Jungkook, Taehyung e Yoongi aproveitaram a confusão causada por Jisoo para saírem discretamente do local. Enquanto os convidados, movidos pela curiosidade, se aglomeravam junto às janelas, alguns fotógrafos eufóricos capturavam imagens freneticamente. A fuga inesperada da noiva, Jisoo, filha de um dos mais proeminentes CEOs da Coreia, seria manchete em todos os jornais, ocupando conversas e discussões por muito tempo. Entretanto, todos estavam longe de imaginar que uma revelação ainda mais chocante estava prestes a vir à tona.

Jeon, Kai e o pai de Jisoo lutavam para conter a multidão de curiosos e minimizar o caos em meio à imprensa ávida por detalhes. Eles buscavam desesperadamente abafar qualquer escândalo em potencial. No entanto, suas ações inadvertidamente provocaram um tumulto ainda maior do que imaginavam. Os repórteres, ansiosos por informações, bombardeavam-nos com uma série de perguntas e especulações. Queriam desvendar a identidade do misterioso ruivo que havia fugido com a noiva, desencadeando um turbilhão de boatos e suposições.

A notícia logo começou a circular nas redes sociais, e até mesmo os convidados presentes não resistiram a compartilhar fotos e comentários. A maioria dos títulos das postagens trazia temas como "Casamento Forçado?" e outros questionamentos, dando origem a uma avalanche de especulações online.

Aproveitando a distração dos pais dos "noivos", Yoongi, Jungkook e Taehyung entraram rapidamente no carro, ajustaram seus cintos de segurança e partiram cantando pneus em direção ao escritório de Jeon, localizado em um dos imponentes edifícios comerciais no coração de Seul.

— Com sorte não encontraremos nenhum segurança no escritório do meu pai — Disse Jungkook, sentado no banco da frente ao lado de Taehyung. 

— Só mantenha Yoongi seguro.

— Sim, não se preocupe, Yoongi ficará seguro, não deixarei que nada de mal lhe aconteça, estou armado, tenho isso aqui... — Jungkook mostrou dentro de sua bolsa e Taehyung deu risada. 

— Uma arminha de choque? 

— Tá rindo de que? Isso aqui derruba qualquer um. 

— Espero que não precise usar.

— Não vou precisar, o plano é simples e seguro — Afirmou Jungkook com determinação. 

— Ok, confio em você para cuidar do meu bebê. 

Yoongi se aproximou, estava sentado no banco de trás.  

— Primeiro que eu não sou um bebê, sei me cuidar, Tae. Não se preocupe, vai ser fácil e rápido.  

— Ok, mas não posso mesmo ir com vocês? 

— Já conversamos sobre isso, você é o nosso piloto de fuga, tem que ficar no carro. 

Taehyung suspirou com preocupação. 

— Está bem, está bem, só tome cuidado e fiquem atentos. Estamos chegando. 

O prédio estava mergulhado na escuridão, com poucos sinais de vida. Era óbvio que, passando das dez horas da noite, não havia mais ninguém trabalhando naquele horário.

— Perfeito. Sei que tem apenas dois guardas que ficam na entrada do prédio. Vamos fazer como combinado — Disse Jungkook e Taehyung e Yoongi assentiram. 

Estacionaram o carro na quadra ao lado. Taehyung sentia seu coração apertado por deixar Yoongi seguir em frente, mas sabia que seu namorado era teimoso e não o ouviria, então concordou com o plano. 

— Yoon! — Taehyung sussurrou para chamá-lo, mas saiu mais alto do que esperava.  

Yoongi virou-se para trás e olhou para Taehyung. Percebendo a preocupação nos olhos de seu amado, ele se aproximou do carro, pela janela aberta, envolveu seus braços ao redor de Taehyung e deu-lhe um beijo. Os lábios de Yoongi tocaram os de Taehyung de forma carinhosa. Era uma maneira de tranquilizar seu namorado, de dizer que tudo ficaria bem. Mesmo com as preocupações e incertezas do momento, aquele breve toque de carinho entre eles era reconfortante.

— Não se preocupe Tae, vai dar tudo certo — Yoongi acariciou seu rosto. 

Taehyung sorriu e distribuiu vários selinhos no rosto de Yoongi. 

— Vamos! — Jungkook o chamou impaciente e ganhou uma encarada de Yoongi, que deu mais um selinho em Taehyung e despediu-se. 

Jungkook era a chave para entrar no prédio e no escritório de Jeon, pois ele tinha livre acesso e conhecia todas as senhas dos locais, já que seu pai o estava preparando para suceder a sua posição.

Passaram pelo portão principal com facilidade, pois havia apenas dois guardas na guarita, que já conheciam Jungkook. Ele inventou uma desculpa qualquer, como a necessidade de pegar documentos importantes para o seu casamento. Os guardas, inocentes e alheios aos verdadeiros acontecimentos, permitiram a entrada de Jungkook e até o felicitaram pelo "casório". Jungkook fez uma reverência educada e continuou caminhando, tentando parecer despreocupado, embora estivesse nervoso. Yoongi o seguia, fazendo-se passar por seu secretário.

Eles entraram no prédio vazio e escuro e subiram pelo elevador. O lugar estava completamente silencioso, o oposto do cenário durante o horário de pico, quando milhares de pessoas se moviam freneticamente, segurando seus celulares em uma mão e um copo de café expresso na outra, todos apressados e ansiosos, como marionetes do sistema, totalmente controlados, como se fossem bonecos. Era uma visão quase surreal da quietude em contraste com o caos cotidiano.

Ao chegarem no último andar, foram direto para o escritório de Jeon, que a essas alturas estava louco atrás dele. Jungkook digitou as senhas na porta e, com um clique, ela se destrancou. Suspiraram aliviados ao verem que haviam conseguido entrar facilmente.

— Ótimo, agora é comigo! — Yoongi se animou ao ver a mesa de Jeon com o computador aguardando ser hackeado — Fique de olho na porta, isso pode levar alguns minutos, mas vou tentar ser rápido. 

Yoongi se acomodou confortavelmente na poltrona, estalou os dedos para aliviar a tensão, relaxou os ombros, limpou os óculos, e então, com um ar determinado, ligou o computador, preparando-se para começar sua "mágica".

Enquanto Jungkook permanecia vigilante junto à porta, os dedos ágeis de Yoongi dançavam sobre o teclado, navegando habilmente pelo sistema operacional do computador. Para os leigos, a tela preta era uma incompreensível cascata de códigos, mas para Yoongi, era como um livro de colorir, onde cada linha tinha sentido. Ele entendia perfeitamente esses códigos, e jamais imaginara que suas incursões na Deep Web em busca de informações seriam tão valiosas agora. Jamais invadira sistemas alheios, consciente de sua ilegalidade, mas agora estava fazendo isso por uma causa justa. Com um pen drive repleto de vírus, programas maliciosos, malware e spyware, ele tentava abrir portas e derrubar senhas para acessar a conta do usuário, uma tarefa que não se mostrava difícil para alguém como ele. 

— Consegui!  

Jungkook quase pulou em cima dele para ver.  

— Conseguiu?

— Claro que sim, eu sou foda! — Yoongi ajeitou os óculos, sentindo orgulho de si mesmo — Agora vamos ver o que seu papai esconde aqui.  

Yoongi vasculhou todas as pastas que conseguiu acessar. Inicialmente, não encontraram nada fora do comum, apenas documentos rotineiros. No entanto, persistiram em sua busca, escavando cada vez mais fundo, até finalmente depararem com uma pasta que continha alguns arquivos suspeitos.

— Veja isso Jungkook! — Disse impressionado — O que seu pai anda fazendo? 

Jungkook olhou os arquivos, enojado e com ódio.  

— Copie isso, Yoon. 

— Já estou copiando. 

Enquanto conversavam distraídos, foram surpreendidos pelo som da porta destrancando. A porta se abriu, revelando um homem robusto e corpulento, com o rosto marcado por uma série de protuberâncias decorrentes de um sério problema de acne. Sua aparência era assustadora, com um olhar sombrio que se encontrou com o susto nos rostos de Yoongi e Jungkook. A tensão no ar era palpável.

— O que faz aqui? — O homem perguntou para Jungkook — Não deveria estar no seu casamento? Por que estão mexendo no computador do Sr.Jeon? — O homem o olhou desconfiado esperando uma resposta, já estava com a mão na arma que carregava em sua cintura. 

Jungkook percebeu que o homem estava armado, ficou com medo, mas aquele homem não deveria estar ali naquele horário, pois todos os homens que trabalhavam para seu pai deveriam estar na festa. Seus olhos se moveram rapidamente, passando brevemente por Yoongi, que estava estático diante da ameaça. Depois, seu olhar voltou para a tela do computador, onde a barra de transferência indicava que ainda faltava cinquenta por cento para finalizar o processo de obtenção dos arquivos. Eles precisavam sair dali com aqueles documentos, mas Jungkook estava relutante em arriscar a segurança de Yoongi. 

— Estamos pegando alguns arquivos para meu pai — Jungkook falou a primeira coisa que veio a sua mente. O homem o olhou desconfiado.  

— Arquivos? 

— Sim.

— Pro seu pai? 

— Sim — Jungkook suou frio e o homem deu risada. 

— O único problema, Sr.Jungkook, é que tenho ordens diretas de seu pai para exterminar qualquer um que tente mexer em seu computador. Mesmo se esse alguém for seu filho.

O homem sacou a arma e a apontou para eles. Em um gesto instintivo, ambos ergueram as mãos em sinal de rendição. O homem se aproximou e lançou um olhar na tela do computador. Nesse momento, faltava apenas vinte por cento para concluir a transferência dos arquivos.

— O Sr.Jeon vai adorar saber o que estão fazendo aqui. Não sei como conseguiram entrar no computador dele, mas isso acaba aqui. Seja lá qual for o plano de vocês, ele falhou. 

O homem continuou a apontar a arma para os dois, mantendo seu olhar fixo e um sorriso de vitória no rosto. Pelo fone em seu ouvido, ele alertou os outros capangas de Jeon para subirem o mais rápido possível, deixando Jungkook e Yoongi em uma situação extremamente delicada.

— Pro chão os dois! — O homem empurrou Jungkook — Já que evitei um golpe, creio que o Sr. Jeon vai me dar uma recompensa hoje — Ele olhou para Yoongi e sorriu com malícia.