Órbita da Terra, Nave Chimeran Hammer

Cinco Meses Atrás… 

— Chama! — Gritou uma voz ao expelir rajadas de fogo pelas mãos. 

No último dia de verão daquele ano, uma gigantesca nave espacial de origem alienígena chegou à Terra. A nave pertencia a Vilgax, O Conquistador de Dez mundos, líder da raça dos Chimera Sui Generis, cuja principal característica são as semelhanças com os cefalópodes. Vilgax era o maior e o mais forte de seu povo, passando anos realizando experimentos genéticos e cibernéticos em si e se apoderando das armas, ferramentas e habilidades dos heróis que se atreveram a se opor a ele. Em seu rosto, o conquistador usava uma máscara de respiração, uma consequência ao fato de ter sido quase morto durante uma de suas batalhas, e como sempre a cada derrota ele renascia ainda mais poderoso. Determinado, Vilgax cruzou o espaço à procura da única coisa no universo que sempre cobiçou em ter e agora o único que ficava entre ele e seu destino era um garoto de catorze anos que se apoderou do artefato e que agora o enfrentava valentemente. 

As rajadas de fogo expelidas atingiram Vilgax, mas não lhe causaram nenhum dano relevante. Nem em sua pele verde e nem em seu equipamento. No entanto, a ineficácia de seu ataque não fez a criatura de feita de fogo e magma que o enfrentara desistir. Ele aproximou suas mãos flamejantes e foi concentrando o máximo de calor e fogo que conseguia em uma esfera brilhante que foi crescendo e crescendo até ter que ficar com duas vezes seu próprio tamanho e poder arremessar em cima do vilão com toda a sua força. No entanto, quando a esfera o atingiu, Vilgax defendeu-se criando um escudo feito de energia vindo da manopla dourada que usava na mão esquerda. 

Percebendo que seus ataques não iriam adiantar contra o tirano, o ser flamejante imediatamente encostou no símbolo de ampulheta que havia em seu peito e um brilho verde repentino muito forte e ligeiro predominou pelo seu corpo e quando ele dispersou, outro ser tomou seu lugar. 

— Diamante! — Berrou a nova criatura que era mais alta que anterior e era feita de cristais verde-esmeralda.

Ele correu a toda velocidade erguendo seus punhos de pedra preparado para mostrar ao conquistador a força e durabilidade dessa forma alienígena. Com todo seu poder disponível, ele socou a barriga de Vilgax com direita e, em seguida, socou a costela de Vilgax com esquerda e repetiu os ataques várias e várias vezes ligeiramente. No entanto, nenhum deles causam sequer um arranhão em sua armadura. Em contrapartida, as mãos do Diamante se partiram em vários pedaços e lascas de cristais de tamanha era a dureza do tirano. 

No braço direito, Vilgax tinha uma série de pinos especiais implantados cirurgicamente que ao retraírem-se, estimulavam o crescimento dos músculos de seu braço ampliando sua força bruta. Com sua força máxima alavancada, Vilgax agarrou a criatura de cristãs pela cabeça e o esmagou contra o chão duro da nave. Tão forte foi o impacto que a nave inteira estremeceu e uma pequena cratera se formou no chão. 

O corpo da criatura de cristal verde ficou todo fraturado e lascado. Tentou se levantar para continuar lutando, mas foi em vão. Inesperadamente, acaba escutando um barulho vindo do símbolo em seu ombro que o deixa perplexo e desesperado. O emblema em forma de ampulheta estava piscando vermelho e quanto piscou a décima vez, ele emitiu um brilho vermelho que se espalhou por todo corpo do alienígena de cristal verde. Quando o brilho se dissipou, um garoto de 14 anos tomou o seu lugar. 

Vilgax foi se aproximando do garoto com seus passos lentos e pesados e com seu enorme nome pé, ele pisou sutilmente bem em cima do ombro do garoto, impedindo-o de ativar um dispositivo que carregava naquele braço. Apesar de o conquistador não ter feito força naquela pisada, o garoto sentiu uma dor insuportável que fez berrar até os pulmões ficarem sem ar.

— Acabou, Tennyson. Você perdeu. — Declarou o Conquistador. — Você usou todos os seus aliens, usou todo o seu tempo disponível e não me fez um arranhão sequer. — Vilgax então retirou a sua longa e afiada espada que carregava nas costas e apontou o braço do garoto. — Você não é digno de usar isso. Durante quatro anos você usou o Omnitrix como um brinquedo. Achou que isso o tornaria um herói, criança? Não. Eu vou usá-lo para um propósito maior, maior até do que o propósito que Azmuth lhe deu e não será você vai ficar no meu caminho. 

— Tem razão Vilgax. — Disse uma voz. — Serei eu. 

Desatento, Vilgax é atingido repentinamente por uma enorme rajada de energia que o arremessa contra a parede e o deixa atordoado por algum tempo. A rajada veio de um canhão de fótons segurado por Max Tennyson, um homem de sessenta anos que apesar da idade era forte como um touro. Para lutar contra aquela ameaça, Max tirou da aposentadoria seu velho traje preto e prata dos tempos de Encanador, uma facção de vigilância galáctica da qual fez parte. 

Com o conquistador distraído, Max correu até seu neto Ben, que estava todo machucado devido à luta e o colocou imediatamente sobre seus ombros. 

— Vô...vo. — Suspirou Ben. 

— Fique calmo, garoto, vai ficar tudo bem. — Consolou Max. 

Max correu o mais rápido que conseguia até uma das várias cápsulas de fuga. Ele abriu uma delas e colocou gentilmente seu neto semiconsciente dentro dela. O velho digitou as coordenadas para a Terra e selou a cápsula que partiria em poucos minutos. Os barulhos da cápsula despertaram Ben, que imediatamente entendeu o que seu avô pretendia. 

(trilha sonora: Battle Cry - Imagine Dragons)

— Vovô, não! — Gritou Ben socando a vidraça da cápsula. 

— Ben, meu neto. — Disse Max sorrindo e colocando sua mão sobre a dela através do vidro. 

— Você vai morrer! — Gritou Ben. 

— Lembra quando te ensinei a andar de bicicleta? É a mesma coisa aqui. — Continuou Max. — Eu nunca te ensinei. Eu te dei um empurrão e quando eu percebi, você estava lá andando sozinho. Você não precisa mais de mim, Ben. Nunca precisou. 

— Não é verdade. — Rebateu Ben em lágrimas enquanto socava a vidraça mais forte. — E o meu pai? O Tio Frank? E a Gwen? Eles precisam de você. Nós precisamos de você, eu ainda preciso de você!

— Você vai ter que seguir sem mim, Ben. Você vai achar o caminho sozinho, eu sei que vai. Conto com você para cuidar deles. 

— Eu não consigo! — Admitiu Ben.

— Você consegue. Os Tennyson sempre conseguem. — Insistiu Max. — Eu sei que você está assustado, mas eu tenho que fazer isso. Vilgax nunca foi o seu vilão. Ele é o meu vilão. Eu não o destruí quando tive a chance e agora se eu não fizer nada, ele vai destruir tudo, inclusive vocês. 

— Vovô, por favor! — Implorou Ben olhando em seus olhos e vendo que Max também estava em lágrimas. 

— Desculpe, Ben. Este encanador ainda tem um último cano para consertar. Eu acredito em você, acredito em todos vocês. Eu amo você, amo todos vocês. 

— Tennyson! — Gritou Vilgax chamando por seu velho adversário. 

Com esperança de salvar seu avô, Ben rapidamente tenta fazer seu relógio funcionar batendo nele o máximo que conseguia, mas nada adiantava, pois ainda estava no vermelho. 

Com seu neto adolescente seguro na cápsula, o Encanador retornou para a sala de comando onde Vilgax o aguardava pacientemente. Os antigos rivais se encararam e trocaram expressões sérias um para o outro com ambos olhos sedentos pelo sangue do outro. 

— Incrível, como as coisas mudam, não é? — Disse Max quebrando o silêncio. — Houve uma época em que eu levaria uma bala por você. 

Vilgax riu com sua voz áspera e grave e completou: 

— E olha só como nós estamos agora? Eu evoluí. Conquistei uma dezena de planetas e destruí outros. Eu absorvi os poderes e habilidades de incontáveis guerreiros e me autoaprimorei genética e ciberneticamente. Eu me tornei um ser supremo enquanto você vivia uma vida simples e preguiçosa no seu planetinha e se tornava uma mera ferramenta enferrujada. 

Max riu de volta e disse em tom alegre. 

— Bom, eu sempre digo: não é a ferramenta, mas como você a usa. 

Vilgax sacou sua espada e realizou uma investida feroz contra o velho Tennyson. Rapidamente, Max coloca algo em seu pulso: um dispositivo que cria um escudo de energia que ele usa imediatamente para bloquear a espada do Conquistador. O golpe foi tão forte que ele pode sentir a flacidez de sua idade e vacilou por um momento. Assim, Vilgax tentou golpear de novo, mas o velho encanador era rápido apesar de ainda velho. De relance, os olhos verdes determinados de Tennyson encontraram os olhos vermelhos cruéis de Vilgax. Max inclina seu escudo para o lado, desviando o ataque e abrindo a guarda do Conquistador. Então, o velho Tennyson então sacou um bastão em sua cintura e golpeou Vilgax uma, duas, três vezes. O impacto não era grande coisa para o Conquistador, mas aqueles choques de alta potência dariam a Max pelo menos mais alguns segundos de vantagem. Ele sabia que Vilgax era mais forte do que ele, nenhum humano comum poderia enfrentá-lo em um mano a mano. Só que ele não precisava vencer, ele só tinha que usar a cabeça para pelo menos segurar o vilão enquanto a cápsula de Ben descia para a Terra. 

O encanador parou para respirar por um segundo e brandiu o bastão novamente em um golpe de cima para baixo. Porém, Max não deveria ter subestimado a velocidade de recuperação de Vilgax que ligeiramente reagiu acertando o encanador com um soco na barriga que o fez cuspir sangue e o jogou diretamente na parede oposta, dando de costas e batendo a cabeça. Max sentiu-se zonzo por um momento, até que viu seu oponente saltando para cima dele com sua espada em punhos. O velho só teve tempo para rolar para o lado, mas a onda de choque que veio quando o pesado Vilgax atingiu o chão ainda lançou Tennyson para mais longe. Ele sentiu dor, mas se obrigou a levantar, cada segundo contava agora.

Claro que o Conquistador não pôde deixar de rir de sua situação.

— O grande Max Tennyson — zombou o vilão — Um dos maiores guerreiros e Encanadores, cujo nome chega até Andrômeda, se encontra agora no chão espancado como a barata que ele é de verdade.

— Já terminou a palestra, Cabeça de Polvo? — Provocou o grande Max Tennyson.

— Provoque o quanto quiser Tennyson, pois não faz diferença. Meu sistema de armas vai explodir aquela cápsula de fuga assim que a mira conseguir travar nela. Eu te convidaria para assistir e ver, mas você estará morto demais para ver o espetáculo.

Assim que Vilgax terminou de falar, Max riu baixinho, disfarçando logo com um olhar sério. Estava na hora de passar a luta para o próximo nível. A essa altura a cápsula de Ben já fora ejetada e estava indo em direção à Terra, mas assim que a nave travasse sua mira em Ben já era.

A grande questão é que Max Tennyson não era um dos Encanadores mais famosos por lutar sem ter um plano.

Saindo de seus pensamentos, Max percebeu que seu velho rival havia tomado a ofensiva novamente. Vilgax avançou contra ele com uma estocada poderosa. Rapidamente, Max defendeu com seu campo de força no braço esquerdo enquanto, de súbito, com a outra mão, o encanador puxou outro equipamento, este com um botão que Vilgax o reconheceu na hora como um detonador.

Neste momento ouviram-se estrondos por toda a nave do Conquistador. Os canhões da nave apontados para a cápsula de fuga de Ben explodiram, diversos corredores também entraram em combustão assim como o sistema de comunicações da nave. A sala de controle não estava livre de explosivos aparentemente, pois o chão debaixo dos dois oponentes foi destruído. Max usou um jato em suas costas para desacelerar a queda, porém, infelizmente não tinha potência para que ele tivesse a capacidade de voar em meio à luta, mas serviria bem aos seu propósito. Enquanto isso, Vilgax caiu no chão abaixo de sua central de comando, logo abaixo da sala de máquinas com certos focos de incêndio em certos lugares.

Em fúria, Vilgax levantou-se e brandiu sua espada contra o encanador que acabou de pousar em cima de um cano da fiação. O velho Tennyson usou seu jato para saltar entre as máquinas, enquanto Vilgax o perseguia e tentava atingi-lo com a espada. Quando finalmente ele o atingiu, o campo de força que Max estava usando o bloqueia, impedindo que Max fosse dividido em dois, porém isso aumenta ainda mais o ódio do rival. Irado, os olhos do Conquistador começaram a brilhar vermelhos, sabendo o que isso significava, Max decidiu usar sua melhor habilidade que ele desenvolveu como protetor intergaláctico:

Ele correu.

Max correu pela nave parcialmente destruída pelas bombas plantadas furtivamente por ele em diversos locais enquanto seu neto mantinha Vilgax ocupado momentos atrás. Ele usou o jetpack acoplado em seu traje para saltar sobre uma pilha de escombros da nave enquanto era perseguido por dois feixes de raios lasers que o perseguiam para quaisquer direções que ele fosse. Max pôs seus equipamentos de encanador a trabalho, usou um lançador de cabo acoplado à ombreira de seu traje para subir rapidamente a outro local da nave destruída, atravessando vários andares em chamas e pousando em outro local. A fumaça fez seus pulmões doerem e seus olhos arderem, mas logo ele ouviu os lasers se aproximarem e percebe-se que se ele ficasse ali seria morto. Ele continuou seu trajeto de se esquivar dos lasers, vendo outro par deles ir atrás dele de uma direção diferente, Vilgax podia liberar dois pares de lasers diferentes em trajetórias diferentes e eles logo cercariam o velho encanador se ele não fizesse alguma coisa.

Até que Vilgax irrompeu do chão à frente de Max, destruindo o piso que ele atravessou.

— Merda! — Ele xingou quando Vilgax desferiu um poderoso ataque contra seu rival, que saltou para trás, porém o golpe pegou de raspão e Max sentiu a lâmina de Vilgax destruir as defesas de seu traje e fazendo um corte superficial em seu peito. Grunhindo de dor, Max se abaixou frente ao segundo golpe horizontal de Vilgax, ele então rolou para o lado para sair da frente do terceiro e sangue do corte em seu peito vazou manchando o chão. Foi quando Max ouviu novamente os lasers teleguiados que o perseguiam e, de súbito, uma ideia lhe veio à sua mente.

Ele tirou o lançador de cabos de seu ombro, segurando-o na mão esquerda. Ele então com a mão direita pegou seu proto-blaster, o desdobrando e disparando contra os olhos de Vilgax, que os cobriu como quem cobre os olhos quando é atingido por uma onda leve do mar. Os tiros não causaram danos maiores do que picadas de mosquito no vilão, mas Max conseguiu jogar o lançador de cabos no teto acima de Vilgax, que disparou e o ergueu por tempo suficiente para Max concretizar seu plano maluco. Tennyson usou seu jetpack para saltar e se agarrar nas costas de Vilgax. Quando viu os lasers aparecendo vindo em sua direção, ele se balançou, ele e Vilgax pendurados no cabo, usando o Conquistador como escudo, Max finalmente fez os lasers acertarem alguma coisa, o próprio ser que os disparou.

O cabo então se rompeu, lançando Max e Vilgax para o chão. O peso do último os fez atravessar o piso e descerem dois andares. Max usou seu jetpack para cair suavemente em um porto para as naves menores do Conquistador, enquanto Vilgax caiu com tudo no chão. O amassando enquanto agonizava pelos raios que o atingiram.

Max viu a situação de Vilgax e torceu para que ele não se levantasse. Mas, os Tennyson raramente tem tanta sorte. O Conquistador não tardou a voltar a se mexer.

Só agora Max percebeu seu estado. Ele estava cheio de cortes no rosto de quando ele estava atravessando os escombros da nave. Suas pernas e braços pareciam pesar como se ele e seu traje fossem de chumbo. Sangue escorria de sua boca depois dos socos que ele levou de Vilgax, assim como do corte ardente da lâmina do Conquistador em seu peito. Ele percebeu como estava cansado e como a adrenalina da batalha estava lentamente indo embora. Neste momento, ele soube que não duraria mais muito tempo.

Max listou suas opções:

Fugir. Fora de cogitação.

Seus equipamentos. Algumas granadas, seu blaster, o escudo de energia em seu pulso, o lançador de cabos fora perdido, assim como seu bastão durante a explosão. Granadas de luz, nada capaz de incapacitar, prender e muito menos matar Vilgax, a não ser que…

— É inútil — A voz de Vilgax de repente interrompeu sua linha de raciocínio, arrogante e vaidosa, porém havia uma certa dose de raiva escondida entre suas ácidas palavras. Ele estava de pé agora, mostrando a Max como as queimaduras dele eram feias, principalmente no seu braço esquerdo e em sua barriga. A máscara em seu rosto também parecia levemente danificada, mas sua postura imponente era inquebrável. — Você está no seu limite, ninguém virá te salvar e seus danos contra mim são irrelevantes. Você sabe que eu ainda vou sobreviver, não importa o que você faça. Eu vou partir você em pedaços e depois eu vou atrás do garoto e mostrar para ele cada pedaço e como foram seus últimos e agonizantes momentos antes de esmagar a cabeça dele! — Ele disse a última parte fechando sua mão direita, como se apertasse algo com força.

— Engraçado você pensar que algum de nós vai voltar para a Terra. — Ele mudou a configuração de seu proto-blaster para lâmina. — Não vai ter essa oportunidade.

— E quem vai me impedir? Você? HAHAHAHAHHAHAHAHA!!!

— Vem descobrir. — Disse Max em tom de desafio.

"Vamos, Max, chegue mais perto!" Disse uma voz em sua cabeça.

Ambos correram em direção um ao outro, lâmina contra lâmina. Max rolou por baixo de um golpe do Conquistador e o atingiu com sua lâmina de braço em sua barriga queimada já vulnerável, ele então fez o máximo de força que pôde com sua lâmina para cortar Vilgax e causar algum dano.

—AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHH!!!

Max Tennyson gritou a plenos pulmões, transpassando a carne do imperador alienígena, que sentiu muita dor com o ferimento.

— ISSO FOI PELOS MEUS NETOS!!!!

O velho encanador então mudou o modo do proto-blaster para choque e atingiu o Conquistador com uma potência alta o bastante para energizar um edifício gigantesco e ainda queimaria todos os sistemas.

— ISSO FOI POR PETRÓPIA!!

Ele então mudou de volta para o modo lâmina, mirando desta vez em sua cabeça agora que o mesmo se ajoelhou diante do encanador, que concentrou todas suas últimas forças no próximo golpe.

— E ISSO É POR TODOS OS SERES QUE VOCÊ FE…

Ele não conseguiu terminar a frase, pois começou a cuspir sangue, muito sangue! 

O velho encanador olhou para baixo e viu a própria espada de Vilgax o empalando na barriga e o atravessava do outro lado pelas costas. Max olhou para cima e viu o sorriso diabólico, sádico e queimado do vilão. O Conquistador de 10 Mundos ergueu Max no ar com sua espada como se ele fosse um espeto saboroso e riu histericamente em triunfo.

— O QUE VOCÊ DISSE MESMO?! — Ele perguntou de maneira psicótica. — EU ACHEI QUE EU NÃO TERIA ESSA CHANCE TENNYSON! COMO ERA? — Ele então tirou Max de sua espada e o largou no chão. Max, rapidamente, coloca uma de suas mãos sobre sua ferida em uma tentativa de estancar o sangue. Ele se levanta e logo, Vilgax retorna a tentar golpea-lo mais uma vez com sua espada, contudo, Max desta vez usa seu escudo para defender os ataques.

"Clang!" fez o som do escudo ao colidir com a espada

O Conquistador atingiu o escudo novamente, dessa vez com intenção, atingindo com força e fazendo-o recuar.

"Clang!"

Max bloqueou de novo, sentindo uma dor imensa no braço.

"Clang!"

Rachaduras aparecem nele e ele estava prestes a se quebrar

"Clash!" O escudo finalmente se quebra,

O último golpe derrubou Max, que logo caiu no chão. Então, Vilgax pisou em seu peito e ele sentiu alguns ossos se partirem.

— Tudo isso foi inútil! O seu legado de herói está acabado!

"Ah!" Pensou Max. Ele estava completamente equivocado. Sua hora como herói havia acabado a mais de 20 anos atrás, mas ele sabia que no fim essa luta não era mais só dele. Sua hora havia acabado a tempos. Estava na hora de outro herói. Foi com esse pensamento que Max levou suas mãos ao seu cinto, tirando um equipamento que ele havia guardado como último recurso e agora finalmente chegaria a hora de usar. 

— O Projetor de Nulidade? — Indagou o vilão. — Vai me mandar para o Nulificador? Eu saio de lá antes do seu planetinha completar a próxima translação. 

Max separa o dispositivo em duas partes, removendo a lente convexa deixando apenas a parte do gatilho que começou a faiscar bem forte. 

— Sem a lente focal, esta arma se assemelha muito à granada de fusão. Deve atingir um quilômetro e meio. — Explicou Tennyson com um meio sorriso no rosto exausto. 

— Você não faria isso. Você não tem coragem! Você abandonaria tudo apenas para me matar? — Questionou Vilgax. — Você aprecia demais a sua vida, Tennyson e tudo o que você construir. Este mundo e sua família estarão acabados sem você. Você precisa deste mundo tanto quanto ele precisa de você. 

Vilgax tinha razão. Max apreciava demais a sua vida e sua família, mas sabia que tinha que fazer isso justamente por eles. O medo consumiu por instante congelando seu dedo por cinco segundos, mas Max imediatamente pensou em Ben, Gwen, Ken, seus Frank e Carl, seus amigos e nas pessoas que contavam com ele. Para salvá-las, ele tinha que dizer adeus. 

— Ei, Vilgax! — Chamou Max que com um sorriso no rosto apertou o gatilho da arma e disse uma última vez: É Hora do Herói!

E assim tudo explodiu, emitindo assim um poderoso clarão de luz que podia ser visto mesmo da Terra. Por uma coincidência, algumas poucas pessoas que observam as estrelas naquele momento notaram o misterioso fenômeno luminoso no céu. Do epicentro daquele clarão, emergiu o que parecia um objeto em chamas que, pelas forças da gravidade, foi puxado para o chão com velocidade perigosamente destrutiva. Como um meteoro, o objeto colidiu em um terreno desértico e árido, em algum lugar próximo a Las Vegas e abrindo uma cratera enorme com o impacto. 

Em meio a noite escura e solitária, repentinamente algo brilha próximo ao local do impacto. Era uma espiral cor-de-rosa que emanava uma energia fantástica e sobrenatural. Dela saiu uma adolescente ruiva, de olhos verdes e sardas no rosto. Usava um rabo de cavalo, uma camisa azul de gatinha e uma saia preta. A tal espiral era um portal mágico conjurado pela tal adolescente que assim que saiu de lá, e recuperou-se de uma leve tontura, uma pequena consequência de seu feitiço de teleporte, e correu até o local da queda. Quando se aproximou das bordas da cratera, testemunhou um brilho verde que piscou rapidamente confirmando a presença da pessoa que a garota procurava. 

Ela desceu quase escorrendo nas rochas e areia da cratera cujo centro havia um rapaz de cabelos morenos desacordado. Ela correu e o colocou sua cabeça em seu colo e gritou para acordá-lo. 

— Ben, acorda! — Repetia a jovem ruiva enquanto segurava o rosto do menino.

Ela colocou a cabeça sobre seu peito e não percebeu os movimentos do ar nos pulmões. Por sorte, ela conhecia um feitiço que poderia resolver isso.  A jovem ergueu a cabeça e pronunciou palavras de uma língua antiga desconhecida que fez o mana de seu corpo fluir dela para o outro jovem que segurava em seus braço e fazendo-o despertar de supetão, como quem acordara de um pesadelo.

— Gwen! Gwen — Gritou ele ofegante logo após o seu despertar.

— Calma Ben, eu tô aqui. Tá tudo bem agora. — Disse a garota ruiva. 

— Ele… ele se foi, Gwen! — Tentou dizer o rapaz com dificuldades e lágrimas aparecendo em seus olhos. — Eu não consegui salvar ele. Ele se sacrificou para nos salvar.

A menina ficou chocada e também caiu em lágrimas. Imediatamente, abraçou seu primo, que apesar dos pesares, o considerava como um irmão e ele, no desespero, abraçou-a de volta. 

— Eu não consegui salvar ele. Eu não consegui salvar ele. — Repetia o jovem.

Em algumas batalhas, a vitória é doce, mas, na grande maioria das vezes ela é amarga. É possível salvar o dia, mas nem sempre as pessoas que se ama. Às vezes, sacrifícios são necessários para um bem maior. Naquela noite, aqueles dois jovens haviam perdido alguém, uma pessoa que chamavam de exemplo, de mentor e de avô. Em uma tragédia nobre, Max Tennyson se foi, sacrificando-se pela sua família e pela Terra. Naquela noite, a jornada de Ben Tennyson teve o fim de seu início e estava para se transformar em algo novo.  

Você já deve conhecer como a sua história começou. O relógio esquisito que grudou em seu pulso durante suas férias de verão quando ele tinha dez anos. As histórias desse garoto já foram contadas e recontadas diversas vezes nas infinitas possibilidades do vasto multiverso e poucos seres existenciais são capazes de contá-las, muitos dos quais, são imortais assim como este Narrador que vos escreve. Dito isso, há algo neste Ben Tennyson desse universo em particular que se destaca muito das demais. Neste universo, sua história se entrelaça com a de várias outras figuras heróicas igualmente icônicas do multiverso, o que é um acontecimento raro, pois, tradicionalmente, é incomum tais histórias se cruzarem. Antes elas existiam em seus próprios universos com seus acontecimentos isolados, pouco ou raramente cruzando-se umas com as outras. Porém, houve um ponto do imensurável do omniverso, chamado de Beyond, em que todas elas convergiram e se interligam umas com as outras, criando assim um novo universo onde todas estão conectados como uma teia de aranha cósmica e isto, é claro,  torna a especial história de Ben Tennyson ainda mais especial. Quando contamos uma história, nunca a contamos do mesmo jeito duas vezes. Então, aqui vai uma forma de contar a história de Ben Tennyson que agora se encontra em um mundo onde ele não é mais o único grande herói da Terra, mas que, no entanto, nunca foi tão necessário.