O primo do noivo escrita por Nathy Negrelli


Capítulo 1
Capítulo 01


Notas iniciais do capítulo

Era para ser uma one-shot até eu começar a escrever e não parar mais. A personagem falou tanto na minha cabeça que eu estava quase surtando com a quantidade de informação que ela estava me passando. Nunca recebi uma carga tão grande de informações de um único personagem, até eu terminar o primeiro capítulo e perceber que dava para dividir ele em pelo menos uns 5. kkkkkkkkkk Ela vai ter poucos capítulos (eu acho… Talvez sim, talvez não kkkk), mas se depender dos meus dedos compulsivos vão ser todos grandes. Não vou prometer data de postagem nem nada do tipo, mesmo eles estando quase prontos eu preciso finalizar a história. Então fiquem com uma Sakura levemente alcoolizada falando tudo que não deveria falar naquele momento.



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Às vezes, a vida é assim... A gente espera um unicórnio, mas recebe um cabrito… Eu deveria ter entendido melhor essa frase, ou levado ela pelo menos em consideração quando ouvi ela em um filme infantil. E agora, encarando meu reflexo, pelo espelho do vitral da mansão dos Uchihas eu poderia entender um pouco melhor o significado daquelas palavras.

Minhas pernas não aguentavam mais andar sobre aqueles saltos horrorosos que peguei emprestado da minha irmã. O terrível casamento começou às sete horas da noite, em uma cerimônia simples no quintal da casa do querido e rico noivo da minha adorável prima. Meus olhos já estavam cansados de tanto encarar todas aquelas pessoas.

Karin estava radiante no altar com um vestido rendado colado no corpo e um véu tão curto que parecia uma tiara em sua cabeça, estava totalmente diferente daquela garotinha que tinha sido flagrada pegando um dos professores durante o horário de aula, e muito menos a garota que arruinou a vida da minha irmã - mesmo eu agradecendo veemente ela por esse pequeno feito.

Lembro que minha irmã estava de casamento marcado com um namorinho que tinha durado cerca de cinco anos, e alguns meses depois de ser pedida em casamento minha irmã recebe várias conversas reveladoras de Karin, acusando o santinho de dar em cima dela na cara dura. Logo depois disso ela encontrou vários podres do santinho do pau oco pelos grupos de whatsapp e mesmo ela não gostando de Karin, aquilo eu tinha que concordar foi até que uma atitude decente dela contar o que rolou.

Olhei mais uma vez em volta, pegando um petisco que o garçom trazia em uma das bandejas de prata da família do noivo. Tudo era, impecavelmente rico, impecavelmente chique - impecavelmente exagerado para o meu gosto.

— Tire essa cara de enterro do rosto, garota. - minha mãe decretou como uma sentença de morte. - Você está no casamento da sua prima, um dia feliz para ela. Ela ama aquele homem! 

— Nem a senhora acredita no que está falando, dona Mebuki. - Falei pegando outro aperitivo de um dos garçons. - Me diz, mamãe, o que estamos fazendo realmente aqui? - questionei minha mãe enquanto colocava mais um aperitivo na boca.

— Eu prometi a ela que estaria aqui.

— Você prometeu a Karin? - a olhei desconfiada. - Você não suporta a ideia dela casar assim… tão rápido.

— Eu prometi à minha irmã, filha… foi a ela. - seu semblante começava a ficar triste ao falar de sua irmã. - Prometi que faria isso no lugar dela… - concordei com a cabeça entendendo onde minha mãe queria chegar.

A mãe de Karin, minha tia, morreu a poucos anos atrás. O câncer foi descoberto tarde demais e em poucos meses de vida minha mãe prometeu cuidar da Karin como se fosse uma de suas filhas, e fazer aquilo por ela era o mesmo que fazer por nós. 

— Ela está linda, não é? - questionei ao avistar o brilho nos olhos de Karin ao olhar para o então marido. 

— Deslumbrante. - Mebuke confirmou.

Voltei a encarar um novo garçom, aquele estava equilibrando lindamente uma bandeja com taças de champagne e eu agradeci mentalmente, pois precisava disso ao apreciar a cena que se formava. 

Karin segurava o buquê de rosas vermelhas em uma mão enquanto chamava suas madrinhas para começar aquele campo de guerra. Olhei assustada para minha mãe ao meu lado. - Nem pense que eu vou participar dessa chacina. 

— Sabe, filha… Eu não a culparia por querer se aproximar da Karin, ela cresceu com você e sei muito bem que você não é totalmente contra as atitudes dela. Sei que vocês se gostam muito e que o que aconteceu com sua irmã, não foi culpa dela.

— Realmente, eu não sou. - falei. - Mas esse não é nenhum motivo para eu me enfiar no meio desse campo minado de madrinhas querendo arrancar aquele buquê horrível da mão dela. Por favor, né mãe. 

— Acho melhor você fugir então, porque ela está procurando mais garotas. 

Olhei para frente e tive uma visão do que minha mãe estava querendo me alertar, Karin chamava agora as convidadas do noivo para o meio daquela bagunça e meu instinto de autoproteção gritou dentro da minha cabeça mandando eu pegar minha bolsa e correr em pânico para longe daquela casa.

— Preciso ir ao banheiro, se ela me procurar fale que estou com uma dor de barriga terrível e que vou passar o resto da festa tomando champagne sentada na privada. - levantei a taça como sinal de saúde e corri…Corri literalmente para dentro da mansão, passando por aquele adorável jardim quase caindo por afundar os saltos finos no gramado.

Os corredores estavam abarrotados de garçons que passavam com suas bandejas em filas saindo de um lugar que supus ser a cozinha e ir seguindo por onde passei a pouco tempo. Deixei a taça em um dos aparadores do lado direito enquanto pegava uma outra taça de um dos garçons, recebendo um sorriso debochado do cara que tinha me servido - talvez dez, ou mesmo vinte petiscos diferentes mais cedo. 

— Você é o melhor garçom. - falei mandando uma piscadela e recebendo outro sorriso debochado. - Se algum dia eu achar um doido que me convença que casamento é algo muito bom de se fazer eu… - não tive tempo de terminar meu raciocínio, pois o garçom já estava passando pela porta seguindo para o jardim onde estava rolando a festa. Levantei a taça em sua direção dando de ombros, eu não iria atrapalhar o trabalho dele. - tudo bem, pode ir trabalhar.

Me virei para a escada, começando a subir rumo ao meu destino, o banheiro estava no segundo andar da residência, descobri quando ouvi um dos convidados comentar enquanto passavam apressados por mim não querendo perder Karin jogar o buquê.

— Aquele buquê nem é tão bonito assim. -  sussurrei abrindo a porta do banheiro e me assustando com a fumaça que formava uma grande névoa no cômodo.

— Não é mesmo… - o homem que tragava um cigarro soltou a fumaça pelo nariz ao falar. 

“Como ele conseguia segurar tanta fumaça dentro do pulmão?” pensei.

— Meu Deus, me desculpe! - disse, enquanto segurava firmemente a taça de champagne e tentava me equilibrar nos saltos que começavam a parecer meio bambos. - Não vou te interromper.

— Pode entrar. - prontamente avisou. - Aposto que está fugindo daquela casamento infundado.

E foi assim, com essa pequena frase que o TILT aconteceu dentro da minha cabeça, se passaram, lentamente, exatos quatro segundos, um para eu ouvir o que ele falou, dois para eu entender o que ele tinha falado, três para eu apertar a taça mais uma vez entre os dedos e quatro para eu responder a sua fala.

— Infundado? - meus saltos vacilaram quando dei o primeiro passo para frente, seguido de outro e outro, até não estar mais perto da porta e sentir o sopro que ela deu ao se fechar atrás de mim. - Como assim um casamento infundado?  - questionei com total certeza na voz.

“Tsz” ouvi o barulho da sua língua fazer no céu da boca, ao perceber que ele iria, a contragosto, entrar em uma discussão com alguém que não conhecia. 

— Não é muito difícil de saber, é só tentar deduzir por que eles resolveram se casar depois de terem se conhecido… talvez - pareceu pensar. - em menos de um mês? 

— E o que o senhor deduziu? - meus dedos já começavam a ficar vermelhos de tanto que eu apertava o cabo daquela taça, o salto não me incomodava tanto quanto aquele ser desagradavel na minha frente. 

Mais uma lufada de ar que ele inspirou e soltou, a bituca de cigarro já estava pela metade e o homem encostado no box que ia até o teto, nem a nicotina que pairava no ar, muito menos meus olhares acusadores esperando uma resposta fizeram o homem em questão se sentir intimidado - muito pelo contrário. O dorso elegante e largo, as expressões faciais de uma leveza quase esculpidas pelos deuses. Ele era, sem  sombra de dúvidas, o homem mais bonito que eu já vi - e quando ele deu sua última tragada, apagando o cigarro na tela do relógio, foi quando eu prendi minha respiração já sôfrega pela fumaça, ele era lindamente desagradável.

— Não tenho adjetivos suficientes para expressar como que é de um mal gosto meu querido primo se casar com aquela… mulher? Eu nem sei se posso chamar aquilo de pessoa, quem dirá de mulher. - esbravejou - seu mal gosto é imperdoável, não sei como meus tios estiveram de acordo com essa barbaridade. - meus cílios postiços pesaram sobre meus olhos e minha garganta secou, aquele desgraçado estava ousando… - não sei o que ele viu nela, mas sei muito bem o que ela viu nele, e podemos deduzir que não foi o olhar galanteador daquele idiota.

Ele realmente estava ousando declarar que Karin estava se casando por dinheiro.  

— Então o senhor está declarando que o atributo mais interessante do seu primo é a conta bancária? - ousei perguntar.

— De fato!

— Oooh meu Deus! - falei exacerbada, levei um dos dedos até a testa fechando os olhos enquanto que finalizava em um único cole o resto do champagne, e quando abri os olhos vendo aquele olhar ônix me encarando eu tive que respirar profundamente e contar até três ou eu enfiaria aquela taça de champagne na garganta do homem mais fodidamente atraente que eu já vi. - Você é inacreditável, INACREDITÁVEL. - me alterei. - Você em algum momento parou para pensar que eles podem ter se apaixonado? Que o amor deles é tão grande a ponto deles não aguentarem ficar mais separados? 

— O amor entre pessoas de classes sociais diferentes é quase inexistente, para eu não falar que é nulo. - ele falava cada palavra como se aquilo fosse uma verdade absoluta.

— Você realmente acredita no que está falando? - questionei.

— Sim, eu acredito. - confirmou

— É uma pena - esbravejei depois de uma pausa para tentar tomar algum tipo de fôlego. - uma pena muito grande os atributos da minha prima não serem suficientemente bons para agradar certas pessoas da família do noivo. E agradeço veemente pela solene e esclarecedora troca de palavras. Fico lisonjeada por ter explicado assim, tão claramente, seu desgosto pelo matrimônio… ou devo dizer… seu desgosto pela minha pobre família.

Seu olhos se abriram mais e eu não teria notado isso se eu não tivesse absolutamente perto dele, e tão rápido quanto proferi aquelas palavras sai batendo a porta daquele banheiro, ignorando o garçom que fora super gentil comigo ao me ver completamente perplexa. A estupidez que aquele infeliz declarava em forma de palavras me fez perceber que meu ódio por homens estava crescendo a cada dia. Quem ele pensa que era para falar algo assim de Karin? Só eu posso falar dela assim…Só eu.

Passei apressada pelo jardim afundando mais uma vez a merda daqueles saltos na grama, e em um impulso elétrico proferido pela raiva que consumia minha carne eu abaixei retirado aquelas duas armas mortais que estavam nos meus pés, segurando pelas cordinhas o salto de cor preta que eu usava. 

— Sakura, eu te procurei por todos os lugares. - Fui tirada da minha bolha de estresse pela minha prima que segurava o vestido pela barra e me olhava com um sorriso de orelha a orelha, e por um momento eu tive inveja de sua felicidade.

— Eu estava no banheiro. - falei. - acho que comi muitos salgadinhos

— Aiai Sakura. - sua risada era contagiante, como alguém poderia ousar a falar que ela estava nesse casamento por dinheiro. - eu queria jogar o buquê para você, talvez você arrume um marido também e deixe de ser tão amarga. - revirei os olhos para Karin, ali estava a minha verdadeira prima, ácida como sempre. - Suigetsu tem vários primos solteiros, talvez eu te apresente um.

— Deus me livre dessa família - disse de antemão. - Prefiro ficar solteiro para sempre. 

— Nem diga isso, sua mãe já ficou decepcionada demais com o fim do casamento da Ino com aquele cretino ruivo. 

— Nem tente bancar a cúpida, Karin, da última vez que você tentou me juntar com alguém eu cai naquela enrascada do caminhoneiro, lembra? 

— Misericórdia… aquilo foi um pequeno desvio de caráter meu, nunca mais vai acontecer. 

— Agradeço por isso!

— Mas vamos, está quase na hora do brinde 

Karin me arrastou pelo meio das pessoas me largando ao lado da minha mãe e indo se sentar junto com seu marido que a todo tempo a olhava apaixonadamente, e aquilo me subiu um ódio tão grande. Como que alguém conseguia olhar para aquela cena, de dois completos apaixonados e achar que aquilo poderia ser um golpe? Quão amargurado a pessoa tem que ser para pensar nisso? Nem eu acreditava que Karin poderia amar alguém de verdade, mas estava ali, estampado para calar minha própria boca, Karin estava completamente apaixonada por aquele homem. Peguei uma taça que estava jogada na mesa e virei o líquido tomando em uma golada só,  eu não sabia de quem era mas ela iria servir até o garçom chegar com mais bebidas.

Como se estivesse lendo os meus pensamentos lá estava aquele garçom servindo mais uma taça de champagne. Agradeci pegando duas taças e recebendo um risinho divertido do homem. 

 - Tal…vez eu queira seu número antes de ir embora. - sussurrei só para ele ouvir recebendo um sorriso de canto que me causou borboletas no estômago, ou talvez seja a bebida.

Encarei suas costas enquanto ele servia um copo de água a uma mulher de corpo curvilíneo, ela vestia um vestido azul que ressalta sua beleza… extremamente linda. A forma que ela segurava o copo em suas mãos e acenava para minha mãe se aproximar era de uma delicadeza que dava para se invejar. Minha mãe caminhou em sua direção enquanto eu bebia aquela segunda taça de champagne e colocava os saltos embaixo de uma das mesas, ela sussurrou algo próximo ao seu ouvido recebendo um aceno de cabeça em concordância, seguindo logo em seguida para próximo aos noivos.

— Peço um minuto da atenção de vocês todos. - a mulher falava, sua voz era doce e delicada, assim como sua aparência. - Vamos começar o brinde com a tia da noiva.

Minha mãe foi a primeira a levantar sua taça e brindar a felicidade de Karin, suas doces palavras arrancaram um sorriso enorme nos lábios do noivo e lágrimas incessantes dos olhos da minha prima. Uma salva de palmas foi puxada antes da minha mãe voltar para o meu lado e uma mulher encantadora que descobri ser a tia do noivo começar a fazer seu discurso. Mais lágrimas rolavam pelo rosto de Karin e eram lágrimas tão sagradas de felicidade que mais uma vez senti um aperto do peito depois de lembrar das palavras daquele homem. 

E falar no diabo, ele apareceu no brinde como quem não quer nada, segurando uma taça de champagne em uma das mãos e com a maior cara de sínico que eu já presenciei. Nossos olhares se cruzaram por um breve momento e eu vi um leve sopro de diversão passar pelos seus olhos. 

— Incrível - praguejei.

— Realmente… Foi incrível o discurso da Mikoto. - Olhei para minha mãe tentando entender o que estava acontecendo e avistei a tia do noivo com lágrimas nos olhos terminando seu discurso que não consegui prestar atenção depois de encarar aquele homem.

Meu sangue mais uma vez fervia de ódio, a bebida já tinha mostrado seu efeito destruidor e começava a revirar minha visão. Uma confusão estava começando a se formar dentro da minha cabeça e foi naquela hora que eu entendi a famosa frase que Karin vivia falando antes de sair para curtir a noite “c* de bêbado não tem dono”. 

E realmente não tinha!

Não sei se você acredita em Deus, ou em sei lá o que, mas você talvez saiba que ele não consegue estar em todos os lugares ao mesmo tempo, é impossível ele está me vigiando enquanto que tem guerras acontecendo no mundo, crianças e mulheres sofrendo - homens não, homens com toda certeza merecem sofrer. 

Mas voltando ao assunto principal, nesse meio caótico que é o mundo, eu duvido que ele tenha tempo de se preocupar com uma bêbada. Deus claramente colocou os estagiários para vigiar a vida de cada bêbado que existe nessa face da terra, e meu estagiário me odeio de uma forma tão grande que toda vez que eu extrapolo na bebida ele me dá o famoso apagão.

E foi aquele apagão que eu senti naquela hora, o diretor da vida corote uma parte importante da minha memória, aquela parte que me deixar ter sanidade suficiente para não fazer o que eu já tinha feito, aquela parte que não me deixaria andar tudo que eu andei… A luz voltou a minha cabeça no momento que eu já estava na frente dos noivos, segurando outra taça de champagne, que eu não faço a menor ideia de onde eu arrumei, mas que estava lá, me dando coragem suficiente para fazer merda.

— Eu gostaria de brindar. - comecei vendo todos voltarem sua atenção para mim, Karin parou de sussurrar no ouvido do seu noivo e me olhou em expectativa. - A minha querida prima e seu marido… Eu, de todo o meu coração, espero que vocês sejam extremamente felizes. - os aplausos que eles deram e os sorriso gentis não chegavam aos meus olhos, e em um dos cantos do jardim, vi aquele monstro de homem se aproximar mais para perto. 

 - Obrigada Sakura. - Karin aplaudiu com aquele sorriso genuíno que eu não vejo há anos e aquilo me cortou no meio, uma parte de mim fez um estrondo tão grande que antes mesmo de perceber minha boca estava falando coisas que eu deveria manter guardadas. 

—  Karin… - continuei mesmo estando com a voz trêmula do efeito ao álcool, o estagiário de Deus poderia me parar naquele momento… mas ele não faria isso. -  minha querida prima…eu sei que não fui a melhor prima, sei muito bem disso, assim como você também não foi - ri olhando para ela que também sorria. - eu lembro do pedaço de bolo que roubei de um aniversário que fomos na escolinha, que quem levou a culpa foi você. Lembro dos nossos peguetes que eram mais feios que o cão chupando manga e lembro de você… sabe… nosso professor?! - Os olhos de Karin se arregalaram junto com os da minha mãe, era um claro pedido para eu calar essa minha grande boca.

— Obrigada! - Karin falou mais uma vez, com uma pequena veia saltada na testa e eu senti lá no fundo que depois ela iria querer me matar.

— Eu não acabei - levantei mais uma vez a taça ao falar no microfone levantando a voz e fazendo um som agudo sair pela microfonia. Da onde que tinha saído aquele microfone? - eu só não aceito, que um babaca mesquinho de uma figa fale mal de você… só que tem esse direito sou eu. - olhei diretamente para o homem que era alvo dos meus pensamentos assassinos. Não ousei em nenhum momento encarar minha mãe ou mesmo a Karin, pois eu sabia que elas estariam querendo comer o meu couro naquele momento. - Sabe Karin…aquele homenzinho ali de merda que não deve nem saber fazer uma mulher gozar teve a brilhante ideia de falar mal de você. - falei apontando para o cretino que tinha um sorriso nos lábios e um brilho nos olhos que me lembraram dois buracos negros me sugando. - ele expressou claramente que você…você Karin… você está casando por dinheiro.

Eu estava agora mais nervosa que antes, todos me encaravam boquiabertos pela revelação. Ousei olhar para o rosto da minha prima e ela estava mais vermelha que seu cabelo tingido, suas mãos apertavam a toalha da mesa e dava para ver suas juntas mudarem de amarelas para vermelhas e de vermelhas para um roxo. 

— Você não disse isso, não é Sasuke? - Suigetsu, o noivo, um rapaz que conheci no segundo dia de relacionamento deles levantou da cadeira encarando o primo que dava de ombros. 

— Não é nada que eu já não tenha dito a você. - falou me deixando perplexa, mas que não me fizeram tirar os olhos de Karin, que mantinha a mesma expressão de raiva no rosto.

— Não consegue se conter nem em um dia tão importante para mim? 

— Não quando você está fazendo merda. - o moreno proferiu, me fazendo desviar os olhos de Karin que estava mudando de raiva para tristeza.

— Meninos. - a tia do noivo tentou falar, olhando com pesar para ambos os homens que se encaravam. - Sasuke, não faça isso!

— Deixe tia Mikoto, o Sasuke é muito infeliz. - Suigetsu o olhava enraivecido, atraindo a atenção de todos. - não é porque você sofreu por uma pessoa que não o amava que isso também vai acontecer comigo… - BINGO…então era isso, ele tinha um passado trágico e estava descontando suas amarguras e medos no primo.

— Amor, tá tudo bem. - Karin respirou fundo se acalmando, o que conhecendo ela bem parecia até engraçado, Karin nunca foi uma garota que levava desaforo para casa, ela nunca deixaria alguém falar assim dela, e no momento que ela depositou uma das mãos no ombro do marido, acariciando o local, tentando confortar seu companheiro foi ai que vi minha mãe sorrir em contentamento, pois Karin tinha achado o amor da sua vida e faria de tudo por ele.  - Ele está preocupado com você e não me conhece direito, então tudo bem ele ter receio do casamento… - Ela estava sendo um anjo naquele momento, eu engolia a saliva que estava entalada em minha garganta forçando a sobriedade voltar para o meu corpo. 

E encarava os olhos raivosos e ao mesmo tempo compassivos de Karin, um pesar tomou conta do meu corpo. 

A culpa era toda minha, totalmente minha. 

Eu estava estragando o momento mais importante da vida da minha prima por causa de uma birra com um cara que não conheço.

— Des…culpa Karin. - Saiu mais para um sussurro.

Eu não estava mais afim de ficar naquele local, eu não tinha mais condições de encarar todas aquelas pessoas, então eu fiz o que eu queria ter feito antes mesmo de chegar naquela festa. Virei meu corpo e sai andando, não me preocupei com mais nada e ninguém, eu só queria ir para casa, tomar um bom banho e dormir a noite toda e quem sabe todo o domingo. 

E foi isso que eu fiz!


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