Minha história de amor brega escrita por Kuchiki001
Karakura City
Em um hospital específico, em um quarto completamente aleatório com o garoto problema...
Aos poucos os olhos de Rukia se abriram para encarar um teto de tonalidade branca, virou o rosto e observou com curiosidade o ruivo que estava sentado na cadeira ao lado de sua cama, ele estava com os cotovelos sobre os joelhos e segurava o rosto entre as mãos.
Ela tentou falar, contudo, tudo que obteve foi um grasnido do fundo da sua garganta.
— Ei, você! Precisa descansar. Não se esforce até que esteja boa. Ok? —Ichigo pediu gentilmente e em seguida abaixou a cabeça, se sentia culpado pelo que tinha acontecido com a garota que o encarava confusa.
Rukia levou a mão até o pescoço e engoliu em seco, a sensação que teve era que tinha engolido agulhas.
— O que aconteceu? —ela perguntou roucamente.
— Você teve reação alérgica ao ácido acetilsalicílico que te dei... Eu não sabia que você era alérgica... Eu... Eu... Sinto muito, por minha culpa você quase...
Colocando a mão sobre os cabelos macios do ruivo, Rukia riu da própria situação que para ela era ridícula.
— Por que está rindo? —Ichigo perguntou sem entender ao olhar para ela.
— Não é nada, só que nem eu sabia que tinha alergias. Digamos que eu sempre fui uma garota patética e...
— Não fala isso Rukia... Não tem graça. —Ichigo agarrou a mão dela que estava em seus cabelos e acariciou gentilmente.
— Ok! Tudo bem de qualquer forma eu já estou ótima. —sorriu.
Ele a olhou e suspirou se sentindo aliviado.
— Então onde estou? —Rukia perguntou ao desviar os olhos dele e olhou ao redor percebendo que estava em uma cama de hospital, em seu braço um soro espetado com um líquido amarelo. Soltou sua mão e tentou se sentar, mas Ichigo a impediu.
— Continue deitada. Você está no hospital central de Karakura.
Rukia arregalou os olhos. Aquele hospital não era público e muito menos barato.
Estava ferrada. Não tinha um tostão no bolso e não podia pedir para sua irmã.
— Preciso ir embora! Não tenho como ficar aqui. —afastou as cobertas para o lado pronta para correr se fosse preciso.
Ichigo segurou nos ombros de Rukia impedindo que ela caísse no chão.
— Ficou maluca? Você nem consegue ficar em pé! Por que quer ir embora? —perguntou com o cenho franzido.
— Você não entende... Eu... Eu...
— Você? —Ichigo incentivou Rukia a falar, não estava entendendo mais nada.
Sabia que aquela garota tinha uns parafusos soltos, mas por mais que se esforçasse não conseguia entendê-la.
— Quero ir embora, já estou bem. —Rukia sorriu nervosamente enquanto se firmava e soltava as mãos do ruivo de seus ombros. — Viu.
— Acho melhor esperar, meu pai pediu alguns exames e você ainda não recebeu alta.
— E-exames? Você tem ideia de quanto custa um exame? Vou ter que deixar meu rim e talvez metade dos meus pulmões e não sei se será suficiente para pagar a conta do hospital.
— Relaxa! Eu sei bem como essas coisas são caras, por isso te trouxe para o hospital do meu pai e Ruki...
— Mesmo assim, eu... Minha irmã... Ai meu Deus! O que eu vou fazer? Meu pai amado! Minhas economi...
Ichigo tapou a boca de Rukia a calando.
— Dá pra você me escutar por um segundo? —pediu sem paciência. — Você está exagerando e pra começo de conversa é minha culpa por você estar aqui e meu pai sabe disso.
Os batimentos do coração da baixinha estavam acelerados com aquela aproximação exagerada. Sem saber como agir Rukia mordeu a mão do Kurosaki por puro impulso.
— Ai! Sua louca! Não acredito que você mordeu minha mão! —Ichigo estava incrédulo e com a mão dolorida. — Vai que você me passa raiva e eu morra!
— Está me chamando de cadela para passar raiva? —Rukia rangeu os dentes. — Você está pedindo para morrer! —avisou estreitando os olhos para ele.
— Vou falar para o meu pai te liberar, pelo visto você está muitíssimo bem. —Ichigo olhou para a marca dos dentes que tomava uma coloração avermelhada em sua mão.
— Não faz mais que sua obrigação. —ela cruzou os braços sobre o peito e sentou na cama.
— Você é uma ingrata e espero que depois disso nunca mais fale comi... —se interrompeu ao ver uma mancha vermelha se formar na blusa do uniforme da baixinha. — Seu braço está sangrando. —Ichigo foi até ela e estendeu a mão pedindo para ver o estrago.
Suspirando Rukia descruzou os braços e mostrou para ele.
— O soro escapou. —ela falou ao ver as gotículas escorregarem manchando a pele alva.
— Estou vendo. Se você ficasse quietinha isso não teria acontecido. —Ichigo ralhou enquanto avaliava o braço dela.
— Você que começou.
— Me desculpa, mas você me tira do sério Rukia.
Dando de ombros ela virou o rosto envergonhada.
— Vou pegar algodão e chamar a enfermeira e não pense em fugir!
— Isso nem me passou pela cabeça senhor Kurosaki. —falou irônica.
Não demorou nem cinco minutos e Ichigo estava de volta com uma enfermeira loira.
Rukia até tentou fugir, mas desistiu ao pensar que deixaria o colega chateado. Ele estava sendo tão legal com ela, e ainda se sentia meio grogue então voltou a se sentar na cama.
Estava decidida a vender um pedaço do seu fígado para pagar o hospital.
***
— Aqui estão roupas limpas para que possa se trocar. —a enfermeira as colocou sobre a cama assim que terminou de espetar o soro no braço de Rukia.
— Não é necessário, logo vou para casa. —Rukia negou educadamente.
Sorrindo de forma gentil a enfermeira fez um afago na mão da morena e falou de forma serena.
— O médico logo vem conversar com você, querida.
Rukia assentiu e suspirou se sentindo cansada.
— E então está melhor? —Ichigo perguntou enquanto se sentava na cadeira ao lado da cama.
— Estou cansada, acho que depois de comer estarei novinha em folha.
Ichigo sorriu para ela.
— Quando receber alta te levo para comer no meu restaurante preferido, lá tem os melhores bolinhos.
Rukia se ajeitou sobre a cama e o olhou.
— Só vou aceitar porque é comida de graça, já que você está se oferecendo para pagar.
Os dois riram ao mesmo tempo achando hilária aquela situação em que se encontravam.
— Espero não estar interrompendo nada.
Ichigo se levantou de supetão ao escutar seu pai entrar no quarto.
— Nã-não interrompeu nada. —ele respondeu nervoso.
Isshin analisou os papéis na prancheta que trazia em mão.
— Então a senhorita é a Matsuda Rukia, vejo que meu filho não sabe tratar bem as damas, perdoe esse otaku virgem que não herdou as minhas melhores qualidades.
— Quem você chamou de otaku seu velho tarado! —Ichigo rebateu sentindo uma veia saltar da testa.
Isshin o ignorou enquanto Rukia se segurava para não gargalhar.
— Então vejamos... Ainda não podemos te dar alta.
— Mas eu já estou perfeitamente bem. —Rukia garantiu.
— Não duvido que se sinta bem, mas precisamos fazer mais alguns exames.
— Mas doutor...
— E antes que proteste. Sua irmã já foi comunicada e autorizou sua permanência no hospital até que esteja recuperada. —Isshin completou.
— Minha irmã? Mas o que eu tenho? Eu vou morrer, Doutor Kurosaki? —Rukia perguntou desesperada.
— Fique tranquila, vou cuidar muito bem da namorada do meu filho. Apenas descanse.
Isshin sorriu e saiu do quarto.
— O que ele quis dizer com namora...
— Não liga para meu pai Rukia, ele tem sérios problemas mentais... Pode não parecer, mas ele é pirado. —Ichigo se apressou a esclarecer.
Rukia riu e fez careta.
— Está sentindo dor? —Ichigo perguntou preocupado.
— Não é isso... Preciso fazer xixi. —respondeu com as bochechas queimando em vergonha.
— Você também precisa se trocar. —Ichigo lembrou.
— O que está pensando seu pervertido? —Rukia perguntou quase explodindo de constrangimento.
— Que com o soro vai ser bem difícil... Quer que eu te ajude? —ofereceu nas melhores intenções.
— Nem ferrando! Vou esperar minha irmã chegar, falou?!
— Você que sabe!
Meia hora depois e o soro nem na metade estava.
— Caramba que lerdeza. —Rukia comentou.
Ichigo estava lendo uma revista entediante de hospital e apenas balançou a cabeça concordando.
— Você não vai para casa? Sabe, não precisa ficar aqui comigo...
— Tudo bem, eu não me importo de esperar até sua irmã chegar... Não tenho nada melhor para fazer.
Silêncio.
— Ichi... Acho que vou precisar que me ajude, mas antes vende seus olhos com essa fronha e coloque algodão nos ouvidos.
— Pra quê tudo isso Rukia? Acha que quero ver seu corpo magrelo?
— Estou me certificando de estar suficientemente segura e vou ignorar esse seu comentário a respeito do meu corpitxo.
Ichigo amarrou a fronha nos olhos e encheu os ouvidos de algodão e tateando pegou o soro no suporte fixo no chão.
— Consegue me ouvir? —Rukia perguntou enquanto os guiava até o banheiro.
— Perfeitamente. —ele respondeu.
— Assim não dá. Quero que cante qualquer música o mais alto que puder.
— É sério isso? —Ichigo perguntou descrente.
— Por favor! Entenda que tudo isso é bem constrangedor para mim.
Concordando os dois entraram no banheiro, Ichigo segurava o soro no alto, sem nenhum esforço, de costas para Rukia enquanto cantava “Teku Teku Aruko”. Rukia se acabava de rir e cantou junto com ele.
Com um esforço e com a ajuda de Ichigo, ela conseguiu se despir e vestir a camisola enorme do hospital e fazer xixi.
— Ok! Já podemos parar de cantar essa música infantil extremamente viciante e voltar para o quarto. —Rukia disse e tirou o soro da mão de Ichigo para logo depois colocar no suporte.
Assim que Ichigo retirou a venda dos olhos riu feito um condenado ao ver Rukia com a camisola do hospital.
— Você está parecendo uma vovó anã carcomida... Ai sua brutamontes! Se você continuar a me bater, logo serei eu a dar entrada no hospital. —Ichigo reclamou alisando o estômago onde Rukia o tinha socado.
— Isso é pra você aprender a não ficar zombando da minha aparência, aprenda a guardar sua opinião que não agrega em nada pra você mesmo!
Colocando as mãos em frente ao corpo em um gesto de redenção Ichigo concordou.
— Não está mais aqui quem falou.
Sentando-se na cama Rukia começou a rir sozinha. Tinha notado que quanto mais batia no Kurosaki mais sentia gosto em espancá-lo e aquilo era viciante e se deixasse queria bater mais, na verdade podia fazer dele seu saco de pancadas, não seria uma má ideia.
Sorriu malignamente em pensamentos.
— Está rindo do quê? —Ichigo perguntou com a testa franzida ao notar a expressão estranha no rosto da morena.
— Da sua cara de idiota. —ela respondeu e lhe mostrou a língua.
Torcendo a boca Ichigo se perguntou se ele era masoquista, quanto mais pensava não entendia o motivo de ainda estar ali com aquela baixinha que tirava sua paciência, mas pensar em deixá-la sozinha no quarto de um hospital o deixava perturbado.
***
Hisana encontrou Rukia dormindo pesadamente. O travesseiro entre as pernas descobertas, o lençol branco cobrindo parcialmente o corpo magro, um casaco embolado embaixo da cabeça enquanto ela babava. Observou o garoto de cabelo alaranjado que também dormia, ele estava sentado na cadeira e metade do corpo debruçado sobre a cama enquanto segurava a mão da sua irmã gentilmente. Sorriu achando a cena um tanto surreal. Conhecia bem a irmã mais nova e seu temperamento difícil. Se compadeceu do garoto que não sabia o nome e tentou imaginar que tipo de situação tinha ocorrido para ambos estarem ali.
— É impressionante como vocês duas se parecem.
Hisana desviou seu olhar para Kuchiki Byakuya, ainda custava acreditar que ele havia insistido em acompanhá-la até o hospital e praticamente tê-la a forçado a aceitar que ele pagasse a conta. Claro que ela o devolveria com juros e trabalharia ainda mais horas extras para devolver a gentileza. O encontro dos dois na biblioteca da mansão Kuchiki ainda estava fresco em sua memória e lembrar que esteve nos braços fortes do moreno a deixou com as bochechas queimando em vergonha.
Não foi sua intenção escorregar da escada enquanto tirava o pó dos livros nas prateleiras e ser amparada pelo homem, mas quando viu estava fortemente protegida entre os braços do Kuchiki, sendo segurada sem nenhum esforço enquanto ele a olhava fixamente. Havia se culpado por ser tão desastrada e quase não conseguiu se desculpar tamanho embaraço quando ele a colocou no chão.
— Ela é tudo o que tenho. —Hisana falou suavemente e caminhando foi até a cama em que Rukia estava.
Cuidadosamente retirou o travesseiro que estava entre as pernas da irmã e substituiu o casado por ele. Rukia se virou esparramando-se na cama. Hisana prendeu a respiração preocupada em tê-la acordado e suspirou ao perceber que ela ainda dormia confortavelmente e a cobriu com o lençol.
Ichigo esfregou os olhos e bocejou e assim que notou que não estava sozinho se levantou da cadeira e cumprimentou as pessoas no quarto. Admirou a mulher que pela aparência julgou ser a irmã mais velha de Rukia e não gostou nadinha do olhar esnobe do homem, que estava a acompanhando, o lançou.
Hisana sorriu graciosamente e Ichigo não deixou de comparar como as irmãs ao mesmo tempo que eram parecidas, estranhamente eram diferentes. Enquanto Rukia era uma bruta sem educação a irmã parecia gentil e delicada.
— Olá rapazinho me chamo Matsuda Hisana, eu sou a irmã mais velha da Rukia. Obrigada por cuidar dela na minha ausência. —Hisana sorriu e Ichigo corou.
— E-eu sou I-Ichigo. Kurosaki Ichigo. — limpando a garganta Ichigo se recompôs. — Não precisa agradecer. Se não fosse por mim... Ela não teria vindo parar no hospital.
Hisana ficou sem palavras e Ichigo notando a confusão da morena tratou de explicar.
— Ela estava com febre e dei uma aspirina, não sabia que ela era alérgica ao ácido acetilsalicílico.
Hisana sacudiu a cabeça em entendimento.
— Então foi isso que aconteceu... Não foi culpa sua, como iria adivinhar essas coisas? Minha irmã é muito descuidada.
Ichigo estava encantado e ao mesmo tempo embasbacado com a doçura da futura cunhada... digo, da irmã mais velha da sua colega de classe.
— Melhor deixarmos sua irmã descansar e verificar os resultados dos exames com o médico. —Byakuya sugeriu.
Hisana concordou e o olhando ternamente falou agradecida:
— Obrigada por se preocupar conosco e toda sua ajuda... mal chegou a cidade e está me acompanhando no hospital.
Ichigo sentiu que não segurava uma vela e sim um castiçal daqueles bem grandes e com um esforço interrompeu aquela troca de olhares imensamente intensa.
— Já que você está aqui eu vou embora. —ele disse envergonhado.
Hisana piscou algumas vezes e abaixou a cabeça notando que segurava um casaco grande demais para ser da irmã, agradeceu novamente pela ajuda do rapaz e o estendeu para ele.
— Esse deve ser seu casaco, certo?
Ichigo confirmou e coçando o pescoço disfarçou o embaraço, Byakuya puxou Hisana para o lado e depois de Ichigo olhar para Rukia pela uma ultima vez deixou o quarto.
***
Rukia dormiu o restante da tarde e quando acordou se viu sozinha no quarto iluminado apenas com a luz pálida dos spots no teto, procurou Ichigo pelo quarto e suspirou ao notar a cadeira vazia.
Estava morrendo de tédio quando uma enfermeira adentrou o quarto com o seu jantar, estava se sentindo deslocada sem saber as horas ou noticias de sua irmã, sua mochila estava no armário e a preguiça era maior, então quando a enfermeira terminou de retirar o soro ela perguntou:
— Você poderia me dizer que horas são exatamente e se minha irmã já chegou?
— Sua responsável esteve com você todo o tempo restante do horário de visitas permitido, você dormiu devido a medicação, por isso não a viu. —puxou o celular do bolsinho do uniforme. — Agora são 20:30, sua irmã virá amanhã para assinar sua alta.
Suspirando, Rukia agradeceu e destampou a embalagem da refeição: purê de batata; ervilhas; um filé de frango que parecia sem tempero e um potinho de salada, além de um copo de suco de laranja e um de água. Observou a enfermeira sair com o carrinho e se deitou, estranhamente não sentia fome. Fechou os olhos e perdeu as contas de quantas vezes suspirou de tédio.
Aquela noite seria longamente entediante.
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