O acordo Dramione escrita por Aline Lupin


Capítulo 29
Capítulo 29




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/808859/chapter/29

Rony aparatou em frente à casa dos Black, no Largo Grimmauld, sabendo que não poderia entrar no local. Ele poderia entrar, é claro. Estava autorizado, assim como Harry e Gina. Além da família Weasley. Aquele local fora sede da Ordem da Fênix e ainda continuava igual. Ele subiu as escadas, depois que a casa ficou visível para ele e vasculhou o local. Hermione não estava em nenhuma parte e isso enervava. Tudo isso era culpa de Malfoy. Desde que ela se tornara sua parceira de trabalho, estava em enrascadas, que poderiam causar sua morte a qualquer momento. Deveria dizer isso a ela. Para se afastar dele. Mas, Hermione nunca lhe dava ouvidos. Não se importava com sua opinião. E ele de fato, não tinha coragem de enfrenta-la. Nunca teve.

Suspirou, saindo da casa, desaparatando, aparecendo em frente a mansão Nott. O caos estava quase contido. Havia medibruxos carregando corpos feridos em macas, que flutuavam pelo ar. O fogo maldito havia sido contido e apenas se via a fumaça na estrutura da casa. O embaixador, senhor Nott conversava com o Ministro da Magia, Pansy Parkinson chorava copiosamente nos braços do noivo, Theodore Nott e mais afastado, Malfoy falava com Harry, que gesticulava.

Rony se aproximou deles, sentindo a raiva crescente. Não pensou muito no que fez em seguida. Apenas agarrou Malfoy pelo colarinho, fulminando-o com o olhar. O rapaz estava assustado pela reação violenta de Rony, por isso, não havia revidado. Parecia um boneco de panos em suas mãos. E ele queria torcer seu pescoço. Apertou, para sufoca-lo.

— Você, sua doninha estupida, fez isso com Hermione. Seu maldito filho de comensal!

— Rony, para! – Harry dizia atrás dele, tentando puxa-lo pelo ombro. Contudo, Rony tinha uma estrutura maior do que de Harry e ele era bem mais forte.

Rony de repente, sentiu o corpo amolecer e soltou Malfoy, tombando feito uma árvore no chão. Não conseguia se mexer ou falar. Era o petrificus totalus que o fez cair. Ele conseguia apenas respirar e mexer os olhos. E via Harry o olhando de cima, com um ar repreensivo.

— Você passou dos limites Rony. Assim que conseguir se mover, volte para casa.

Rony fulminou Harry, mas enquanto estivesse daquele jeito, não poderia questionar sua lealdade. Como ele se atrevia a defender aquela doninha nojenta?

— Sinto muito, Malfoy – Harry disse ao rapaz, que massageava o pescoço e tentava respirar.

— Não é a primeira tentativa de homicídio que sofro – Malfoy disse, em tom petulante, tomando folego algumas vezes – O seu amigo poderia servir de guarda costas, é excelente.

— Menos sarcasmo, Malfoy – Harry o cortou – Eu apenas o tolero por nos ter salvo na mansão dos seus pais.

— Claro...mas...não pense que fiz isso...Poxa, Weasley tem um aperto incrível – ele tossia agora, massageando o pescoço.

Harry cruzou os braços sobre o peito.

— Vou pedir alguém para leva-lo para casa. O perímetro estará protegido. Se alguém entrar em contato com você, já sabe.

Malfoy assentiu. Harry se afastou, deixando-o sozinho com Rony, que queria muito que o feitiço se desfizesse. Parecia que a doninha havia pressentindo a aura assassina dele, pois empunhou a varinha e deu alguns passos para trás.

— Você não pense...coff...que vai ficar assim...Vou me lembrar disso...quem sabe, Granger saiba quem você é.

Ele estava ameaçando-o, sem ter noção do perigo que era isso. Rony não iria esquecer também, não mesmo. Faria de tudo para mostrar a Hermione que espécie de homem era Malfoy. Um mal caráter.

Malfoy, depois das suas solenes palavras, lhe deu as costas, se afastando. Com certeza, com medo de ser atacado por Rony. Ele faria isso, se não estivesse com seus membros congelados. Todo seu corpo parecia ter virado pedra.

Maldito Harry e seu senso de justiça!

**

Sentiu o gosto estranho de ferro na boca. Atordoamento. Alguém segurava sua cabeça, acariciando seus cabelos.

— Shh – ela conhecia aquela voz, mas quem era? – Prometo que tudo vai ficar bem.

Camus. Por que ele estava ali? E onde era ali? Ela tentou abrir os olhos, mas sua cabeça latejava. Parecia ter levado uma pancada forte na testa.

— Não se mecha muito, Granger – ele recomendou.

Sentiu que estava deitada em algo macio. Mexeu a cabeça devagar. O toque que recebia aliviava sua dor.

— Foi uma pancada muito forte. Sinto muito por isso – ele murmurou – Não era para ser assim.

— O que...- ela tentou usar a própria voz. Estava pastosa. Parecia ter dormido por dias. Não fazia ideia se era dia, ou noite também. Abriu os olhos lentamente. Logo seus olhos focaram o local em que estava. Era um quarto pequeno, mergulhado em penumbra. Havia tabuas da janela, mas era possível ver a claridade do dia adentrar o cômodo. Estava no chão. Estava deitada sobre as pernas dele. O quarto era completamente vazio de móveis – Onde...estamos?

Ele a fitou. Seus cabelos escondiam parte do seu rosto, como cortinas sedosas e negras.

— Não sei ao certo. Mas, precisamos tirar você daqui.

— O que aconteceu, Camus? – Ela tentou se levantar, mas ele não permitiu, segurando-a pelo ombro.

— Fique deitada – ele pediu. Não era uma ordem – Você precisa descansar. Bateram com força na sua cabeça.

— E você viu quem era?

Silêncio. Ele não dizia nada. O que era suspeito. Os alertas se tornaram alto em sua mente. Algo estava errado.

— Camus? – Ela insistiu.

Ele suspirou.

— Sei tanto quanto você – respondeu, em tom seco – Tudo que posso dizer é que você precisa colaborar. Só assim posso protege-la.

— Colaborar? Me proteger? Me proteger de que?

Ela dessa vez, se levantou, para imprimir uma distância entre eles. Seus dedos sobre seus cabelos estavam a deixando nervosa. Seu tom, que escondia tudo e não dizia nada, também. Ela se recostou a parede, ainda sentada. Procurou a varinha em suas vestes. Ainda vestia o mesmo vestido. A varinha havia sido confiscada. Quem a trancou ali com Camus não queria que ela estivesse em posse de um objeto tão valioso.

— Eu cometi um erro – Camus murmurou, passando as mãos pelos cabelos compridos – Achei que poderia consertar, mas não há como.

— O que quer dizer com isso, Camus?

— Não posso contar muito a você. Ainda não.

— Claro que não, não é? Você está com os comensais, não é? – Ela riu sem humor algum. Sua raiva crescia dentro de si – Como pude ter sido tão idiota!

Camus não disse nada. Apenas ficou em silêncio.

— O que não explica é o que você faz aqui dentro comigo.

— Parece que estamos quase no mesmo barco – ele disse, sem fita-la, cruzando as pernas – Eles acham que sou um traidor.

— E você, Camus, o que pensa disso? Você é um traidor? – Ela provocou.

— Não a culpo por estar com raiva. Fiz o que devia fazer para proteger aqueles que amo.

— E você não pensou nas implicações éticas disso? – Ele não respondeu – Não pensou nas vidas que colocariam em jogo, não é? E onde eu entro nisso?

— Você vai descobrir – ele respondeu, suspirando – Eles estão apenas esperando para agir. Logo, vão ter o que querem.

— E o que eles querem? E quem são eles, os comensais?

— Eles vão conseguir a vingança contra a família Malfoy, por ter traído o mestre. O Lorde das Trevas.

Hermione sentiu o estomago retorcer. O que eles queriam fazer a Malfoy e a sua família? Ela teve medo por eles. Medo por Malfoy, pelo rapaz que parecia ter se tornado outra pessoa. Que tentou protege-la inúmeras vezes.

— E como eles pretendem fazer isso, Camus?

— É aí que você entra. Eles vão usar Draco, com isca para pegar o pai dele, Lucius.

— Mas, Draco...Malfoy não se importa comigo. Isso não faz sentido.

— Você não sabe como ele a vê. Mas, eu sei – Camus disse, dessa vez, olhando para ela de forma estranha – Draco nunca se interessou por ninguém. Está sempre procurando por você. Posso conhece-lo pouco, mas sei o que ele pensa.

Ela sentiu medo, de repente. Se afastou mais de Camus, como se ele fosse alguém perigoso. E talvez, ele fosse. Não conseguia ficar em pé, então apenas se afastou pouco dele. Mas, Camus não fez questão de alcança-la.

— Eu sinto muito, Granger. Não era para ser assim – a voz dele se tornou cheia de remorso. Mas, Hermione não sabia se ele era sincero – Era para você ter ido embora. Eu não queria. Juro que não. Mas, meus pais...eles estão presos. Prometeram que iriam liberta-los. Mas, eu percebi a mentira disso tarde demais. Por isso, a alertei, para ir embora.

— Você iria me entregar aos comensais? – ela perguntou, com a voz aguda.

Queria esgana-lo. Queria bater nele com tanta força...E tentou se levantar, mas não conseguia. Estava fraca.

— Vou matar você – ela não sabia se era uma promessa, ou apenas uma forma de extravasar sua raiva.

— Eu não a culparia – ele disse, sem ser irônico – Eu mesmo não estou orgulhoso de mim.

— Você é um mentiroso. Não confio em você! Não acredito em você!

Silêncio. Ele não dizia nada em sua defesa. Então, algo passou por sua mente. Algo que ela não havia pensado que poderia ser. Era um acidente. Mas, talvez, não fosse um.

— Você tentou me matar na biblioteca, não foi?

Ele não respondeu. O que só confirmava suas dúvidas. E o medo a inundou, como se estivesse mergulhando em águas congeladas. Ela não conseguia se mover. Estava paralisada.

— Eu apenas precisava ativar o modo de destruição da biblioteca – ele murmurou – Não era para você se machucar.

— Por isso, você estava preocupado comigo...por isso...você é um psicopata!

— Não sei o que é isso – ele disse, dando de ombros. Ela tentou se afastar mais um pouco dele dessa vez, tentando alcançar a porta. Estava tão perto – Já tentei abrir – ele disse, como se lesse seus pensamentos – Eles trancaram. Não tem saída desse lugar.

— Se você...se você encostar em mim...eu juro...por Deus, eu juro...

Ela gaguejava. Estava com medo, raiva, um misto de sensações que a cegavam. Tremia.

— Não vou fazer nada, Granger. Não é comigo que deve se preocupar. Mas, com quem me pediu para traze-la.

Hermione queria perguntar quem era a pessoa, mas teve medo de saber. Estava apavorada. Então, escutou a porta se abrir. Havia alguém do lado de fora, com vestes negras e uma máscara metálica no rosto, imitando um rosto humano. Ela tentou avançar até ele, mas não teve tempo. Algo foi jogado no chão e a porta se fechou de forma brusca, antes que ela pudesse fazer a movimento para ir até a porta.

— Ah, temos comida – Camus disse, em tom irônico – Pão seco.

Hermione olhou para os pães jogados no chão empoeirado. Abraçou os próprios joelhos, sentindo suas forças se esvaírem.

— Prometo, Granger, vamos sair disso.

A promessa dele era vazia. Não acreditava nele. Não confiava em mais ninguém.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O acordo Dramione" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.