A Agonia que é Viver escrita por Carti
Silêncio,
Ele está dormindo.
Não acordem aquele
Que se diz inimigo
Inimigo de quem?
Dos outros.
O inimigo deitado em sua cama
Você o observa, percebendo,
Que o convidou para entrar
Quando negou a própria raiva
Quando a enfiou em seu coração
(Tranca!) chorou, ao gritar.
Você o convidou para entrar
Quando escolheu fingir
Que não via o nojo dentro de si
Tantas mentiras a vida toda
Mas a náusea era a prova
De que a repulsa existia.
E agora,
Em suas entranhas ele vive
O sangue que corre, que jorra
Enquanto ele se acomoda
É mais aceitável que o nojo
Que vive em sua mente
Uma resposta, uma reação
Ao inevitável pensamento
Inevitável sentimento doente
Você o convidou para entrar
Quando quis jogar fora a própria pele
Mas escolheu mantê-la
Ele sabe que você é covarde
Mas não te julga
Te invade
Ele dorme mas sabe de tudo
Sabe pois você o permitiu saber
Em suas entranhas ele vive
Se acomodando
Fazendo seu ventre doer
Silêncio enquanto ele dorme em seu ventre
Ele já examinou a sua tristeza
Quando você chora, ele sente
Ele não some e nem foge
Não trabalha com metáforas,
É sempre claro e direto:
“Hoje te guio, hoje já és minha
Quando eu acordar, me alimentarei da sua alma
Vomitarei contigo o nojo que você sente
Encontraremos os restos de culpa jorrados
Resíduos amargos de raiva e cansaço
Iremos vomitar por sete dias seguidos
Para então, finalmente, trocar o seu corpo
Irei virá-lo do avesso, esse corpo vazio e sem alma
Pronto para virar algo novo
Algo que ainda não existe.”
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