O acordo Dramione escrita por Aline Lupin


Capítulo 25
Capítulo 25




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Algo sempre pode sair da rota planejada. Não há como sempre ter cem porcento de previsibilidade. Hermione sabia de tudo isso, mas não conseguia respirar. E quando não se respira corretamente, bom, o esforço fica para controlar o forte estresse que o corpo está passando. E então, o raciocínio não é utilizado. Nesses momentos, sempre cometemos algum erro e causamos mais problemas do que tínhamos antes.

Esse era o problema de atravessar um rio cheio de inferis. Hermione entrou em pânico, quase virando a embarcação conjurada, que já estava se desfazendo nos pés de todos. Três aurores haviam sido designados para a missão, além de Malfoy e Hermione, para entrar na biblioteca subterrânea. O que seria carga extra para o barco aguentar.

— Hermione - Malfoy ralhou - Pelas barbas de Merlin, você quase caiu.

Ele a segurava pelo braço, aproximando-a de si, olhando para os lados, com medo. É claro que estava. O rio estava calmo, fedendo a enxofre. Mas, estava calmo demais.

Foi quando eles desembarcaram que a situação se tornou critica. Primeiro, Hermione viu corpos boiando nas profundezas do rio. Era possível ver, devido a biblioteca ser iluminada por tochas. Com certeza, eram os inferis, que não tentaram atacar, diante da presença deles. O que era muito estranho. Ela já antecipava como seria a volta. Com certeza, eles tentariam atacar.

Contudo, o problema estava bem diante deles. Um dos aurores, Mcfield, havia se transformado em pedra. Eles o encontraram mais a frente, no labirinto de estantes, procurando o livro que falaria sobre os vampiros. Infelizmente, nenhum parecia ter um título e quando abertos, tentavam morder os dedos deles.

— Droga, droga - Malfoy praguejou, ao ver o auror em forma de estátua, com a mão esticada com a varinha em punho.

— Parece que há um intruso por aqui - Camus, que fazia parte da missão, constatou, olhando para os lados, com a varinha em punho - Precisamos ficar atentos e evitem olhar para frente. Algo está aqui para nos petrificar. Não querem que levem os livros que estão nas estantes.

Todos assentiram e seguiram caminhos separados, para buscar o livro que realmente importava. O restante ainda seria confiscado pelo Ministério, depois que estudassem quais eram as defesas do local, para então, derruba-las.

Hermione não conseguia respirar como deveria. Estava entrando em pânico. Ela sabia que algo estava a espreita, pronto para atacar. E não fazia ideia do que era. Fora tão fácil responder ao enigma e passar pelo fantasma degolado, mas não contava que alguma coisa estaria ali para petrifica-los. Assim como o basilisco, aquela criatura poderia petrifica-los apenas olhando em seus olhos. E se não fosse dessa maneira? Se fosse outro tipo de criatura? Se fosse até mesmo um bruxo, para defender o local? O feitiço poderia vir em suas costas.

Olhou por cima do ombro inúmeras vezes, tentando se antecipar, isso quando os livros nas estantes não tentavam morde-la, queima-la ou produzir um furacão de papéis picados ao seu redor. Eles pareciam muito vingativos. Como leria o livro, se não conseguia abri-los? Enquanto tentava responder àquela pergunta, também tentava responder outra. Que criatura mitológica poderia petrificar alguém? Uma medusa? O basilisco? O cocatriz? Eram tantas. Esperaria ser a medusa. Um espelho resolveria tudo. Era só fazer com ela medusa olhasse em seu próprio reflexo e se petrificaria em segundos. Por sorte, Hermione tinha um, não tão grande, dentro da bolsa com o Feitiço Indetectável de Expansão. Ela apenas não tinha uma espada. Se tivesse uma, cortaria a cabeça da criatura.

— Hermione - a voz de Malfoy ecoou.

Seus sentidos ficaram em alerta. Malfoy nunca a chamaria pelo primeiro nome, se fosse algo muito importante. Ela tentou encontra-lo, mas estava em meio a um labirinto de estantes. E se perdeu algumas vezes, até encontrar o centro, onde havia um círculo que deixava espaço entre as estantes. Mas, Malfoy não estava em nenhuma parte.

— Hermione.

A voz de Malfoy ecoou mais uma vez. Parecia em desespero, como se tentasse procura-la.

— Malfoy - ela o chamou.

— Aqui.

A voz vinha de um dos corredores. Ela tirou o espelho da bolsa, por precaução. Não seria petrificada mais uma vez. Infelizmente, não encontrou ninguém, apenas mais estantes.

— Onde diabos ele está? - perguntou a si mesma.

Foi quando escutou passos à frente, ela se recostou a uma estante. O coração batendo com força. E pelo canto do olho pode ver a silhueta de algo passar. Os cabelos eram inconfundíveis. Em formato de cobras eriçadas. De fato, eram cobras sobre sua cabeça. Ela engoliu a seco. Como faria para a medusa olhar o espelho?

Se esgueirou, caminhando com cautela, quando escutou Malfoy chama-la com urgência, mas não poderia responde-lo. Ou atrairia a atenção da Medusa. Quando o procurasse, iria usar um feitiço sinalizador. Isso poderia aproxima-los em meio ao labirinto de estantes.

Caminhou de lado, com medo de encontrar a criatura de frente. Até encontrar outro corredor vazio. Passou com cautela, até que encontrou a Medusa de costas para ela.

— Ei - ela chamou, já com o espelho levantado.

A Medusa se virou, com a mãos em garras para cima. Sua pele toda acinzentada, lembrando o aspecto de uma estátua. Hermione acreditou por segundos que aquilo não iria funcionar. Sempre encontrara literaturas sobre enfrentar aquele tipo de fera mostrando o reflexo delas, ou no caso de Harry, não fazendo contado com os olhos e tendo uma espada, ou a presa de um basilisco para perfurar os olhos da criatura. No caso dela, só havia um espelho.

A medusa avançou rapidamente, como se deslizasse e pronta para dar o bote. Hermione apenas olhava para o chão naquele instante, com o espelho levantado, na altura dos olhos. Então, não escutou mais nada nem viu a medusa se mexer. Pode ver que ela estava muito próxima e havia parado por algum motivo. Com apreensão, Hermione baixou o espelho. E olhou para a criatura, que estava com os braços erguidos, com uma expressão de horror no rosto. Parecia quase humana, se não fossem pelos cabelos em formato de cobra.

Hermione suspirou, engolindo a seco. Guardou o espelho, pronta para sair dali e encontrar Malfoy. Foi quando escutou as vozes desesperadas.

— Saiam agora!

Era a voz de Camus, Mcfield, que deveria voltado ao normal e mais alguém. Era Malfoy. Ela olhou por cima do ombro. vendo as estantes desmoronando.

— Ah não.

Colocou-se em movimento, correndo o mais rápido que suas pernas conseguiam, mas sentia os músculos doloridos e o peito ardendo, pela força que fazia. Não tinha mais um plano. Nem de contenção. Teria que contar com a sorte, já que ali dentro não poderia aparatar. Escutou o estrondo atrás de si. As estantes caiam em efeito dominó. Ela não conseguiria alcançar o centro e encontrar a saída daquele lugar. Não daria tempo. Mas, tentou mesmo assim.

Então, algo a atingiu e seu mundo se tornou preto.

*

— Será que ela vai acordar?

— Eu não sei.

— Ela tem um galo feio na cabeça. Olha o braço dela?

— Saiam, rapazes. É só remendar os ossos.

— Só remendar? Pelas barbas de Merlin. Ela está...aquilo é o cotovelo dela?

— Cala a boca Camus!

— Cala a boca você, Draco.

— Saiam agora dessa enfermaria.

*

Draco andava de um lado a outro do corredor do St Mungus. Era madrugada. No dia seguinte, aconteceria o baile de inverno na mansão da família Nott. Mas, ele se recusaria a ir. Não poderia, não enquanto Granger estava internada, sendo remendada por uma medibruxa muito parecida com a Madame Pomfrey. Temia que nem isso pudesse ajuda-la, pois seu corpo estava demasiadamente machucado. Para dizer o mínimo.

Quando a procurou nos destroços das estantes, não imaginou que a encontraria de baixo de uma estante. Ela nem parecia respirar. Tinha um corte feio na testa. O sangue manchava seu rosto em formato de coração, tingindo a raiz dos seus cabelos castanhos de um tom rubro. E logo ele notou a posição estranha que estava seus membros. Ela estava desacordada. E com a ajuda de Camus e um feitiço, ela ficaria por um longo tempo, mergulhada em sono profundo. Ela não poderia acordar. Teria que dormir para não sofrer e não atrair inferis na travessia de volta, para sair da biblioteca.

Draco não sabia o motivo para as estantes tombarem. Talvez, fosse um mecanismo de defesa do lugar. Já que, nunca aconteceu isso, quando ele fora naquele lugar com seu pai. E nunca tinha visto ninguém ser petrificado. Até o momento, nem ele, nem os aurores, muito menos Camus, sabia o que era a criatura que petrificara Mcfield e depois, Abernathy. Draco gritara o nome de Granger algumas vezes, nervoso, pois ela devia estar em perigo, sendo a próxima a ser petrificada. Então, quando ela não respondeu, continuou a procurando. Até que Camus o encontrou em um corredor, mostrando que havia encontrado o livro que precisavam. Em seguida, um corredor de estantes ao lado veio abaixo e o efeito em cascata estava ativado.

Engoliu a seco, pensando que tudo aquilo, o que aconteceu com Granger era culpa dele. Se não a tivesse deixado sozinha...

— Onde ela está? - a voz de alguém trovejou, no final do corredor.

Draco olhou para o lado. Ele não tinha sorte mesmo. Teria que ver o testa rachada e o cenoura.

— O que você fez com ela? - O Weasley veio até ele, com um olhar acusatório. A varinha em punho.

Draco apenas o fitou com um ar cansado. Não estava pronto para discutir, nem brigar, não quando estava sentado ali no corredor há três horas, sem ter notícias de Granger.

— Abaixa essa varinha - Potter ordenou.

Weasley fitou o amigo com um ar ofendido e baixou. Depois, desviou o olhar para Draco. Parecia querer arrancar a cabeça dele, mas Draco não se importava. Não tinha medo daquele protótipo de herói. O que o que preocupava mesmo era o olhar sério de Potter, que parecia exigir respostas. E não facilitaria para ele. Além do mais, ele era muito próximo a Kingsley, de uma maneira que poderia prejudicar Draco. E o que ele não precisava era ter suas chances de recuperar sua vida irem por água a abaixo por causa de uma palavra de Potter.

— O que houve com ela, Malfoy? - Potter perguntou, segurando o ombro do amigo.

— A missão teve problemas - Draco respondeu, passando a mão pelo rosto. Sentia areia nos olhos - Houve um desmoronamento. Granger estava lá.

— Que tipo de desmoronamento? Foi você que causou? - Weasley acusou, cerrando os punhos, demonstrando que estaria pronto para trocar socos com Draco - Nós sabemos que você nunca a tolerou, por ser nascida trouxa. Está apenas se mostrando bonzinho, para se beneficiar e ser bem visto pelo Ministro.

Draco revirou os olhos, nem um pouco impressionado com as acusações. O remorso, é claro, calou fundo, afinal, no começo era realmente sua intenção apenas usar Granger. Não contava que eles se tornariam parceiros. Amigos. Aquilo era estranho de se pensar. Nunca quis ter relação alguma com um nascido trouxa, mas lá estava ele, passando a madrugada em um hospital, esperando saber como ela estava e aguentando os imbecis dos seus amigos.

— O desmoronamento foi de estantes. Algo ativou um mecanismo de destruição na biblioteca - Draco respondeu, dando de ombros, sem se importar com olhar feroz do Weasley. Potter o escutava atentamente, anuindo com a cabeça - Ao que parece, retirar o livro que precisávamos causou isso. Infelizmente, Granger estava muito afastada do centro do labirinto de estantes e se feriu gravemente. Se estão querendo saber como ela está, devem perguntar na enfermaria. Eles não me deixam mais entrar lá.

Não quando ele e Camus discutiram ferozmente. Camus parecia ter um senso de humor mais negro do que o de Draco e fez comparações sobre a forma como estava o corpo de Granger quando ela foi deixada no leito. Realmente, era uma visão assustadora. Draco tentou não vomitar, porque a forma como o corpo de Granger estava era inumana. Ela parecia muito flexível, pela forma com o joelho estava dobrado para frente, assim com o cotovelo, para trás, em uma posição impossível. Um osso, é claro, saltava. No momento em que precisaram tira-la da biblioteca, ninguém notou isso. Era adrenalina que permitira que eles levitassem o corpo dela, sem ver como estava o estado do seu corpo. Pobre Granger, Draco pensou. Ela não merecia estar daquela maneira, mas confiava que a enfermeira a ajudaria a voltar ao normal.

— Vamos Rony, vamos ver Hermione. Depois nos falamos no Ministério, Malfoy - ele o fitou com olhar penetrante, como se lhe dissesse que aquilo não havia terminado.

E Draco sabia que não havia mesmo. Sempre precisava ser submetido ao veritasserum. O que era extremamente constrangedor. Se perguntou como os estudantes de Hogwarts suportaram aqueles interrogatórios invasivos de Umbrigde. Ele fez parte disso, também, sem se importar com ninguém, apenas em demonstrar que estava do lado certo. Do lado daqueles que reprimiam e comandavam. Se sentia estúpido agora.

O melhor, no entanto, era ir para casa. Os amigos dela estavam lá e talvez, ela não precisasse mais dele. Talvez, nem quisesse. Então, ele voltou para casa, sozinho. Andando sem se importar com o cansaço.


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