Conflitos do Coração escrita por Yukiko Tsukishiro


Capítulo 12
A jovem adormecida


Notas iniciais do capítulo

Em um local longínquo...

Uma aranha tenta...

Uma cobra dourada decide...

Song Wu se encontra...

Chang Yi decide...



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Enquanto isso, em um local longínquo, uma bela jovem de cabelos brancos compridos e roupas nobres se encontrava adormecida em uma cama que possuía lençóis de seda e em seu entorno havia uma poderosa barreira que garantia a sua proteção.

Fora na barreira havia duas pessoas de vestes boas e uma com vestimenta de alto nível. Duas mulheres e um homem.

— Em breve, ela irá retornar da sua provação.

— Assim eu espero.

— Eu espero que ela tenha conseguido passar pela provação para poder recuperar os seus poderes.

— Ela passou, podem ficar tranquilos. Eu acabei de confirmar.

O alívio toma conta das outras duas e o homem fala tristemente:

— Foi tudo culpa minha.

— Não se sinta culpado, Lord Si Ming.

— Sim. Aquela bastarda sabia como atingi-lo para conseguir o que desejava.

— Isso mesmo. O que importa é que, a minha senhora, conseguirá resolver tudo.

Ele suspira, para depois, falar:

— O problema é o preço envolvido nisso. Ela já sacrificou tanto e foi obrigada a passar por uma provação no reino mortal apenas para recuperar o seu poder.

— O senhor é um dos amigos dela. Claro que ela irá ajudar os amigos em dificuldade.

— Quanto ao objeto que ela pediu. O senhor conseguiu obter?

— Sim – Ele tira um objeto embrulhado de dentro de uma de suas mangas e entrega para uma das jovens que consente – Foi difícil, mas, consegui.

— Como conseguiu?

— Através do pagamento de uma dívida. Mas, considerando o benefício que irei colher compensou a cobrança dessa dívida.

Então, do lado de fora daquela parte do complexo cercada por muros altos onde havia um portão imponente que era guardado por guardas com armaduras lustrosas, uma aranha parda passa perto do muro em uma parte menos protegida e ao tentar se aproximar, uma serpente dourada com asas emplumadas e com uma joia azul circular na testa pousa dentre a aranha e o muro ao mesmo tempo em que fuzilava com o olhar o ser a sua frente que tinha o tamanho de um cachorro de porte médio.

Então, a aranha se torna uma serva ao assumir uma forma humana enquanto se via refletida nos atentos orbes azuis da ofídia alada.

Então, a cobra fala:

— O palácio da Neve celestial da Lua está fechado até segunda ordem de acordo com a vontade da minha amiga. Todos sabem disso.

— Eu só estava de passagem, senhora Kinkiba.

— Então, como explica o ato de você se aproximar do muro?

— Eu achei que tinha visto algo no pequeno jardim que lardeia o muro por fora. Eu peço desculpas por não ter deixado claro as minhas intenções. – Ela fala humildemente ao mesmo tempo em que se curvava profundamente para a serpente dourada a sua frente.

Kinkiba sibila ameaçadoramente e em seguida estica o seu corpo para ficar com a sua cabeça na altura da serva enquanto a enquadrava em seus olhos azuis, com a aranha sentindo medo por dentro embora lutasse arduamente para não demonstrar nada.

— Eu irei olhar atentamente o jardim após a sua partida. Da próxima vez, evidencie mais nitidamente as suas intenções para evitar problemas futuros.

Era visível a todos que a cobra apenas falava de forma educada porque deixava implícito em sua postura que não acreditava nas palavras da serva ao mesmo tempo em que a ameaçava veladamente.

De fato, Kinkiba estava correta em sua suposição sobre a aproximação daquela criada.

— Eu terei mais cuidado. Com a sua licença, por favor. – Ela pede humildemente enquanto se curvava.

A serpente dourada faz meramente um gesto com a cabeça, com a serva aranha se curvando novamente antes de se retirar enquanto a cobra a mantinha em seu campo de visão até que a mulher desaparece ao dobrar o muro logo a frente.

Então, Kinkiba vira o rosto para o palácio e voa dali em direção a sua amiga e para contar aos outros o que havia acabado de ocorrer.

Meia hora depois, no reino mortal, Song Wu estava em um local isolado e através de um gesto especifico com as mãos faz surgir uma névoa que ao se dissipar revela uma aranha parda na frente dela que se curva respeitosamente, com ela perguntando em seguida:

— Como estão as coisas lá?

— Está tudo em ordem, minha Lady.

— Há algum boato?

— Ainda não há qualquer boato. Eu e os outros servos estamos atentos.

— Conseguiram descobrir o motivo daquele palácio estar fechado?

— Não. Eu tentei, mas, a bastarda da Kinkiba apareceu no último instante frustrando o meu plano. Eu tive que criar uma desculpa, mas, eu sei que ela não acreditou. Além disso, ela me ameaçou discretamente.

— Ela é uma protetora feroz dela. Já faz algum tempo que está fechado.

— Será que ela está passando por alguma provação aqui no mundo mortal, mestra?

— Mesmo que estivesse passando não justifica o selamento do palácio por todo esse tempo. Mesmo assim, precisamos ficar atentos. Ela é muito esperta e Si Ming é um dos melhores amigos dela.

— E se ela tentar denunciar você?

— Não tem como me denunciar sem envolver Lorde Si Ming e com certeza, ela sabe disso. Eu acredito que ela deve estar buscando alguma forma de salvá-lo e de me condenar.

— Provavelmente... A senhora tem previsão de quando irá retornar, mestra?

— Não.

— Deseja que eu traga algo, novamente?

— Sim.

Nisso, ela fala e a aranha consente antes de desaparecer em uma névoa.

Nesse interim, longe dali, na construção no centro da ilha do lago congelado do reino do Norte, mais precisamente no terceiro andar, Yunhe termina de comer, sem se importar em se concentrar no sabor porque ela sempre comia aquela comida desde que foi trancada naquele local.

A jovem sabia que era parte da punição dele, além das outras punições que sofria ao mesmo tempo em que era ciente de que não podia dizer não ou se negar porque ele faria a mestra de demônio sentir dor novamente e já bastava a dor que sentiu uma vez.

Ademais, o tritão sabia muito sobre ela, inclusive o que mais ansiava e o que mais odiava, assim como os seus sentimentos pelos seus amigos. Privá-la do que gostava e ansiava enquanto a condenava com o que mais odiava era parte da sua vingança.

A mestra de demônios decidiu que não deveria misturar os dois Chang Yi e que só devia manter o do passado em seu coração porque foi por ele por quem se apaixonou e se dispôs a sacrificar a sua liberdade tão ansiada pela dele.

Portanto, devia ver aquele jiaoren como outra pessoa. O uso do nome, o comportamento informal e o apelido carinhoso "peixe de cauda grande" só pertenciam ao tritão do passado. Usar no atual era injusto com o do passado mesmo que tenha sido ela que o transformou no que era atualmente.

Na sua visão era necessário separar ambos e em relação ao atual devia adotar um comportamento formal e respeitoso, assim como o uso dos títulos corretos.

Afinal, a jovem não era nada atualmente naquele reino na sua visão. Era apenas uma prisioneira e propriedade de Chang Yi que era o honorável Beijing-Zunzhu e que em termos de status estava muito acima dela que podia ser considerada uma simples plebeia e prisioneira sem qualquer título oficial e inferior a qualquer um e até aos outros prisioneiros porque os demais ainda tinham algum direito enquanto ela não tinha nada, tornando assim os outros prisioneiros superiores segundo a suposição dela.

Ademais, aquele demônio estava ali para se vingar dela assim como para puni-la e de fato, ele estava fazendo isso e agora até mesmo à distância, além de fazê-la sentir dor se fosse necessário ao usar isso como ferramenta de coerção. O jiaoren do passado nunca faria nada disso e era esse que devia manter bem guardado no seu coração ao mesmo tempo em que devia evitar contaminar o rosto do passado com o rosto atual.

Portanto, não ver o rosto dele atualmente era a melhor escolha porque somente queria gravar em seu coração o Chang Yi do passado. O semblante gentil e amável, assim como os olhos límpidos e o sorriso carinhoso. Era esse que desejava manter gravado em sua alma e para fazer isso adequadamente precisava restringir o seu olhar para o atual e desvencilhar qualquer sentimento caloroso do passado com o atual. Eram jiaorens diferentes e assim devia proceder.

Após comer os legumes, ela pega o pote do remédio e sorve o conteúdo amargo enquanto agradecia por não passar mal, sabendo que era por causa da outra joia que usava, para depois, se curvar levemente, deitando em seguida na cama ao mesmo tempo em que virava as costas para ele enquanto decidia que iria encontrar uma forma de ocultar a marca em sua orelha que a enchia de vergonha porque apesar de não andar em público, havia criadas que limpavam o local diariamente. Ser marcada como gado foi revoltante para ela.

O tritão olhava atônito para o comportamento de Yunhe e o fato de raramente ouvir a voz dela, assim como estava estupefato por ela não ter olhado para ele uma última vez porque antes dele marca-la, a humana fazia questão de observá-lo quando estavam no mesmo ambiente.

Além disso, a jovem sempre tentava barganhar de alguma forma ou era obrigado a ameaça-la para fazê-la comer.

Agora, Yunhe comia e bebia obedientemente.

Ela também passou a se referir ao título dele e falar da mesma forma que todos falavam com ele junto do fato de se curvar usando a saudação utilizada naquele reino.

Somente o seu amigo Kong Ming e os amigos dela, Luo Jinsang e Qu Xiaoxing, não se curvavam e usavam o seu título. Qu Xiaoxing ainda exibia algum respeito enquanto Luo Jinsang ignorava as formalidades.

Chang Yi se encontrava aborrecido, além de ficar chateado com a atitude distante dela por sentir falta dela olhá-lo e falar com ele sem qualquer filtro ou contenção porque já bastava o que recebia dos servos, soldados e outros membros do seu reino que deviam trata-lo de forma respeitosa para estabilidade e controle por ser necessário a existência de uma autoridade respeitada por todos e em decorrência disso, ele era obrigado a agir de forma intimidante muitas vezes.

Havia também formas corretas de gerenciar o reino recém-criado, além de ser obrigatório um controle restrito de todos os assuntos referentes ao Norte em decorrência das limitações do clima e sua localização.

Além disso, estava aumentando gradativamente o fluxo de refugiados que adentravam no reino através dos portões, fazendo com que fosse necessário o gerenciamento dos meios de produção e insumos para garantir a subsistência de todos.

Chang Yi era plenamente ciente do limite populacional que o reino do Norte podia aguentar e mantinha-se sempre atento a capacidade de absorção dos recém-chegados, além de garantir a segurança daqueles que estavam sobre o seu domínio porque mesmo fundando um reino com o objetivo principal de se vingar dela, o tritão sabia que herdaria muitas responsabilidades e que teria um dever para com todos independentemente do motivo que levou ele e Kong Ming a fundarem o reino do Norte.

O jiaoren suspira e decide perguntar o motivo dela ter mudado, praticamente, da noite para o dia apesar da sua teoria sobre a marca ser quase oficializada.

Afinal, essa nova Yunhe, ou melhor, uma Yunhe muito mais reservada do que era no Vale do demônio o incomodava. O tritão não queria que ela o tratasse da mesma forma que os outros o tratavam.

— Por que está me tratando tão formalmente?


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