Dinastia 3: A Rainha de Copas escrita por Isabelle Soares


Capítulo 10
Capítulo 10




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— O batom pode fazer toda diferença. – Renesme falou enquanto maquiava Katlyn, sua enteada. – Qual desses você prefere?

Katlyn passou um tempo olhando as opções, mas parecia não conseguir escolher nenhum. Renesme então começou a pôr delicadamente um pouco de cada no braço da menina para que ela pudesse ver como ficava a cor na pele dela, mas ela ainda parecia indecisa.

Esme observava tudo com entusiasmo. A filha mais velha de William, enteada de Renesme, tinha sido convidada por uma amiga para se fazer presente a uma rodada de pizza na casa dela e lá estaria presente um rapaz que a garota estava gostando. Katlyn não queria fazer feio e a princesa tentou ajudá-la a se arrumar. A Rainha sentia prazer em ver isso tudo de fora. Na sua idade ver ações corriqueiras que significam passagens importantes da vida era como ler um livro, onde observava as pessoas fazendo tudo que ela fez um dia, acertando ou errando em suas decisões e ela com a maturidade adquirida apenas refletindo sobre.

Já a princesa ainda tentava se acostumar com a idéia de que sua enteada já era uma mocinha e que o tempo passara realmente rápido ao seu redor.

— Não consigo me decidir. Qual você escolheria? Eu adoro o seu estilo! Você sempre tem as melhores escolhas!

Renesme corou como sempre fazia quando recebia elogios. A rainha se admirava disso. Uma mulher como ela, bonita, jovem, inteligente, futura monarca do país e sem se dar conta de suas próprias qualidades. Era muita modéstia.

— Obrigada, meu anjo, mas quem tem que escolher é você.

— Posso me intrometer um instante? – Esme falou depois de observar a sua neta e Katlyn se aprontando por alguns instantes.

— Claro, majestade. – Katlyn falou com as bochechas rosadas. A menina ainda não conseguia acreditar que estava convivendo lado a lado com uma princesa e uma rainha.

— É a primeira vez que sai na presença desse rapaz. Tem que parecer bonita, mas não exibida.

— Acho que vou concordar. – Renesme falou enquanto acariciava os cabelos de Katlyn. Esme adorava ver o quanto as duas desenvolveram uma amizade muito sincera. A relação das duas era muito forte, tal como melhores amigas ou irmãs, apesar da princesa ser casada com o pai da garota.

— Como você estava quando papai te viu pela primeira vez?

Renesme sorriu e olhou para baixo. Certamente lembrando do primeiro instante que pôs os olhos em William. Esme se deu conta que não lembrava quando havia sido o momento do primeiro encontro dos dois.

— Eu estava arrumada... – continuou sorrindo. – Estava num evento oficial no palácio. A festa da primavera.

— É mesmo? – Esme perguntou surpresa. – De que ano?

— Do ano que mamãe faleceu. – Renesme abaixou a cabeça. Agora com tristeza. – Henry nos apresentou.

— Perdi esse momento. – Declarou Esme. – Gostaria de ter visto vocês dois juntos num primeiro contato. Vocês têm uma química adorável.

— Na hora eu senti isso. – afirmou Renesme. – Senti algo tremer aqui dentro que nem eu mesma conseguia entender. Depois é que me dei conta que era ele o tempo todo a pessoa que eu sempre procurei.

— Ai que fofinho! – declarou Katlyn encantada! – Quero sentir isso também!

— Sem pressa, meu bem. – Renesme falou para a enteada. – Deixe as coisas fluírem naturalmente, sem ficar procurando sinais ou forçando as coisas.

— Concordo completamente. As melhores sensações vêm quando menos esperamos.

— Verdade. Não vê o meu noivado? – Renesme lembrou. – Quem poderia jurar que eu ficaria noiva numa noite de um sábado, usando calça jeans, escondida num apartamento com medo de ser achada por mil paparazzis.

— E grávida. – Esme complementou.

— Sim. Mas foi um dos melhores momentos que eu vivi ao lado de William. Por isso Kitten, não importa a roupa, as palavras, a situação, o importante é que venha do coração.

— Então, já sei. – Katlyn falou com olhos sonhadores. – Vou com o mesmo batom que usou no seu casamento, Ness, para dar sorte.

Renesme sorriu e apontou para o único vestido pendurado ao lado de tantos conjuntos de roupas dentro do guarda – roupa.

— Só se você usar com aquele vestido bem ali. Sem que não gosta muito desse tipo de roupa, mas vai ficar tão lindo em você!

— Posso ver? – Esme perguntou interessada.

Katlyn olhou com pouco entusiasmo e em seguida foi até ele e o colocou em frente ao corpo enquanto o observava sua imagem refletida no espelho.

— Não sei... Parece tão simples!

— Menos é mais, meu bem. – Renesme falou. – Roupas trazem um significado. Podem conversar com a pessoa que observa de fora e eu acho que não precisa estar extravagante, ou parecendo uma árvore de natal de tão enfeitada para conquistar alguém.

— E você parece ser exatamente o tipo de garota que esse vestido representa, doce, meiga e nada exibida. – Esme complementou. – Deixe que as suas palavras e atitudes falem por você.

— Exato. Apenas seja você mesma.

— Ok! – Katlyn falou vencida. – E combina com aquelas botas, não é?

— Claro! Você vai ficar linda! Enquanto se troca vou pegar o batom que deseja.

Renesme bateu o olho para a enteada e saiu. Katlyn entrou no banheiro para se trocar e Esme ficou separando as maquiagens que poderiam combinar com a menina, lembrando ela mesma que não se programou para seu primeiro encontro com Carlisle na Boate e pensou que talvez melhor fosse assim, apenas no improviso.

Minutos depois, Katlyn já estava inteiramente arrumada e muito bonita. Ela olhava para o espelho com satisfação e um certo nervosismo.

— Vai dar tudo certo, não é? – perguntou.

— Vai sim! Só confia! – Renesme falou enquanto a levava para a porta principal. – Lembre-se não faça nada que não queira. Se alguma coisa não te agradar saia logo sem ter vergonha nenhuma disso, ok? Não precisamos agradar sempre.

— Ok. Anotado!

Já estavam quase no fim da escada quando William chegou a casa e abriu a boca quando viu a filha toda produzida para o seu programa de sexta – feira. Abriu os braços e Katlyn foi abraçá-lo.

— Ainda bem que consegui te ver antes de sair. Você está linda, Kitten!

— Obrigada pai.

William beijou a testa da filha com carinho enquanto era observado por Renesme e Esme.

— Já sabe. Vou pedir ao motorista para te trazer às dez. Nada de querer ficar mais tempo do que isso.

— Certo.

— Se divirta e cuidado com os garotos.

— Não vá bancar o pai ciumento agora, por favor!

— Não, Deus me livre! Só não quero um genro agora.

Katlyn revirou os olhos enquanto saia do grande casarão.

— Não sou mais uma garotinha, pai, se acostume!

— Pra mim sempre será. Te amo!

— Também te amo!

Katlyn entrou no carro e William ficou observando da porta. Renesme se juntou a ele num abraço e foi retribuída com um beijo casto nos lábios. O bebê dentro dela começou a se mexer como uma pequena borboleta. Os dois se separaram sorrindo.

— Se esse bebê for alucinado por você como Bebela é, eu vou te bater.

William gargalhou e acariciou a barriga de seis meses de gravidez da esposa.

— Não posso fazer nada se sou encantador.

— Isso é verdade! – Renesme falou enquanto depositava outro beijo nos lábios do marido.

— Não é engraçado? Eu entregando uma filha adolescente aos seus primeiros encontros e ao mesmo tempo me emocionando com o chute do meu garotinho que ainda estar por nascer.

— E com outro bebê dormindo lá em cima.

— É a magia da vida, queridos! – afirmou Esme.

— Verdade. Fico imaginando qual o sentimento seu, majestade, poder olhar isso e pensar que estamos na terceira geração vinda de você e Carlisle.

— Me sinto privilegiada principalmente em saber que dei vida a pessoas muito especiais.

— Viva os acasos da vida! – Comemorou Renesme. – Bendita hora que vovô escolheu aquela boate para espairecer no mesmo dia em que você estaria lá.

— Amém.

— Sabe que esse papo merece uma macarronada! William e vovó esperem aqui que vou esquentar uma belezinha que fiz mais cedo com essa senhora aqui.

William sorriu para a esposa e observou a esposa deixá-los para ir até a cozinha. Esme adorava ver como o jornalista era alucinado por sua neta. Era nessas horas que lhe batia um dos poucos arrependimentos de sua vida. Ter colaborado com o casamento de Renesme com Alec, que só gerou tormentos para ela e ainda trouxe Aro para tornar a vida de todos um inferno. Por um outro lado pensava que o falecimento de Bella, que esse monstro de Volterra tinha colaborado com sua ambição grandiosa, acabou unindo William a princesa e que finalmente ela encontrasse o amor que sempre procurou. Tudo na vida tinha mesmo um propósito.

Alguns minutos estavam os três sentados no sofá enquanto comiam e conversavam amenidades. Era um dos passatempos favoritos de Esme. Poder estar em paz e conversando tranqüilamente com os seus, sem nenhuma preocupação com o país ou outros problemas que lhe tiraram tantos momentos assim de sua vida.

— Você já contou para a sua avó qual nome escolhemos pôr no nosso filho?

— Não e acho que ela vai adorar.

— Não me diga que é o que eu estou pensando...

— Carl. Era um apelido que significava tanto, não é? Acho que tinha uma importância maior para todos nós do que Carlisle. Quero que meu filho tenha todo o carinho, amor e as qualidades que esse nome dava para o vovô.

— Ah querida! É uma linda homenagem! – Esme falou acarinhando a barriga de Renesme.

— Seu vô amava apelidos. Não é a toa que todos temos um em nossa família.

— Ô se tem! – William falou. – Fica até difícil saber quem é quem.

— Acho que poucos em nossa família escapam de um apelido mesmo. – observou Renesme.

— Pois sim. Eu é que o nomeei assim. Ele amava o meu apelido de infância. Era Essie pra cá e Essie pra lá. – Esme balançou a cabeça sonhadora. – Achei que ele merecia um também.

— Bem nomeado. Falando nisso... Estávamos falando de noivado mais cedo. Me dei conta que nunca nos contou como realmente foi o pedido de casamento.

— E existem outras versões? – William perguntou curioso.

— Você sabe que não podemos contar tudo por aí. Imagina se eu dissesse que estava grávida quando você me pediu em casamento.

— Nem me fale!

Esme sorriu e lembrou exatamente desse momento. Carlisle tinha um ar romântico. Quando planejava algo certamente vinha do coração. Ela já mais esperou que ele pudesse propô-la até o momento em que ele se ajoelhou e fez o pedido. Ainda mais vivendo no turbilhão em que estavam. Mas ele era assim, muitos o julgavam como um homem exclusivamente de razão, mas o coração dele falava bem mais alto. Foi um dos momentos que mais lhe tirou o chão.

— Preparem-se que a história é comprida.

Esme: Sua Verdadeira História – Capítulo 10: O Noivado

Carlisle se formou como administrador público na universidade de Belgonia em junho de 1980. Foi uma linda celebração. Lembro como aquele ano foi agitado para nós dois. Como era o último semestre dele, o vi agitado, estudando para as últimas provas, fazendo o seu trabalho de conclusão de curso, escrevendo sem parar e pensando em mil idéias para pôr no papel. Eu o ajudava como podia, mas as exigências eram tantas que mal tínhamos tempo para nos ver como antes.

Ele também estava ansioso para a colação de grau. Os pais dele iriam estar lá e ele colocou na cabeça que ia me apresentar a eles. Aceitei, é claro, eu estava louca para saber a que pé estávamos realmente. Mas estava nervosa ao mesmo tempo. Eu não sabia me comportar diante deles, o que eles esperavam ver de mim? Aquilo não saia da minha mente. Resolvi ligar para Carmen e perguntar. Nós duas passamos a conversar bastante desde que nos conhecemos e encontrei nela uma companhia agradável para ter uma convivência. Eu descobria muito conversando com ela.

— Ele me falou um dia desses que queria me levar ao palácio para conhecer o lugar... – falei como se não quisesse nada.

— Seria ótimo tê-la aqui, meus pais estarão fora por alguns dias antes da formatura, eles têm uma visita marcada em Mônaco, você pode vir aqui e podemos fazer um programa de garotas.

Fiz uma pausa para absorver as informações. Mônaco e os pais estariam longe. Duas coisas que eu não queria ouvir junto numa frase.

— Carmen seria maravilhoso... Mas me conte como está a relação de seus pais com Carl. Alguma novidade?

— Estão mais calmas. Carlisle não insiste mais, porém ele também não anda muito aqui pra variar. Ele cumpri a agenda dele e acabou.

— Isso não é estar mais calmo, Carmen. Claramente ele está os evitando.

— Bom, sim. Mas antes era bem pior. Tinha briga até por telefone. Agora estou sabendo que papai e mamãe estarão na colação dele e isso é um sinal de paz. Achei que ele iria chamar só a mim e alguns amigos dele, além de você, é claro.

— Isso sim é bom e seus pais vão para Mônaco para que?

Carmen gargalhou do outro lado. Sim, eu estava sendo boba mesmo. Stéfanie ainda não tinha idade o suficiente para casamento.

— Não é para o que você está pensando. Mantemos negócios importantes com eles, apenas isso.

Fiquei mais calma e me permiti aproveitar cada minuto que eu tinha com Carlisle enquanto tínhamos o campus como refúgio. Eu sabia que seria um inferno para nos encontrarmos depois que ele deixasse o dormitório dele. Era o único lugar que poderíamos ser nós mesmos e namorarmos sem ninguém ficar tirando foto. Depois da formatura dele, bem, eu não sabia como iria ser. Eu só queria estar ao lado dele sem me importar com o que estava por vir, até por que muito já estava contra nós.

Fui ao auditório no dia da colação de grau dele e ao longe notei que haviam muitos fotógrafos que não faziam parte da cobertura normal desse tipo de evento. É claro que a imprensa estaria ali e eu não queria que a minha presença fosse motivo de cena. Fui ao banheiro para esperar pelo início da cerimônia. Tinha fé que depois que tudo começasse, a imprensa se dispersasse. Fiquei lá dentro o tempo necessário e sai. Mas na porta fui barrada por uma mulher de mais ou menos 40 anos, bem vestida e que me olhava com uma cara séria.

— Você vai ao auditório? – ela me fez essa pergunta simples.

— Sim. Vou tentar ao menos.

— Não vá. A suas majestades estão lá e não querem sua presença ao lado deles como o príncipe havia combinado.

Fiquei pasma com o que estava ouvindo. Quem era aquela mulher para me impedir alguma coisa?

— Como?

— Sua majestade, a rainha, pediu para que eu viesse lhe transmitir esse recado. Ela não quer alguém que não é oficialmente membro da família real ao lado deles nesse momento. A imprensa vai ficar fazendo comentários desnecessários.

Fiquei com a boca aberta ainda absorvendo aquele completo insulto. A mulher desconhecida saiu antes que eu pudesse dizer qualquer coisa. Enquanto a voz dela ia e vinha na minha cabeça como uma fita que ia se repetindo, fui entendendo que a família real não queria de jeito nenhum associar a mim a eles e era isso. Eu era como uma mancha negra que contaminava tudo. Eu só não conseguia entender se era pela minha posição na sociedade ou por que na real existia algum acordo absurdo com Mônaco. Aquilo só me deu mais raiva e impulso para ir sim para aquele auditório. Jamais perderia um evento tão importante na vida de Carlisle. Por mais que quisessem invalidar o que a gente sentia, o que vivíamos era muito real.

Sai do banheiro meio atordoada e resolvi dar meia volta e entrar pela saída de emergência. Assim fiz. Fui percorrendo o corredor, tentando me localizar no escuro até encontrar uma cadeira vazia e me sentar. Eu ficava olhando de longe para ele e me orgulhava profundamente do homem que eu tinha tido a oportunidade de conhecer, que eu tinha a honra de amar. Ele estava tão feliz recebendo o seu certificado, um sinal de sua conquista e eu mais ainda. Mas não tinha como não ficar pensando no que tinha acabado de ocorrer.

Por que queriam tanto invalidar o que tínhamos? Pra mim nada daquilo não fazia sentido algum. Era muito desproporcional. Se existia algum tipo de acordo entre as duas famílias reais isso impedia Carlisle de ter algum relacionamento? Por que ele já deve ter tido alguns antes do nosso, mas por que esse ódio todo pra mim? O que ele deve ter dado entender aos pais dele para que tivessem uma verdadeira guerra civil contra nós dois? Era difícil de entender.

Mas quando toda a cerimônia terminou, ele de longe achou o meu olhar e veio até mim com uma expressão que eu reconhecia por que era a mesma que eu tinha. Dizia carinho, admiração, confiança, conforto e amor. Então, eu entendi tudo. Queriam que terminássemos por que nunca tinham visto algo assim antes. Uma conexão dos céus, um sentimento tão grande que não precisava de palavras. Um gesto, um olhar, um toque já diziam tudo e isso assustava quem estava de fora. Era a única explicação que eu conseguia encontrar.

Carlisle se aproximou de mim e pelo impulso sabia que iria me beijar, mas eu sabia que tinha um monte de gente ao redor, virei o rosto e ele alcançou o meu rosto e retribui o beijo na bochecha dele.

— Parabéns meu amor! Estou muito orgulhosa de você!

— Foi lindo, não foi?

— Foi. Você é agora um administrador! Que máximo!

— Um sonho realizado!

— Com certeza!

— Vou te apresentar os meus pais. Você conseguiu vê-los?

— Não. Acho que nos desencontramos.

— Prometi que iria fazer isso hoje. Eles precisam ver quem você realmente é.

Segurei a mão dele antes que me carregasse até os camarotes. Ele entendeu tudo e fez uma expressão séria. Como sempre, tudo afetava primeiro a ele antes de mim e talvez com uma intensidade ainda maior.

— O que aconteceu?

— Nada aconteceu... Apenas tem muita imprensa aqui. Não é o momento certo para apresentações. Vai haver a hora correta pra isso, mas não aqui. Não agora.

— Então, vamos para a sua casa, preciso contar como foi para Lily. Estou me arrependendo de não ter convidado seus pais.

— Não. Sua família deve ter planejado algo pra comemorarem. Não quero que fique longe deles num momento como esse.

Carlisle se aproximou de mim e com um sorriso beijou a minha testa.

— Você é maravilhosa, meu amor.

E ele não foi para o palácio naquela noite. Fui sozinha para casa esperando que ele fizesse as pazes com a família dele e que tudo desse certo no final, mas alguns minutos depois, ele bateu em minha porta. Meus pais o receberam como se nada tivesse acontecendo e comemoramos a colação dele com muita pizza de pepperoni, a preferida dele.

Como previsto, depois da formatura dele quase não tivemos tempo de nos ver. Agora que ele tinha concluído seus serviços na marinha e a faculdade tinha que se dedicar quase cem por cento aos trabalhos para a monarquia belgã. Não sei se foi de propósito, mas parecia que a agenda dele nunca tinha espaço para nós dois. Mas sempre quando dava, a gente se falava por telefone e se encontrava nos fins de semana livre.

Eu aproveitei todo esse tempo para me dedicar ainda mais ao meu estágio e a minha faculdade. Estava bem próximo de eu poder gritar para todos que agora eu era uma arquiteta. Faltavam apenas alguns meses, pra ser mais específica, e eu já começava a fazer planos na minha cabeça. Estava indo bem na Art Life e tinha esperanças que eles pudessem me contratar e por isso estava dando o meu máximo.

Agora com relação aos planos do coração... Bem, eu não queria criar expectativas. Eu estava feliz na posição que eu estava com Carlisle naquele momento, não queria apressar as coisas. Eu sabia que um casamento seria complicado devido principalmente ao fato da família dele ir contra. Mas quando me perguntavam se eu queria me casar com ele, eu diria que sim. É claro que eu sonhava em compartilhar a minha vida ao lado dele, ainda mais agora que mal tínhamos tempo de nos vermos. Porém, a realidade era bem mais crua e fria. Por isso, mantinha os meus dois pezinhos no chão.

Por isso nem notei os sinais estranhos que estavam ocorrendo ao meu redor. Do nada, soube que Carl e meu pai tinham saído juntos num domingo de manhã antes do nosso tradicional almoço em família. Os dois chegaram rindo e tudo certo. Depois do nada, Lily foi colocando em nossas conversas assuntos sobre casamento e noivado, mas mesmo assim não desconfiei de nada.

Até que no dia dos namorados do ano de 1981, Carl me convidou para fazermos um programa diferente. A sorte que o dia 14 de fevereiro caiu num sábado, então teríamos muito tempo livre. Ele me levou para tomarmos um café e um lanche num bistrô bem charmosa que existia na época no centro de Belgravia. Carlisle estava nervoso o tempo inteiro. Não completava as frases, suava e apresentava os seus tiques de vez em quando. Eu sabia que tinha algo estranho.

Saímos do bistrô e passamos numa floricultura, Carl me presenteou com um buquê de rosas vermelhas, as minhas preferidas. Aquele já estava sendo um dos melhores dia dos namorados da minha vida e já estava bastante feliz, mas ainda não tinha acabado. Quando já estava próximo do fim da tarde, ele me levou aos Jardins de Joquest, um dos mais belos de Belgonia. Eu sabia que numa hora como aquela ele já devia estar fechado para visitantes, porém eu não podia duvidar dos poderes de Carlisle, podia?

— Esse jardim fica ainda mais lindo quando temos privacidade para apreciá-lo. – falei.

Carlisle sorriu e uniu sua mão a minha.

— Pensei o mesmo. Já tinha vindo aqui antes?

— Eu vim, mas faz muito tempo, dá pra acreditar? Acho que eu tinha uns oito anos, sei lá. Foi num passeio de escola.

— Eu acredito sim. Eu mesmo acho esse lugar belíssimo e me dá uma paz imensa estar aqui, mas quase não tenho oportunidade de visitar.

— É a parte ruim da vida, não é? Sempre estamos trabalhando para construir algo pensando no futuro, mas esquecemos do presente. É impressionante!

— Sim. É exatamente o que eu estava pensando. Tenho sentido muito sua falta, Essie e não sei se quero ficar longe assim de você por muito mais tempo.

— Eu também sinto sua falta, meu amor. Todos os dias!

Mais uma vez percebi que Carlisle estava inseguro. Sua mão esfriou e eu podia ver que ele queria dizer algo mais e comecei a realmente ficar com medo daquele lindo cenário ser o prenúncio do nosso fim. Não, ele não faria isso no dia dos namorados, faria? Comecei a ficar nervosa também.

Paramos de caminhar e sentamos num banquinho de cimento armado que ficava em frente ao lago. Carlisle levou alguns minutos contemplando a vista em silêncio.

— Esse jardim foi feito pela minha família. Uma das poucas coisas boas que eles já fizeram.

Passei a mão pelo rosto dele, tentando tirar os cabelos que caiam no seu olho.

— Não diga isso. Não pode generalizar as atitudes de seus pais. Na verdade... Não fico nada feliz em saber que a relação de vocês é assim tão azeda. Queria que tudo fosse diferente.

Carlisle deu um pequeno sorriso e eu queria, pela primeira vez, saber o que realmente estava passando pela cabeça dele.

— Tivemos uma trégua.

— É mesmo? Que bom!

— Nós concordamos com uma coisa. Primeiro que eu não quero e tenho certeza que não consigo viver sem você e eles querem me ver casado, então...

Meu coração falhou uma batida. Tudo aquilo era o que eu estava pensando? Sim, era, por que Carlisle se ajoelhou em minha frente e isso me paralisou completamente. Com os olhos cheios de lágrimas, ele tirou o anel do bolso e lá estava um lindo anel oval cheio de diamantes incrustados. Sorri, mas sentindo tudo em mim tremer. Aquilo era surreal demais!

— Eu pensei em tanta coisa que eu poderia dizer pra você nesse momento, mas Deus! Estou nervoso demais! – sorriu. – Passa a sua vida comigo? Deixa eu ser o seu marido, o pai dos seus filhos, aquele que vai tentar fazer você a mulher mais feliz do mundo até o instante que meu coração parar de bater? Me faz o cara mais feliz desse planeta?

Fiquei uns instantes só olhando para ele e para o anel. Eu estava tão surpresa que não sabia o que dizer. Meu coração batia tão rápido que tinha certeza que dava para ouvir as batidas dele. A expressão de Carlisle começou a ficar preocupada e isso me trouxe a si. Ele esperava a minha resposta. De repente, comecei a rir do nada.

— Sim. – falei sem pensar nas conseqüências.

— Sim?

— Sim.

Ele riu e eu senti que agora o meu sorriso se misturava as lágrimas que saiam dos meus olhos emocionados. Nos abraçamos e senti seu cheiro gostoso grudar no meu corpo. Eu queria naquele instante era poder fundi-lo a mim de uma forma que ele não saísse jamais.

Carlisle pegou o anel que estava na caixa de veludo e colocou no meu dedo anelar da mão direita. Fiquei olhando para aquele gesto. Naquele momento eu não pensei em nada. Apenas era uma jovem mulher que estava perdidamente apaixonada e que agora estava noiva do homem que amava. Simples! Qual garota nunca tinha sonhado com aquele momento? Carl foi tão romântico, ele estava tão inseguro que o deixava tão fofo! Tinha conseguido deixar aquele momento mais perfeito possível, o que mais eu poderia querer?

— Eu te amo tanto! Você foi o melhor presente que eu poderia receber de Deus! Você não tem idéia do carinho e do amor que eu sinto por você, Essie.

— É recíproco, Carl. Amo demais você. Obrigada por ser tão maravilhoso!

Nos beijamos. Mas daquela vez era diferente de todos os outros beijos. Era mais ardente, mas amoroso por que agora era um símbolo de um novo ciclo das nossas vidas que estava começando. Naquele gesto, eu apenas queria expressar o tamanho do meu sentimento. Eu o apertava com muita força como se quisesse mesmo grudá-lo em mim para que nada de mal nos atingisse. Absorver o seu calor e apenas sentir o sabor daquele momento, sem pensar em como seria depois que todos soubessem da grande novidade. Nesse mundo bagunçado, nessa vida cheia de dor, tínhamos chegado lá. Tínhamos conseguido encontrar um ao outro e era isso que importava no final de tudo. COMENTEM POR FAVOR!


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