Dear Hacker - Duskwood Continuation (Em Revisão) escrita por Akira Senju


Capítulo 53
Tempo Escasso


Notas iniciais do capítulo

Olá a todos! Bora para mais um capítulo? Espero que gostem ♥

Tenham todos uma ótima leitura! ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/808977/chapter/53

Na casa dos amigos, Jake estava na sala, sentado no sofá e encarava seu celular estando apreensivo. Na tela de seu aparelho, ele acompanhava a rota de um carro do qual o ícone era a foto de Adie. Ele aguardava ansiosamente pela chegada dela e o programa de rastreamento, indicava que ela estava se aproximando de casa. Jake tirou seus óculos, deixou o celular sobre o sofá, escorou os cotovelos nas coxas e, por alguns instantes, tapou o rosto com as mãos. Seu pior pesadelo estava acontecendo, aquilo que ele tentou com todos os recursos evitar, mas de nada adiantou. Adie continuava sendo alvo das pessoas que lhe perseguiam e agora era pior do que nunca, pois eles conseguiram um correspondente que estava muito perto. Depois de alguns instantes estando perdido em seus pensamentos conturbados, o barulho da porta sendo aberta, o fez olhar imediatamente em direção. Ele a viu entrar em casa e ela logo o notou ali.

(Adie) - Oi.

Ele se levantou e foi até ela.

(Jake) - Ah, minha linda… – Ele a envolveu em um abraço apertado.

Apesar de correspondê-lo, Adie se intrigou.

(Adie) - Está tudo bem?

Ele a soltou e a encarou, deixando evidente a sua preocupação.

(Jake) - Está… Mas eu preciso muito que você me escute, Adie.

(Adie) - Certo. 

Ela o encarava intrigada, enquanto ele tentava encontrar as melhores palavras para explicá-la a situação, mas suspirou por não conseguir.

(Adie) - O que aconteceu? Você está me deixando preocupada.

(Jake) - Bem… É que… Vem, vamos nos sentar. – Ele pegou a mão dela e a conduziu até o sofá.

Os dois se sentaram lado a lado e ficaram de frente um para o outro. Jake ficou cabisbaixo por alguns segundos e Adie estava cada instante mais preocupada.

(Adie) - Por favor, me diga o que aconteceu, Jake.

Ele a olhou.

(Jake) - Você… Você se lembra quando eu disse que talvez esse seria o melhor momento para sairmos dessa casa e nos mudarmos para um lugar mais seguro para você? 

Ela assentiu com a cabeça.

(Adie) - Sim.

(Jake) - Bem, aquilo que era apenas uma opção cogitada… agora precisa mesmo acontecer.

Adie se intrigou novamente.

(Adie) - O que está querendo dizer?

(Jake) - Minha linda… Nós precisamos ir embora, não só dessa casa, mas de Duskwood, o mais rápido possível.

Ela ficou extremamente surpresa.

 

Delegacia de Duskwood, 5:02 pm 

Enquanto isso, Brandon estava na sala do delegado e eles conversavam.

(Alan) - Bem, eu pensei, pensei, e pensei… E não consegui encontrar motivos cabíveis que me façam aceitar a presença da senhorita Folsham no interrogatório. E se por um acaso você mencionar novamente nosso acordo inicial, saiba que ele não me obriga a fazer tal coisa, afinal, nosso foco é o hacker, e o fato de retomar minha comunicação com ela, já é o suficiente para que ele entre em contato novamente. 

(Brandon) - Hum… Como eu disse anteriormente, temos maneiras diferentes de trabalhar e, obviamente, de pensar. Acredito que se experimentasse julgá-la menos, o senhor teria encontrado motivos cabíveis para compreender o teor da minha ideia. Toda essa resistência se dá ao fato de que o senhor continua desconfiando de cada mínima ação dela. 

(Alan) - Que estranho ser você a me dizer isso. Será que quem está se esquecendo para que veio até Duskwood, é você?

(Brandon) - Eu jamais me esqueço dos meus ofícios, delegado. Apenas estou tentando lhe dizer que ficar nesse estado defensivo, não o ajudou em absolutamente nada até agora. O senhor não percebeu?

Alan arqueou uma de suas sobrancelhas.

(Brandon) - Eu já vi outras pessoas cometerem esse mesmo erro e essas pessoas eram orgulhosas demais para aceitarem que suas opiniões estavam equivocadas, o que indicava um medo insalubre de perder o poder. 

(Alan) - Hum… – Ele resmungou e desviou o olhar por um breve momento, balançando a cabeça em negação.

(Brandon) - Como seu amigo e pseudo subordinado, eu lhe aconselho a enxergar as coisas de uma forma diferente de todo o resto que está trabalhando nesse caso. O senhor aceitou se aliar a ela no início e compreendeu que os “inimigos” são melhores estando bem perto. Porém, o que o senhor ainda não entendeu é que essa aliança pode estar lhe dando a incrível oportunidade de compreender que, a verdade, pode ser muito diferente do que todos imaginam. Será que o senhor já parou para pensar que, a senhorita Folsham, pode ser a chave de tudo?

Alan se intrigou extremamente.

Enquanto isso, Adie tentava assimilar o que Jake lhe propôs. 

(Adie) - J-Jake... Primeiramente, me explique o que aconteceu.

(Jake) - Não há tempo para explicações detalhadas, Adie. Precisamos decidir logo para onde vamos e sair daqui em pelo menos 24 horas.

Adie se surpreendeu novamente.

(Adie) - O quê?! Mas eu não posso ir embora assim!

(Jake) - Porque não? 

(Adie) - Porque... Porque eu não posso deixar meus amigos dessa maneira.

(Jake) - Amigos?! – Ele se alterou. - Esses que, mesmo vendo você em perigo, escolhem ficar na defensiva, por qualquer motivo, ao invés de se colocarem em risco para ajudá-la? Sendo os mesmos a duvidarem da sua palavra, quando você os revelou a verdade sobre quem está por trás do disfarce do homem sem rosto, exatamente por se tratar do amiguinho deles que já cometeu o mesmo crime a alguns meses, mas que eles preferem duvidar que ele seja capaz de tal coisa novamente ao invés de te apoiar? 

Adie ficou em silêncio por alguns segundos e seus olhos marejaram.

(Adie) - Você não precisa falar desse jeito. 

Jake suspirou e desviou o olhar por um breve momento, se acalmando.

(Jake) - Me desculpe. Eu só quero que entenda que você é quem importa e está na hora de se priorizar. 

Ela ficou cabisbaixa por um breve momento.

(Adie) - Eu entendo isso. Mas me nego a fugir dessa maneira, ainda mais sem que você me dê uma explicação plausível para a sua decisão tão repentina. 

Adie se levantou e seguiu o caminho até às escadas, subindo-as. Jake suspirou e passou as mãos no rosto, preocupado.

Na delegacia, Alan ainda tentava entender as enigmáticas palavras de Brandon.

(Alan) - Está dizendo, em outras palavras, que eu me equivoquei e que a senhorita Folsham é totalmente inocente?

(Brandon) - Estou dizendo que pessoas com inteligências avançadas, não focam no óbvio e nem cogitam apenas uma única possibilidade. Eles se preparam para várias. Já parou para pensar que o hacker por trás de tudo pode ser alguém que o senhor sequer sabe da existência? E que o hacker que se comunicou com o senhor talvez seja… inocente?

Alan franziu o cenho, estando extremamente intrigado.

(Brandon) - Creio que não tenha pensado a respeito, mas vamos recordar que o documento enviado pelo hacker, dizia especificamente que há três hackers envolvidos em todo o crime, da qual ele lhe prometeu entregar os nomes, mas, mesmo tendo tido essa informação, durante todo esse tempo, o senhor se preocupou apenas com um deles, que é o que atuou nas investigações com a senhorita Folsham, não é mesmo?

Alan não disse nada e apenas bufou.

(Brandon) - Bem, isso tem feito com que o senhor julgue muito mal o único pilar que tem a capacidade de fazer esses hackers se arriscarem dessa forma tão extrema, a ponto de entrar em contato com a polícia e ceder informações valiosas. 

(Alan) - Pilar? Será que você pode ser mais claro com o que realmente está tentando me dizer?

(Brandon) - Não, senhor. Eu posso lhe assegurar que, no momento certo, o senhor se lembrará dessas palavras e irá compreendê-las muito bem. – Ele se levantou, esboçando um sutil sorriso ladino. - Com licença.

Brandon seguiu até a porta e saiu, enquanto Alan o olhava, extremamente intrigado.

Mais tarde, Adie estava na cozinha e havia acabado de dar uma mordida em um sanduíche de queijo que havia preparado para si. Ela estava com o semblante abatido, com o olhar distante e, enquanto comia, se distraiu com sua bagunça interna, a ponto de não notar Jake, que entrou na cozinha e se aproximava com passos lentos. 

(Jake) - Oi. – Ele se aproximou dela pelo lado direito. 

(Adie) - Oi. – Ela respondeu sem olhá-lo.

Jake a observou por alguns segundos, enquanto ela continuava indiferente e deu mais uma mordida em seu sanduíche. Notando o quanto ela estava abatida, ele suspirou e ficou cabisbaixo por um breve momento.

(Jake) - Eu queria te pedir perdão por minha insensibilidade. Eu só… estou muito aflito com a ideia de que você esteja na mira de quem me persegue.

Adie logo o olhou, intrigada.

(Adie) - Do que você está falando?

(Jake) - O que eu mais temia que acontecesse novamente, Adie, se tornou real. O homem sem rosto ou… o Richy, está sendo manipulado por alguém que está atrás de mim e, sabendo que você é o meu ponto fraco, eles querem pegá-la para que eu me revele. 

Adie ficou extremamente surpresa.

(Adie) - Q-Quem te deu essa informação?

(Jake) - Private.

Ela desviou o olhar por um breve momento e ficou pensativa.

(Adie) - Agora eu entendo… – Ela sussurrou.

(Jake) - O que você entende?

Ela voltou a olhá-lo.

(Adie) - Bom… O porquê do seu desespero para irmos embora.

Jake ficou cabisbaixo por um breve momento.

(Jake) - Eu não disse nada antes porque não queria assustá-la, mas as coisas são muito mais sérias do que você imagina. 

(Adie) - Apenas me diga… Quem exatamente está se comunicando com o Richy? 

(Jake) - Embora Private não tenha me dito um nome, eu sei que se trata do único e verdadeiro culpado: Kalih.

Adie bufou e desviou o olhar.

(Jake) - Por isso eu reforço minha proposta… Vamos embora daqui, antes que seja tarde demais. 

Adie voltou a olhá-lo.

(Jake) - Eu sei o quanto ele é perverso e jamais poderia conviver com a dor de perdê-la. Eu não me perdoaria se, por minha culpa, algo lhe acontecesse, Adie. – Os olhos dele marejaram.

Adie ficou sem palavras, olhando-o. Alguns segundos depois, ela suspirou e desviou o olhar por um breve momento.

(Adie) - Tudo bem. Nós vamos sair dessa casa. Mas… me dê pelo menos uma semana. 

Ele suspirou.

(Jake) - Adie, não temos mais tempo!

(Adie) - Por favor, Jake! Eu preciso desse tempo para resolver minhas pendências. 

(Jake) - A quais pendências você se refere?

(Adie) - Bom… As que tenho com os meus amigos e… – Ela pensou por alguns segundos. - Com o delegado. 

Jake se intrigou.

(Adie) - Eu estou prestes a ter uma participação muito importante nas investigações sobre o desaparecimento de Ted Madruga e se descobrirmos que ele também está por trás do disfarce de homem sem rosto, as investigações tomarão novos rumos. Rumos esses, que poderão ser seguidos sem mim.

(Jake) - E quanto aos seus amigos? 

(Adie) - Eu só quero resolver tudo entre nós. Não quero ir embora dessa forma.

(Jake) - Acredito que se você for sem nem mesmo avisá-los, será menos difícil de lidar, afinal, eles irão compreender melhor o que a motivou a fazer isso. 

(Adie) - Pois nós discordamos nisso. 

Jake bufou, impaciente.

(Jake) - Certo… Eu não quero discutir. Já que você precisa desse tempo, eu terei que agir de forma arriscada para protegê-la.

Adie se intrigou.

(Adie) - O que você quer dizer com isso?

(Jake) - Se você precisa mesmo se arriscar para resolver suas pendências, eu farei o mesmo. Eu vou acompanhá-la para todos os lugares que você precisar ir, até mesmo, na delegacia. 

Adie arregalou os olhos.

(Adie) - Não! Jake, você ficou louco?!

(Jake) - Se você quer se arriscar, eu não tenho outra opção, Adie. Prefiro que me peguem, ao ter que ver você ser punida pelos meus erros do passado. Aquele policial tinha razão quando disse que eu não deveria deixá-la sair sozinha, pois o perigo lá fora, é iminente.

(Adie) - Mas, nesse caso, o risco é para nós dois! 

(Jake) - Mas a culpa é apenas minha e você não tem que pagar por ela de forma nenhuma!

(Adie) - Não! – Ela se levantou, olhando-o de frente. - Você está errado! - A culpa é minha e de mais ninguém! – Ela disse com convicção e seus olhos marejaram.

Jake se intrigou e franziu o cenho.

(Jake) - Porque está dizendo isso?

Ela pensou por alguns segundos, ainda olhando-o.

(Adie) - Porque eu escolhi ficar do seu lado, mesmo sabendo de todas as consequências que isso me traria. Eu aceitei que deveria viver cada dia como se fosse o último, mas isso não é algo fácil. É por isso que eu tenho que beber muito em algumas noites para conseguir dormir. Embora eu precise aceitar que tudo é temporário, parte de mim tenta acreditar que nossa história terá um final feliz, da qual nossa inocência será provada e seremos livres para ter e estar com nossos amigos e família. Sim, você ouviu bem, nossa inocência. Porque eu estou nessa com você.

Jake suspirou e desviou o olhar por um breve momento.

(Adie) - Eu me tornei tão culpada, quanto você ou… até mais. – Ela disse com a voz trêmula e logo as lágrimas desceram de seus olhos, mas ela logo as enxugou. - Portanto, mesmo que pareça egoísmo, eu não posso permitir que você se arrisque dessa forma, porque ainda não estou pronta para que tudo isso acabe. – Ela acariciou o rosto dele e seus olhos marejaram novamente. - Eu preciso de você aqui… comigo. 

Jake a encarava com pesar e também acariciou o rosto dela.

(Jake) - Mas eu também não estou pronto para perdê-la e não posso ficar aqui de braços cruzados. 

(Adie) - Entenda… De nós dois, eu ainda posso andar pelas ruas de Duskwood sem tanta preocupação e será apenas mais uma semana. Eu prometo.

Ele parou de acariciar o rosto dela e pensou por alguns segundos, até que suspirou e ficou cabisbaixo por um breve momento.

(Jake) - Tudo bem.

 Ela se aproximou um pouco mais e encostou sua testa na dele, ainda acariciando-o.

(Adie) - Obrigada. 

Jake suspirou novamente e lhe deu um beijo na testa.

Quando a noite chegou e todos já estavam em seus quartos para se deitarem, Adie, que estava vestida com o seu pijama, calça e blusa de mangas compridas e de cor vermelha, foi até a varanda. Ao chegar do lado de fora, ela observou ao redor por alguns segundos e parou seu olhar em direção ao céu estrelado. Após apreciar a beleza do céu, ela suspirou e ficou cabisbaixa. Alguns instantes depois, ela foi em direção à mesa e se sentou em uma das cadeiras. Dentro de si, ecoavam as suas preocupações rotineiras que lhe tiravam o sono, mas, diferente do dia anterior, ela decidiu vivenciar todas as emoções conflituosas sem o auxílio da bebida. Coagida a deixar Duskwood no prazo de uma semana, ela sentia uma intensa agitação interna. Estando com as pernas inquietas, ela começou a esfregar as mãos uma na outra e depois de alguns segundos, suspirou e se levantou. Ela olhou a sua volta e caminhou em direção aos carros. Ao se aproximar deles, ela os observou calmamente de perto, como quem não tinha exatamente um foco e estava apenas tentando se distrair.

Após observar o último carro, que era o seu, ela seguiu caminhando em direção a parte lateral da casa, onde era possível enxergar a janela do quarto de Jake, que estava com as cortinas fechadas e a do quarto das meninas, que estava com as cortinas abertas. Ela parou ali por alguns segundos e observou à sua volta, sentindo o vento leve agitando seus cabelos. Alguns instantes depois, ela olhou em direção a estrada e deu alguns passos em direção à saída, cogitando sair para dar uma volta, mas, ao se lembrar do perigo que lhe rondava, ela retornou para a varanda. Ela seguiu cabisbaixa e quando estava se aproximando da mesa novamente, notou que havia alguém sentado ali e, ao olhar em direção, viu que a pessoa também a notou.

(Jessy) - Oi. 

(Adie) - Jessy… O que faz acordada a essa hora? – Ela se aproximou de onde Jessy estava e parou.

(Jessy) - Eu simplesmente não consigo dormir. 

(Adie) - Hum… Entendo.

(Jessy) - E você, onde estava?

(Adie) - Bem, eu… – Ela desviou o olhar por um breve momento. - Eu também não consigo dormir e fui andar um pouco.

(Jessy) - Hum. E isso lhe ajudou a recuperar o sono?

Adie suspirou de exaustão e balançou a cabeça em negação.

(Adie) - Não.

(Jessy) - Entendo. Bem, você me faria companhia?

Ela pensou por alguns segundos.

(Adie) - Sim. – Ela puxou uma das cadeiras e se sentou, de frente para Jessy, mas logo desviou o olhar, observando os carros. 

Jessy, que a olhava, também desviou o olhar e as duas ficaram em silêncio por alguns instantes. 

(Jessy) - Posso te perguntar uma coisa?

Adie permaneceu sem olhá-la.

(Adie) - Sim.

(Jessy) - O que a fez perder o sono hoje? 

Adie pensou por alguns segundos.

(Adie) - O mesmo de sempre. 

(Jessy) - Bom… A verdade é que eu nunca soube o que sempre lhe perturba. Talvez, por nunca ter procurado saber, por estar ocupada demais só com os meus problemas. 

Adie a olhou.

(Jessy) - Mas, agora, eu estou tendo que lidar com os fatos incontestáveis sobre mim e que eu nunca havia aceitado antes. – Ela a olhou. 

(Adie) - Está falando isso pelo o que aconteceu com o Dan? 

(Jessy) - Não apenas isso, mas, esse erro, me fez enxergar os outros. – Ela suspirou com pesar e voltou a observar os carros. - Sabe… Talvez eu nunca recupere o amor do Dan e sei que mereço isso, afinal, eu fui covarde demais para aceitar o amor dele antes e perdi tempo estando indecisa. Assim como também fui covarde quando a Hannah desapareceu. Fiquei tentando evitar o inevitável e cruzei os braços por um tempo, fingindo que estava tudo bem, quando na verdade, não estava. Talvez, se eu tivesse agido desde o início, juntamente com os outros, teríamos encontrado ela mais rápido e… o Richy estaria aqui. 

(Adie) - Jessy, essa é a parte que você precisa aceitar agora, assim como eu estou tentando fazer. 

Jessy a olhou.

(Adie) - O Richy ainda está aqui.

Jessy suspirou e ficou cabisbaixa por um breve momento. 

(Jessy) - Você tem razão. O fato de não ter conseguido aceitar que ele está vivo e continua sendo o homem sem rosto, me fez cometer mais um erro, que foi magoar você. 

Adie suspirou e ficou cabisbaixa.

(Jessy) - Adie… Me perdoe por isso. 

Adie a olhou, ficando sem fala por alguns instantes.

(Jessy) - Eu sempre tive dificuldades em assimilar emoções difíceis de lidar, como por exemplo, ainda vivo em negação com o fato tão claro de que meu irmão é um cafajeste. A dor me assusta e eu tento evitá-la a todo custo, exatamente por acreditar que sempre preciso de alguém para me proteger, porque não acredito ser forte o suficiente para superá-la sozinha. Porém, eu percebi que, por mais esforço que eu faça para evitá-la, não adianta. E agora que eu estou tendo que lidar com o desprezo do Dan e não tive como me apoiar em ninguém, eu pude compreender um pouco de como você está se sentindo. 

Os olhos de Adie marejaram e ela ficou cabisbaixa por um breve momento. 

(Jessy) - Além disso, eu percebo que essa postura inabalável que você tem, não é porque de fato você não se abala, mas sim, porque não há outra saída, senão, engolir a tristeza e seguir em frente. Eu te admiro muito, Adie… – Ela suspirou. - Mas vou entender se você decidir não me perdoar. 

Adie voltou a observar os carros e ficou pensativa por alguns segundos.

(Adie) - Porque eu não a perdoaria, Jessy? Se eu também já cometi muitos erros e já precisei… e preciso… do perdão de alguém. – Ela a olhou. - Neste momento, não há tempo e nem espaço para rancor. Tudo que eu preciso agora é de você por perto.

Os olhos de Jessy marejaram e ela sorriu sutilmente. Em seguida, ela se levantou e arrastou sua cadeira para mais perto de Adie, deixando-a ao seu lado e se sentou. 

(Jessy) - Eu estou aqui com você. Vem… – Ela estendeu os braços, oferecendo amparo e Adie se aconchegou no abraço dela, deitando a cabeça em seu ombro. - Eu senti tanto a sua falta, amiga!

(Adie) - Eu também senti a sua.

Jessy deu um beijo carinhoso na cabeça de Adie e esboçou um doce sorriso. Adie também sorriu sutilmente com a demonstração de carinho e se aconchegou ainda mais no abraço de Jessy.

(Jessy) - Sinceramente, eu acho que já não conseguiria viver sem a sua amizade. – Ela deu uma leve risada. - Eu estou tão acostumada a vê-la todos os dias que, quando isso não acontece, fica tudo tão estranho.

Adie ficou séria e não disse nada. Depois de alguns segundos, ela levantou a cabeça e encarou Jessy, que a olhou de volta e se intrigou.

(Jessy) - O que foi?

(Adie) - Nada… Não é nada. – Ela ficou cabisbaixa por um breve momento.

(Jessy) - Hum… Sabe, em um desses dias em que ficamos afastadas, eu abri o chat e comecei a ler nossas conversas mais antigas, de quando a Hannah ainda estava desaparecida. 

Adie suspirou e sorriu sutilmente.

(Jessy) - Havia algumas coisas que eu tinha esquecido completamente. Como por exemplo, nossa conve… Ah, é melhor eu te mostrar. – Ela pegou seu celular no bolso de sua calça e abriu o chat. - Vejamos… – Ela procurou por alguns instantes por mensagens específicas na conversa com Adie. - Hum… Achei. Você se lembra de quando eu a questionei sobre o Jake pela primeira vez? Eu te perguntei se você enviava mensagens para “esse hacker”. 

Adie deu uma leve risada.

(Adie) - Como eu poderia me esquecer disso?

Jessy sorriu.

(Jessy) - Durante essa mesma conversa, você disse que eu também não deveria confiar em você, mas depois eu compreendi melhor o porquê você me disse isso. Você só estava tentando defender seu querido hacker.

Adie desviou o olhar por um breve momento.

(Adie) - É…

Jessy continuou vasculhando as mensagens, até que suspirou.

(Jessy) - Ler nossas conversas foi uma das coisas que também me ajudou a compreender o quanto eu estava sendo egoísta. Estamos há um tempo na mesma casa e eu tinha me esquecido de detalhes muito importantes sobre você, como por exemplo, depois que finalizamos o assunto sobre o hacker, você me perguntou se eu tinha irmãos. Eu respondi que sim e você pediu para que eu lhe contasse mais sobre eles. Foi aí que eu falei um pouco sobre o Phil e a Angela. Mas o que eu havia me esquecido completamente, é que você me disse que também tem irmãos e, ao ler a conversa, me dei conta de que nunca lhe perguntei mais sobre eles ou elas. – Ela a olhou. - Me diz, você tem quantos irmãos ou irmãs?

Adie desviou o olhar, parecendo se sentir desconfortável com esse assunto. 

(Adie) - Bem, eu… – Ela suspirou e voltou a olhar para Jessy. - Eu tenho apenas… – Ela foi interrompida com a porta da casa sendo aberta e ambas olharam em direção, vendo Dan.

Estando distraído, ele segurava uma garrafa de água mineral e ficou olhando em direção aos carros por alguns segundos. Após observá-lo, as duas se olharam por um breve momento e em seguida, Jessy suspirou e ficou cabisbaixa. Após virar um gole de sua água, Dan, que ainda não tinha notado elas ali, se virou em direção a mesa e deu dois passos, mas, ao vê-las, ele logo parou. Ele ficou levemente surpreso e as observou por alguns segundos, até que revirou os olhos, balançando a cabeça em negação e se virou, voltando para dentro de casa.

(Jessy) - Eu acho que ele nunca vai me perdoar.

Adie a olhou com pesar.

(Adie) - Talvez, nem a mim.

Jessy a olhou intrigada.

(Jessy) - Porque ele teria que perdoá-la?

(Adie) - Porque eu decidi contar a ele algumas coisas do passado, mas acho que não era um bom momento para dar tais informações e… é bem provável que ele não consiga me perdoar.

Jessy suspirou com pesar e voltou a ficar cabisbaixa.

Enquanto isso, em meio a escuridão da floresta, o homem trajado com roupas pretas e encapuzado, observava a casa dos amigos. Estando do outro lado da estrada e atrás de uma árvore, ele via Jessy e Adie, que haviam acabado de se levantarem e seguiram em direção a porta da casa, entrando em seguida. Aquele homem segurava seu celular que, depois de alguns segundos, recebeu uma notificação de mensagem e ele logo verificou do que se tratava.

CHAT:

(Jaden) - Mais um dia sem respostas e eu espero que você tenha entendido que o tempo está escasso.

(Desconhecido) - Porque não me envia logo o vídeo e acabamos com essa dúvida?

(Jaden) - O vídeo ficou no ar por um tempo, mas se tornou um documento importante do FBI, pois é necessário que encontremos o culpado com vida.

(Jaden) - Devido os resultados das ações dele, capturá-lo, transformaria qualquer um em herói.

(Jaden) - Por isso, eu volto a repetir… As fotos são importantes, mas capturá-lo, é ainda mais.

  Jaden está agora offline

O homem olhou para a casa novamente, enquanto guardava o celular no bolso de sua calça. Em seguida, ele suspirou e começou a caminhar para dentro da floresta escura.

Delegacia de Duskwood, 7:02 am

No dia seguinte, Alan havia acabado de chegar em sua sala e, após deixar uma pasta preta, que continha uma folha impressa em seu interior, seu celular e a chave de seu carro sobre a mesa, ele foi até a janela, que ficava atrás de sua cadeira e abriu um pouco a cortina. Ele observou o dia iluminado que estava lá fora por alguns segundos e foi interrompido por três batidas na porta, o que o fez olhar em direção.

(Alan) - Entre. 

Ele se virou, puxou sua cadeira e se sentou, enquanto a pessoa entrou em sua sala e se aproximou de sua mesa.

(Brandon) - Bom dia, senhor delegado.

(Alan) - Bom dia, Brandon! Sente-se. – Ele apontou para a cadeira do outro lado da mesa, à sua frente.

Brandon se sentou e encarou o delegado, que também o olhava.

(Brandon) - Como passou a noite?

(Alan) - Bem. Mas tenho que confessar que suas palavras de ontem me renderam algumas horas de raciocínio, para chegar a uma decisão.

(Brandon) - E qual é a sua decisão, senhor?

(Alan) - Hum… – Ele deu uma leve risada. - Você venceu. Eu vou permitir que a senhorita Folsham faça parte do próximo interrogatório, embora isso ainda me incomode profundamente. 

(Brandon) - Eu tenho certeza de que o senhor não vai se arrepender por isso.

(Alan) - Bem, ainda é cedo para afirmar isso, porém, devo ressaltar que essa minha decisão vem acompanhada de uma condição.

Brandon arqueou uma de suas sobrancelhas.

(Brandon) - E qual seria?

Alan pegou a pasta preta com a folha impressa e a abriu. Em seguida, ele colocou a pasta aberta sobre a mesa, virada para Brandon.

(Alan) - Depois de nossa conversa de ontem, eu fui levado a formular algumas teorias diferentes das que tive, até então. Ao fazer isso, me atentei melhor para uma das informações contidas nesse documento, que diz que um dos hackers envolvidos no crime não teve absolutamente nenhuma informação divulgada, ou seja, ele ainda tem total autonomia para agir e para ir e vir a qualquer lugar. Isso me fez pensar que, talvez, esse criminoso possa estar bem perto de nós ou até mesmo, tenha falado com algum de nós cara a cara. 

Brandon assentiu com a cabeça, concordando com a teoria do delegado.

(Alan) - Bem, mas além dessas novas teorias que formulei, eu pude compreender algo muito mais interessante e que estava diante dos meus olhos a muito tempo, mas que eu não havia notado. – Ele escorou os braços na mesa, olhando Brandon diretamente. - Suas falas a respeito dos detalhes desse documento, me fizeram perceber que você sabe muito mais do que tem demonstrado, em outras palavras, ficou claro que você sabe muito bem quem é o hacker que entrou em contato comigo. Portanto, estou disposto a acatar sua ordem disfarçada de sugestão, mas devo lembrá-lo de que estamos nessa investigação juntos e, se de fato é tão importante incluir a senhorita Folsham nesse interrogatório, eu exijo, como delegado de Duskwood, que você me diga o nome desse hacker e me explique o porque você não o prendeu naquele dia. 

Brandon engoliu seco, mas manteve sua expressão neutra e permaneceu encarando o delegado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada por chegarem até aqui! ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dear Hacker - Duskwood Continuation (Em Revisão)" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.