O acordo Dramione escrita por Aline Lupin


Capítulo 5
Capítulo 5




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Hermione passou semanas arquivando documentos sobre o caso das feras mantidas no prédio onde se escondia Baltazar Raven. Eram tantas espécies a serem retiradas, catalogadas, além de colocar em um local seguro, que Hermione não teve tempo para pensar em mais nada durante duas semanas inteiras. Seu trabalho não era só arquivar e conversar com os responsáveis pela retirada daqueles animais. Também, coube a ela a ajudar a equipe de agentes. Ao lado de Malfoy. O que a irritava muito. Ele a fazia cumprir as tarefas mais difíceis. Precisou colocar as aranhas em uma maleta com feitiço de extensão, como as de Newt Scamander.

— Você é um filho da...- ela queria praguejar, mas não disse nada.

As sobrancelhas de Malfoy estavam arqueadas, em desafio. Ele somente estava esperando-a cometer um deslize, na frente dos colegas, que não pareciam interessados nos dois.

— Como disse? Eu não ouvi direito – ele alfinetou.

Os Diabretes da Cornualha, é claro, ficaram por conta de Malfoy. Ele encontrou o cômodo sozinho e ela saiu em disparado. Ela nem queria ver aquelas feras azuis, pequenas e com asas. Mas, claro, ela poderia controla-los. Era somente lançar o feitiço Immobulus e prende-los em gaiolas. Mas, ela deixou Malfoy por sua conta, afinal, tinha que tortura-lo um pouco pelas acromântulas.

O mais difícil foi retirar o sereiano de dentro do rio. Essa parte não ficou por conta dela, mas sim de um especialista. O aprendiz de Newt Scamander esteve no local para auxiliar os agentes do departamento de criaturas mágicas e pacientemente, conseguiu conversar com sereia, para leva-la de volta ao seu lugar de habitat.

É claro que Hermione não pode deixar de fazer milhares de perguntas a Corbyn, que pacientemente respondeu a ela.

— Eu tenho a maleta, como presente do senhor Scamander. Seu neto não parece tão interessado assim em catalogar novas espécies e ajudar na preservação das feras e seres – ele comentou com ela, quando saíram do prédio, no momento, uma área isolada e enfeitiçada para parecer um prédio comum e trouxa – Minha vida é continuar a pesquisa do senhor Scamander, que está em uma idade avançada.

— Isso é maravilhoso, senhor Corbyn – ela disse, entusiasmada – O senhor permitiria entrar em sua maleta e ver que espécimes tem ao seu cuidado?

— É claro...

Alguém pigarreou atrás deles. Alguns agentes passaram e desaparataram com gaiolas de fênix. Apesar do Ministério ter concedido a Corbyn alguns espécimes a serem estudos e cuidados por ele, a maioria ficaria sobre cuidado do Ministério.

Hermione notou a presença de Malfoy, parado atrás dela, com os braços cruzados, usando seu terno preto inseparável. Os cabelos quase brancos o deixavam com uma aparência apagada, mas eram seus olhos cinzentos que eram muito expressivos. E ele parecia impaciente.

— Bom...- Corbyn pigarreou – Outro dia eu mostrarei a senhorita meu escritório. Devo ir agora.

— Mas, senhor Corbyn...

Ele desaparatou em seguida, sem olhar para trás. Hermione queria esganar Malfoy. Com certeza, o ar de poucos amigos dele afastou o magizoologista.

— Malfoy, você não tem que ir para algum lugar agora? – ela indagou, irritada.

— Estou esperando você retirar comigo as acromântulas – ele respondeu, com um sorriso irônico – Eu sei que você se dá muito bem com elas, já que me deixou sozinho com os diabretes.

Ela bufou irritada e entrou dentro do prédio. Mais um dia ao lado dele e ela iria trucida-lo.

**

Era o primeiro dia em paz dentro da sua seção de Feras. Ela sentia todos os músculos doendo. A tensão daquelas duas semanas a deixaram com seus nervos em frangalhos. Ainda mais quando Malfoy a forçou a posar em uma foto com ele para o Profeta Diário. A matéria era sobre como o Ministério desmanchou um cativeiro de criaturas mágicas e prenderam um bruxo das trevas da primeira guerra, Baltazar Raven.

— Encontramos por acaso o esconderijo dele – Malfoy respondera as perguntas, sem deixa-la falar – Fora muito sorte e um pouco de genialidade para conseguir escapar do seu covil.

— E seria a genialidade da senhorita Granger, eu presumo? – o repórter olhara para Hermione, com ar especulativo – Vocês são um casal?

Hermione pigarreou, quase se engasgando. Já Malfoy riu.

— Ah, somos bons amigos e colegas de trabalho – ele respondeu, com um ar malicioso.

— Eu soube que vocês eram inimigos de guerra. Pode me explicar o que mudou? – o repórter perguntou, olhando para os dois como se realmente fossem um casal.

Ela queria enfiar a cara de baixo da terra. O saguão do Ministério estava lotado de bruxos, indo e vindo e alguns pararam para observar a coletiva de imprensa.

— Resolvi deixar as diferenças de lado. Nunca escolhi em que lado estar da guerra. Apenas fui obrigado a isso. E Granger já se tornou uma amiga no último ano de Hogwarts. Nós deixamos as diferenças e somos uma equipe agora.

Ele era tão dissimulado! Tão cara de pau. Ela queria enfiar um soco em seu nariz. Deveria ter desfigurado seu rosto no terceiro ano de Hogwarts.

— É verdade, senhorita Granger? – o repórter se voltou para ela, com os olhos famintos.

Com certeza, estava maquinando como seria a próxima matéria. Já iria falar sobre o possível casamento dela com Malfoy.

— Eu...- Malfoy a fitou em expectativa. Segurou seu antebraço, não com força, mas seu toque demonstrava que estava esperando a resposta certa. Mas, não foi por isso que ela respondeu ao repórter. Foi pelo olhar exasperado dele. Era o que ele precisava para mostrar que havia mudado. Ele nem ao menos a chamou de sangue ruim durante aquelas semanas. Se ela fosse ser sincera, ele apenas estava provocando-a e até mesmo riu com ela – Bom, sim.  Somos amigos.

Malfoy soltou seu braço, parecendo respirar profundamente. A coletiva não havia terminado é claro. O repórter continuou com as perguntas impertinentes, até que Hermione se cansou e saiu de perto, deixando Malfoy brilhar sozinho.

No dia seguinte, é claro, ela precisou responder as perguntas de outras pessoas. Dois amigos que mal via dentro do Ministério.

— Você e Malfoy, não posso acreditar – Harry cuspiu as palavras.

Estavam dentro do elevador, lotado. E os colegas em volta olhavam para eles com curiosidade mal disfarçada. Já Rony, tinha as orelhas vermelhas. E seu olhar, é claro, parecia decepcionado.

— Como pode se envolver com a doninha, Hermione? – ele indagou, irritado.

— Gente, eu posso explicar...

— Não consigo entender. Vocês trabalham juntos. Eu deveria ter percebido que Malfoy estava no Ministério. Vou falar com Kingsley e pedir que afaste Malfoy do cargo. Eu nem compreendo como ele pode confiar naquele cara – Harry não deixou que Hermione se justificasse, falando de forma atropelada. E ela podia sentir os olhares de todos em torno deles.

O trio de ouro chamava muito atenção unidos.

— Para, para – Hermione pediu. Harry a fitou com um olhar magoado, mas ela precisava chamar a atenção dele – Já parou para pensar que Malfoy mudou?

Rony fez um barulho com a boca. Era mais um som de deboche como: pffff!

— Conta outra, Mione. Ele apenas está usando você para melhorar a própria imagem – Rony argumentou, sabiamente.

É, estava tão transparente a relação deles que Hermione se sentia uma idiota. Mas, nenhum dos dois entendiam que seu emprego estava em jogo. E havia o fato de que ele fora até que engraçado e divertido enquanto trabalhavam juntos. Ele poderia ter mudado.

— Olha, eu sei que parece estranho...

— Coloca estranho nisso – Harry interrompeu, olhando para ela com um ar acusatório – Se ele jogou a maldição Imperius em você...

— ...Você precisa nos contar – Rony completou, olhando atentamente para ela.

— Santo cristo – Hermione murmurou, revirando os olhos – Primeiro, se ele tivesse jogado a maldição Imperius, ele teria tomado o cuidado para que eu não dissesse isso a vocês. Segundo, estou bem consciente de com quem estou lidando. Terceiro, se vocês continuaram a me interromper quando falar, vou azara-los, sem piedade.

O silêncio pairou no elevador. Parecia que todo mundo estava na expectativa de algum feitiço ser lançado. Então, Harry tomou folego, para dizer:

— Hermione, só queremos seu bem. Eu conheço tipos como Malfoy. Ele é aproveitador. Não quero que ele lhe faça mal. Você é praticamente minha irmã. E a de Rony também – É, claro, ele não sabia que ela e Rony se beijaram na Câmara Secreta, tentando salvar o mundo e depois fingiram que nada aconteceu depois – Mas, tem de concordar que Malfoy é uma péssima influencia.

— Uma péssima mesmo – Rony concordou. Mas, estava estranhamente ruborizado. Com certeza, sabia que o que Harry disse sobre eles serem irmãos não era verdade.

— Então, por que você deu um depoimento apoiando Malfoy a não ser preso? Por que defendeu ele? – ela inquiriu.

Harry ficou desconfortável sobre o olhar inquiridor da amiga.

— Porque é verdade. Ele era só um garoto mimado. O que ele fez por nós na Mansão Malfoy foi digno de um herói. E a mãe dele me ajudou a sobreviver. Então, eles meio que merecem não ser presos...

Pronto. E todo mundo dentro daquele elevador sabia o que tinha acontecido na guerra e com certeza, conjecturavam que Hermione estava apaixonada por Malfoy, por defende-lo com tanta veemência. Era só o que faltava para completar a vida de Hermione.

— Eu até hoje não acredito que você fez isso – Rony deu sua opinião não solicitada.

— Fez o correto. O que deve ser feito – Hermione disse orgulhosa para Harry. Apesar de Malfoy ser uma pessoa integrável, não merecia ser preso. Era apenas um garoto que cometeu erros e foi mal orientado pelos pais. Naquele momento, o que ele tinha, era uma segunda chance de viver em paz com os seus próprios fantasmas do passado.

O elevador se abriu para o andar de Hermione e ela se despediu dos amigos, combinando de vê-los depois do Ministério. Iriam para Toca e jantariam juntos. Fazia tempos que não ficavam unidos. O trabalho no Ministério consumia a rotina deles.

Hermione seguiu para o departamento e não notou que estava sendo acompanhada.

— Meus parabéns, Granger – a voz arrastada de Malfoy ressoou atrás dela.

Ela parou, girando a cabeça por cima do ombro e revirou os olhos. Era bom demais para ser verdade. Ele tinha ouvido tudo.

— Parabéns pelo o que? – ela perguntou, se virando para ele, afinal, detestava conversar de costas para alguém.

— Você desempenhou seu papel muito bem me defendendo lá no elevador – ele zombou – Mas, não pense que isso nos faz amigos.

— Eu nunca pensei que fossemos, Malfoy – ela retrucou – Agora, se me der licença...

— Ainda não terminamos.

Ela bufou. Precisava dar um jeito de cortar qualquer relação que tinha com ele. Seu olhar soberbo a irritava demais. Por que ele simplesmente mudava da água para o vinho? Ou ao contrário, é claro. Poderia ser água para o vinagre.

— Diga, mestre – ela provocou.

Ele sorriu de orelha a orelha.

— Ótimo, é assim que gosto – ele se rejubilou, como se ela realmente tivesse falado a sério – Temos um baile para participar, em homenagem há dois anos sem o Lorde das Trevas. O baile na verdade é para o queridinho santo Potter – Ele revirou os olhos.

— Se não fosse por ele, você estaria preso agora – ela revidou, irritada.

— Ah, nem me lembro disso. Nunca pedi favor nenhum a ele. Me lembre que preciso devolver o favor, para estarmos quites. Detesto dever favores. Agora voltando ao assunto – Aquele tom pedante estava a levando a loucura. Não no bom sentido – Temos que comparecer a esse baile e você precisa ser minha acompanhante.

— Está de brincadeira – ela murmurou.

Ele fitou ela satisfeito. Parecia se deliciar por vê-la irritada.

— Ah, eu bem que queria, mas não. Detesto essas formalidades, mas como o Ministro em pessoa me deu o convite, para melhorar minha imagem no mundo bruxo, preciso comparecer – Ele tinha um ar aborrecido. O que era muito bem feito, afinal, ele a atormentava o tempo todo – E você será minha acompanhante. Precisamos continuar com a nossa farsa.

— Claro, porque faz parte do acordo – ela falou com ironia – Eu vou achar uma brecha para isso, Malfoy. Pode ter certeza disso.

— Nossa, eu achei que você pensasse que eu tinha mudado – ele provocou, com um sorriso cínico – Bom, é ótimo perceber que tudo que você disse não era verdade.

Ela engoliu a seco. Não conseguia compreende-lo. Ele parecia chateado, mas logo seu olhar se tornou indiferente. Ele foi o primeiro então, a quebrar o contato visual e entrar na sala do departamento. Ela ficou ali, do lado de fora, confusa e irritada. Precisava continuar a trabalhar e descobrir como se livrar de Malfoy.


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