Dinastia 3: A Rainha de Copas escrita por Isabelle Soares


Capítulo 28
Capítulo 28




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Edward e Emmett observavam as tropas militares fazerem o seu desfile. O rei via que seu irmão estufava o peito com orgulho. Suas mãos na testa em sinal de saudação nem tremiam, embora, na idade dele, isso costumasse acontecer com frequência. Ele sabia o quanto aquilo era significativo para o irmão e tentou manter a mesma postura.

Em sua mente uma música não parava de tocar. Era uma antiga. Achou que ela havia se perdido dentro de si mesmo. Já que nunca a registrou. Sabia o que aquilo significava. O busto de seu avô encoberto pelo pano ainda o fazia voltar no tempo. Para um lugar não muito bom. Olhou para Emmett novamente e ele ainda estava concentrado. Não conseguia deixar aquela música fora de seus pensamentos e nem mesmo as lembranças que ela traziam. De repente, de leve, os seus dedos começaram a mexer. Eles simulavam os acordes no violão. Aquilo de alguma forma trazia- o paz. Então gostou. Era capaz de tocá-la inteira se estivesse com um violão ali. As memórias agora o tomavam e simplesmente se deixou levar.

Novembro de 1999

— É uma música bonita. – Chô falou para o Edward de 13 anos enquanto ele tocava em seu violão. – Já tem uma letra?

Edward não respondeu a princípio. Estava ocupado em gravar aqueles acordes em sua mente. Mas é claro que tinha. Primeiro ele criava a letra depois a melodia. Sempre foi assim, porém não tinha como a sua amiga saber daquilo. Ela não entendia nada de música.

— Não gosto quando fica assim. Parece que sai do corpo.

Então, o príncipe parou de tocar de repente e olhou para ela. Não queria que Chô o achasse esquisito também. Aquela garota era sua única amiga.

— Eu escrevi uma letra... Mas não é nada demais.

— Canta pra mim.

O seu rosto esquentou, podia jurar que suas bochechas estavam rosadas. Abaixou logo a cabeça para que Chô não visse. Emmett sempre disse que esse negócio de corar que nem menina era coisa de “maricas”. Ele não era um. Pegou o violão e cantou baixinho, mas num tom que sua amiga pudesse ouvi-lo.

Sinto tudo flutuar

Eu começo a balançar

Isso é você nesse momento?

Por que tudo parece um grande tormento

Atenda o telefone!

Você não fica bem sozinho.

Por que está sentando ai no chão?

Que tipo de coisa você tomou agora?

Edward parou de tocar. Sentia que suas mãos já não conseguia acompanhar os comandos do seu cérebro. As lágrimas já ameaçavam a querer escorrer. Chô pegou a sua mão e a união a dela. Seus olhos diziam tanto. Ele queria dizer naquele momento que ela era a menina dos seus sonhos.

— É para Emmett, não é?

Mas uma vez o silêncio imperou. Não se sentia bem em falar sobre o que acontecia em sua família. Na verdade, era algo que ele queria preservar. Tudo sobre eles saia nos jornais. As pessoas falavam sobre cada acontecimento e achava que os conheciam. Então, se pudesse preservar alguma cosia, ele assim o faria.

— Eu soube do “clube”. Acho que todos sabem que lá...

— Eu não quero falar sobre isso, ok?

Era vergonhoso demais para Edward saber que seu irmão estava usando aquelas coisas. Mamãe e Papai sempre disseram que não podiam. Emmett tinha dito que era só maconha e não fazia nada de mal. Mas ele já tinha visto como ele ficava depois de misturar essa coisa do mal com uma porção de bebida que tomava. Isso o assustava, o deixava incrédulo. Não conseguia associar aquela figura boa, alta, sorridente que tinha uma energia tão boa com aquele monstro violento que gritava e quebrava as coisas ao redor. Tremia só em lembrar. Tinha medo de como isso iria parar.

Toc Toc Toc

— Acho que tem alguém na porta. – Chô afirmou.

— Entre. – Edward falou com a voz embargada.

O segurança do príncipe entrou. Sua cara não era uma das melhores. Edward tremeu. Alguma coisa tinha acontecido com Emmett. Podia sentir. Respirou fundo por que estava começando a ficar sem ar.

— Alteza... Seu avô teve outra parada cardíaca.

Sentiu as mãos de Chô tocá-lo. Era a única coisa que o conectava com o mundo em sua volta. Por que parecia que aquela frase fazia tudo balançar. O inferno parecia abrir as portas.

Emmett ouvia o seu irmão discursar e sentia orgulho. Se admirava a maestria como ele conseguia escolher as palavras certas. E olha que o velho Pierino precisava de muito talento para descrevê-lo da melhor forma. Quando se lembrava de seu avô, vinha a mente sempre aquela imagem de um homem grande, gordo e carrancudo que muito se assemelhava os seus superiores no exército. Total oposto de seu pai que era um cara bacana. Sabia que boa parte de Belgonia tinha agradecido aos céus quando Carlisle se tornou rei. Balançou a cabeça. Sabia que era algo ruim para se pensar de alguém de sua família. Mas o que podia fazer? A relação deles nunca foi de ao menos um coleguismo.

Edward encerrou o seu discurso e todos bateram palmas hipnotizados. Emmett sabia que o irmão tinha esse poder maluco de encantar as pessoas. Era algo inexplicável. Sua voz não era grave, não gritava, falava com um tom de serenidade, mas sempre efusivos em suas palavras. As pessoas ficavam abobalhadas diante dele.

Tiraram o pano do busto do antigo rei e mais palmas soaram por toda a sede do batalhão. Emmett tinha que admitir que havia ficado bem bonito. Pieerino teria gostado de ser homenageado como patrono oficial do exército do país que sempre se orgulhara.

— Você virá para o palácio comigo? – Edward perguntou ao irmão alguns minutos depois.

— Vai me dar uma carona, maninho?

 - Se quiser...

Lá estavam dois “coroas” de seus mais de 60 anos agindo como dois irmãos adolescentes. Edward não conseguia agir diferente de um garoto acanhado diante do irmão. Emmett tinha uma coisa de superior que ele não conseguia explicar. Nem tentaria. Achava que era algo sobre ser o mais velho. A hierarquia imaginaria que existia nunca quebraria, mesmo estando ele sendo o rei, teoricamente acima de todos dentro da família real. Mas o que isso importava? Antes da coroa, havia laços familiares como qualquer família por aí.

— Belo discurso! – falou. Edward olhou meio supresso para Emmett depois de longos minutos de silêncio no carro. – Vovô deve estar contente lá de cima.

— Obrigado.

Depois disso. Silêncio novamente. Edward se perguntava quando aquele véu imaginário que se estendia sobre ele e Emmett sumiria. Nunca iria ficar completamente confortáveis como antes novamente?

— Você lembra quando ele se internou no hospital pela última vez?

Claro que Emmett lembrava. Quer dizer, não podia dizer que estava muito sóbrio naquele dia em questão. Mas de certa forma o momento exato que seu “grande dia” tinha chegado não havia sido menos dolorido do que o tiro que levou certa vez no exército.

Novembro de 1999

 A música soava no porão. Sua cabeça começava a flutuar. Era uma sensação boa. Enquanto a fumaça saia do seu corpo sentia a liberdade que ele jamais poderia ter. Enquanto estava ali naquele espaço minúsculo com os seus amigos, fumando seu baseado e ouvindo uma porcaria de música que nem conseguia identificar qual era, pela primeira vez não era o príncipe. Era apenas quem ele queria ser, Emmett.

— Divide um pouco comigo. – Uma garota loira qualquer que talvez ele conhecesse chamou a sua atenção. O seu rosto estava meio embaçado. Sorriu. Tudo estava turvo, na verdade.

— Por que não vem pegar aqui na minha boca? – deu um sorriso maroto. Sabia bem quanto era perigoso ficar com qualquer menina. Elas eram interesseiras. Faziam de tudo para virarem princesas. Mal sabiam o inferno que era ser da maldita realeza. Sabia que teria que escolher alguém para se casar os negócios da família exigiam isso. Mas agora? Foda-se. Queria apenas aproveitar aquele momento.

A garota se enroscou nele e o beijou. Não sabia se aquela “mina” era bonita. Não importava. Ela deixava o “seu pau duro” com aquele jeito de beijar. Sua língua era gostosa ou seria o fato de estar chapado? Não importava. Queria continuar aquilo.

— Por que não cheira um pouco disso? – O que ela disse? Parou de beijá-lo por qual motivo?

Ela estendeu o pó branco em sua frente. Não estava entendendo direito. A maconha deixava sua mente devagar. Apenas afastou aquilo da frente dele e pegou na cintura da garota.

— Não sabia que tinha um careta aqui. – Ela o zombava. Os seus amigos riam.

— Eu não sou careta. – Sua língua parecia embolada.

— Qual é irmãozinho? É só uma cheirada pra animar a nossa festinha.

Não queria. Na verdade, já estava chapado o suficiente para conseguir o que queria: Fugir da sua vida de merda. Fumava maconha há um tempo. Bebia desde que entrara em Hollywarts. Era algo comum. Fazia parte quando queria ser apenas “legal”. Via aquelas reportagens sobre as drogas nos subúrbios e tinha vontade de rir. Os ricaços usavam mais do que os pobretões. Era tão fácil conseguir um baseado quanto um copo d’água no meio dele quando se estava com as pessoas certas.

Desde que começara a fumar pela primeira vez, sentia que tudo era bom ao seu redor. Santa maconha! Era libertador estar ali naquele porão com pessoas que o compreendiam e sabiam bem o que ele passava. Era muito bom não ser tratado como um idiota com uma coroa na cabeça. Odiava bajulação, mas detestava ainda mais estar preso aquelas convenções chatas. Sente direito! Fale aquilo! Pense desse jeito! Vista isso! Aprenda, você não é estúpido! Argh! Queria poder apenas criar as próprias regras.

De repente, a música parou. Ele havia dormido?

— Cara! Teu vô foi internado.

Aquela frase entrou no seu subconsciente e ficou. Não sabia como. Mas acabou toda aquela sensação boa de entorpecencia. Ele foi trazido de volta à realidade. Seu avô havia sido internado. Lembrava quando isso tinha acontecido pela primeira vez. Seu pai tinha virado regente e ele... Não queria pensar naquilo. Era assustador saber que em breve seria o príncipe herdeiro. Dois anos parecia pouco tempo para caso Carlisle virasse rei agora. Não. Detestava o fato de que agora sua vida não seria mais sua. Iria ter um roteiro para todas as suas horas. Um figurino para cada situação. Fotógrafos, mil deles. O fim da diversão e muito trabalho entediante. Aquilo não poderia estar acontecendo.

— Quer saber? Acho que uma carrerinha dessa não vai fazer mal.

A garota loira despejou o pó branco na capa do seu caderno. Ele enfiou o nariz direto na fonte e aspirou tudo o mais rápido que pôde. Ouviu risos ao seu redor. A “mina” agora lambia sua orelha. Era a primeira vez que experimentava cocaína. Era o começo de um longo caminho.

Fechou os olhos em busca da escuridão, mas agora seu coração parecia querer sair do peito.

— Sim, é claro que me lembro. – Emmett respondeu ao irmão. Mas na verdade, queria mesmo era apagar aquele momento de filme de terror da sua cabeça para sempre. 

Esme: Sua Verdadeira História – Capítulo 28: Nuvens negras à vista

Sabe aqueles dias que nada demais vai acontecer? Era uma sexta- feira, os compromissos para o fim de semana eram reduzidos e para nós que tínhamos poucos dias de folga era algo realmente abençoado. Lembro de estar sentada com Carl na mesa tomando o nosso café na manhã do dia 19 de novembro de 1999. A rainha tentava organizar os seus pensamentos com sua secretária pessoal pela décima vez. Olhei para o meu marido e trocamos olhares.

— Simplesmente estou ficando com a memória mais curta. Não é possível que eu tenha esquecido o que aconteceu naquele encontro. Foi com quem mesmo?

— Senhora Hustin. – disse a paciente secretária mais uma vez.

— Tenho que andar com alguém ao meu lado para confirmar tudo que vier acontecer. Vai que eu firmo alguma parceria ou prometo algo? Seria um desastre total a pessoa vir me cobrar e eu simplesmente ter esquecido até do nome dela.

— Isso é normal, majestade.

Carlisle grunhiu. Ele detestava esse hábito dos funcionários de esconderem a realidade da gente.

— Mamãe, por que não procuramos um médico? Pode ser alguma falta de vitamina.

— Eu posso leva-la, se a senhora quiser. – me ofereci.

Ela nada disse. Desconfiávamos a algum tempo que ela poderia estar desenvolvendo Alzheimer. Sua memória já vinha deteriorando por uns meses. Primeiro esquecia pequenas coisas, como as chaves, sua agenda, até se transformar em algo maior como o que fez nos compromissos. Eu me compadecia daquele sofrimento. A essa altura, nosso relacionamento era tolerável. Desde o primeiro infarto, quando assumi boa parte de suas funções, meio que a compreendi em muito de suas ações e ela compreendeu que eu não era a sua inimiga. Tínhamos um objetivo em comum e algo maior para proteger.

A confirmação do Alzheimer veio a se confirmar depois, mas naquele momento havia algo mais urgente. O rei havia tido outro ataque no coração em seu escritório. De repente, era como se tudo de bom tivesse desaparecido. E aquele sol que estava no céu, para nós, havia sido encoberto pelas nuvens.

Não poderia dizer que estava tudo bem em nossas vidas naquele momento. Na verdade, uma sucessão de acontecimentos vinha perturbando o nosso chão. Emmett era o assunto dos tabloides e infelizmente não por motivos bons. Porém, não era isso que me incomodava, mas sim o fato de ele estar bebendo.

Quando eu soube que meu filho tinha começado a ingerir bebidas alcoólicas aquilo foi um baque. Mas culturalmente, eu sabia que era algo aceito. Fazia parte do processo, afinal ele naquela altura já tinha dezesseis anos. Todo jovem da sua idade já tinha experimentado. Eu cresci vendo amigos da minha idade bebendo e fumando. Era tudo muito natural. Entretanto para uma mãe que sonhou uma vida perfeita para seus filhos não era.

Fiquei com raiva, essa é a verdade. Me lembro de ter ido até ele e tirado satisfação. Proibido até de fazer coisas que eu acreditava que ele amava como um castigo. Porém, como um adolescente, eu não tinha muitas garantias.

— Essie não adianta sermos tão radicais com ele. – Carlisle falou. – Temos apenas que ficar de olho.

Então, ele intensificou a vigilância dos seguranças em torno dele. Que o repreendesse ou ligasse para nós sempre que algo errado acontecesse. Mas é como diz o ditado: “Tudo que é proibido é mais gostoso.”. Certa noite, o nosso telefone toca na madrugada. Era o segurança de Emmett avisando que ele havia saído com amigos e aquilo havia virado uma bebedeira numa boate.

— Retire ele daí imediatamente! – Carlisle gritou ao telefone.

Eu tremi de raiva, pior, eu senti algo dentro de mim que parecia um grande buraco. Eu tinha vontade de chorar, de gritar, de sair por ai. Era algo que eu não conseguia explicar. Uma sensação muito ruim.

Quando ele chegou no palácio, eu não quis saber de nada. Foda-se a classe, a educação e tudo mais. Gritei com ele. Disse coisas horríveis. Carlisle apenas me segurava. O pior de tudo era que Emmett me olhava com um olhar diferente. Não era aquele garoto ingênuo que nos respeitava. Tinha um olhar de rebeldia, que me parecia uma afronta. No minuto que percebi que algo nele havia mudado, pra mim, aquilo era o fim. Parecia que eu o tinha perdido. Comecei a chorar e sai do cômodo. No outro dia, todos os tablóides divulgavam a foto do meu filho completamente embriagado saindo da tal boate.

Durante aquela altura, não havia como controlarmos a imprensa. Haviam paparazzis em tudo quanto era lado e a indústria dos tablóides era gigante. Não havia mais sossego algum. Para piorar a situação, as fotos haviam sido tiradas por um anônimo com sua câmera e vendida por sei lá quantos dólares.

No dia seguinte, foi um escândalo. Em 1998, a imagem de Emmett era de alguém bonito, popular, bom em esportes e muito promissor. Agora temos um playboy bêbado saído de uma boate. Fiquei tão abalada que me reclusei. Depois de ter gritado com o meu filho, apenas fiquei quieta no meu canto, tanto absorver tudo. Carlisle tomou as rédeas o levando para visitar um centro de dependentes. Aquilo também foi uma resposta para o grande público. “Vejam! Estamos aqui resolvendo o problema.”.  O caso foi abafado, mas nunca esquecido.

Hoje sei que foi a decisão mais estúpida que eu poderia ter tomado. Eu sabia bem qual era o problema dele. Emmett tinha medo de seu futuro, acima de tudo, tinha receio de crescer. A culpa era toda nossa, minha e de Carlisle. O protegemos demais, aliais, todos os nossos filhos. Afinal de contas, qual pai quer ver seus filhos sofrerem? Mas que tipo de mãe eu realmente era? Trabalhava com saúde mental. Por que não tentei conversar com ele? Tentar uma ajuda psicológica? Sim, eu me culpo bastante.

Naquela manhã de novembro seria então pior que imaginávamos. Primeiro, o meu sogro nos surpreendeu ao ser encontrado desmaiado em seu escritório. Não era como se não soubéssemos que aquilo não poderia acontecer. Ele vinha passando por cuidados desde o primeiro ataque em 1994. Mas nunca esperávamos que algo do tipo iria acontecer novamente. É aquela coisa, o que é ruim vem sem avisar.

Lá estava ele frio e inerte na pesada mesa de mogno. Carlisle e eu vimos todos os procedimentos de reanimação sem nos mexer. Parece que tínhamos virado estátuas, sem ter nem sequer qualquer tipo de ação. Graças aos anjos humanos que foram extremamente rápidos e os de Deus, Pierino estava vivo e foi internado. Outro problema no coração.

Todos no palácio andavam de um lado para outro tentando criar um plano de ação. Afinal de contas, tínhamos que estar preparados para qualquer coisa. Um funeral? Coroação? Regência? Como explicar para o público que o rei deles passou muito mal novamente e corre risco de vida? Era areia movediça até mesmo para nós.

Fiquei com Carlisle o dia inteiro. Ele estava em silêncio. Parecia que daquela vez seria pior do que da outra. Eu o abraçava e sussurrava palavras de conforto. O telefone tocava de hora em hora. “Ele está sendo medicado.”, “Vai ter que passar por uma cirurgia de emergência.”, “Temos que controlar a diabete.”. “Ele tem 75 anos, é preciso cautela.”. Mas ao mesmo tempo, Pierino era pai antes de ser rei. O filho dele sofria. O que menos queríamos era que aquela cena que tínhamos presenciado pela manhã se tornasse algo real a ponto de termos que enterrar alguém que era, apesar de distante, tão presente. Ainda mais se aquilo significasse um país inteiro contando com você.

O último telefone que atendemos naquele dia terrível veio durante o início da noite. Era um amigo de Emmett. Ele falava embasado. Pensamos que poderia ser trote, mas ele foi convicto ao afirmar que “Emmy não está acordando”. Nem esperei a conversa encompridar, liguei para a emergência. Como a imprensa toda focada no rei. Ninguém se quer desconfiou que algo estranho estava acontecendo em Hollywarts.

Carlisle e eu corremos para o hospital mais perto da escola. Emmett tinha sofrido uma overdose de várias drogas. Fiquei sem chão quando soube. Eu não fazia ideia que meu filho consumia maconha, cocaína ou lá o que mais era desesperador. Porém, naquele momento eu só queria ver como ele estava. Eu era aquela jovem mãe novamente em ameaça de aborto. Se eu não o visse, não acreditaria que ele ainda estava com a gente.

Fizeram uma limpeza nele e depois pudemos entrar no quarto. Eu só me lembro de chorar muito abraçada a ele. Passei a noite inteira assim. Pela amanhã, Emmett acordou. Carlisle e eu parecíamos dois zumbis. A minha mão apertava a dele com força. Os olhos do nosso primogênito pousou em nós e disse baixinho:

— Me desculpa...

Depois daquele dia, eu sabia que tínhamos perdido. Era uma morte. Não do corpo físico. Mas daquele menino loiro sapeca que eu vi crescer. Daquele adolescente sorridente. Do meu sonho de um filho perfeito.


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