Destinos Improváveis escrita por Nara


Capítulo 109
Futuro - Mulheres fortes


Notas iniciais do capítulo

Ler ao som de:
She used to be mine - Sara Bareilles (ouvi no Spotify)

Dedico esse capítulo a todas as mulheres fortes e incríveis, imperfeitas mas que lutam todos os dias por um mundo melhor, seja para elas mesmas, para seus filhos ou por aqueles que elas amam!



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Severo estava tomando o seu café, ele havia acordado cedo naquela manhã, aberto o flu outra vez, e estava esperando o desenrolar daquele novo dia, dia que prometia ser tão ou até mais tumultuado que o anterior, Minerva havia lhe pedido para se possível ser algum apoio naquela manhã, mas nada no mundo o obrigaria a comparecer a refeição no grande salão principal, ele não tinha vocação para aquele tipo de dramaturgia e nem a menor paciência para ouvir as lamentações e expressões de horror dos alunos, certamente Minerva havia ficado com a maior e pior parte… em algumas horas as novas notícias certamente já teriam se espalhado não apenas por todo o castelo mas também por toda a comunidade bruxa, e haveria ainda mais o que fazer, e a justificar, principalmente aos pais dos alunos… Severo segurou o profeta diário com uma das mãos, se perguntando se valia a pena desenrolá-lo para ler alguma palavra escrita ali, mas a foto de Hogwarts estampada na primeira página, chamava sua atenção.

Extra! Extra! O Profeta Diário

ALVO DUMBLEDORE FORÇADO A DEIXAR O CARGO! RÚBEO HAGRID PRESO PELOS ATAQUES EM HOGWARTS!

A comunidade bruxa está em choque com as revelações bombásticas que abalam as estruturas da prestigiosa Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Numa reviravolta surpreendente, o venerável diretor Alvo Dumbledore é forçado a deixar seu cargo após uma série de ataques aterrorizantes que assolaram a escola. Mas as revelações só começam aqui!

CULPADO PEGO EM FLAGRANTE: RÚBEO HAGRID ATRÁS DAS GRADES!

O querido e confiável Rúbeo Hagrid, guardião da escola e protetor das criaturas mágicas, figura querida por muitos alunos, é preso em flagrante como o responsável pelos terríveis ataques que deixaram alunos e professores em pânico. A prisão de Hagrid deixa a comunidade bruxa em total alento, questionando quem realmente conhecia o verdadeiro rosto do gentil gigante.

Enquanto Hogwarts enfrenta uma crise sem precedentes, o Profeta Diário continuará a acompanhar de perto os desdobramentos dessa história chocante. Fique ligado para mais atualizações sobre os eventos que abalam as fundações da escola mais famosa do mundo bruxo!

Severo jogou o jornal sobre a mesa com um gesto brusco, a mentira estampada naquelas páginas não apenas o irritava como também o lembrava da complexidade de sua própria posição naquele momento turbulento, seus pensamentos foram levados cativos assim que ouviu o crepitar do flu, o som do salto e o perfume, que instantaneamente preencheu todo o lugar.

—Achei que os recentes acontecimentos a impediriam de continuar com os seus planos – ele resmungou, Narcisa se aproximou e sem qualquer convite ela se sentou a mesa e se serviu de um café – mas vejo que me enganei – ele bufou com o atrevimento dela.

—Estou desolada confesso – ela disse, Narcisa era a própria personificação de elegância, classe e boa educação, algo que ela carregava por onde quer que fosse, desde a sua juventude, mas era na presença de poucos que ela se permitia ser ela mesma e essa manhã ela parecia especialmente diferente, talvez estivesse abatida... seu olhar, uma marca registrada de autoconfiança, estava cabisbaixo... seria os últimos acontecimentos em Hogwarts capazes de causar aquela quebra de padrão? as mãos dela... ele as estudou com cuidado, ela costumava fazer uso de joias, muitos anéis... e dessa vez não havia nenhum sequer... – mas ainda assim não pude deixar de vir, não queria decepcionar a menina – ela lamentou.

—Shara não sabe desse compromisso – ele foi honesto, eles mal haviam tido tempo nos últimos dias, não com todos aqueles acontecimentos em rumo e um compromisso, para revisitar armários, e discutir acessórios e necessidades frívolas, bem... certamente não cabia, já que essa não era uma prioridade no momento, principalmente agora, sim surpreendentemente Severo sabia definir prioridades, ao contrário de sua prole estúpida. 

—Oh – ela lamentou sem muita emoção ... e então ela não iria mesmo discutir aquilo?... acusá-lo de ser insensível ou algo assim? De fato, havia mesmo algo de errado com ela... e a forma como ela segurava a xícara e bebia o café, apoiando a louça em apenas um dos lados da boca, entregava muito mais do que deveria... ele subitamente se levantou, sacando sua varinha.

—Finite incantatem – ele proferiu o feitiço na direção dela... vendo a mudança se concretizar bem a sua frente, e como suspeitado, havia algo muito errado ali, Narcisa havia se empenhado em aplicar um bom glamour em sua aparência, uma de suas mãos estava bastante inchada e com alguns hematomas, isso explicava a ausência dos anéis, os hematomas pareciam se estender e subir pelo braço, pelo pescoço... e então o seu rosto... – o que diabos... significa isso Cissa? – ele disse, soando mais ríspido do que deveria, ela sequer teve tempo para se defender ou consertar… sua amiga estava ferida.

—Como ousa – ela também se levantou com alguma dificuldade, mas fez – essa é a minha maldita e miserável vida... como bem apontado por você da última vez que nos falamos aqui, o que esperava encontrar Severo? E como ousa interferir assim... eu não te dei o direito de me expor dessa maneira… – ela respondeu na defensiva.

—Acha mesmo Narcisa, que eu iria ignorar algo assim… você me conhece, conhece o suficiente para saber que deveria fazer melhor que isso - ele a rodeou, apenas para analisá-la por todos os ângulos, ela havia sido agredida fisicamente na noite passada, todos os sinais apontavam para essa direção - se não quisesse que eu descobrisse, não teria vindo até mim essa manhã - ela não estava mesmo subestimando sua inteligência dessa forma, estava? Ele era a porra de um maldito espião… seria muita ingenuidade da parte dela achar que ele não notaria aquilo.

—Eu me comprometi a estar aqui, e é o que estou fazendo… isso… não é por você - seu olhar era duro, e ali estava a cobra que ele conhecia com o seu veneno… ela segurou sua própria varinha conjurando o glamour outra vez - não se atreva a fazer algo assim novamente - ela o ameaçou antes de guardar sua varinha – apenas para lembra-lo de que ainda sou melhor em feitiços do que você... – talvez, mas era também menos inteligente, de qualquer maneira seu sangue fervia, maldito seria aquele que a havia machucado assim.

—Lucius – ele cuspiu o nome do bastardo – desde quando isso vem acontecendo Cissa? – ele olhou para ela, mesmo que ela estivesse impecável outra vez, aquela seria uma imagem difícil de esquecer, o seu estado era triste, para não dizer deplorável – desde QUANDO? – ele sabia que estava sendo rude como também invasivo... mas ele não se importava com o fato dela o querer fora dos seus negócios, a vida dela era uma das poucas que importava para ele e ele por essa razão ele se sentia compelido a fazer justiça com as próprias mãos – apenas me deixe ir até ele… eu mesmo o matarei antes mesmo dele cogitar olhar para você outra vez – Severo disse lentamente, ele estava queimando por dentro e algo nele clamava por aquela vingança, Severo se afastou, caminhando até a lareira... Lucius não merecia viver, Severo lamentava ter que decepcionar Alvo assim, mas não se envolver não era mais uma opção ali, ser imparcial numa situação dessas era covardia, não com aquele verme que havia machucado sua filha em tantas oportunidades quantas possíveis e agora havia se prevalecido sobre uma mulher, a única amiga que lhe havia restado.

—NÃO – ela avançou em sua direção, se posicionando a sua frente e o impedindo de prosseguir - Essa foi a primeira vez, em todos esses anos… eu juro... ele nunca foi tão longe assim, eu… e isso, é minha culpa na verdade, eu não deveria... tê-lo desafiado daquela forma... não quando ele estava naquele estado – ela admitiu.

—Não tente defendê-lo para mim - ele rosnou, estava sério - nada que possa ter feito, justificaria algo assim... NADA

—Eu não estou defendendo… na verdade eu faria aquilo novamente, e quantas vezes fossem necessárias… eu não podia deixá-lo vir e machucar... Draco – Ela colocou as duas mãos sobre o seu peito, uma barreira e um pedido sutil para que ele não interviesse.

—Draco? – Severo cuspiu, sem entender o que o garoto Malfoy tinha haver com aquilo? ou por qual razão Lucius desejaria machucá-lo, afinal a noite de ontem pelo seu ponto de vista, era de algumas vitórias para a prestigiada família Malfoy, o que poderia ter mudado ali? 

—Lucius esteve na escola ontem à noite – ela informou, o que francamente não era nenhuma novidade – e ele ficou tempo suficiente na sala do diretor... e pelo que entendi, ele se aproveitou desse tempo de espera, para vasculhar alguns de seus itens pessoais, nas gavetas e sobre a mesa, foi quando Lucius encontrou algo que despertou seu interesse... uma redação, escrita por Draco... sobre Imortalidade – ela explicou e Severo congelou, eles haviam perdido aquela intromissão, como? Minerva deveria estar cuidando disso... e sem mencionar que Alvo havia sido tudo, menos cuidadoso... maldito velho senil, e o fato de Lucius ter tido acesso a redação e se tornado tão agressivo após lê-la, lhe trazia a confirmação de o porquê Draco se opôs em não querer ter seu nome atrelado a algo assim, ele não deveria ter escrito pra começo de conversa, garoto idiota... mas agora estava feito e Draco temia que seu pai desconfiasse dele, já que ele havia sido incumbido de localizar o colar para ele, mas o fato era de que Draco não era tão ingenuo assim, ele havia entendido o real objetivo por trás daquilo, seu pai queria encontrar a dona por trás da peça e dessa maneira, captura-la para realizar o ritual... E era por esse motivo também que Lucius havia pedido para que Severo reproduzisse a poção, para que ele pudesse usá-la e dessa forma conquistar aquela que era a relíquia mais preciosa de todas, a imortalidade... tudo fazia bastante sentido agora.

—Lucius havia bebido... ele estava bastante alterado... então ele se enfureceu, chamando o nosso filho de pequeno traidor, Lucius disse que havia dado a ele uma missão... mas que aquela redação provava que Draco estava mentindo sobre isso e o manipulando nesse sentido - Sim… no cerne, Lucius era suficientemente esperto para ligar os pontos, mesmo estando bêbado e a redação de fato explicava mais do que o óbvio, maldita redação – Severo, ele machucaria o nosso filho... eu não podia deixar que ele o fizesse, principalmente naquele estado… então eu me opus a ele – Severo enrijeceu... – foi quando... – ela não conseguiu continuar, e de certa forma ele não queria ouvir.

—Cissa deveria ter me ligado – ele teria impedido Lucius ... - eu teria ido...

—Não... – ela sustentou o olhar, ela era uma verdadeira rocha inabalável – sabe que não deve intervir em algo assim Severo, precisa ficar aqui... precisa cumprir o seu papel, precisa ser confiável as pessoas certas, no momento certo, assim como eu preciso ficar lá e cumprir o meu próprio papel, e como mãe eu o protegerei, sempre que ele precisar eu estarei lá para ele... – ela sorriu, com alguma dificuldade... mas ainda assim sorriu – isso aqui não é nada – ela olhou para as mãos vazias – a dor não é nada Severo, não quando eu estou lutando pelo meu filho, e pelo futuro dele e eu sei que vai valer a pena, mesmo você não acreditando nisso… mas ainda assim eu sei que vai valer a pena – ela disse convicta – e de qualquer forma você também está lutando por algo daqui… a sua maneira, suas renuncias são igualmente difíceis, eu sei – ela sussurrou – você tem lutado por Lily... por Maeva acredito... E principalmente por sua filha – ela disse, e ela estava certa sobre tudo aquilo – venceremos a guerra pelos nossos, mas antes devemos vencer uma batalha de cada vez...– ela disse séria, o pegando de surpresa, de que lado ela estava afinal? De quem pertencia sua verdadeira lealdade? – e mesmo que isso me custe algo, e seja lá qual for o preço... eu o pagarei - era em momentos como esses que Severo podia enxergar a mulher forte que ela de fato havia se tornado, Narcisa não era apenas um badulaque como Lucius a via ou costumava exibi-la em um pedestal, ela não era uma mulher submissa e fragilizada por ele... não, ela era forte em todos os sentidos, mas principalmente em suas convicções, ela sabia o que estava fazendo e Lucius não poderia quebrá-la... e sequer impedi-la, ela iria até onde pudesse ir para ter aquilo que queria.

—Me permita – ele pediu – ao menos, cuidar dos ferimentos – ele precisava fazer algo por ela.

—Providencie as poções necessárias – ela disse – e eu mesma cuidarei disso... – ele assentiu, pelo menos era alguma coisa... 

—Imagino que depois de ontem, Lucius ainda vá querer tirar alguma satisfação com o filho – aquilo ainda poderia ser um problema, afinal se Draco fosse pressionado pelo pai nesse sentido, ele certamente cederia, já que ele ainda era apenas uma criança… sem barreiras e com pouca defesa mágica, e se o menino cedesse, isso passaria a ser o seu problema também, já que Shara estaria exposta e na mira de Lucius outra vez, numa condição ainda menos favorável.

—Não...  eu consertei - ela disse - eu o atordoei na noite passada e peguei a redação e eu a manipulei... digo o nome do autor, quando Lucius acordou essa manhã, ele percebeu que havia cometido um grave erro... ao atribuir aquela redação ao nosso filho – ela havia agido com bastante astúcia, era admirável de fato – como ele havia bebido bastante... foi fácil até, já que ele pode concluir por si mesmo que a bebida o havia afetado e feito com que ele visse coisas onde não existiam… bem, ele percebeu que passou dos limites comigo também, não que tenha dito ou se desculpado por isso, mas certamente me comprará alguma joia cara durante o dia e mandará um elfo entregar – ela disse com algum desgosto – algo que um verdadeiro cavalheiro Malfoy faria é claro – ela riu de seu próprio infortúnio, não deixando de provoca-lo ao usar o sobrenome Malfoy de forma tão indulgente.

—Sinto muito Cissa... Lucius havia prometido não ser e nunca repetir o comportamento do próprio pai... mas como podemos ver... 

—Não! – ela exclamou e isso foi uma surpresa - não use isso contra ele, ou seja, lá o que estiver tentando dizer ao compara-lo – Narcisa disse enfurecida ao interrompe-lo – por pior que seja, Lucius não é como Abraxas, ele nunca foi... e eu sabia que seria um casamento ruim quando o aceitei, e não estou me opondo a isso, mas... saiba que isso não é algo que precise me lembrar todas as vezes – ela estava tentando manter a classe – e sem mencionar que eu me casei por que eu o amava Severo, sim... eu o amei e amei muito, e mesmo ciente de todas as consequências, qualquer coisa seria melhor, do que estar dentro da casa dos Black naquele tempo e naquelas circunstâncias, acredito que não precise lembra-lo daqueles dias...  portanto, como tenho dito, eu não tive escolhas ou se tive, eu fiz a melhor delas acredite... e estou aqui justamente lutando para que os nossos filhos as tenham também – ela proferiu – embora não possa ver isso é claro, já que acha ser o único a lutar aqui... e bem se é isso que deseja para Shara, que ela tenha suas próprias escolhas... então deveria começar concertando suas convicções equivocadas e seus preconceitos sem fundamento,  ao permitir que ela veja as coisas com seus próprios olhos e não através dos seus... pois lamento informar, mas a sua visão é turva e está borrada - ela o acusou – apenas aceite que Draco não é Lucius... assim como Shara não é Maeva e nem será você – Severo recuou com aquela acusação… ela estava descredibilizando seus métodos de julgamento – será que pode fazer isso? – ela perguntou o desafiando.

—Narcisa... deveria ter mais cuidado na seleção das palavras e nas acusações que for proferir, eu sei muito bem o que estou fazendo... – ele disse de forma arrastada – e as escolhas das quais me refiro, quando eu as cito, já que pelo que posso me lembrar, esse foi o motivo de nossa última discussão – ele sustentou o olhar - são as boas escolhas... e definitivamente não é por essas escolhas que você está e vem lutando até aqui... – ele mal terminou aquela frase quando sentiu seu rosto queimar com o impacto da mão dela na sua face... Ele não se moveu, afinal como ele poderia? ele a havia ofendido, e ele merecia aquilo.

—É muito mais fácil e muito mais cômodo apenas impor ordens não é mesmo? – ela se fechou contra ele – afinal é nisso que você se transformou, num ditador, um tirano… completamente ácido e amargurado… – ela o atacou – e o pior é que você gosta disso… sim Severo… você gosta de ser visto dessa maneira - suas palavras eram afiadas como uma lâmina recém lapidada - acredita mesmo que poderá ditar as “boas” escolhas de sua filha? - ela perguntou - mas sem perceber te tornastes igualmente impositor tal qual tem sido todo o sistema que você pensa estar tentando derrubar... A verdade Severo, é que você é um grande hipócrita – ela xingou, mantendo a postura – sabe Shara, Draco… eles ainda são crianças, mas são indivíduos com mentes próprias, com sonhos e aspirações únicas, e eles merecem a liberdade de poder opinar, de escolher... a oportunidade de moldar seus próprios destinos, sem que precisem carregar os nossos fardos miseráveis sobre si… mas você não consegue lidar com isso não é mesmo? – Fazia muito tempo que ninguém falava com ele daquela maneira... ela havia ido longe demais essa manhã, tanto em palavras como em atitudes – afinal se pudesse, já teria notado o quanto Shara destoa de suas opiniões... e veja só eu mal a conheço, você tem pelo menos ouvido o que ela tem a dizer? Tem prestado atenção naquilo que ela pensa? – ela perguntou ousadamente – você pelo menos tem validado algo que vem dela, pela ótica dela, dito a ela aquilo que ela é, aquilo que ela representa… mesmo que as vezes ela contrarie a suas expectativas? Acho que não! - ela exclamou 

—Apenas me diga se precisar de mais alguma coisa, Narcisa – ele ofereceu, se virando e agindo como se ela não estivesse mais ali, se ela fosse esperta, ela entenderia que essa era a sua deixa para encerrar aquele assunto de vez e se retirar... seu rosto ainda queimava, maldita bruxa, e maldita força que ela havia empregado ali.

—Tenho certeza que pode ver o excelente trabalho que Draco fez com aquela redação, sim eu tive o privilégio de ler aquela obra prima – ela continuou, por Merlin ela não podia apenas deixar passar e ir embora? - talvez a influência de uma certa pessoa, o tenha inspirado a isso... não acha? – ela o estava provocando - contudo a escrita dele diz muito mais sobre as motivações do seu coração do que qualquer outra coisa – Severo cerrou os punhos, ele já havia entendido a parte em que Draco nutria sentimentos pela sua filha, e ele sabia também que esses sentimentos podiam exercer uma certa influência em suas decisões, como era o caso daquela maldita redação... Não que ela precisasse lembra-lo disso… mas… ele paralisou… talvez Narcisa pudesse ter alguma razão afinal se as motivações estivessem no lugar errado, sentimentos… principalmente na idade de Draco, onde ele ainda não tinha a percepção para nomeá-los adequadamente, não… os sentimentos não seriam o bastante para mudar tais inclinações a menos que essas motivações estivessem de fato no lugar certo... não, não era possível… ele não queria admitir aquilo... não ele não podia admitir para ela... Muito menos agora e ali, não quando o seu orgulho havia sido ferido daquela maneira, não quando haviam anos de condicionamento e experiências amargas que moldaram suas próprias convicções, e isso tornava ainda mais difícil ter que abrir mão do que ele acreditava.

—Deveria apenas ir… e descansar – ele tentou mais uma vez, sendo ainda mais direto… ele não podia encara-la e ele não queria mais discutir aquilo - mandarei as poções por um elfo da escola… tem minha palavra - ele garantiu.

—Severo… 

—Vá - ele ordenou, pensando seriamente se a arrastar para fora poderia ser uma opção válida.

—Sendo essa a sua última palavra, eu irei… mas saiba que eu… vou voltar assim que estiver recuperada - ela informou - voltarei para cumprir o que prometi fazer a sua filha, e sua única missão nisso tudo, é avisá-la... e como pode ver... isso não é apenas só sobre roupas... – ele suspirou, sem a menor pretensão de estender aquela discussão ele assentiu… a vendo sair pelo flu, satisfeita.

—__

Shara despertou, naquela cama perfeita e macia, indiscutivelmente aquele lugar era o sinônimo absoluto de conforto, ela abriu os olhos devagar, mas imediatamente a realidade do dia anterior pesou sobre os seus ombros, um turbilhão de sentimentos… ela suspirou ao se lembrar, sim ela havia dormido na sala, e certamente havia sido carregada até o quarto no meio da madrugada, movimentação que ela sequer notou… ela suspirou mais uma vez, aquele seria um dia diferente de uma Hogwarts diferente... ela se levantou, ajeitando o cabelo bagunçado num coque torto no topo da cabeça e caminhou até a porta do quarto a abrindo devagar, a sala estava vazia, mas a mesa estava posta… e com algumas iguarias para o café da manhã, Shara se aproximou, ela estava com fome, ela não havia jantado na noite anterior, mas estranhou a ausência de seu pai, e estranhou ainda mais o fato de encontrar duas xícaras parcialmente usadas e abandonadas sobre a mesa, uma delas possuía uma sutil porém não tão discreta marca de batom, era vermelho… então ele havia recebido visitas essa manhã? Isso era completamente fora de padrão… seus olhos instantaneamente foram atraídos para o jornal, relaxadamente jogado no centro da mesa, uma foto de Hogwarts ocupava metade da primeira página, ela se aproximou e o pegou, lendo-o… aquela era uma matéria repleta de mentiras e num acesso de fúria Shara o amassou e o lançou com força contra o chão… vendo o jornal pegar fogo e sumir segundos depois, ela olhou aquilo surpresa, ela estava sem magia… então como poderia? Quando ela ouviu o som de passos atrás de si, seu pai estava guardando a varinha, certo… então ele havia feito o serviço, definitivamente ele gostava mesmo de atear fogo nas coisas… 

—É… obrigada - ela agradeceu - isso… esse jornal… ele não passa… de um monte de lixo - ela disse enojada.

—Um desserviço - ele completou, enquanto apoiava uma pequena caixa sobre a mesa, havia algumas poções ali, poções restauradoras, para dor… pomadas cicatrizantes, não que ela estivesse interessada, mas ela simplesmente já havia usado todos aqueles itens e sendo assim ela os podia reconhecer e nomear com bastante facilidade, ele convocou um elfo… - leve essa medicação até a Sra. Malfoy, faça chegar até ela e só saia da mansão se tiver feito a entrega em mãos - ele instruiu o elfo…

—A Sra. Malfoy… ela está doente? - Shara perguntou, vendo o elfo sair… seu pai demorou para responder aquilo, talvez o silêncio fosse um sinal, uma forma de dizer que aquele assunto não era da sua conta… espera Shara não tinha notado ainda... mas havia algo de errado com o rosto dele… estava marcado ou algo assim, ela desviou o olhar… assim que ele percebeu que ela o estava analisando. 

—Resfriado - ele disse vagamente, mas ele estava mentindo… ela se sentou à mesa, encarando a xícara usada a sua frente.

—Ela esteve aqui essa manhã… não esteve? - Shara perguntou, tentando não parecer tão interessada como de fato ela estava, ele arqueou a sobrancelha um pouco surpreso com sua observação - a xícara - Shara explicou, antes que ele pudesse mentir outra vez - tem batom vermelho na xícara… e bem a professora Minerva não usa batom - ela entregou os fatos.

—Acha mesmo que Minerva e Narcisa são as únicas mulheres que frequentam meus aposentos privativos? - ele perguntou, Shara nunca tinha ponderado sobre isso antes e bem, ela não sabia dizer ao certo, mas não gostou da maneira como ele colocou a questão. Honestamente, ela esperava que fosse o caso, pois nenhuma mulher deveria ocupar aquele lugar em sua vida daquela forma, tomando espaço em seu coração que deveria ser exclusivamente dela... Shara estremeceu, que tipo de pensamentos eram aqueles? Era quase possessivo... ele ainda estava esperando por uma resposta.

—Eu não sei - ela sussurrou - e também não me importo - Ela deu de ombros, mas aquela era sua vez de mentir descaradamente, ela se importava, e muito. Mal percebendo o quanto aquilo a incomodava. Tentou disfarçar o desconforto servindo-se de uma torrada... ele se aproximou mais, apoiando as duas mãos sobre o encosto da cadeira a sua frente. Shara evitou olhar em sua direção... aquela conversa a deixava desconfortável e constrangida.

—Não é exatamente o que parece - ele disse, Merlin, será que ele notava aquilo? Se sim, era ainda pior, já que soava bastante infantil - Sabe, talvez esteja sentindo algo... algo que podemos nomear como sendo... ciúmes - Ela captou um pequeno sorriso, ele a estava provocando, sua postura agora havia mudado, ele havia cruzado os braços, adotando uma atitude estoica bastante habitual. Seu humor também não parecia o melhor naquela manhã, e Shara não estava disposta a cair na provocação. Mas ele mencionou ciúmes? Sim, era isso. Ele estava certo sobre o sentimento... Shara estava prestes a levar a torrada à boca quando ela se despedaçou, espalhando farelos pela mesa.

—Posso ver que esse assunto a deixa nervosa - ele apontou. Estava testando-a, e ela estava falhando miseravelmente em disfarçar, ao se entregar tão facilmente - Talvez essa seja a razão para classificar meu relacionamento com Narcisa como o item número um em sua lista de prioridades, deixando em terceiro lugar fatos que englobam a possível morte de alunos e o retorno de você sabe quem - ele a analisou - Talvez a lista não esteja tão errada assim, já que dentre todos os assuntos, este tem um grau de relevância maior dentro do seu minúsculo e limitado ponto de vista - Ela piscou algumas vezes. Ok, ela se importava. Sim, era ciúmes. Mas ele sempre tinha que ser tão ácido? Não dava apenas para começar um assunto sem precisar ofendê-la daquela forma?

—Meu ponto de vista não é tão limitado quanto você imagina, Professor - ela retrucou, usar o título mostrava o quanto ela estava chateava com ele - Se o senhor prestasse mais atenção ao invés de insinuar que sou irrelevante, o tempo todo, bem talvez percebesse isso - Ela se levantou abruptamente da mesa, empurrando a cadeira para trás com um ruído estridente, ok ela havia falhado em ignorar as provocações - estou sem fome - ela disse, mas sua barriga roncou alto o suficiente para denunciá-la… Shara não se importava ela já estava acostumada a passar tempo sem comer.

—Sente-se - ele ordenou, fazendo o mesmo, enquanto ela ainda permanecia em pé enfurecida - Sente-se… por favor - ele disse novamente, desta vez com uma nota de suavidade o que se parecia mais com um convite do que com uma ordem, propriamente dita. Relutantemente, Shara cedeu, retomando o seu lugar à mesa, era difícil ignorar a tensão palpável que pairava entre eles, uma mistura de frustração, ressentimento e algo mais indefinível... Seu pai suspirou, parecendo momentaneamente desconfortável com a situação - há questões que preciso abordar, e a sua reação me diz que este assunto é mais relevante do que talvez eu esteja disposto a admitir – ela arqueou a sobrancelha, ela podia sentir a tensão diminuindo e sendo substituída por uma sensação de curiosidade misturada com cautela... do que ele estava falando ali? Aquilo não podia ser sobre a sua lista... Podia? 

—Certo - ela murmurou, sua voz mais calma agora – Eu não sei do que se trata isso... mas se pudermos... bem, ao menos não discutir essa manhã – ela o encarou agora de maneira mais tímida – eu meio que agradeceria sabe... tem sido um fardo muito grande esses últimos dias – ela admitiu – e acho que estamos todos cansados – ela estava sendo sincera... 

—Está certa Shara - ele admitiu, e pela primeira vez, ela percebeu uma rachadura em sua fachada austera - Eu não deveria ter sido tão... como você costuma mesmo chamar?

—Babaca? –Ela disse prontamente, ele manteve o olhar sobre ela.

—Eu pensei em sugerir outro termo – ele disse e ela enrijeceu, arregalando os olhos... um arrependimento por ter sido tão espontânea.

—Me desculpe... – ela não pode evitar, mas ele ignorou e aparentemente estava deixando passar.

—De qualquer forma, está certa, nós dois estamos cansados... eu estou cansado das minhas próprias expectativas e também de uma parcela considerável de minhas convicções… - Houve um instante de silêncio, durante o qual parecia que ele estava escolhendo cuidadosamente as suas palavras... de alguma forma aquilo parecia mesmo difícil para ele, quando ele continuou, sua voz estava mais espaçada e carregada de uma emoção que raramente ele se permitia demonstrar - Eu sei que não sou o pai que você merece - ele admitiu – Eu sei que tenho falhado em muitos aspectos, mas... apesar de todas as minhas falhas, eu quero que saiba que eu a vejo, que eu estou prestando atenção… e você tem sido uma fonte de orgulho para mim – ela estacionou, estando completamente surpresa com as palavras dele... e sentindo uma onda de emoção misturada com incredulidade crescer dentro de si, aquela era a primeira vez que ela ouvia algo assim dele, e isso a tocou profundamente – você é tudo menos irrelevante Shara... você é inteligente, tem sido corajosa e de todas as crianças que conheço é a mais forte - ele continuou, olhando diretamente nos seus olhos - e mesmo nos momentos em que me sinto perdido, você tem sido a luz que me guia para a direção certa - Shara mal conseguia acreditar no que estava ouvindo, ela jamais imaginaria que eles teriam um momento assim um dia... ela nunca achou que ele pudesse expressar sentimentos tão profundos, tão abertamente para ela... em um café da manhã em um dia qualquer, certo não tão qualquer assim... mas ainda que não fosse, eles haviam ido a um lugar diferente essa manhã... ela fechou os olhos, sentindo algumas lágrimas sendo formadas ali.

—Por isso… - ele disse, sua voz um pouco rouca e abafada - eu quero que você tenha isso - Ele estendeu a mão para ela, revelando um pequeno embrulho em sua palma da mão. 

—Um presente? – ela perguntou, aquela não era nenhuma data especial... por que ele a estava presenteando afinal? Ou dizendo aquelas coisas? havia algo de errado com ele, ela o estudou cautelosamente... mas nada que ela tivesse notado, além da marca em seu rosto é claro... o que representava aquela marca afinal? alguma doença talvez... talvez ele fosse morrer ou coisa assim... – o senhor... está morrendo? – ela perguntou, prestes a desmoronar... e foi quando algo ainda mais surpreendente aconteceu, ele gargalhou... alto e de forma descontraída, ela nem sabia que ele podia rir daquela maneira.

—Certamente não estou morrendo – ele disse em meio à crise se risos – mas posso ver o seu ponto – ele continuou rindo, ela segurou o embrulho, se ele não estava morrendo aquilo tudo era o que então? Foi quando ela o abriu... era uma jóia, sim um lindo colar... com uma corrente prateada e um pingente bastante delicado com uma sutil pedra verde, lembrava o colar da sua mãe, embora fosse bem diferente... mas ainda assim, era lindo.

—Isso é lindo – ela segurou o colar o tirando de dentro da caixa – eu, estou sem palavras... obrigada pai – ela disse visivelmente emocionada, sentindo um nó se formar em sua garganta enquanto tentava processar a profundidade daquele momento... Era difícil acreditar que depois de tanto, depois de toda a distância emocional que ela havia sofrido em seu passado, depois de Hogwarts, da descoberta gradativa de sua identidade e da paternidade dele, depois do que eles passaram, construíram, dos momentos difíceis, eles estavam finalmente encontrando um caminho para se conectar verdadeiramente como uma família…mesmo que fosse uma família caótica, ela o encarou e ele fazia o mesmo.

—Não... você que é linda Shara – ele estava sério como nunca, mas até isso era diferente – nunca se esqueça disso – ela sorriu, aquilo... aquele momento, não tinha preço no mundo que compensasse algo assim... seu pai retribuiu o sorriso, numa expressão que Shara nunca tinha visto em seu rosto antes... Era um sorriso cheio de gratidão e de alívio, como se ele finalmente estivesse encontrando um pouco de paz em meio ao caos que vinha sendo a sua vida - Estou bem por ter feito isso - ele disse, sua voz tranquila - Por ter tido este momento com você, mesmo que o que tenha me motivado a fazê-lo no dia de hoje... tenha sido um pouco doloroso – ele disse colocando a mão sobre o rosto, Shara o encarou por um momento, tentando ligar os pontos.

—O que é isso exatamente... em seu rosto? – Shara juntou coragem para perguntar.

—Um lembrete eu diria – ele respondeu sem fornecer muita informação, Shara depositou a caixinha do embrulho sobre a mesa, e se levantou para se aproximar dele, estava vermelho e tinha o tamanho da palma de uma mão… – não muito sutil como pode notar... mas é um lembrete mais do que merecido de quem eu tenho sido... - Shara o estudou por um momento, como algo assim podia tê-lo motivado a dizer aquelas coisas para ela essa manhã? - A propósito, respondendo sua pergunta… sim Narcisa esteve aqui essa manhã, aliás muito perspicaz de sua parte ter observado – ele informou, e aquele era mais um elogio – e antes de qualquer outra coisa, e para que não haja dúvidas, gostaria de reiterar que como professor dessa instituição... obviamente não recebo mulheres em meus aposentos, não seria nada apropriado - ele explicou, Shara sorriu, Merlin isso a fazia sorrir - e em nenhum outro lugar - ele complementou e de alguma forma que ela não soube explicar, ela se sentiu ainda melhor em ouvi-lo admitir… sem mulheres afinal, era só ela e ele 

—A Sra. Malfoy… - Shara o estudou com ainda mais cautela, enquanto algo começava a criar forma em sua mente - ela… - Shara olhou para a marca vermelha em formato de mão na face dele - ela… fez… isso? - Shara perguntou…

—Narcisa bem, ela é diferente, ela tem sido uma amiga muito presente desde os tempos de escola - ele ainda não havia respondido sua pergunta, mas tudo indicava que sim, que ela havia mesmo feito aquilo… o que ele poderia ter dito para ela, que a motivou a ter aquela reação? Shara achou melhor não perguntar… - e isso nos leva ao primeiro item de sua lista… sempre fomos muito próximos e essa proximidade faz dela uma das poucas pessoas que conhecem verdades não reveladas ao meu respeito… e vice e versa - ele continuou - e foi por essa razão que ela descobriu, digamos que… com bastante facilidade a nossa ligação - Shara o encarou surpresa – sim, Narcisa sabe que tenho uma filha e que essa filha é você Shara - ele afirmou apenas para deixar claro, seu coração disparou, embora aquilo não parecesse algo ruim – todos sempre acreditaram que minha ligação com Lucius foi o principal motivo para me tornar o padrinho de seu casamento e mais tarde o padrinho do seu filho, mas a verdade que nunca foi ele, mas sim Narcisa… Cissa, como me ouviu chamar aquele dia... depois de Hogwarts trilhamos caminhos muito parecidos e isso nos tornou ainda mais próximos, temos muito em comum, acredite - Shara apreciou a forma como ele havia lhe contado aquilo – e bem sim… ela foi a responsável por isso – ele admitiu, estava se referindo a marca.

—Por que ela faria algo assim? - Shara perguntou… não fazia muito sentido principalmente por que ele não parecia aborrecido, não com ela... Tudo essa manhã parecia estar fora do protocolo.

—Digamos que ela tenha uma opinião bastante semelhante a sua… em alguns aspectos - ele devolveu empregando algum sarcasmo.

—Sobre o que? - ela ergueu a sobrancelha.

—Sobre eu ser… um babaca as vezes - ele disse de forma descontraída, ainda assim Shara não queria rir, Merlin melhor não… embora sentisse vontade mesmo era de gargalhar como ele havia feito antes, talvez ela devesse escrever uma carta a Sra. Malfoy mais tarde agradecendo… afinal aquilo tudo havia lhe rendido a melhor manhã de domingo de todos os últimos tempos, quando na verdade tinha tudo para ser a pior delas.

—Eu gosto dela - Shara disse com convicção.

—Imaginei que faria - ele se levantou - agora… deve fazer sua refeição, a conhecendo perfeitamente bem, e o tamanho da sua estupidez, certamente não jantou na noite passada… - e ali estava de volta… ele, o Severo Snape de sempre… ela sorriu…

—Não tão rápido… - ela o puxou pela mão - um cavalheiro não pode dar uma joia dessas para sua dama sem ao menos colocá-la - ela lhe estendeu o colar, ele a estudou por um momento… - eu vi isso em algum filme trouxa - ela corou… - certo, não necessariamente tem que ser romântico… ok apenas coloque está bem - ela disse sabendo que estava falando demais… ele se aproximou pegando o colar de sua mão e ela se virou para ele… ficando de costas, ela estava com os cabelos presos facilitando o trabalho.

—Nenhum outro cavalheiro irá sobreviver… se eu descobrir que ele se aproximou de você dessa forma - seu pai sussurrou com sua voz grave perto do seu ouvido, Shara enrijeceu e isso levava ao segundo item de sua lista… sobre ele não matar as pessoas por sua causa… mas aquele não era o momento para isso - não tire o colar - ele disse se afastando… Shara olhou diretamente para a mão dele, ele havia voltado a usar o anel de Onix… é claro, ele havia enfeitiçado o colar, ela bufou.

—Eiiii - ela cruzou os braços, fingindo estar chateada – estava mesmo estranhando o presente... Está encantado, não está? - ela perguntou estreitando o olhar.

—Não achou… que eu faria algo assim sem que houvesse segundas intenções, achou? - ele perguntou com ironia - saiba que sua segurança é minha maior prioridade Shara - ele estava sério outra vez… - estou cuidando de você… mas pra isso, preciso que colabore.

—Eu sei - ela se aproximou dele, o abraçando pela cintura – e isso significa muito pode ter certeza… eu vou...sobre o colar, eu senti falta de estar usando um… não é o mesmo, eu sei... mas é igualmente importante - ele retribuiu o abraço, pensando bem… o sinônimo absoluto de conforto, era ali nos braços dele e não só de conforto… mas de segurança e de acolhimento também, ela amava aqueles abraços.

—Ficou radiante em você – ele disse – ajuda a ressaltar a cor de seus olhos – ele falava do colar, sim ela sabia... ela tinha os olhos da mãe, ela sorriu.

 


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Notas finais do capítulo

Essa é uma história de mulheres, algumas más... Sim com certeza, mas TB de mulheres incríveis.... e esse é um capítulo sobre elas - Narcisa e Shara, idades e tempos diferentes... Vidas complexas, lutas e desafios, mas ambas mulheres marcantes. Espero que tenham apreciado.

Foi um dos capítulos mais difíceis de escrever até o momento, apaguei tantas vezes que nem sei ao certo... Diálogos fortes e rebuscados, cheios de entrega e emoção, que trazem verdades profundas, e que nos renderam uma narrativa densa mas com um final muito bonito.

Obrigada Cissa por tudo! e pra quem achou ela uma lady, toda plena durante a primeira discussão dos dois, viu um lado um pouco diferente aqui, afinal todos tem limites né, e Snape bem que mereceu, já que os ultrapassou... e quem estava esperando um tapa desses? Confesso que escrevi e depois fiquei 5 minutos olhando pra tela, só imagino a cena e as sensações, o cabelo dele voando, tudo em câmera lenta e a marca vermelha registrada na sua face... Parei nesse momento e fui tomar água... Até pq as verdades que ela simplesmente debulha depois... É tudo que eu sempre quis gritar pra ele (sim ele é meu personagem preferido) massss dá pra ser menos babaca as vezes (voltamos com o termo aqui, já que o mesmo fez muito sucesso kkkk)

E por mais que ele não tenha admitido, mas ele reconheceu... sim, algo que só Cissa teve o poder de proporcionar, ela estava certa e como prova disso vemos uma mudança na forma como ele olhou para Shara (claro que teve uma pequena tensão ali) mas foi necessário e isso apenas reforçou para ele o quão ruim era de fato e como Shara se sentia a respeito disso, e tudo graças a nossa lady (sim isso é muito mais do que apenas roupas) e por mais que ele já tivesse comprado o colar (vcs acham mesmo que ele ia deixar ela soltinha no mundo, não né...) essa cena não teria sido tão perfeita e impactante sem a interferência de Cissa! Uauuu chorei na declaração dele para a filha, até que enfim... Ele chamando ela de linda! Sério... PQP!!!

E adorei a ameaça velada na altura do ouvido... sim Ele está disposto a matar com certeza! Kkkkkk (acho que Draco corre mais perigo no momento do que ela)

Obrigaduuuu



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