Jin soluçava incontrolavelmente no colo de Jungkook, lágrimas escorrendo por seu rosto sem cessar. Cada choro era um desabafo da dor e frustração que consumiam seu coração partido. Ele havia entregado sua alma em um beijo, um momento tão intenso e significativo, apenas para ser esquecido por Namjoon. A angústia invadia cada fibra de seu ser, dilacerando sua confiança e deixando-o completamente devastado. As lágrimas eram a expressão de sua profunda tristeza, a dor que rasgava seu peito e parecia insuportável. Enquanto Jin buscava consolo no abraço reconfortante de Jungkook, sua alma chorava as mágoas de um amor não correspondido.

— Como assim ele esqueceu que te beijou? 

— Ele, ele... — Jin mal conseguia falar de tanto chorar.  

— Calma Jin, eu vou dar um jeito nisso.  

— O que você vai fazer?  

— Minha vontade é resolver isso no estilo Yoongi, chegar no soco. Mas preciso ser mais estratégico, por assim dizer, agir com mais discernimento, violência não vai resolver as coisas. Uma coisa é certa, Namjoon se sente atraído por você, isso é um fato.  

— Mas ele é hetero.  

— Hetero? — Jungkook deu uma gargalhada — Se ele não tivesse desmaiado vocês teriam transado ali mesmo no carro. Aquele ali é gay, só não se descobriu ainda, mas nós vamos ajudá-lo quanto a isso. Primeiro vamos nos livrar da piranha, depois você o seduz com seu charme, pronto, problema resolvido.  

— Não é tão simples assim. Mas, como você quer se livrar dela? 

— Vamos fazer parecer um acidente.  

— Que horror! 

— Estou brincando, só vamos mostrar pra ele quem ela realmente é. 

— Falar não adianta, ele não vai acreditar. 

— Falar? Não vamos precisar falar nada, vamos mostrar com provas meu caro Jin, com provas. 

— Provas? 

— Sim, fotos, vídeos, áudio... qualquer coisa pode ser usada contra ela.  

— Uau! Você é inteligente, eu estava tão desesperado que não tinha pensado nisso. Mas como você vai fazer isso? 

— Primeiro eu vou chamar meu parça. Depois do soco que o namoradinho dele me deu, ele me deve uma. 

— E em quê o Tae vai te ajudar?  

— Em nada, aquele inútil. Eu só não quero ir sozinho, e você fique aqui. 

— Tudo bem, só não vão se meter em problemas. 

— Não se preocupe, somos profissionais. Que comece a operação “Caça Vadia”. Estou empolgado — Riu maldoso. 

... 

Jungkook aguardava ansiosamente por Taehyung, sua impaciência se manifestava através de batidas incessantes do pé no chão. Enquanto permanecia parado em frente à boate, notava alguns sorrisos sugestivos lançados por mulheres ao seu redor. A fila para entrar no local se estendia por uma distância considerável, indicando a popularidade do lugar. Finalmente, Taehyung apareceu, trazendo consigo uma expressão de clara irritação, revelando sua relutância em estar ali.

— Jungkook, por que você me chamou aqui? Eu podia estar namorando com o meu Yoon.  

— Cala a boca e me ajuda, dê um descanso pro seu namorado... É o seguinte, hoje nós vamos ajudar o Jin. 

— Em uma balada? Já falei que eu não curto essas coisas, Yoongi vai me matar se souber que estou aqui.  

Jungkook fez um barulho de chicote e deu risada.

— Pau mandado do caralho.  

— Vai se foder, Jungkook... Diga logo o que vamos fazer 

— A piranha da esposa do Namjoon está lá dentro, eu já a tinha visto aqui, mas nem imaginava que fosse a esposa dele, quer dizer, nem imaginava que a vadia fosse casada. Vamos tirar fotos dela se esfregando em alguns homens e daí a gente vaza. Depois mandamos as fotos pro Namjoon e pronto, é um plano perfeito. Só finja que é meu namorado, essas mulheres não me deixam em paz, é um saco e eu sou um homem comprometido agora.  

— Eu fingir ser seu namorado? Já vou avisando que não vai rolar porra nenhuma, seu pervertido.  

— E nem eu quero, seu arrombado. Já tenho meu bebê que é a coisinha mais linda desse mundo... Enfim, só disfarça, vamos pegar a vadia no pulo. 

Jungkook segurou a mão de Taehyung com firmeza, dando a impressão de que eram um casal perfeito enquanto adentravam a balada. A cena despertou inveja em muitos presentes, pois a presença marcante de ambos atraía olhares por onde passavam.

Enquanto paravam no balcão para pedir uma bebida, Jungkook se inclinou em direção ao ouvido de Taehyung, sussurrando que havia avistado a esposa de Namjoon. Taehyung, mesmo não sendo conhecido por sua discrição, não conseguiu conter a curiosidade e lançou um olhar indisfarçado, revelando que estavam comentando sobre alguém.

— Disfarça, porra!  

— Não briga comigo, caralho! Ta, e a gente faz o que agora? 

— Vamos esperar ela se pegar com algum homem.  

— Que merda, e isso vai demorar?  

— Como eu vou saber, desgraça?  

Taehyung choramingou.  

— O Yoon deve estar com frio longe de mim. Ele deve estar chorando sentindo a minha falta.   

— O Yoongi tem cobertor e agasalho. E ele está jogando, nem deve lembrar da sua existência. 

Ficaram por algum tempo observando a moça, que estava sozinha, bebendo e mexendo no celular. Jungkook e Taehyung permaneceram em alerta, esperando ansiosamente por qualquer deslize que pudessem registrar, porém, a situação se mostrava desafiadora, pois a moça parecia impecável e não cometia nenhum erro. 

— Jungkook, isso não está dando certo, e se ela só estiver esperando algumas amigas? E se ela for uma pessoa legal? Sei lá.  

— Não, ela não é, meu radar de piranha está ligado e está apontando pra ela. E também porque ela deu em cima do Jin com o marido bem do lado... Tae, vamos ter que ir pro plano B.  

— Plano B? Já não estou gostando disso.  

— Só me acompanha, primeiramente ligue pro Yoongi — Jungkook pegou uma caneta e escreveu algo em um guardanapo — Passe esse endereço pra ele, diga pra ele levar Namjoon pra lá como se sua vida dependesse disso, diga que é urgente, caso de vida ou morte.  

Taehyung assentiu, pegou o celular e fez a ligação. Explicou toda situação para Yoongi que se prontificou em ajudar.  

— Vem —  Jungkook puxou Taehyung pelo braço — Não fala nada, deixa tudo comigo, só entre no personagem. Vamos torcer pra que ela caia na armadilha.  

— Que armadilha? 

— Você vai ver... Preciso daquele olhar sexy que só você sabe dar.  

— Pra que? 

— Vamos seduzi-la.  

— Credo, não to a fim de fazer isso. Eu sou comprometido, porra. E além do mais, eu sou gay, 100% gay. 

— Mas é por um bem maior. Vamos. 

Se aproximaram da mesa de Ha Ni, a qual os olhou de cima a baixo com um sorriso malicioso, o que fez Jungkook confirmar que aquilo seria mais fácil do que imaginavam.  

— Oi gata, quer companhia? Podíamos beber juntos, o que acha?  

— A companhia de dois homens lindos? É claro que eu quero. Sentem-se.  

Se sentaram junto com Ha Ni, que o tempo todo os encarava com uma expressão um tanto quanto sugestiva. 

— Sou Jungkook e esse é meu amigo Taehyung, ele é um pouco tímido, veio do interior, estou ajudando ele a conhecer as maravilhas da cidade grande — Jungkook piscou para ela.  

— Eu sou Ha Ni, e acho que posso ajudar seu amigo — Ela sorriu para Taehyung e mordeu os lábios.  

Ha Ni pegou na coxa de Jungkook, próximo a sua virilha. Um ódio intenso percorreu seu corpo, se tinha algo que ele odiava era infidelidade, sabia o quanto isso podia destruir uma família, mas continuou fingindo para ajudar Jin.  

— O que você acha de irmos pra um lugar mais reservado? — Sugeriu Jungkook, sussurrando em seu ouvido.  

— Eu, você e seu amigo?  

— Sim, nós três, já fez isso antes? 

— Ainda não, mas com certeza vou adorar — Respondeu ela, com um sorriso. 

“Lamento informar Namjoon, mas você é um grande de um corno” — Pensou Jungkook, se esforçando para manter a encenação. 

Caminharam até o carro de Jungkook, onde ele discretamente ativou o gravador de voz do seu celular. Os olhos de Ha Ni se iluminaram ao ver o carro luxuoso de Jungkook. Gentilmente, Jungkook abriu a porta traseira para a moça, enquanto Taehyung se acomodou ao seu lado no banco da frente.

— Então Ha Ni, você tem namorado? — Jungkook perguntou enquanto dirigia.  

— Não, sou solteira, e estou à procura de um namorado…Ou de dois.

— Você vai adorar o que vamos fazer com você hoje, espero que esteja com a mente aberta pra tudo.  

— Não tenho problema nenhum com isso. Farei o que vocês quiserem.

Assim que chegaram ao motel, Jungkook estacionou o carro e subiram pro quarto, Ha Ni descaradamente se esfregava nos dois, que tentavam a todo custo manter distância, sentindo repulsa das atitudes dela. 

Jungkook abriu a porta do quarto e Ha Ni entrou eufórica. Todas as luzes estavam apagadas e ela continuava a falar descontroladamente sobre tudo o que queria fazer naquele quarto com eles.  

— Hoje vou passar a noite toda com vocês, me satisfaçam rapazes.  

— Pode deixar — Disse Jungkook —, pra começar temos uma surpresinha bem excitante pra você. 

Jungkook acendeu as luzes do quarto e pra surpresa de Ha Ni, Namjoon estava sentado na cama, olhando para ela com os olhos cheios de lágrimas e incrédulo com sua infidelidade.