O acordo Dramione escrita por Aline Lupin


Capítulo 28
Capítulo 28




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Hermione estava furiosa. Na verdade, ela poderia naquele momento cometer alguma insanidade, como fazer Malfoy voar pelos ares. Como ele se atrevia a sumir e continuar com a missão sozinho? Como pode esquecer dela? Era um pouco exagerado seus sentimentos, mas eles pareciam ter amplificado ainda mais, quando ela o viu no saguão de entrada. Quando ela chegou na mansão, acompanhada por Camus, acreditou que ele não estivesse ali. Acreditou mesmo que ele poderia estar em perigo. Pensou no quanto estava preocupada com ele. O quanto se importava com ele. Mas, tudo em vão. Pois, ali estava ali, muito bem trajado, com roupas finas. O smoking lhe caia muito bem. A gravata borboleta fazia jus ao seu pescoço esguio. Ele era toda opulência e elegância.

Quando soltou o braço de Camus, com pressa em chegar até Malfoy, notou os olhos avermelhados do rapaz. As olheiras que cobriam seu pelo rosto. Ele parecia cansado de fato, como se nem ao menos tivesse dormido. Quase deixou que a pena a inundasse, mas, não dessa vez. Ela queria entender o que ele pensava que estava fazendo sozinho, sem a ajuda dela.

— Granger - ele a saudou, de forma neutra.

— Por que você desapareceu? - Ela exigiu saber, entredentes. Tomou o cuidado de não o tocar, nem falar alto, para não chamar a atenção de ninguém.

Um brilho tomou conta dos olhos cinzentos dele. Assim, como seus lábios de curvaram para cima, mas logo, sua expressão se tornou neutra, como se estivesse se controlando na presença dela. E isso a irritava muito. Não conseguia decifrar o que ele estava pensando. Queria muito exigir explicações, gritar, praguejar, sacudi-lo. Fazer qualquer coisa que extravasasse sua raiva.

— Estava preocupada comigo, Granger? - Ele provocou. E dessa vez, sorriu largamente.

— Eu não estava! - Ela quase gritou.

Claro que agora tinham a atenção das pessoas que circulavam por ali. Olhavam para o casal com curiosidade indisfarçável. Foi quando sentiu o braço de Camus ao redor da sua cintura.

— Vamos para o salão? - Ele perguntou, bem próximo ao ouvido dela.

Pode ver um lampejo de raiva nos olhos de Malfoy. E isso a agradou muito.

— Claro, vamos - ela concordou.

Saiu de perto de Malfoy, que não os seguiu. O que a deixou sinceramente chateada. Mas, nem deveria. Ele escolheria fazer tudo sozinho. Ao invés de seguir o plano anterior, como parceiros. Ela acreditou que seriam assim, mas é claro. Estava sendo tola. Malfoy com certeza nunca seria seu parceiro, nem amigo, nem nada. Por um momento ela chegou mesmo a acreditar que eles poderiam ser amigos e sinceros um com o outro. Nem ao menos deveria ter aquelas expectativas, porque afinal, eles tinham um acordo do começo. Ele a manipulou para que ela melhorasse sua imagem. E Malfoy já estava recuperando seu glamour. O Profeta Diário não parava de comentar sobre seus feitos e como ele havia mudado depois da guerra. Claro, com alguns comentários maldosos de Skeeter, quanto a suposta ajuda dele ao Ministério, se perguntando e ele iria trair a todos, se bandeando para o lado das trevas.

— Você parece contrariada - Camus disse, ao seu lado, enquanto adentravam o salão cheio de convidados.

Música clássica tocava. Era um quarteto de cordas, mas sem os músicos. Os instrumentos tocavam sozinhos, animados por algum tipo de feitiço que permitia isso. Hermione não queria dançar, como os outros casais. Na verdade, ela queria ir embora. Estava cansada de ser o centro das atenções naquele baile. De ser olhada de forma meticulosa pelos convidados e ignorada completamente por eles, ao mesmo tempo. Enquanto que Camus era cumprimentado, ela que estava ao seu lado, era ignorada sem piedade alguma. Apenas alguns convidados a cumprimentaram com educação e certa admiração. Camus havia explicado que as famílias puro-sangue não estavam a ignorando apenas por despeito. Eles faziam isso com todos aqueles que eram mestiços ou nascidos trouxas. Ela não era a única por ali. Contudo, isso não a animava. Na verdade, se sentia deslocada naquela mansão requintada, repleta de obras de arte. Ela não pertencia àquele lugar. Não deveria estar ali.

— Vamos dançar - Camus a convidou.

— Não acho que seja uma boa ideia.

— Confie em mim quando digo que é uma boa ideia - ele disse, em tom jocoso - Vamos tirar essa sua cara de enterro.

Ela riu. Não pode deixar de rir. E girou com seu parceiro no salão, vendo outros casais olhando-os sem disfarçar. Ela era a sensação naquele lugar. Uma heroína de guerra e nascida trouxa. Que derrotou Voldemort. E dançava com um rapaz puro sangue, além do fato de trabalhar com um Malfoy. Hermione sabia muito bem que aquela festa nunca seria esquecida e que os jornalistas do Profeta Diário não deixariam aquele acontecimento passar em branco. Ela já podia ver uma jornalista ruiva, entre os convidados, tomando champanhe ao lado da família Greengrass, com um sorriso presunçoso. Era a mesma mulher que tentou fazer uma matéria tendenciosa sobre o triângulo amoroso: Hermione Granger, Ronald Weasley e Draco Malfoy. Hermione nada pode fazer, afinal, Rita Skeeter não tinha escrito a matéria. Se fosse o caso, ela denunciaria a bruxa por ser uma animaga ilegal. Contudo, Skeeter se tornara muito esperta ao escrever matérias sobre ela e seus amigos. Colocava seus colegas de trabalho para fazer o trabalho sujo por ela.

Hermione procurou um besouro no salão, enquanto girava nos braços de Camus, em uma valsa um pouco ousada para seu gosto. Ele parecia tentar se aproximar demais dela e ela pensou seriamente em pisar com força em seus pés. Contudo, seus pensamentos de pisotear os pés de Camus foram desviados para uma pessoa no salão. Malfoy. Ele tirava Astória Greengrass para dançar. Ela sentiu o peito arder em frustração. Desviou o olhar, vendo que Camus não parecia prestar atenção nela, mas olhava ao redor, como se esperasse algo ou alguém. Seu maxilar estava retesado.

— Está tudo bem? - ela perguntou.

— O que...hã? - ele a fitou, tentando esboçar um sorriso, mas não conseguiu. Estava escondendo alguma coisa sobre sua fachada divertida e sarcástica.

— Camus, o que está acontecendo? Está vendo a família Pyrites por aqui?

Ele a fitou com os olhos estreitos e voltou a fitar por cima do seu ombro.

— Apenas continue dançando - ele disse suavemente no pé do seu ouvido - Quando a dança terminar, você precisa ir embora. Vou deixa-la do lado oposto do salão. Siga pelas portas duplas de vidro, que dão saída para uma sacada com escada. Você vai chegar aos jardins. Saia do perímetro de proteção da mansão e vá para casa.

— Mas, por que?  O que está havendo? - A música terminou, enfim e logo uma melodia começou.

Sentiu um toque em seu ombro. Camus trincou os dentes.

— Camus, me emprestaria sua parceira um instante? - Ela escutou a voz de Malfoy atrás de si.

— Eu não acho que esse seja o momento...- Camus disse, em tom seco.

— Ah, mas eu insisto.

Hermione, que estava indignada com Malfoy e por não ter sua opinião solicitada se virou para ele. Estavam no meio do salão, com certeza, causando uma cena.

— O que você quer Malfoy? - Ela perguntou, em tom ríspido.

Ele lhe deu um sorriso malicioso.

— Apenas dançar - ele piscou para ela.

Ela teria respondido para buscar Astória Greengrass para fazer companhia a ele, mas as luzes do lugar se apagaram de repente. Gritos ecoaram pelo salão. Hermione mordeu a bochecha interna para não fazer o mesmo. Seu coração batia rapidamente. Ela estava com medo. Não conseguia enxergar. Procurou a varinha no bolso do vestido, que fora improvisado para justamente colocar a varinha ali, para caso houvesse uma emergência. E ao que parecia, aquilo era uma emergência.

— Tenham calma.

Ela escutou alguém falar. Um homem. Logo, ela pode ver várias varinhas apontadas para cima, com o feitiço Lumus. Ela fez o mesmo, tentando ver ao redor. Camus e Malfoy estavam ao redor dela.

— O que está havendo? - Alguém perguntou.

O burburinho de pessoas falando se tornou mais alto.

— Vocês precisam ir - Camus disse, puxando o braço de Hermione - Vá embora agora. Leve-la, Malfoy.

— Mas, o que...? - Ela teria perguntado o que estava acontecendo. Camus sabia mais do que deixava transparecer.

Então, houve uma explosão. O caos havia sido instaurado. As pessoas se empurravam. Hermione tomou a decisão de seguir para o caminho que Camus havia apontado mais cedo. A saída pela sacada. Uma mão segurou seu cotovelo. Ela olhou para o lado, vendo Malfoy com ela. Mas, nenhum sinal de Camus.

— Precisamos ir agora - ele disse, com urgência - Vou deixá-la lá fora. Depois vou voltar.

— O que? Você vai embora comigo, Malfoy. Vou deixa-lo em um lugar seguro e sou eu que vou voltar.

— Não vamos discutir agora sobre isso.

Ele a segurou pela cintura, forçando a passagem. Algumas pessoas escolherem o mesmo lugar para sair. Hermione escutava atrás de si feitiços serem lançados. Contudo, com a escuridão que estava presente e com apenas varinhas para iluminar o caminho, ela somente enxergava meio palmo.

Quase tropeçou nas escadas, ao descer e foi levada junto pelas pessoas, como se fosse uma correnteza. Caiu de joelhos no chão. O ar escapou dos seus pulmões.

Então, uma dor lancinante tomou conta do lado esquerdo da sua cabeça. Tudo ficou preto, em seguida.

**

O salão estava inteiro destruído por feitiços. Alguns convidados que permanecerem ali lutaram ferozmente. Claro que ninguém sabia de onde estava vindo o ataque. Poderiam ter acertado pessoas inocentes. Mas, o pânico que tomara conta dos bruxos fora maior. Logo, os aurores que fazia segurança do perímetro da mansão notaram algo estranho. Principalmente Harry, que escutou a explosão. A mansão Nott pegava fogo e a fumaça subia a céu aberto, coberto de estrelas. A marca negra fora conjurada.

Os aurores conseguiram conter o fogo e evacuar o local, além de descobrir um grupo de quatro comensais da morte no local. Harry não conhecia nenhum deles e nem seus parceiros sabiam quem aqueles jovens eram. Pareciam ter a idade de dezoito a vinte anos. Muito jovens e inexperientes. Interrogados, eles se recusaram a dizer qual era o objetivo de estarem ali. Harry sabia que precisava da veritasserum para extrair a verdade deles. Mas, estavam sem tempo.

Pessoas estavam feridas gravemente pelo fogo. Algumas com escoriações causada tanto pelo duelo no escuro, além de serem arrastada pela multidão de pessoas que esvaziam o salão e a mansão. Enquanto Harry tentava procurar mais feridos pelo jardim, alguém veio correndo em sua direção. Harry ergueu a varinha, para se proteger, mas logo relaxou ao ver que era só Malfoy.

— Potter, você precisa me ajudar – ele disse, ofegante. Suas roupas estavam amarrotadas, assim como sua camisa a gravata entreaberta – Granger...ela...sumiu!

O sangue parecia ter se esvaído do rosto de Harry. Ele engoliu a seco.

— O que quer dizer? Ela não estava com você? Onde está Camus?

— Eu não sei. Ele também se foi – Malfoy disse, em tom exasperado – Ele disse para nós irmos embora...ele...sabia de alguma coisa...

Malfoy passou a mão pelo rosto, angustiado.

— Precisa me ajudar a encontra-la, Potter. Só Merlin sabe o que farão com ela...se...

— Não vamos fazer conjecturas. Continuou a procurando pelo perímetro da mansão. Ela deve ter ido para casa. Vou enviar um auror para verificar.

Malfoy o fitou com um olhar irritadiço, mas fez o que ele pediu. Harry pediu a Rony que fosse até a casa de Hermione ver se ela estava lá. Rony, claro, ficou em estado desesperado. O que seria um problema, mas Harry não tinha tempo para designar outra pessoa a tarefa. Mais aurores chegavam ao local, contudo, todos estavam preocupados com o ocorrido na mansão. Ele não poderia pedir a outra pessoa. Teria que de ser Rony. E Harry tratou de procurar Hermione.


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