Plano B escrita por Kuchiki001


Capítulo 2
Doação




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Desliguei o celular frustrado. Aquela era a quinta ligação que eu fazia em menos de duas horas para o quinto banco. Eu não desistiria tão fácil com um simples não. Eu era um homem de negócios, por mais que eu estivesse falido e na miséria. Eu precisava apenas de um grande empréstimo e eu me ergueria como uma fênix renascida das cinzas. 

 — Você ainda está nessa?

Olhei em direção a voz, a esposa do meu tio estava descendo as escadas e balançava a cabeça negativamente.

— Pensei que já tinha desistido e iniciado a busca por um emprego de verdade. —jogando seus longos cabelos escuros para trás, ela me olhou com um olhar de decepção.

Shiba Miyako era uma modelo em ascensão, casada com meu tio Kaien e possuía sua própria grife de roupas horrorosas e caras. Coloquei meu melhor sorriso no rosto e me levantei do sofá. Pegando a bolsa dela do cabide a entreguei.

— Tia... —falei como se eu não quisesse nada.

Estreitando os olhos, ela pegou a bolsa e disse:

— Você só me chama assim quando quer pedir algo. O que é dessa vez? Mais dinheiro?

Sorri constrangido, eu não conseguiria manter meu sorriso falso por muito tempo então o desfiz e comecei a implorar. “O não eu já tinha agora só me restava correr atrás da humilhação.”

— Só preciso que me empreste o dinheiro que preciso, eu juro que devolvo tudo com juros, assim que meu negócio começar a prosperar, claro.

Miyako me olhou e suspirou.

— Em vez de se enfiar em mais dívidas, por que não começa a trabalhar em uma empresa? —perguntou e suas palavras ditas em seguidas foram como facadas em meus pulsos. — Você não tem nenhum talento para fazer negócios.

Encostei-me na parede me sentindo derrotado. Nos meus vinte e oito anos não tinha encontrado alguém tão direta quanto essa mulher sem coração. Eu ainda era jovem e tinha prometido que seria um homem bem sucedido e eu estava há um passo de conseguir, ou dois beirando um três, mas eu conseguiria.

— Não fique triste, afinal são poucos que nascem com esse dom... Você não era formado? Por que não exerce sua profissão? —me perguntou.

Pego os sapatos dela no pequeno armário ao lado da porta e coloco no chão.

— Não tenho interesse.                     

E eu realmente não tinha, em fim, eu precisava de dinheiro, mas a herança que minha mãe me deixou eu investi em um restaurante de frango frito, no final meu sócio me passou a perna e fugiu com todo meu dinheiro. Meu pai não atendia minhas ligações desde que me expulsou de casa. Eu tinha perdido todo o investimento que ele colocou em mim. Eu não tive culpa se a bolsa de valores estava muito instável e não deu muito certo.

Agora eu estava morando de favor na casa do meu tio e devendo a deus e o mundo, pensando em fazer pacto com o diabo. Não me importaria de vender a minha alma desde que valesse muito dinheiro.

—Tia, sabia que o índice de desemprego no Japão é ridículo?  E não tenho interesse de ter um chefe, eu quero ser o chefe... Para isso preciso de um empréstimo. —tentei sorrir, mas a cara que ela fez não era de quem abriria a carteira tão fácil.

— Não tenho dinheiro para te emprestar e nem peça para seu tio! Eu sei que anda esvaziando os bolsos dele.

Faço uma careta, aquela mulher era uma mão de vaca.

—Se investir em mim. Garanto retorno imediato... Depois não diga que não te avisei.

Miyako entortou a boca e pegando da bolsa o celular o atendeu:

— Sim... Amiga eu sei onde é... Huhum! Prometo que estarei aí em... — olhando para o relógio. — Menos de meia hora.

Olhei para o que ela vestia e percebo que está bem arrumada: vestido justo, maquiagem feita e estava usando um colar ridículo de caro.

— Olha Ichigo, vou pensar no seu caso. Agora preciso ir encontrar minha amiga.

Dou um sorriso sem mostrar os dentes.

— Se divirta! —abri a porta para que ela saísse e dei um tchauzinho. —Pense com carinho na minha proposta.

Fechei à porta e cocei a nuca, agora só me restava recorrer aos meus amigos de faculdade.

***

Deitado no sofá eu suspirava frustrado com o rumo que minha vida estava tomando e engraçado que o culpado de tudo estar uma bosta era eu mesmo. Talvez Miyako tivesse razão e eu deveria pensar em outra forma de me tirar do buraco que eu mesmo me joguei e falando na esposa do meu tio, ela que já tinha voltado do encontro com sua amiga há um bom tempo, estava agora trancada no quarto com Kaien.

Não que eu tivesse interesse ou me importasse no que eles estavam fazendo, eu tinha falhado miseravelmente em convencê-la a investir seu dinheiro nos meus negócios e de quebra ela proibiu meu tio de me ajudar.  Já dizia o velho ditado: “Não há nada que estivesse ruim que não pudesse piorar”.

— Ichigo sobe aqui! —Miyako me chamou do andar de cima.

Virei no sofá e fingi que não a ouvi.

— Ei! Eu sei que está acordado te ouvi suspirando.

Olho para cima e vejo a morena com um sorriso zombeteiro no rosto. Onde meu tio foi amarrar o burro? Me perguntei. Aquela mulher tinha cara de psicopata. Levantei-me a contragosto e subi os degraus da escada preguiçosamente com as mãos nos bolsos do meu moletom.

— Tenho uma proposta para te fazer... —ela começou e sorrindo pediu para que eu a seguisse a ante-sala.

Observei ela ir até o aparador que continha uma chaleira elétrica, me sentei numa poltrona e esperei pacientemente ela despejar a água quente numa xícara com um sachê de chá inglês.

— Mudou de ideia e vai investir nos meus negócios?  —perguntei sem emoção.

Ela assoprou a fumaça da xícara e tomou um gole daquele chá horrível.

— Tenho uma proposta muito melhor, se estiver disposto a aceitar... É claro. —sorrindo ela se sentou numa cadeira de balanço a minha frente. — E o melhor de tudo você não vai precisar fazer muita coisa.

Observei ela chutar as pantufas e recolher os pés enquanto tomava o chá. Estranhei. Que tipo de proposta aquela mulher teria para me oferecer, senti os pelos dos meus braços se arrepiarem.

— Quer um pouco? –ofereceu.

Neguei. O que eu queria era dinheiro.

— Que tipo de proposta é essa? —perguntei com cautela.      

— Vamos ao assunto então... —estreitando os olhos, ela sorriu para mim. — Você faria qualquer coisa por dinheiro? —perguntou simplesmente.

 —Co—como assim?

Aquela mulher só podia ter enlouquecido para me fazer aquela pergunta cabulosa.

Miyako não conseguiu conter o riso e começou a gargalhar alto.

— Relaxa Kurosaki! O que estou tentando perguntar é se você está disposto a vender seu sêmen? —perguntou e deu um gole do chá.

Fiquei alguns minutos estático, processando o que eu tinha acabado de ouvir.

— O quê? —perguntei para ter certeza que eu tinha ouvido errado. — Você quer que eu venda meus filhos?

Miyako suspirou dramaticamente e se levantou do balanço, colocou a xícara sobre a mesinha de centro e me olhou com as duas mãos na cintura.

— Tecnicamente ainda não são seus filhos. De qualquer forma iriam parar no ralo mesmo. —ela deu de ombros.

Senti o sangue do meu rosto esquentar, aquela mulher não tinha um pingo de decoro?

— Olha Ichigo... —ela continuou. —Você não quer dinheiro?

Balancei a cabeça confirmando.

—Então é só gozar num potinho. —sorriu.

Eu não sabia onde enfiar a minha cara. Aquela mulher era louca! Levantei-me da poltrona atônito.

— A questão não é essa. —tento explicar. — Sinto que eu estou vendendo meu futuro filho... Não sei se estou disposto a dá-lo para uma desconhecida.

Miyako me olhou pensativa.

— Se é por isso não precisa se preocupar, por que a pessoa que será mãe do seu filho é de confiança. Te garanto que não vai existir uma mãe incrível como ela que dará a criança muito amor e um futuro brilhante.

Tudo aquilo a meu ver era muito confuso, suspirei cansado, eu não estava desesperado a ponto de ceder minha criança para qualquer uma, meu filho seria da minha esposa, somente dela. Eu não deveria tomar decisões por impulso.

— Ela está disposta a pagar o que for preciso... Até mesmo todo o dinheiro que você precisa para seu investimento.

— Negocio fechado. —estendi a mão para confirmar. — Minha tia querida quando posso receber o dinheiro?

— Te aviso quando for o dia de coletar... Sabe... Os bebezinhos. —apontou para a minha calça.

Confirmei, aquele seria um alto custo que eu teria que pagar para realizar meus objetivos. Pensar que eu teria todo o dinheiro necessário para iniciar minha carreira de empresário me deixava animado, eu finalmente poderia me reerguer.


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