Destinos Improváveis escrita por Nara


Capítulo 10
Futuro - Ameaças I




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Tudo que Shara queria era sair o mais rápido possível da presença do professor Snape, de início ela não sabia muito bem o que esperar daquela conversa, mas a medida que ela foi evoluindo Shara sabia que tinha se comportado de forma estupida e vergonhosa na frente dele, então Shara correu, ela correu o mais rápido que pode como se correr pudesse apagar todo o vexame que ela sentia que havia acabado de passar na frente dele, por que ela tinha que chorar como uma criança de 5 anos? Por que ela simplesmente não manteve a boca fechada? Aquela era a sua vida, era dela e de ninguém mais, ele não precisava daquelas informações, e agora o que ele faria com aquilo? Se Noah sonha-se que ela fez aqueles comentários, era melhor nem imaginar.

Hogwarts era uma nova oportunidade, uma nova chance para ela, chance de ter amigos de verdade, de escrever sua história além daquela de medo e de solidão que ela havia vivido até dias atrás, ela não queria estragar tudo assim, era tudo tão incrível naquele lugar, magia era algo incrível, mas como sempre a vida não costumava facilitar as coisas para ela, e honestamente ela se perguntava o por que entre todas as casas, ela tinha sido selecionada justamente para aquela, onde ela não fosse aceita, onde ela não se enquadrasse aos padrões, o professor havia acabado de explicar sobre traços genéticos, então seus pais foram pessoas horríveis? Por que era essa a percepção que ela tinha dos alunos daquela casa, e se sim, ela era um erro, e o professor também pensava assim ela notou no olhar duro e frio dele que era exatamente isso que ele pensava também, e de certa forma ele tinha acabado de dizer que era culpa dela que as coisas eram daquela forma, mas não tinha como ela simplesmente mudar a sua essência, ela não era como eles, ela não tinha família, não tinha um sobrenome nobre, nem sequer uma casa, e ela não sabia nada sobre si mesmo e mais uma vez Shara era a aberração, a esquisita e mesmo que ela tenha soado de forma estupida ao questionar a autenticidade do chapéu seletor, a verdade é que ela não simpatizava nenhum pouco com aquelas pessoas que ela teria que passar a conviver daqui em diante.

Seus pais estavam mortos, bom pelo menos era nisso que ela acreditava, e sim ela tinha muitas perguntas, a carta da sua mãe ainda ressoava em sua mente, ela parecia tão doce e afetuosa, mas ela mesma havia escrito que aparências podiam enganar, Shara segurou com força o pingente do colar que ela passou a usar por dentro de suas vestes, como ela poderia ser filha de pessoas que se enquadravam naquele lugar? como? Se aquela era a casa dos nobres e Epson não era um sobrenome nobre com Diaz bem pontuou, talvez esse não fosse verdadeiramente seu nome? Ela suspirou, ela não sabia de nada e tudo era meramente suposições, a vida dela era uma mentira.

Shara sentiu um aperto no peito, ela já estava longe o suficiente do escritório de Snape e então ela se deixou deslizar encostada em uma parede de um corredor deserto, retirando de dentro de suas vestes a carta da sua mãe que ela carregava sempre consigo. Quem é você? Ela perguntou de forma silenciosa para o envelope nas suas mãos, o abrindo com cuidado e lendo novamente aquelas palavras doces, ela dizia que o colar a aproximaria de alguém que iria ajuda-la, e aquilo não fazia nenhum sentido, era apenas um colar, da mesma forma que também não fazia sentido quando ela menciona a tentativa de mantê-la afastada da sua origem por que ela estava correndo perigo, que tipo de perigo? O único perigo eminente no momento era sobreviver ao professor Snape, a suas perguntas difíceis e a chance dele mencionar algo para Noah, isso poderia mesmo tirar o seu sono. Aquele homem realmente não pegava leve, ela não iria admitir em voz alta, mas enfrentar um dragão nesse caso também teria sido muito mais fácil comparado a conversa que ela teve com ele minutos antes, ele era assustador, mas de uma forma diferente, ele intimidava mas não como Noah, que nunca explicava o motivo de nenhuma disciplina aplicada, até por que quando Noah falava era basicamente para humilha-la, de qualquer forma ela só queria esquecer, ela suspirou levantando lentamente, ela precisava voltar logo, se lembrando de que ela havia escutado alguns comentários durante a aula da tarde de que o professor Snape costumava passar as regras para seus alunos todos os anos no salão comunal da sua casa, no primeiro dia de aula, e isso era hoje, que dia comprido, vivendo ali ela sabia que não tinha a menor chance de evitar a presença daquele homem sendo ele o chefe da sua casa, era melhor ela correr estava ficando tarde.

Entrando de forma desajeitada no salão comunal da Sonserina, lugar que ela havia conhecido brevemente depois do café da manhã naquele dia, onde Misty mostrou seu dormitório indicando onde guardar seus poucos pertences e a cama que ela passaria a usar a partir de agora, Shara suspirou se sentindo um pouco mais segura, o lugar era esplêndido e ela precisaria encontrar algum tempo para explora-lo melhor, não se comparava a nada parecido com qualquer outro ambiente que ela já tivesse frequentado em sua vida, era repleto de tapeçarias e tinha uma lareira muito acolhedora, era tudo muito aconchegante, tinha tudo para parecer um lar, seria tão mais fácil se ela conseguisse fazer amigos ali, ela suspirou mais uma vez subindo até o seu dormitório, ela precisava de um pouco de paz antes de encarar aqueles olhos negros novamente naquele dia, bom pelo menos ele não poderia fazer perguntas direcionas apenas para ela, ela pensou aliviada e a paz que ela tanto almejava desapareceu assim que ela atravessou a porta do dormitório, ela não estava sozinha.

—Estávamos te esperando – Diaz disse em tom frio, além de Alany havia outra garota com elas que Shara não havia reconhecido, provavelmente de outro ano.

—Alguma razão especial? – Shara perguntou, lamentando o fato de que teria que dividir o quarto com ela, mas mantendo a postura afinal ela também não cederia tão facilmente para aquela garota arrogante a sua frente, embora ser confrontado por ela não era algo que Shara desejava por agora, ainda mais por que elas estarem em maioria e Shara ser apenas uma.

—Na verdade, isso é um teste, para saber como você se vira sozinha, quando não tem aqueles idiotas dos seus amiguinhos grifinórios por perto para te proteger – ela disse com irônica e Shara sentiu um frio percorrendo sua espinha, teste? Que teste?

—O que você quer? – Shara perguntou, a mesma pergunta que ela havia feito mais cedo no salão principal.

—Tragam ela até o banheiro – Diaz disse e as duas meninas que a acompanhavam e elas rapidamente se aproximaram dela enquanto ela ouvia um feitiço sendo lançado, prendendo seus dois braços para trás com uma corda invisível, ela estava presa e não tinha nem conseguido se defender, era impossível se desvencilhar de algo que ela não podia ver, que diabos era isso? o que ela estava fazendo? – vamos – Diaz disse - antes que um monitor apareça – então ela foi empurrada até o banheiro, e ouviu a porta sendo trancada atrás de si, o seu coração estava acelerando, então o que viria agora? Ela seria torturada ou algo do tipo? e não tinha nem como gritar, ninguém ouviria nada dali.

—Eu não sei o que eu te fiz, por que você me odeia tanto? – Shara perguntou mantendo o contato visual.

—Está com medinho Epson? – Diaz disse gargalhando sem responder a pergunta – você precisa ver a sua cara, está ótima – e todas as meninas riram, não era engraçado, Shara sentiu um formigamento estranho nas mãos o mesmo que havia sentido na aula de defesa mais cedo, isso também não era bom, ela não podia simplesmente destruir mais nada.

—Anda, me diga o que você quer? ... Eu te garanto que não tenho nada para oferecer – Shara não queria demonstrar medo.

—De você, não quero nada garota, não seja tola Epson, essa é apenas uma lição para provar com quem você está se metendo, eu não disse que ia transformar sua vida num inferno? - Diaz sorriu – bem eu cumpro minhas promessas e ahhh e não se preocupe eu não sou burra a ponto de te machucar, não aqui pelo menos, afinal não queremos chamar a atenção não é mesmo, e não tente contar algo sobre isso para alguém, nenhum professor, está ouvindo? pois será a minha palavra contra a sua, e você sabe, quem iria acreditar numa garota estupida como você? E bem se mesmo assim você tentar algo do tipo ai sim eu posso te machucar de verdade e pra valer, sabe diferente de você eu posso usar feitiços muito mais avançados do que esse – ela disse apontando para a corda - sem ninguém notar, mas no momento eu quero apenas conversar, agora vamos ajoelhe-se eu prefiro olhar você de cima – por mais que a cena fosse intimidadora, Shara não obedeceu, e sentiu um chute nas pernas a obrigando a se ajoelhar e assim que caiu ela sentiu as cordas invisíveis apertarem seus pulsos ainda mais, enquanto Carla se aproximava empunhando a varinha contra o seu pescoço, se ela não tivesse visto o que aquele pedaço de graveto podia fazer, tinha tudo para ser uma cena engraçada, mas do contrário era assustador e humilhante – Onde estão seus pais? – ela pediu

—Mortos – Shara respondeu

—Os dois?

—Sim.

—Onde está sua varinha?

—Eu não tenho uma varinha, não ainda – Shara não sabia onde isso ia dar, mas não havia nada ali que fosse um segredo e que não pudesse ser revelado.

—Não tem uma varinha? Interessante – ela viu o sorriso dela se alargando – continuando, por que você não veio com o expresso de Hogwarts?

—Por que eu não achei a estação – ela ouviu as meninas rindo atrás dela.

—Qual o nome dos seus pais?

—Não sei, eu cresci num orfanato e não está no meu registro.

—Pobrezinha... e onde você passou a primeira noite?

—Num quarto de hóspedes que o diretor arrumou pra mim.

Diaz estava prestes a fazer outras perguntas quando elas foram interrompidas com algumas batidas fortes na porta.

—Vamos, o que vocês estão fazendo ai dentro? saiam, o professor Snape está aí embaixo aguardando para passar os recados do novo ano letivo, conforme o combinando e só está faltando vocês primeiranistas, vocês não vão gostar de vê-lo irritado, eu garanto – Seria cômico, se não fosse desesperador mas Shara podia dizer que tinha o visto irritado recentemente, e que ela poderia validar que a experiência não era nada agradável mesmo, tanto é que ele seria a última pessoa em vida que gostaria de ver essa cena de novo, não hoje, mas diante da situação, ela havia sido quase que salva pela presença dele, ela não sabia definir se aquilo era sorte ou azar, mas ela sorriu ao ver o rosto assustado da garota loura na sua frente.

—Droga me esqueci disso – Carla disse baixinho - Estamos indo – então ela gritou visivelmente perturbada – Escute Epson, você foi avisada e se você abrir a sua boca, as coisas podem ser bem piores, considere-se devidamente alertada - ela sentiu as cordas afrouxarem nos seus pulsos, Carla e as meninas saíram rapidamente a deixando para trás, Shara se levantou olhando para os pulsos, as marcas estavam lá, cortando sua pele, que tipo de corda era aquela, ela já tinha tantas outras marcas nos braços e pelo corpo, mas nada tinha sido como aquilo, ela esfregou os pulsos, estavam bastante doloridos, e ela sentiu o seu estomago embrulhar, que dia, foi humilhante, é assim que as coisas seriam ali? ela não estava se sentindo nada bem, ela caminhou lentamente até o quarto, sentindo as lagrimas descerem livremente pelo seu rosto, ela queria gritar, chorar em voz alta, mas ela se conteve, ela estava uma confusão e ela não queria descer naquele estado, sua presença no mínimo nem seria notada, e ela nem se sentia parte daquela casa, que diferença ela poderia fazer.

—Quando eu disse que não tolero ser desobedecido, é sobre isso que me refiro – aquela voz de obsidiana outra vez, era ele, ele estava ali no quarto, obvio que ele iria notar a sua ausência, ela nem sequer percebeu o quanto havia demorado no banheiro, para que ele fosse pessoalmente arrasta-la para baixo, ela suspirou estava com problemas outra vez, Diaz nem precisaria se preocupar por muito tempo com ela, nesse ritmo ela estaria expulsa antes mesmo de terminar a sua primeira semana, então Shara ergue as mãos para o alto em sinal de rendimento, ela não sabia se ele iria entender a referência daquele movimento, mas o que ela não se atentou é que fazendo isso ela tinha acabado de mostrar sem querer as marcas recentes e vermelhas expostas nos seus pulsos, já que as mangas das vestes era abertas e largas o suficiente e caiam quando as mãos eram erguidas, ela notou o olhar direcionado dele para o local, ele tinha percebido e ela tentou esconder baixando as mãos e as mangas tão imediatamente quanto ele se aproximava, segurando um dos seus braços e avaliando a marca mais de perto, ela não tinha nem como se esquivar, sim ela estava predestinada a se envolver em problemas ele tinha toda a razão, e agora o que ela iria dizer? Ela não podia contar – quem fez isso? – ele perguntou, mas ela sabia o problema que ela teria, se ela lhe desse nomes, ela não podia dizer, então ela ficou em silencio, ela estava com o rosto marcado, pois estava chorando até minutos atrás, e seus olhos ainda estavam marejados, ela definitivamente não conseguia se controlar na presença dele, ela não entendia por que ficava tão vulnerável assim, ela não era de chorar publicamente, nunca na frente de um professor – está doendo? – ele perguntou soltando o braço dela, estava queimando na verdade.

—Um pouco, mas está tudo bem – ela não queria criar um caso por tão pouco, e lá estavam as perguntas outra vez.

Ele a analisou, provavelmente fazendo uma leitura do que poderia ter acontecido ali, e por mais que ela não falasse os nomes dos seus opressores, se ele se empenhasse um pouco ele perceberia quem saiu dali antes dela, e ela deduziu que era isso que ele estava fazendo, já que ele não tinha dito mais nada, e ela estava envergonhada, no mínimo ele deveria achar que ela era uma criança imatura e chorona, já que era a segunda vez no dia que ele a via chorando por razões diferentes, estava feito.

—Nós iremos rediscutir isso, não agora, mas nós iremos – ele disse finalmente – por hora vou lançar um feitiço de limpeza, afinal se você aparecer nesse estado lá embaixo, os demais alunos vão achar que eu te fiz chorar até desidratar, não que eu me importe com isso, mas talvez você queira zelar pela sua imagem – ela consentiu, tentando se acalmar, aquilo foi gentil, parcialmente gentil, enquanto ele fazia sei lá o que com a varinha no seu rosto, algo que fez ela se sentir melhor.

—Obrigada – e ele assentiu, se virando em direção a porta.

— Agora me acompanhe – não ele não parecia bravo dessa vez, e Shara o seguiu escada abaixo, sentindo literalmente todos os olhares sobre ela, era nítido que os alunos estavam confusos, talvez por verem que ela ainda estava viva, depois de ser escoltada pessoalmente por ele, mas ninguém ousou perguntar nada, afinal o professor Snape era intimidante e pelo que ela percebeu, não apenas com ela, era consenso geral, embora fosse evidente também o respeito que os alunos tinham para com ele, em especial os mais velhos, e de certa forma Shara apreciou isso, não ele não era como o Noah, ele se importava com as regras e quando explicadas elas até faziam bastante sentido, e ele havia deixado todos cientes sobre quais seriam as consequências, ele expos também de forma clara as expectativas para a casa nesse novo ano, ele prezava pela ordem e era rigoroso, e apesar da conversa desagradável que tiveram no início da noite, Shara notou que ele lançava olhares sobre ela de tempos em tempos e de alguma forma que ela não saberia explicar, isso lhe passava alguma segurança, era uma sensação boa, quase como alguém que se importa-se, algo que ela não tinha sentido com mais ninguém até então, sim ele parecia preocupado, e ninguém nunca havia se preocupado com ela, talvez ele não fosse tão ruim assim como Harry e Rony haviam dito.


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Notas finais do capítulo

Ahhh Shara, as coisas não começaram bem em seu primeiro dia de aula, e Diaz definitivamente não vai facilitar a sua vida, mas mesmo assim prevejo algumas boas mudanças nos próximos capítulos.



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