severo – ela disse de forma genuína.

—Não gosto de ser agradecido por aquilo que é minha obrigação – que mania as pessoas haviam adquirido por agradecer por tudo ele pensou enquanto cruzava os braços da forma que sempre fazia, aquilo o deixou mais confortável.

—Você tem alguma ideia do que pode ter acontecido com ela na sala comunal? – ela perguntou mudando de assunto.

—Tenho suspeitas, eu imagino que ela tenha sido enfeitiçada antes de cair – ele não entraria em maiores detalhes isso já era o suficiente.

—Faz sentido, ela estava inconsciente antes mesmo de cair e não depois como imaginei de primeiro momento – ela contribuiu – isso é muito sério Severo – ela disse voltando sua atenção para a criança – é lamentável que ela ainda tenha que sofrer aqui, sendo que ela já sofreu o bastante lá fora.

—Eu vou descobrir o que aconteceu – ele disse firmemente, é o que ele faria, ele estaria focado nisso – e tomarei providencias.

—Certamente que você faz, você está preocupado com ela, eu posso ver – ela suspirou cansada.

—Não exagere nos julgamentos - ele advertiu e o tom de voz que ele usou a havia pego de surpresa - eu não me importo, com essa criança se é isso que pensa e me importo menos ainda com a sua história, mas se tem algo que me importa isso é com as minhas responsabilidades como diretor da casa e professor dessa escola, se algo acontecer no meu turno com um dos alunos a falha é unicamente minha - ele disse no seu melhor tom gélido de ser e ela simplesmente assentiu dando de ombros, ele havia recuperado a postura e soava como o Severo de sempre, assim estava melhor.

—Estou bem professor - uma voz quase sussurrando disse chamando a atenção dos dois – se quiser o senhor já pode ir – era óbvio que ela tinha ouvido cada maldita palavra daquilo que ele havia acabado de dizer, e havia uma lágrima singela que escorreu pela lateral do seu rosto, ela estava chorando, por causa dele? Por causa do que ele havia dito? Sim ela estava, era comum as crianças chorarem só de estarem na sua presença, mas não ela, ela estava chorando por que ele a machucou com aquelas palavras e inevitavelmente aquilo pesou em seu coração, era assim que ele havia machucado Maeva tantas vezes no passado, o olhar dela dizia muito, era o mesmo olhar da sua mãe, ela não deveria estar acordada agora e ele estava mesmo ficando mole, eles tiveram uma longa troca de olhares enquanto Pomfrey fazia o seu trabalho a checando.

—Oh querida - Poppy disse - que bom, você nos assustou sabia? Está sentindo algo? Algum incômodo ou dor?

—Não… eu estou bem, só estou cansada - ela disse sussurrando ainda mais baixo, e fechando os olhos, olhos que estavam completamente marejados antes de se fecharem por completo.

—Então apenas descanse é disso que você precisa no momento - Poppy ordenou olhando para que ele se retirasse, e ele fez, afinal esse era quem ele era de verdade, ele não era dado a emoções, e quem sabe fosse melhor assim. 


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Notas finais do capítulo

Eu acredito que ver Shara naquele estado apenas comprovou o obvio, que ele está mudando, mas é difícil para ele admitir. Shara é uma criança com um histórico ruim, e isso também dificulta um pouco as coisas.
E esse desfecho, palavras podem machucar muito mais do que uma agressão física, e não foi fácil para ela acordar num lugar onde ela não gostaria de estar, e ouvir justamente essa parte, justamente agora que ela achava que as coisas estivessem melhorando entre eles, e ela nem sequer tinha o colar da sua mãe, onde ela buscava conforto.



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