Gomennasai escrita por Isamu H Ikeda


Capítulo 1
Me desculpe


Notas iniciais do capítulo

Sinceramente, to com preguiça de editar as notas e etc. Então, por enquanto ficará assim. ~

Eu escrevi este plot depois de ler um doujin deles em que Dazai visita o Aku no hospital e leva uma cesta de flores, que eu identifiquei como Lisianthus, eu acho. Faz realmente muito tempo que comecei.

Deve estar com alguns erros, mas em outro momento eu corrijo.



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Naquele fim de tarde, Dazai deixava a agência um pouco mais cedo e sem aviso. Não que isso fosse fora do comum, claro. Muitas vezes ele agia por conta própria e, dificilmente, algum membro da ADA saberia explicar com exatidão onde ele ia ou o que fazia em suas horas vagas.

Afinal Dazai era uma pessoa envolta em grandes mistérios.

Durante o passeio pela cidade, aparentando ser por puro tédio, ele entrou em uma floricultura. Pela maneira que abordava as atendentes, já devia ser um cliente recorrente. Até as suas mórbidas cantadas não surtiam efeito. Se contentou, então, com uma cesta pequena de Lisianthus e continuou seu caminho até um parque, ou uma praça, de onde podia enxergar os prédios da Máfia do Porto. O cheiro do mar era pertinente, o que causava um gosto amargo na boca de seu estômago. Seu passado podia ser nebuloso, mas não fácil de esquecer.

Quando a noite enfim caiu, o excêntrico detetive da Agência de Fukuzawa, sorrateiramente esgueirou-se pelos becos próximos a uma das torres principais dos mafiosos de Yokohama, conseguindo entrar sem muitas dificuldades. Era tudo muito simples para o jovem de 22 anos, eram passagens secretas e rotas de fuga que Dazai conhecia muito bem.  Porém sabia que não iria demorar muito para ser descoberto um intruso no andar. Precisava ser rápido e seu objetivo, a área hospitalar da Máfia do Porto, era muito bem escondida. E por mais moderna e limpa que pudesse ser, se assemelhava a um hospital fantasma.

O atual Chefe, Mori Ougai, já foi um médico e militar anos atrás.  Então era perfeitamente normal que apesar dos pesares, ele zelasse pela saúde de seus funcionários. Bom, até onde estes fosses uteis, claro. Era mais fácil um mafioso voltar morto do que ferido de uma missão ou mesmo de uma transação de negócios. Alguém com a habilidade da Drª Yosano seria absurdamente útil ali, e usada até seu esgotamento total. Logo, não haviam muitas pessoas por lá e no máximo nove leitos estavam ocupados durante aquela semana.

 Muito provavelmente esse tenha sido o motivo pelo qual a Karma Transit teria conseguido invadir e sequestrar Akutagawa em retaliação pelo acidente do navio.

Seria bom demais se estivessem com a guarda baixa por estarem em reunião, discutindo sobre como melhorar a segurança da área médica. Deixando assim o caminho livre para um indiscreto ex-integrante perambular pelos corredores. O cheiro de hospital era forte, familiar e quase agradável para Dazai. Desde muito novo ele vivia acordando em camas brancas e com soro em suas veias. Foi, também, em um momento desses que conheceu o Dr. Mori e convidado a ingressar na vida mafiosa daquela cidade portuária.

Andava quase que saltitando e cantarolando. Seu bom humor disfarçava muito bem a ansiedade que crescia, mesmo que fosse confiante o suficiente para fazer o que fazia até com os olhos fechados ou trancado em uma sala.  

Costume de mafioso, hábitos furtivos. Um impecável e duro treinamento.

Parou quando chegou na porta do quarto que procurava. Suspirou cansado, um sinal de que estava com os pensamentos inquietos. Imediatamente um flashback lhe veio à mente. Lembranças pesadas e arrependimentos o assombravam. Sua mente era um desastre.

— Bom, é aqui... – adentrou o cômodo e fechou a porta com uma leveza que jamais delataria que alguém estivesse ali.

À sua frente, uma cama ocupada, aparelhos respiratórios e o som perturbador dos batimentos cardíacos no monitor. O rapaz que estava ali deitado ainda estava fraco demais para se manter acordado, e Dazai, de pé e imóvel ao lado do leito, sustentava uma de suas expressões sérias. Era quase como se nunca tivesse deixado a Máfia do Porto. Como se não tivesse deixado Akutagawa para trás.

Era certo que as atitudes de Osamu Dazai nunca foram despropositais, mesmo que pudessem beirar ao egoísmo. Ele apenas não era do tipo que iria sentar e explicar com exatidão tudo o que pretendia fazer. Não via necessidade disso. E estar dentro do território de Mori, uma vez que ele próprio partira de lá, e ainda sem que ninguém da Agência soubesse seu paradeiro na atual ocasião era só mais um exemplo disso.

Ele deixou a cesta de Lisianthus na bancada e puxou a cadeira vazia para sentar-se. Não era a primeira vez que via aquele menino acamado e dopado de medicamentos pesados. Akutagawa nunca teve uma saúde exemplar e a vida de mafioso, com todos os seus perigos, não ajudava muito.

— Ora ora... Eu tenho tanto trabalho para chegar até aqui e você nem me cumprimenta? Que maldade da sua parte. – Claro que ele sabia que seu antigo subordinado não responderia. Estava inconsciente, afinal. Mas começar um diálogo com alguém que estava presente, porém incapacitado de ouvir e responder, talvez fosse a melhor estratégia de Osamu para se abrir. – “Mesmo que seus subordinados morram, não permitirei que os visite. ” Mori-san disse uma vez, bonzinho como sempre... Não acha? – riu de si mesmo após ter enchido os pulmões para imitar a voz pomposa do chefão da máfia.

Ele tinha um motivo para ter invadido o “quartel general” do inimigo de forma tão despreocupada. A verdade era que já havia adiado demais essa conversa. E mesmo que Akutagawa não fosse se lembrar disso, Dazai acreditava que era o melhor jeito de fazer isso acontecer.

“O que eu pensei que não era meu, na luz

Era único, uma pérola preciosa

Quando eu quis chorar

Eu não pude, porque eu

Não fui permitido”


Se julgou na liberdade de ver a ficha médica do rapaz. Ele sabia que só danos muito sérios deixariam Akutagawa desacordado por tanto tempo assim.

— É... Realmente é um milagre você estar vivo... – suspirou –  Tudo bem, sabia que você iria exagerar por eu ter dito que o Atsushi era muito melhor... Mas, não quer dizer que você fosse mais fraco. Não... Você não é fraco. Definitivamente. Apenas precisa de uma motivação para alcançar o seu verdadeiro potencial. O problema é que nunca fui um bom professor, não é?

Akutagawa era teimoso, apesar de obstinado. Imaturo, mesmo que a vida o tenha obrigado a crescer prematuramente. Ele ainda era um filhote perdido e confuso. Por outro lado, Dazai não queria (ou só não sabia) ser um tutor convencional, mesmo com todo o status de Executivo da Máfia do Porto. Ele agia conforme seu cérebro pensava e seguia sua intuição. Entendia muito bem o final de cada um de seus planos e todas as suas consequências, mas não precisava que os outros o acompanhassem. Eles entenderiam com o tempo. O mesmo valia para Akutagawa.

Riu lembrando-se do soco que recebera de Aku, alguns dias atrás quando fora propositalmente capturado pela menina Kyouka. Seu rosto ainda doía um pouco. É, ele merecia aquele soco e tinha ciência de que aquilo era uma resposta física da frustração que fez o rapaz de preto passar e por isso, não se defendeu.

— É bom se acostumar, pois acredito no potencial de vocês dois... Juntos. Sei que você vai odiar cada segundo disso, mas é necessário. Ele vai ser uma boa influencia para você... e acredito que você também será para ele.

(falar um pouco sobre atsushi e akutagawa + como o dazai trata os dois) - Você deve estar se achando fraco por ter perdido pra alguém que recém descobriu sua habilidade, não é? E depois vai enfiar na cabeça que terá que superar ele. Eu sei... Eu te conheço, Ryuunosuke. Você vai perseguir isso até se sentir satisfeito. Me pergunto quando conseguirá enxergar o quão grande é o seu potencial...

 

“Desculpe-me por tudo

Desculpe-me, eu sei que eu te decepcionei

Desculpe-me até ao fim

Eu nunca precisei de um amigo, como preciso agora”

 

— Sabe de uma coisa? Quando te vi pela primeira vez, foi como estar se afogando. Seu olhar era familiar... Tão assustadoramente familiar, que pensei que pudesse encontrar algo que me faltava se estivesse com você. Eu cumpri o que te prometi. Te dei um motivo para não desistir de viver. Te dei um propósito... Mesmo que torpe. – Dazai riu debochando de suas próprias palavras. Ambos eram, inegavelmente, assassinos. Tinham sangue em suas mãos desde tenra idade. Era matar ou morrer, uma eterna corrida atrás de um sentido para a própria existência. E em algum momento, Dazai se perdera. Em outro, se acomodara. E mais tardiamente ponderara sobre tudo o que viveu até ali, decidindo por fim ir deixar a vida de mafioso para trás. Após segundos de silêncio, continuou a sua confissão – Não posso, e não devo, negar tudo o que fiz naquela época. Era a única forma que eu imaginava ser a correta para te ensinar e acabei te fazendo crer que seu instinto de sobrevivência devesse se sobressair a sua razão. Você não é um Cão da Calamidade, como dizem. É um filhote, abandonado e assustado. Diversas vezes abandonado.

“O que eu pensei não era tão inocente

Era uma delicada boneca de porcelana

Quando eu quis ligar pra você

E pedir-te ajuda

Eu me parei”

 

Embora Rashoumon fosse uma habilidade temida por todo o submundo de Yokohama, em sua essência ela era a força de vontade de sobreviver de seu usuário. Era uma habilidade maleável, de incríveis possibilidades, porém manifestando-se a partir da roupa moribunda de um pequeno Ryuunosuke Akutagawa.

— Foi Odasaku quem me fez enxergar que eu poderia fazer algo por alguém. E esse alguém foi justamente você... Você estava perdido igual a mim... E da mesma forma que a Máfia me deu abrigo, eu dei a você e a Gin. Eu não podia deixar vocês ali sem fazer alguma coisa. Na hora eu não entendia bem o motivo... Contudo, nunca fui a pessoa mais apta a ensinar um caminho justo. Eu não sou uma boa pessoa. Odasaku era...

 

“Desculpe-me por tudo

Desculpe-me, sei que eu te decepcionei

Desculpe-me até ao fim

Eu nunca precisei de um amigo, como preciso agora”

 

Dazai levantou e aproximou-se de Akutagawa, pousando a mão nos cabelos negros do menor. Eles eram macios, apesar de bagunçados.

— Você sempre ansiou por isso, não é? Esse tipo de carinho... De atenção. Me perdoe por expor meus sentimentos enquanto você está inconsciente. Eu sou um fraco, afinal. Dificilmente conseguiria com você me olhando... Eu te preparei para o horror e sinceramente, não entendo como você não me odeia. Mas acho isso adorável...

Dazai não era muito mais velho do que Akutagawa. Apenas dois anos de diferença. Por tanto, Osamu era tão passível de erros quanto qualquer outro adolescente. Status não era o mesmo que sabedoria e imprudência andava lado a lado com o jovem executivo.

Compelido por um impulso imprudente, e covarde em sua concepção, encostou suas testas por alguns segundos.

— Você ainda tem muito o que aprender sobre si mesmo. Pedir desculpas não vai mudar tudo... Eu sei. O que eu posso fazer, por enquanto, é fazer você aprender e enxergar um lado mais leve e tranquilo da vida. Sei que você continuará odiando trabalhar com Atsushi, por mero capricho seu. Ciúmes infantil, mas quem sou eu para julgar certo? Estou manchado. Você também, contudo… Você tem algo que eu perdi a muito tempo. E justamente por saber disso, que acredito piamente que é possível que você e Atsushi sejam boas influencias um para o outro. Com o tempo você vai entender.

 

“Desculpe-me por tudo

Desculpe-me, desculpe-me

Desculpe-me

Eu nunca precisei de um amigo como preciso agora

 

Desculpe-me, eu te decepcionei

Desculpe-me, desculpe-me

Desculpe-me até ao fim

Eu nunca precisei de um amigo, como preciso agora”

 

— Você não merece uma vida repleta de escuridão. Você é capaz de alcançar a luz, Ryuunosuke.

Cerca de 15 minutos depois, Dazai desapareceu do prédio do mesmo modo como entrou. No caminho de volta verificou seu celular. Algumas, várias, ligações de Kunikida.

Provavelmente ele teria descoberto a compra feita no seu cartão de crédito na floricultura.

A flor Lisianthus também é conhecida como a Flor do Amor.


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