Lost: O candidato escrita por Marlon C Souza


Capítulo 10
Capítulo 10 - Todos a bordo parte 2




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O ano era 2007 quando Aaron, com 3 anos, estava absorto em um desenho animado na TV. Ele viu sua “mãe” Kate pegando roupas e dinheiro apressadamente e com um olhar angustiado. Ela havia acabado de receber uma visita de dois homens que se diziam advogados. Queriam levar Aaron e pediram um exame de sangue dela e dele. Aaron a observou com toda aquela pressa.

— Para onde vamos? — Perguntou ele.

— Nós vamos viajar, querido. — Disse Kate, pegando Aaron no colo e saindo rapidamente. Aaron “dormiu” em seu colo.

No presente, Aaron, estava trancado dentro de uma sala parecida com uma sala de interrogatório. Ele estava desmaiado quando acordou repentinamente, estava assustado e não sabia exatamente o que estava acontecendo. Jessy chegou logo em seguida, sentou-se em uma cadeira que tinha ali de frente para o rapaz e começou a questionar:

— Olá Aaron, meu nome é Jessy Williams.

— Oi. — Respondeu ele, agindo como se fosse uma criança.

— Quantos anos você acha que tem?

— Tenho três anos. — Respondeu ele, gesticulando com os dedos.

— E qual seu nome?

— Aaron Austen.

— E quem é sua mãe?

— Kate Austen.

Jessy ficou espantada com a forma que o rapaz agiu. Não sabia exatamente o que estava acontecendo, em sua mente talvez uma amnésia explicaria o caso, mas iria muito mais além disso. Com isso, saiu da sala e caminhou rumando rapidamente a sala do capitão, mas pelo caminho, Clementine chegou e tentou acompanhar Jessy.

— O que está acontecendo? — Perguntou a garota, visivelmente curiosa.

— Não se preocupe, Clementine. Vai ficar tudo bem. — Jessy respondeu, tentando afastar a garota.

— Como vai ficar tudo bem? Olha a loucura que está neste navio?

Enquanto isso, Yan e Bryan estavam no refeitório do navio, sentados, pensando em tudo que estava acontecendo. Os rapazes estavam assustados com tudo aquilo. Nunca tinham visto nada como aquilo. Para Yan, era assustador imaginar que um problema daquele poderia surgir de forma tão repentina.

— Nunca vi algo como isso antes. Nem mesmo na faculdade. — Comentou Yan, impaciente.

— Isso é bizarro. — Comentou Bryan.

— E se acontecer o mesmo conosco? Pode ser contagioso. — Comentou Yan.

— Não fala besteira, cara.

De repente, Bianca chegou, despertando olhares de Bryan para a garota. Ela disse:

— Oi rapazes.

— Bianca, né? — Comentou Bryan.

— Isso mesmo.

— Temos somente 4 mulheres a bordo. Não se sente desconfortável?

— Sou filha única de 3 irmãos homens. Na verdade, não. — Disse Bianca, sorrindo. Os rapazes ficaram chocados com aquele comentário. O sorriso de Bianca jogava uma luz em toda aquela escuridão. Bryan não parava de encarar ela.

— O que você acha que está acontecendo aqui? — Perguntou Yan para Bianca.

— Sou geóloga, então... — disse Bianca, gesticulando para dizer que não fazia ideia do que estava acontecendo.

— Por que alguns são afetados e outros não? Não faz o menor sentido. — Comentou novamente Yan, todos o olharam pensando que a pergunta dele fazia sentido.

Enquanto isso, Jessy e Clementine chegavam à sala do capitão. Juan e Roger estavam presentes. Jessy estava atordoada. Não sabia como iria lidar com aquela situação, mesmo sendo médica.

— E então? — Perguntou Juan.

— Ele acha que é uma criança de três anos. Pensei em amnésia, mas não me parece ser só isso. — Disse Jessy.

De repente, aquele comentário intrigou Clementine, que rapidamente associou a algo que estudou durante sua rotina na faculdade.

— A crise de Daniel Faraday. — Disse Clementine.

— Como é? — Indagou Jessy.

— Eu não tenho um nome melhor para isso, mas vamos lá. Digamos que viagem no tempo seja possível, mas não a viagem material, mas sim, mental... — Clementine explicou e todos a olharam espantados com aquele comentário que parecia não fazer sentido algum — droga, não sei explicar. — Completou a garota, intimidada pelos olhares espantados dos presentes.

— Do que você está falando, garota? — Indagou Juan, bradando nenhuma delicadeza.

— Digamos que a mente das pessoas está viajando no tempo, para um tempo passado. Bom, eu só fiz esse experimento com ratos de laboratório, então... — Disse Clementine.

— Que maluquice é essa? Por que nunca ouvi falar disso? — Indagou Jessy.

— Porque isso vai além da medicina. É física. Agora eu entendo porque fui escolhida para essa missão. — Disse Clementine. — Eu tenho a solução.

Jessy não acreditava muita nas falas de Clementine, mas não havia muito o que fazer. Clementine continuou explicando: — Precisamos prender a mente das pessoas no presente e para isso precisamos de uma constante. Algo que seja comum no presente e no passado da pessoa. Que ela se lembre.

— Não faz sentido. — Disse Jessy.

— Não me importo com essas baboseiras científicas, garota, apenas resolva isso logo. — Disse Juan. Roger deu um sorriso ao ouvir aquilo.

Clementine então saiu juntamente com Jessy para tentar resolver o problema. Ela estava empolgada com tudo aquilo, mas sua empolgação logo acabou quando viu todos aqueles homens em estado de choque. O pior era que alguns deles estavam estirados no chão, outros em estados de convulsão. A garota ficou horrorizada com tudo que estava vendo.

— Não esperava ver essas reações nos seres humanos. — Disse Clementine, espantada.

— Como assim nos seres humanos? — Indagou Jessy.

— Se não agirmos rápido, todos esses homens irão morrer. E o pior é que acho que não conseguiremos salvar todos. — Disse Clementine, triste com a situação. As duas saíram dali e fecharam a porta, abandonando aqueles homens para trás.

— Escuta, podemos começar com o Aaron. — Comentou Jessy.

— Aaron também foi afetado? — Neste momento, Clementine ficou paralisada. Saber que Aaron também havia sido afetado a deixou nervosa. — Em que época ele acha que está? — Indagou ela, tentando manter a calma.

— Ele diz que tem uns 3 anos de idade, e julgar pela idade dele agora, diria que em 2007. — Disse Jessy.

— Meu Deus. — Disse Clementine, angustiada.

Elas chegaram à sala onde Aaron estava e o encontraram desacordado. Correram e começaram a bater em seu rosto gritando pelo seu nome, tentando acordá-lo.

Em 2007, Aaron estava no carro com a Kate, que dirigia. Kate estava completamente espantada e sem rumo. Ela sabia que a qualquer momento poderia perder ele para sempre, afinal, ele não era seu filho de verdade.

— Mamãe, estou com sede. Quero leite. — Disse Aaron.

Kate viu que não tinha escolha e precisaria entrar em um mercado para comprar o leite da criança. Mas ela tinha medo de que fosse reconhecida por alguém. Alguns minutos depois eles já se encontravam dentro do supermercado. Aaron e ela andavam de mãos dadas pelos corredores, quando Kate perguntou:

— Quer leite achocolatado ou normal?

— Suco. — Respondeu a criança, mudando completamente de ideia.

Kate mexia nervosamente em seu cabelo. Estava desconfortável.

— Não quer leite mais? — Indagou ela.

— Suco. — Insistiu ele.

Kate olhou para os lados e pediu informação ao um homem que organizava uma pratilheira.

— Com licença. Aonde fica os sucos?

— Corredor 5. — Disse o homem.

— Muito obrigada. — Respondeu ela, saindo com Aaron.

De repente, o telefone dela tocou, era Jack Shephard. Ela decidiu não atender, afinal, àquela altura, o que ela menos queria era contato com ele. Sem perceber, Aaron sumiu. Kate olhou para todos os lados e começou a andar pelos corredores procurando por ele. O desespero começou a bater.

Kate correu até o homem que havia pedido informação e o perguntou se havia visto o filho dela.

— Perdão? — Perguntou ele.

— Um loiro de 3 anos. — Disse ela, saindo apressada e gritando pelo nome dele.

Kate começou a correr em desespero olhando em todos os corredores. Chegou até o homem que anuncia no mercado e disse: — Com licença. Perdi meu filho. Um loiro de 3 anos.

— Não se preocupe. Vou anunciar. — Disse o homem.

— Não. Precisa fechar a loja. — Retrucou Kate.

Kate olhou rapidamente e viu uma mulher loira levando Aaron junto com ela.

— Aaron? — Gritou.

— Está é sua mãe? Querido, esta é tua mãe? — Indagou a mulher, abaixando-se para falar com Aaron enquanto olhava para Kate vindo desesperada.

Kate abaixou e pegou Aaron no colo.

— O achei na seção de frutas. Ele parecia perdido. Estava quase anunciando. — Disse a mulher.

Aquela mulher parecia muito a Claire e aquilo fez a Kate perceber algo: ela deveria devolver Aaron.

— Está tudo bem, querido. A mamãe está com você. — Dizia Kate.

Kate estava mais tranquila, mas no fundo, sentia um alívio, afinal, estava com um filho que não era dela. Aaron “dormiu”.

Voltando ao presente, Clementine estava do lado de fora do interrogatório. Estava resistente em voltar para onde Aaron estava, Jessy saiu da sala a olhou e disse:

— Ele acordou. — Comentou Jessy, fazendo Clementine abrir um sorriso. — Olha, você não precisa ver isso.

— Não. Eu quero ver ele. — Disse Clementine, determinada.

Quando Clementine entrou na sala, Aaron estava no chão, paralisado, olhando para o nada, como se estivesse em transe.

— Está acontecendo — disse Clementine, com seus olhos enchendo de lágrimas. De repente, Roger chegou.

— 3 homens morreram. Entraram em estado de choque e de repente, morreram, simplesmente. — Disse ele.

— Aaron terá o mesmo destino se não resolvermos isso. — Disse Jessy.

— Precisamos descobrir quem ou o que é a constante dele. — Disse Clementine. Jessy e Roger a olharam pensativos. Não havia muita escolha para eles. Confiar em Clementine era a última tentativa.

— Você disse que a constante seria algo ou alguém que o faria lembrar e prender a mente dele no presente. Bom, ele mencionou que a mãe dele era uma tal de Kate Austen. — Disse Jessy.

— Espera. Kate Austen? Será que é quem estou pensando? — Indagou Clementine.

— Você conhece alguma Kate Austen? — Indagou Roger.

— Faria todo o sentido se estivéssemos falando da mesma pessoa. Não é à toa que fomos escolhidos a dedo para essa missão. — Disse Clementine, agora entusiasmada.

— E o que temos que fazer agora? — Perguntou Jessy.

— Só precisamos fazer uma ligação. — Disse Clementine, mexendo em seu celular, procurando pelo contato da Kate. — Droga! — Exclamou ela.

— O que houve? — Perguntou Roger.

— Estou sem sinal. — Comentou Clementine, olhando para o seu celular.

— Não sei se você percebeu, mas estamos em alto mar. — Disse ele.

— Precisamos de um jeito de ligar para a Kate daqui do navio. Temos que levar o Aaron com a gente. — Disse Clementine, confiante.

— Levar para onde? — Indagou Jessy.

— Sala de comunicação. Tem essas coisas no navio, não tem? — Perguntou Clementine.

Roger e Jessy se entreolharam, mas não havia muito o que fazer. Pegaram Aaron pelos braços e pernas e o levaram dali.

Em 2007, Kate estava decidida de voltar para a ilha e encontrar Claire novamente e trazê-la de volta para terra firme. Ela estava num hotel ali na Califórnia onde Sun, mãe de Ji Yeon, estava hospedada. Aaron estava dormindo enquanto Kate e Sun conversavam enquanto tomavam um chá.

— Há quanto tempo está aqui? — Perguntou Kate para Sun, colocando o chá na xícara.

— Só alguns dias. Tenho negócios para resolver. Mas eu queria vê-la. — Disse Sun, sorrindo. — Aqui está. O nome dela é Ji Yeon. Uma foto dela pequena. — Disse Sun, mostrando uma foto da filha dela para Kate.

— Ela é linda. — Disse Kate.

— Obrigada. Ela está com a vó em Seul. Espero que algum dia a conheça. Seria bom ela e o Aaron brincando juntos.

— É. — Disse Kate, mexendo na xícara. Estava triste.

— Kate? — Indagou Sun. — Você está bem? — Continuou.

— Estou muito bem. — Disse Kate, tomando um gole do chá.

— Está mesmo? — Perguntou Sun, desconfiada.

Kate não conseguia conter a tristeza. Era visível em seu semblante. Ela virou-se para trás e observou o Aaron dormindo no sofá. Sun a ficou olhando.

— Sabem que estamos mentindo. — Disse Kate.

— O que? — Indagou Sun, preocupada.

— Uns advogados me procuraram.

— Quem?

— Dois homens vieram à minha casa. Me pediram uma amostra de sangue. Um tipo de processo. Queriam me testar para saber se... — Kate fez uma pequena pausa — se Aaron é meu filho.

— Quem esses advogados representavam?

— Eu não sei. Não me disseram quem era o cliente deles.

— Então não estão interessados em expor a mentira.

— Como sabe?

— Porque se quisessem, já teriam feito. Não falariam com você em particular. Não se importariam se estamos mentindo. Só querem o Aaron. — Disse Sun, certa do que estava dizendo.

— Mas quem? Quem faria isso?

— Eu não sei. Mas tem que dar um jeito neles.

— Como assim dar um jeito neles?

— Você não seria capaz de fazer qualquer coisa para poder ficar com o Aaron?

Kate ficou espantada com as falas de Sun. — Que tipo de pessoa você acha que eu sou?

— O tipo de pessoa que toma decisões difíceis quando é obrigada. Como fez no cargueiro. — Disse Sun.

Kate ficou abalada. Lembrou que no fatídico dia teve que tomar decisões que mudaram completamente a vida de todos eles.

San continuou. — Você me mandou ir pro helicóptero e disse que iria buscar o Jin.

— Sun espero que não pense...

Sun a interrompeu. — Você fez o que teve que fazer. E se não tivesse feito, provavelmente todos nós teríamos morrido como meu marido.

Kate ficou comovida e começou a chorar. — Sinto muito. — Disse ela.

Voltando ao presente, Roger e Jessy chegaram com Aaron na sala de comunicações, quando chegaram notaram uma surpresa: todos os comunicadores estavam completamente destruídos.

— Pelo visto temos um sabotador a bordo. — Comentou Roger.

— O que fazemos agora? — Indagou Jessy. Colocaram Aaron desacordado no chão.

— Precisamos montar alguma antena improvisada para conseguir acesso à internet via satélite. Se a gente conseguir algo assim, conseguiremos nos comunicar com qualquer pessoa via chamada de voz. — Disse Roger — vou movimentar meus homens para construírem isso, enquanto isso, fiquem de olho nele. — Disse ele, enquanto saía apressado.

Clementine olhou para o nariz de Aaron e notou que estava sangrando. — Jessy, olhe. — Disse ela para Jessy, apontando para o nariz do rapaz. — Já está começando a acontecer.

Jessy ficou preocupada. Aquilo era muito surreal para ela, mesmo que tenha estudado medicina por tantos anos, nunca tinha visto algo como aquilo.

Enquanto isso, Roger e os soldados vasculhavam todas as partes do navio para tentar achar coisas que daria para montar a tal antena. Peças e ferramentas era o que eles traziam para a montagem. Ji Yeon que estava ali por perto observava toda aquela movimentação, mas naquela altura, ela não sabia exatamente o que estava acontecendo. Decidiu então acompanhar os soldados e quando chegou no convés do navio, notou uma quantidade imensa de materiais e alguns homens construindo uma antena. Ela se aproximou.

— O que está acontecendo? — Indagou ela, para Roger.

— Fique dentro do seu quarto. Não é seguro, mocinha. — Disse ele. Ji Yeon balançou a cabeça e saiu em direção contrária.

De repente, a antena começou a funcionar e Clementine percebeu que seu celular estava localizando um sinal de wifi muito forte. — Eles conseguiram. — Disse ela.

Aaron acordou, olhou para as duas e comentou: — Minha cabeça está doendo. Cadê minha mãe?

Clementine e Jessy rapidamente começaram a tentar se comunicar com Kate pelo celular de Clementine.

Em 2007, Kate estava parada de braços cruazados em frente a porta do quarto de hotel onde Carole Littleton, mãe de Claire estava hospedada. Àquela altura, Carole acreditava que sua filha, Claire estava morta e estava na Califórnia para processar a Oceanic. Antes, Kate achava que era ela que estava tentando pegar o Aaron dela, mas ela àquela altura, ela já sabia que Ben estava por trás de tudo.

Independente de tudo, Kate estava determinada a voltar para ilha e resgatar Claire. Ficou aguardando Carole abrir a porta, até que finalmente ela abriu.

— Senhora Littleton, eu sou Kate Austen. — Disse Kate.

— Eu sei quem você é. — Disse Carole, olhando Kate de cima para baixo. — Pode entrar — disse ela, abrindo a porta.

Kate entrou agradecendo.

— Seu amigo, doutor Shephard esteve aqui noite passada. Falou sem parar a respeito de alguém que se chamava Aaron. Quando perguntei a ele quem era, saiu correndo como se aqui tivesse um incêndio.

Kate ficou calada por alguns segundos, mas finalmente resolveu dizer:

— Ele é seu neto.

Carola ficou estarrecida. Kate continuou: — e sua filha Claire... — ela engoliu seco e encarou o teto, mas continuou — ... está viva.

Em choque, Carole perguntou: — Do que é que você está falando?

Kate ficou desconfortável. Carole continuou: — Claire morreu no acidente aéreo...

Kate interrompeu: — Não! Ela sobreviveu. Quando caímos sua filha estava grávida de 8 meses e foi ela que deu à luz na ilha, não eu. Nós mentimos. Existem outros sobreviventes. Nós os deixamos para trás.

Carole estava emotiva. Não conseguia acreditar totalmente nas falas de Kate. — Por quê? — Indagou ela. — Por que vocês a deixariam lá?

— Porque ela desapareceu e deixou o bebê para trás. Procuramos por todos os lugares, mas, foi quando eu comecei a cuidar do Aaron. E quando fomos resgatados tivemos que decidir o que fazer com ele e sabia que ela queria que ele fosse adotado, mas, não quis. Eu tinha que proteger ele. Então disse que era meu. — Disse Kate, com olhos lacrimejando.

— Por que você mentiu? Por que você não me procurou desde o começo?

Kate se calou por alguns segundos. Estava procurando a resposta certa. — Porque eu precisava dele. — Disse ela. — Sinto muito.

Carole ficou encarando Kate, totalmente desacreditada, e então, ela encarou o chão. Kate se aproximou dela com uma foto dele em mãos e disse:

— Mas vai ver que ele é um doce, bom e amável.

Carole pegou a foto e ficou emocionada ao ver Aaron.

— Onde ele está? — Indagou ela.

— Ele está há 2 quartos daqui. Tá dormindo. Eu sei que isso é demais para você, mas, quando estiver pronta, ele estará esperando você. Contei pra ele que você é a avó dele. Que vai cuidar dele quando eu estiver fora e que eu vou voltar logo.

— Pra onde você vai?

— Eu vou voltar pra encontrar sua filha. — Disse Kate, determinada.

Alguns minutos depois, Kate se encontrava no quarto onde Aaron estava. Em lágrimas fazia carinho nele, enquanto a criança dormia, e assim, se despediu, com um beijo na testa dele.

Na porta, as lágrimas rolavam livremente no rosto de Kate. Aaron estava dormindo profundamente que mal conseguia ver Kate se despedir. — Tchau meu amor — disse ela, fechando a porta e saindo.

— Mamãe? Aonde a senhora vai? Eu tive um sonho muito estranho que eu estava em um navio e tinha umas pessoas. — Dizia Aaron, para ninguém, após acordar no susto e percebendo que não havia ninguém ali mais.

No presente, Clementine lutava contra as lágrimas enquanto digitava freneticamente no telefone. Aaron estava ao seu lado, visivelmente perturbado, sua mente em turbilhão, a cabeça latejando de dor. Jessy olhava a cena de longe, preocupada com a situação e completamente emotiva. Finalmente, Kate atendeu o telefone, e Clementine não conseguiu conter sua emoção:

— Kate? Oh, graças a Deus! — ela soluçou. Aaron se aproximou, esperando ouvir a voz de sua mãe.

— Mãe! — ele gritou, quase chorando de alívio.

Mas a resposta de Kate foi fria:

— Clementine, por que está me ligando? Não quero falar com seu pai — ela comentou, sem emoção na voz.

Clementine não deixou que isso a desencorajasse, e apressadamente respondeu:

— Kate, por favor, precisamos da sua ajuda. É urgente.

Mas Kate parecia determinada a desligar o telefone, até que Clementine mencionou o nome de Aaron. A partir daquele momento, tudo mudou. Kate ficou em silêncio, claramente afetada pela menção dele.

Aaron se aproximou do telefone enquanto Clementine ativava a chamada de vídeo. E então, Kate apareceu na tela, e Aaron viu Kate pela primeira vez em anos. Kate sorriu ao ver o rosto dele.

— Kate... — disse Aaron, sua voz embargada pelo choro.

— Já se passaram muitos anos, não é? Você está grandão. — Comentou Kate, tentando manter a calma, o que era visivelmente impossível.

Mas Aaron não conseguiu se controlar, e as lágrimas rolaram livremente por seu rosto.

— Eu te perdoo — disse ele, quase sussurrando.

Kate ficou momentaneamente em silêncio, e seus olhos se encheram de lágrimas.

— Obrigada, Aaron — disse ela, a voz trêmula. — Obrigada por me perdoar. E obrigada por me dar a chance de salvar você e sua mãe naquele dia. Eu nunca me perdoei completamente.

As lágrimas de Kate caíam em profusão agora, e Aaron também chorava. As emoções eram avassaladoras, mas finalmente, após tanto tempo, eles puderam se falar novamente, mesmo que por um breve instante. A conexão caiu. Mas foi o suficiente para mudar o rumo da vida dos dois.

Clementine percebendo que Aaron havia voltado a si, ficou emocionada e o abraçou. Jessy não parava de sorrir.

— Funcionou. Não acredito que funcionou. — Disse Jessy, visivelmente empolgada. Roger chegava logo em seguida.

— Agora temos que ajudar os demais soldados, pelo menos, os que ainda estão vivos. — Comentou Roger, mantendo a frieza.

Enquanto eles resolviam esse problema tentando ajudar o maior número de homens possíveis, Juan estava na cabine do capitão olhando com um binóculo. A visão era turva, mas ele conseguiu enxergar uma ilha, não muito longe dali. Gritou: — Terra à vista.

Enquanto isso, Yan e Bryan ajudava aos soldados a carregar os corpos dos mortos para o saguão e lá eles decidiriam o que fazer com eles.

Juan correu até Roger e disse: — Encontrei a ilha.

Todos os presentes na sala o olharam. Aaron, que já estava com sua consciência no lugar, rapidamente disse: — Precisamos seguir.

— Devemos mandar alguns primeiro e depois os demais. — Disse Roger. — Iremos de helicóptero. A equipe inicial será Bryan, o piloto, eu, alguns soldados, Aaron, Bianca e Clementine. Partimos daqui a pouco.

Clementine olhou para Aaron e disse: — Tem certeza de que você vai? Ainda não está 100%

— Com certeza. Não perderei essa por nada. — Respondeu o rapaz.

— Bom. Os demais, ficarão no navio para resolver o problema dos doentes e dos corpos. Se arrumem logo e eu aguardo vocês no convés.

Alguns minutos depois, eles já se encontravam no convés do navio para embarcar no helicóptero. Bryan chegou logo em seguida, com umas coordenas em mãos. Rapidamente eles adentraram o helicóptero e partiram. Juan ficou olhando da cabine do capitão com o binóculo enquanto eles sumiam no horizonte. Era um dia ensolarado, então a viagem seria tranquila.

Clementine ficou olhando para Aaron que estava ao seu lado. Roger observou o clima entre os dois, mas resolveu não comentar.

— Tem certeza de que você está bem? — Indagou Clementine.

— Sim. Estou bem. Muito obrigado pelo o que você fez por  mim. — Comentou Aaron, com um sorriso no rosto.

— Agradeça também à Roger. Nunca vi alguém montar uma antena de wifi tão rápido. — Comentou Clementine, rindo.

— Obrigado, Roger. Sabia que não me deixaria morrer. — Aaron, comentou rindo.

— Não confunda as coisas, rapaz. Eu não gosto de você. Estou nessa missão apenas pelo dinheiro. — Comentou Roger, rispidamente, deixando Aaron e Clementine em silêncio. Bianca fez um sinal com a boca, vendo que a situação ficou rígida entre eles.

De repente, o helicóptero entrou em turbulência e a escuridão começou a atacar o local. Havia anoitecido “do nada”. A equipe entrou em pânico. Roger por outro lado mantinha a calma e indagou à Bryan:

— O que está acontecendo?

— Não sei senhor. O tempo mudou do nada. Está de noite. — Respondeu Bryan, sem saber exatamente o que havia ocorrido.

Aaron fechou seus olhos, assustado, quando os abriu, estava sobrevoando a ilha. Isso surpreendeu a todos. Bryan avistou um local de pouso e se surpreendeu, mas decidiu que ali seria o local certo a se pousar. Lá embaixo, havia alguém fazendo um sinal luminoso para eles, mas como estava escuro, não dava para reconhecer.

— Quem é aquele? — Indagou Clementine.

Bryan rapidamente desceu o helicóptero naquele local. Eles desembarcaram, um atrás do outro. Olharam tudo em volta e não havia nada além de mata fechada. O homem, que estava afastado se aproximou deles. Ao chegar próximo, era Ben.

— Seja bem-vindos, tripulantes. Sou Benjamin Linus, mas podem me chamar de Ben. — Disse, com um sorriso no rosto.


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