— Não sei definir o que eu e Scorpius somos. Não somos amigos, no máximo, colegas de trabalho, mas eu gosto de ficar com ele e é isso – Rose deu de ombros. – Fora isso, não suporto aquele mimadinho.

Hugo franziu o cenho, desviando sua atenção da foto sorridente de Lily Luna no feed do Instagram. Rose era estranha.

— Não suporta, mas adora se esgueirar pelos cantos escuros com ele – Dominique abriu um sorriso malicioso. – Não sei como tio Ron ainda não percebeu que dois aurores juniores estão se pegando por aí.

— Papai tem a sensibilidade de uma colher de chá para essas coisas. Ele não vai perceber se ninguém contar.

Hugo sentiu os olhos da irmã fixos em si, em uma pergunta não verbalizada.

— Fique tranquila, Rosie, eu tenho zero interesse em comentar sua vida amorosa – respondeu, voltando a deslizar o dedo pela tela do celular.

— Ótimo! Ninguém mais precisa saber sobre Scorpius e eu.

— Vocês nem mesmo tem um relacionamento e você já está toda “Scorpius e eu isso, eu e Scorpius aquilo” – debochou Domi, imitando a voz da prima. 

— Eu não tenho sentimentos por ele – respondeu Rose, ignorando a provocação e abrindo um sorriso em seguida. – Nós poderíamos sair hoje, Domi. Ir para a balada, talvez.

— E dar uns beijos por aí – concordou Domi, empolgada. – Você poderia ir conosco, Hugo. Seria divertido.

Hugo não quis comentar, mas sua ideia de diversão era bem diferente daquela. Quer dizer, ele gostava de ir a shows e baladas, principalmente com seus amigos, mas não via sentido em beijar pessoas que nunca tinha visto na vida e que, provavelmente, nunca mais veria. A verdade era que já fizera isso antes e não se sentira confortável. A princípio, só não sentiu nenhuma borboleta no estômago ou arrepio, nenhum toque o encantou, nada. Depois, sempre se sentia mal nessas situações, ansioso e com um frio na barriga completamente diferente do esperado. 

— Obrigado, Domi, mas já combinei com vovó que faríamos alguns bolos hoje – ele sorriu, indo em direção a cozinha. – E você sabe que não perco um bolo dela por nada.

A prima assentiu, sem insistir, o que agradou o garoto. No auge dos seus dezoito anos, Hugo não entendia direito seus sentimentos. Não sabia definir o que sentia e por isso não conversava com ninguém sobre. Por diversas vezes, pensou que havia algum problema consigo mesmo, mas após algumas noites em claro e litros de café sem açúcar, descartou essa ideia. As pessoas gostavam de coisas diferentes. Victoire amava falar francês, enquanto Domi havia desistido na terceira aula. Teddy detestava café. Albus não gostava de filmes de terror. E Hugo Weasley não queria “dar uns beijos por aí”.