“You said you care, and you missed me too.”

Eu estava nervosa, e a forma com a qual eu enrolava e desenrolava uma das mechas do cabelo deixava isso perfeitamente evidente. Embora eu detestasse aeroportos, era a primeira vez que realmente me sentia ansiosa por estar em um. Finalmente, estava de volta a minha casa. De volta à Londres.

De longe, avistei uma figura loira que conhecia muito bem. Scorpius não havia mudado muito em dois anos, exceto pelos fios de cabelo que pareciam mais longos do que da última vez que nos vimos, e a barba por fazer era um charme que eu não me lembrava de ter visto antes, mas que lhe caía muito bem.

Sem conseguir me segurar, corri e quando julguei estar perto o suficiente do Malfoy, larguei as malas e pulei em sua direção, agarrando-me ao seu pescoço, abraçando-o. Scorpius, por sua vez, levou as mãos à minha cintura, onde me segurou, até conseguir retirar os meus pés do chão.

— Eu senti tanto, tanto a sua falta! — confessei, em um sussurro.

Quando Scorpius colocou-me no chão, pude ver o seu sorriso. E como eu havia sentido falta daquele sorriso.

— Também senti saudades — disse, ainda sorridente. — Vamos?

— Vamos. Eu sei que nos falamos quase todos os dias, mas eu ainda tenho tanta coisa para te contar! — falei, empolgada.

Ele assentiu e, em seus olhos, percebi que havia alguma coisa estranha, mas nada disse.

(...)

Scorpius me ajudou a desarrumar as malas e a guardar tudo em seu devido lugar. Quando terminamos, o Sol já estava se retirando do céu, dando espaço às estrelas, e eu joguei meu corpo na cama e fechei os olhos, sentindo-me exausta. Fazia tempos que não deitava sobre aquele colchão, tinha me esquecido de que era tão macio.

— Rose — chamou-me Scorpius.

Automaticamente, abri os olhos e, ainda com o corpo deitado, ergui a cabeça, para poder olhá-lo.

— O que foi?

Eu conhecia bem o olhar que Scorpius me lançou. Era o olhar de quem estava escondendo alguma coisa. Não uma bobeira, mas algo importante, que o fazia se sentir culpado.

— Eu preciso que você prometa que não vai enlouquecer, ok? — o loiro praticamente suplicou.

Apesar de hesitante, eu concordei.

— Ok. — Ele suspirou, como se precisasse reunir coragem. — Eu pedi a Alice em casamento no último sábado.

Eu sei que existia uma série de sentimentos que poderiam tomar conta de mim no momento em que ouvi suas palavras. Felicidade, alegria, ciúmes, até mesmo inveja, mas nenhum deles representava o que eu estava, de fato, sentindo. Mas sei que eu definitivamente não deveria ter sentido o meu coração se partindo em milhares de pedacinhos.

— E o que ela disse? — perguntei, com certo receio da resposta.

— Ela aceitou — respondeu ele, sorridente.

Por mais que soubesse que deveria ficar feliz pelos meus amigos, não consegui. Senti-me caindo em um abismo, de onde não conseguiria sair tão cedo.

Mas o que eu poderia fazer? Meu primeiro amor ia se casar, e ele nem sequer sabia dos meus sentimentos.