Os oito caminharam pelo jardim até uma grande tenda branca, que brilhava com luzes coloridas, enquanto borboletas voavam acima dela, era uma cena belíssima de se ver ao anoitecer. Naquele lugar não havia um castelo como havia em Tysus, e eles podiam perceber que também se tratava de um reino misto, onde havia criaturas de todas as espécies, coisa essa que não era muito comum, afinal, até doze anos atrás, só Tysus tinha esse feito.

A entrada da tenda foi puxada para o lado possibilitando os convidados de adentrar, percebendo que o lado de dentro era tão bonito quanto fora, havia ali uma mesa extensa, com um banquete, enquanto as mesas pequenas e redondas acomodavam mais pessoas, havia guerreiros ali, elfos com armaduras e crianças correndo de um lado para o outro, a decoração era simples, mas tão bonita quanto o interior do castelo de Tysus.

A diversidade em cor de cabelos ali, não existia em grande escala, podendo ser contado a dedo quem tinha cabelos coloridos, o que era totalmente o oposto dos oito ali presentes.

— Ah, vocês chegaram – Chen fala animado, se levantando da sua cadeira e apontando para os amigos ao lado – deixe-me apresentá-los, este é o nosso líder Kim Junmyeon, mas o conhecemos como Suho, ele faz parte da família das ninfas – Chen apresenta o homem sorridente de cabelos pretos – Do Kyungsoo e Byun Baekhyun vocês já conhecem – aponta para os dois ao seu lado esquerdo Baekhyun era o único ali de cabelos coloridos, tendo um azul o destacando – os outros são Kim Jongin ou Kai, como preferirem, ele é um Leprechaun, Kim Minseok ou Xiumin, um elfo – ambos loiros – Park Chanyeol um lobisomem, selvagem, Zhang Yixing ou Lay, também selvagem, outro licantropo, e Oh Sehun, nosso guardião, uma fênix – ambos de cabelos pretos.

— É um prazer conhecê-los – Amélia sorri para eles – eu sou Amélia Lee, antiga rainha de Tysus, sou uma maga.

— Conhecemos a sua reputação – Chen fala se sentando e indicando as cadeiras disponíveis à frente da mesa deles – sentem-se e se apresentem confortavelmente.

Eles assim fizeram o que foi pedido, sentaram ainda com receio e sorriram breve.

— Eu sou Lorely Liu, uma ninfa – fala a morena com um sorriso, vendo que seus amigos continuavam quietos.

— Eu sou Fey Giantz, uma Kitsune – a loira prossegue.

— Kim Namjoon, primo do Chen, sou um gênio também – fala o azulado.

— Jung Hoseok – o ruivo sorri com uma expressão leve – sou um leprechaun.

— Min Yoongi – o loiro fala ao lado de Amélia – elfo.

— O enfeitiçado por Melvis? – Xiumin pergunta visivelmente interessado.

— Sim – Amélia responde pelo mesmo, afinal, ele não sabia quase nada sobre aquilo, já que Amélia havia tomado conta de tudo.

— Enfeitiçado? – Taehyung sussurra confuso e recebe um aceno positivo de Fey.

— Eu sou Kim Seokjin – fala o roxinho – uma sereia, irmão de Kim Jennie.

— E eu Kim Taehyung, um vampiro – fala o moreno ainda olhando torto para Yoongi, que engolia em seco ignorando a queimação de seu rosto – irmão de Kim Jisoo.

— Faltam dois de vocês, certo? – Suho pergunta e recebe um aceno positivo de Amélia.

— Um fada chamado Park Jimin e um lobisomem chamado Jeon Jungkook - responde a azulada – virão cumprimentá-los assim que estiverem recuperados.

— Aguardaremos – Chanyeol fala com um sorriso.

Eles se calam por um momento, apenas se encarando, porque parecia que aqueles homens ali na frente sabia mais do que eles próprios sobre os segredos do seu mundo.

— Onde estamos? – Fey faz a tal pergunta que não queria calar.

— Oh, perdoe os nossos modos – Baekhyun sorri tímido – sejam bem-vindos ao reino de Armonía, um lugar além da fronteira, feito para criaturas mistas, vivemos sem regras, sem comandantes, sem hierarquia, temos apenas um líder sábio que nos orienta.

Todos pareciam meio confusos, nunca ouvira falar daquele lugar, e arriscaria dizer que se sentiam até um pouco ofendidos. Afinal, eles viviam cheios de regras e sobre o comando de uma rainha.

O silêncio ali permaneceu, mesmo depois que o banquete fora servido, os anciões de Tysus não estavam dispostos a recusar ajuda e os anfitriões de Armonía não parecia se incomodar com isso.

— Irmãozinho, eu tenho um presente para você – Jisoo surge na tenda, com as outras quatro atrás de si, ela parecia animada, como quem acabara de ganhar sangue fresco.

— Se for mais uma das suas surpresinhas como as que fazia no Natal, eu recuso – Taehyung resmunga com impaciência, a verdade é que o moreno não aguentava mais se alimentar de sangue de animal, não vivendo os últimos anos só com sangue sintético.

Jisoo faz um biquinho de chateação e senta na cadeira ao lado da Rosé, que já se ocupava em comer umas frutinhas que estava ali.

— Eu farei uma poção para você – Amélia fala para ele que apenas assente. Ela sabia bem que o amigo precisava de forças para a guerra.

— Então, quando tomaremos Tysus? – Kyungsoo pergunta com os olhos brilhando em excitação. Todos ali desconfiavam que aquele garoto era meio aluado.

— Olha, vocês já fizeram favor demais nos resgatando e hospedando – Amélia balbucia meio incerta, não queria mais dívidas do que as que já estava tendo – Tysus é problema nosso.

— Por favor Amélia, vocês não tem energia nem para lutar contra os sugadores – Baekhyun fala com deboche – aceite a nossa ajuda, temos armas e recursos.

— Baek – Chanyeol chama com carinho e nega sutilmente, podia não conhecer muito bem os convidados, mas tinha certeza de que um mago, seria sempre um mago, orgulhoso pelos seus princípios.

— Talvez devêssemos aceitar ajuda Lírio – Yoongi fala para a mulher que o encara com os olhos semicerrados, nunca vira o Min aceitar ajuda em público, e muito menos quando poderia afetar a sua pose de macho.

Amélia suspira em sinal de cansaço, todos ali sabiam que dependia apenas dela tomar uma decisão, afinal, aquele era o reino dela, e só ela ditava as regras.

Ela olha para cada um dos seus ali, eles pareciam cansados, mas não só isso, estavam impacientes, tinha medo e pavor em seus olhos, pois desde que a viram desmaiar, estavam com temor em vê-la definhar novamente.

— Tudo bem – Amélia fala enquanto encara Suho – assim que Jimin e Jungkook estiverem bem, nós podemos dar início ao plano.

— E qual é o plano? – Chen pergunta interessado.

— É simples, entrar no castelo, matar o Quil e tomar meu trono de volta – ela dá de ombros com um sorriso. Todos ali poderiam achar que ela estava mesmo ficando louca, mas era o que tinham no momento, ela poderia traçar todas as rotas até o castelo, delimitar onde ficavam os sugadores que havia visto na sua visita ao castelo, ou até mesmo quantos guerreiros Quil tinha para detê-la, mas matá-lo sempre seria o plano original.

— Então estamos de acordo – Suho assente – assim que os outros estiverem recuperados, quatro de nós iremos com vocês.

Amélia sorri em agradecimento, por mais que achasse que dava conta do ex-marido sozinha, ela não esperava que aquela ajuda determinaria os seus destinos.

Lorely senta no chão e encosta as costas na árvore, o jantar havia acabado a meia hora e todos já haviam se dispersado para suas tendas, mas a morena não conseguia dormir de forma alguma, por isso estava vagando por ali, e decidiu se recostar sobre a árvore.

— Insônia? – a voz ecoa em seus ouvidos fazendo ela assentir com a cabeça – eu poderia ajudá-la a descansar.

— Não precisa Hobi, a noite me ajuda a pensar, você sabe – Lorely suspira e abre os olhos para encarar o ruivo ao seu lado – como está o Jimin?

— Não sei se dói mais o corpo ou a alma – Hoseok responde com um sorriso triste – quando cheguei lá, Jeon saiu parecendo um furacão, e Jimin estava chorando.

— Já percebeu que nossas vidas nos últimos anos, parece rodar só em torno do maldito dia que a gente perdeu Tysus? Ou dos nossos amores perdidos?

Hoseok ri fraco, fazendo a outra rir também, a verdade é que era assim exatamente que estavam vivendo, como se suas existências não houvesse mais nada além de dois malditos fatos. Amores perdidos e reino perdido.

— Ainda não conseguiu encontrá-lo? – Hoseok pergunta recebendo apenas o silêncio como resposta, Lorely parecia submersa em tantas coisas que apenas o seu suspiro já dizia tudo que queria, ela não havia encontrado seu amor perdido, porque ele estava morto e Hoseok entendeu aquilo, por isso também se calou e se pôs a olhar para frente, a verdade é que ele também estava tão perdido quanto todos os outros.

Estar diante de Yoongi e de Taehyung, o fazia se questionar de tudo, ele já amou tanto aqueles dois em determinada época, que agora se sentia um estranho próximo deles, não conseguiam nem se olhar, muito menos trocar palavras por obrigação, e aquilo o magoava profundamente.

— Quando Taeyoonseok vai parar de birra? – Lorely pergunta olhando para o ruivo, que a encara com os olhos semicerrados – quer dizer, está claro que tem algo errado, sim?

Hoseok piscou várias vezes para tentar afastar suas memórias, se lembrava de tudo, desde o começo e este era tão belo que nenhuma mágoa que guardava daqueles dois podia destruí-las, os três melhores amigos, brincando nos campos de Hera, enquanto sua família se reunia ali para mais um dia de colheita familiar, eles eram inseparáveis, incansáveis, três crianças arteiras que não se importavam com a distância entre suas aldeias, ou da diferença entre raças, não se eles fossem daquele jeitinho que só eles podiam ser, felizes e puros.

Naquela época, apesar de Tysus já existir, não se era tão comum ter todas as raças habitando ali, eles apenas transitavam entre os Wiccanos, e voltavam para suas aldeias, Heinz tinha uma concepção diferente da de Amélia, apesar de sempre ter gostado de todas as raças, não era sua ideia juntá-los. Até que a aldeia dos leprechaun queimaram e estes foram acolhido pela rainha. Naquele mesmo dia, Taehyung e Yoongi fugiram de casa só para ver se Hoseok estava bem e vivo, eles jamais poderiam viver um sem o outro, e quando se encontraram, tiveram a certeza de que jamais poderiam se separar.

— Tem muita coisa acontecendo e muitas coisas mudaram Liu – Hoseok lhe responde com tristeza.

— O mundo pode cair, mas você sabe que o laço de vocês é forte o suficiente para não se quebrar – Lorely lhe diz e levanta, limpando a calça com as mãos – mesmo que vocês fujam e se magoem, vocês nasceram para ficar juntos, e um dia vão perceber que estavam errados em manter essa intriga tão viva.

— Do que você sabe?

— De tudo um pouco – ela dá de ombros com um sorriso travesso e Hobi lhe encara com as sobrancelhas arqueadas – o destino irá lhe dizer meu solzinho, até lá, aproveite a vista.

E assim ela saiu, deixando o homem sozinho, mergulhado em seus pensamentos.