É como se existissem duas pessoas:

Na segunda-feira, uma delas é consumida por uma angústia extrema.

Na terça-feira, essa mesma pessoa é consumida por um vazio, engolida por um abismo.

Na quarta-feira, ela quase quase que de raiva explode.

E na quinta-feira ela só chora, deitada no chão.

Sem rumo.

E então morre.

Na quinta-feira, a outra pessoa vive.

Ela sorri, se movimenta e finalmente se sente livre.

Tudo isso sem sentir nada.

Na sexta-feira, ela continua alheia a seus sentimentos.

Não sente nada.

Absolutamente nada.

Ela só vive.

No sábado, ela nem sequer pensa.

Mente vazia, coração leve.

Vivendo a vida aos poucos, sem estresse.

E no domingo algo acontece.

Ela morre.

Sem querer.

E a outra pessoa, voltará na segunda-feira?

As nuances da vida são atemporais.

O agora não existe.

Só existe a manhã.

O sol está no céu, mas não existem provas,

De que haverá o amanhã.

Não existem provas de que são dez horas da noite.

Mas a lua está no céu.

Também não existem provas de que uma das pessoas está morta.

Talvez esteja viva.

Talvez a primeira pessoa, nem sequer tenha morrido.