A tal canção para çua escrita por Atlanta Claremont


Capítulo 1
Um amor cheio de fases


Notas iniciais do capítulo

Mais uma fic dedicada a minha amiga secreta e amiga de vida real também Julia. Amiga eu espero de coração que voce goste, sei que voce merece mais, porque é linda e maravilhosa.



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                       Lua cheia 

Remus Lupin tinha a estranha sensação de ser perseguido pelos astros. Começando pela lua e sua luz que o atraia involuntariamente todos os meses o transformando em algo que ele abominava, um monstro capaz de destruir impiedosamente quem estivesse em seu caminho. A lua o deixava perigoso, ele a odiava por isso, mas mesmo assim o jovem rapaz se perdia por horas a fio nas noites escuras e solitárias, pensado em como algo tão bonito poderia ser tão destrutivo. 

Ele ria ao pensar em como se identificava com o corpo celeste que não emite nenhum luz própria, era tudo uma mentira grande, exatamente como sua vida. Todos pensavam que ele era um bom garoto, e ele se esforçava para ser, contudo, sua realidade, tal como a do satélite, também tinha um lado sombrio que ele não mostrava a ninguém. Remus se sentia um impostor, seus amigos não sabiam quem ele era de verdade, estavam apenas enganados assim como as pessoas deixam se enganar pela luz da lua.

 Ele jamais se deixaria enganar por ninguém, dizia a si mesmo sempre que olhava para o céu.

  Com o tempo, passou a sentir uma estranha atração pelas estrelas. Pensou no tempo em que as ignorou por conta da lua e sentiu ainda mais raiva do astro. Diferente da lua, que era falsa e egoísta, as estrelas tinham um brilho próprio, uma luz real e um poder de fazer sonhar. As estrelas não seduzem, apenas encantam,  e sua estrela preferida passou a ser Sirius, a estrela mais brilhante da constelação de Órion, e para sua sorte, seu melhor amigo. Sirius passou a ser para Remus exatamente o que uma estrela é para o céu, um ponto de esperança em meio a uma imensidão de incerteza. Ao lado do amigo ele nunca se sentia solitário, perdido ou sem esperança. Remus poderia até ser amaldiçoado pela lua, mas passou a se considerar abençoado pelas estrelas.  Não só Sirius, mas como todos os seus amigos passaram a iluminar seu pequeno céu e o faziam uma pessoa feliz, por muitos anos Remus achava que isso jamais seria possível. Infelizmente sua felicidade foi breve e todas as estrelas da sua vida pararam de brilhar, o céu se apagou e só lhe restou a lua para voltar a amar e odiar.

 Remus voltou a ser infeliz como era antes, não, agora ele era pior. Após ter seu céu cheio de estrelas apagadas, era difícil encontrar uma luz dentro de si, de onde ele tiraria forças para continuar? Perguntava todas as noites a lua. O silêncio do astro o irritava, como a lua poderia ser assim tão egoísta, costumava pensar que ela o queria tão sozinho como ela.  Até que ela apareceu.

 

       Lua Nova

Ninfadora brilhava, não só brilhava, ela era a própria luz. Era como a lua, o sol e as estrelas. Possuía todas as cores em uma só. Sempre que ela sorria, começava pelos olhos.  Ela tinha a alma de tinta que refletia em seu cabelo que variava de cor conforme mudava o humor. 

Ele era completamente apagado até ela chegar.

— Você parece ter todas as cores- falou certa noite sem nem ao menos saber por quê.

— E você não tem nenhuma.- Ela constatou confusa.

 Remus sabia que ela era atrevida e dizia sempre o que pensava. 

— Oh, não encare como uma ofensa- a menina completou. Ela era distraída e costumava a falar coisas sem pensar, mas não era o tipo que magoava alguém propositalmente. E ele não se magoara, sabia que a moça apenas constatava o obvio, ele era o homem mais amargurado da terra.

— Não me parece ser um elogio- respondeu mesmo assim.

— A meu ver, a transparência é cor mais bonita que alguém poderia ter- Ninfadora disse olhando em seus olhos.

Maldita garota! Ele sentia extremamente vulnerável quando ela o encarava. Seus olhos eram como um espelho, e ele, que era tão bom em se esconder, sentia que ela podia ver através da sua alma. 

— Você também não é assim tão difícil de se ler. Não depois de um tempo, quando se observa bastante.

— Passa tanto tempo assim me observando?

Ela era rápida como um disparo e lembrava muito Sirius, o sangue dos Black corria em suas veias.

— Acho que apenas a conheço a tempo demais, ou bem mais que a maioria aqui da ordem.

— Você faz sempre questão de trazer que me conheceu desde criança.

— Não é uma coisa que se possa ignorar.

— Mas não deveria fazer disso algo tão importante.

— Existem coisas demais que eu não deveria fazer.

— Eu discordo, e acho que não sou a única.

— Sirius...

— Sabe que ele não reprova.

— Seu primo sempre foi um devasso.

— E pelo que eu me lembre você se aproveitou bastante disso - Ninfadora respondeu com um de seus sorrisos marotos- O que foi? Eu era criança, mas não era burra, sabia muito bem o que faziam.

— Isso foi há muito tempo. 

— Assim como faz muito tempo que deixei de ser criança

— Por que é tão insistente?

— Porque eu sei que você quer tanto como eu, só não entendo porque é tão resistente. E essa sua desculpa de que me conheceu ainda criança não me convence. Você nunca foi nenhum certinho puritano Remus, não vai me convencer que virou agora. Não quando percebo a forma que me olha.

É claro que ele não podia parar de olha-lá, parecia que estava em todos os lugares. Onde ele olhava via Ninfadora com todas as suas cores, todas as suas curvas. Ela não era mais um criança, isso era muito óbvio, mas ele tentava se convencer que sim. Assim era mais fácil não pensar a seu respeito. A prima mais nova do seu melhor amigo. Aquilo era errado de todas as formas possíveis, ele dizia a si mesmo.

— Preciso ir embora, é tempo de lua cheia.

— A lua é sempre sua fuga Remus.

— E as estrelas minha prisão.

— Como disse?

— Nada, apenas pensei em voz alta.

E fugindo mais uma vez Remus foi ao encontro da Lua.

 

Lua Minguante

— Não faça isso com ela Remus.

— Do que você está falando?

— Você sabe do que estou falando, não faça com a minha prima o mesmo que fez comigo.

Sirius o encarava sério, não havia nenhum vestígio de mágoa em sua voz, ele não era o tipo que jogava as coisas na cara, mas seu olhar revelava uma dor que nunca foi esquecida.

— Não está dizendo coisa com coisa- Remus resmungou desviando de seu olhar.

— Estou dizendo que você está tendo uma segunda chance. E como alguém que achou que nunca teria uma nova chance na vida e se surpreendeu, só posso te aconselhar que aproveite. 

— Você sabe que isso seria um grande erro.

— Às vezes a vida te traz um erro de volta só para saber se aprendemos de fato.

— Quando foi que você virou tão sentimental?

— Acho que foram os muitos anos sem sentir nada.

— Só não quero machucar ninguém, Sirius, eu nunca quis. Você sabe.

Remus queria dizer que sentia muito, que nunca quis magoar o amigo, que, no fundo, nunca acreditou que ele fosse culpado de nada, mas do que essas palavras adiantaria? Nada poderia mudar o passado.

— Mas machuca, mesmo que não veja o sangue. Nem todos os ferimentos são causados por uma mordida Remus. 

— Eu só não entendo o que ela viu em mim.

— Você nunca entende. A licantropia não define quem você é aluado, já passou tanto tempo, deveria saber disso.

Já havia passado tanto tempo e havia tantas coisas que ele já deveria saber, que ele deveria ter deixado para trás. Mas a insegurança de ser quem ele é nunca o deixou, então ele vivia minguante.

Os cabelos dela estavam sem cor, seu sorriso sem vida, ele sabia que tinha responsabilidade nisso. Ele podia ver sua luz se apagando, seus olhos estavam vermelhos e as olheiras eram profundas. Ela andava chorando.

— Você está bem? - Remus perguntou aproximando-se da menina sentada sozinha embaixo de uma árvore. Eles estavam em uma missão da ordem e o clima não era muito favorável. Ele sabia que a pergunta era um pouco ridícula porque era impossível alguém estar bem a essa altura, mas olha-lá daquele jeito, se deteriorando, perdendo a vida, sem fazer nada para impedir, era torturante.

— Sabe- respondeu Ninfadora levantando os olhos- quando quis ser uma auror sabia que seria um trabalho arriscado e a morte seria um risco.

— É normal ter medo de morrer

— Não tenho medo de morrer Remus, eu já disse, sabia que isso poderia acontecer. Só tenho medo de morrer sem ter vivido. Eu não casei, não tive se quer um filho... Eu nunca ame- mas ela cortou a palavra antes que pudesse completar e disse- nunca fui amada. Eu nem sequer fui amada.

— Isso não é verdade.

— Não diga isso, não assim dá boca para fora. Já tem mais de um ano que Sirius se foi e você se quer fala comigo. Não quero que diga que me ama agora por pena.

Ela tinha razão, em após a morte de Sirius Remus se perdeu, e nem mesmo a lua conseguia indicar o caminho de volta

 — Eu jamais mentiria sobre algo assim.

— Então por que Remus? Se você me ama, por que não permite que eu te ame em troca? Por que não aceita o meu amor? Porque você insiste em viver em uma capsula protetora quando estamos todos os dias nos arriscando, saindo sem saber se vamos voltar?

Por quê? Ele não tinha respostas para essas perguntas. Talvez porque fosse um covarde, porque tinha medo de se arriscar. Por prometer a si mesmo que nunca confiaria em ninguém, e quando confiou teve seu coração partido mesmo que acidentalmente.

—                                                                                   Lua crescente

Ninfadora não estava acostumada a se sentir atraída por caras assim. Não do tipo dele, ela sabia que era estranho, mas ela não estava preocupada com rótulos, nunca esteve. 

Ele a atraia de um jeito que louco, por alguma razão desconhecida, ela não sabia como tudo começou, mas ela sempre foi apaixonada por Remus. Desde que o conheceu. 

— Você não pode casar com o amigo do seu primo Dora, ele é velho

— Posso, sim, posso fazer o que eu quiser, você não vai me impedir.

O tempo passou, muita coisa mudou, seu primo e tudo que o envolvia foi posto em uma prisão de memórias que ela evitava acessar.  Ela foi para escola, às vezes percebia-se pensando se estava na mesma cadeira que ele sentou, e que caminhava pelos mesmos corredores que ele andou e isso era reconfortante. Mas só às vezes, na maioria do tempo, estava envolvida no seu crescimento. Primeiro beijo, primeiro namorado, primeiro termino.... Foram tantas fases até chegar o dia que ela achou que nunca chegaria. 

— Remus, é você? 

Foi em um encontro da ordem, ela o reconheceu no mesmo instante, sua aparência tinha envelhecido, mas não mudara muito. Não fisicamente, pelo menos. Ele estava magro, parecia triste, precisou de uns segundos para se recuperar do impacto que foi revê-lo depois de tantos anos. Vê-lo assim tão abatido, não era como ela imaginava. Mas ele se aproximou, e ouvir sua voz tão reconfortante fez seu coração disparar. Ele ainda era doce e gentil, tal como ela lembrava.

O tempo passou e ela percebia que Remus a seguia com o olhar toda vez que ela passava. O homem dos seus sonhos não parecia tão distante quanto antes, seu amor platônico não parecia ser tão unilateral assim, mas ele resistia, usava a diferença de idade e sua condição como desculpa. Mas Ninfadora não se importava.

    Lua cheia outra vez

Ninfadora estava cansada, cansada de olha a lua e implorar que atendesse seus desejos, seus não, seu desejo, seu único desejo. Que seu amor fosse correspondido. Ela estava pronta para desistir, estava cansada de chorar, chorava tanto que sentia que estava secando. Esse seria seu último pedido, a última lua cheia que ela imploraria pelo seu amor. Não passaria mais nenhum dia sofrendo por Remus Lupin, mesmo que ele estivesse ali, a poucos metros de distância, completamente desconcertado por ter que passar mais uma missão da ordem em sua companhia.

 

 — Eu amo você- ele resolveu dizer

— Não acredito nisso 

— Alguma vez já me viu mentir, ou brincar a respeito disso?

— Todos os dias, todos os dias vejo você fingir que não me nota, que não me ver. Você mente todos os dias Remus, mas não para mim, para você mesmo

— Eu juro por essa lua. Eu não aguento mais Ninfadora, não aguento mais me torturar assim. Eu quero você.

— Eu estou aqui, Remus, por Merlin me beija logo. 

 

Então, finalmente aconteceu, Ninfadora olhou a lua brilhando no céu, estava quase cheia, mas isso não era um problema, ela não queria mesmo que Remus fosse delicado, ele era sempre polido demais, respeitoso demais, mas ela esperou muito por esse momento. Rapidamente eles estavam despidos, ofegantes e suados. Ela se perguntava onde foi que ele aprendeu a ser assim, mãos rápidas, boca lenta. Cada parte do seu corpo passou pela língua dele. Remus fazia com que ela se sentisse devorada e amada simultaneamente, superando todas as noites em que ela imaginava esse momento. Sussurrou todas as besteiras que queria que ele fizesse, e ele jurou que fariam amor todas as noites possíveis. O desejo intenso fez com que fosse rápido, mas ambos tremiam. Deitados embaixo de uma árvore, sob o brilho intenso da lua, lua que Remus não mais temia e que Ninfadora agradecia. 

 

 

 


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