Our August escrita por Little Alice


Capítulo 1
I. august slipped away into a moment in time


Notas iniciais do capítulo

Olá, Mari. Como você está? Espero que bem.

Antes de tudo, quero que saiba que fiquei feliz em tirar você! Sou nova no grupo, então ainda estamos nos conhecendo melhor e eu estava ansiosa porque é a primeira vez que participo do amigo secreto de vocês. Confesso que o seu pedido me deixou um pouquinho desnorteada, já que sou muito Hinny e Drastoria shippper e não tinha ideia de como escrever Draco e Ginny (nunca li nada com os dois) HAHA. Mesmo assim, queria fazer uma fic legal e atender o seu único pedido (você foi muito boazinha aqui). Afinal, você merecia isso! De todo modo, um pouco de desafio sempre é bom. No fim, escolhi fazer esta fic em universo alternativo, pois assim era mais tranquilo para mim, espero que entenda (além disso, estou mesmo em uma fase mais au, HP perdeu um pouco a graça para mim, então não estou tendo tanta vontade de escrever no canonverse). É uma fic leve e de verão, relativamente pequena. A linguagem é bem informal (acho!) e o formato é bem diferente do que estou acostumada, é uma mistura de carta, de relato, de narração... não sei dizer ao certo, é um EXPERIMENTO rs. Ah, um detalhe, aqui eu coloquei os dois no mesmo ano escolar, não há diferença de idade entre eles, essa realidade não iria funcionar se não fosse assim. Enfim, espero, do fundo do meu coração, que você goste! ♥

A fanfic é inspirada em “August”, da Taylor Swift. Escutem:
https://youtu.be/nn_0zPAfyo8

Boa fanfic!



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Querida G.,

Você ainda se lembra de nós? De agosto, dos beijos debaixo d’água, das risadas à meia-noite? Do nosso agosto?

Porque eu me lembro. De cada detalhe.

De você, especialmente.

 

 

Dia 1

Estávamos no finalzinho do verão — um verão que, até então, se apresentava como interminável, solitário e angustiante, ao menos para mim — e eu não esperava encontrá-la ali. Não naquele canto paradisíaco de mundo e, com certeza, não naquele momento improvável para nós dois. Na realidade, não esperava ver ninguém da escola e nem mesmo queria.

Achava que estar em um resort na Croácia, longe o bastante da Inglaterra, de Hogwarts e de toda a merda que a envolvia, me permitiria pelo menos aquilo. Era o mínimo, já que não poderia ter o que todos os outros que estavam naquele lugar dos sonhos pareciam ter, sem qualquer esforço: sol, praia, despreocupação e uma dose honesta de alegria.

Afinal, eu não estava ali a diversão, mas a trabalho — ajudando o meu pai em seus negócios, alguns não tão limpos quanto aparentavam. Aquela realidade de coisas escusas parecia cada vez mais próxima de mim, a cada volta que o relógio dava, a cada momento que nos aproximávamos do limiar da vida adulta. Então, é, não estava sendo um bom verão. Estava sendo um verão de merda e, nele, eu podia ver exatamente o que me tornaria em poucos anos.

Sentia-me frustrado, entendido e, talvez, um pouco amedrontado, e pensei, realmente pensei, que permaneceria assim até o último dia de férias. Foi então que a vi, trabalhando como garçonete no restaurante do resort, e tudo mudou. Cabelos ruivos, sardinhas pelo rosto e uma expressão de determinação, que logo se transformou em deboche, ao se deparar comigo pela primeira vez. É claro que seria assim, não nos dávamos bem. Eu era o valentão e você, a atleta popular e querida da escola.

Também não reagi da melhor maneira. Sim, o deboche foi recíproco. Talvez até pior, porque sabia que ali, naquele exato instante, eu estava em uma posição de poder e me pareceu fácil tirar proveito disso. Eu era um idiota — ainda sou, embora esteja tentando buscar o caminho da razoabilidade — e não poderia culpá-la se você tivesse, de fato, jogado o seu bloquinho de pedidos no meu rosto, como sei que desejou.

Só que você não jogou.

 

Dia 5

Nunca soube exatamente por que você se aproximou naquela noite, você nunca me disse. Porém, você se aproximou. Talvez estivesse se sentindo entediada, talvez estivesse apenas buscando por um rosto conhecido no meio da multidão, mesmo que fosse o meu, ou talvez só quisesse me provocar um pouco, como era de costume na escola.

Você estava bronzeada de sol, a pele dourada em alguns pontos, vermelha em outros. O cabelo molhado e solto, tão diferente do coque rígido e sem graça que usava enquanto trabalhava. Por um momento, pude imaginá-la na praia, ao entardecer, com os pés descalços, enquanto procurava conchinhas para acrescentar à sua coleção particular.

“Você não se diverte nunca, Malfoy?”, perguntou, sentando-se ao meu lado no bar, seu perfume floral me alcançando. “Desde que nos encontramos, nunca te vi no mar ou na piscina. Quero dizer, isto aqui é um resort, né? As pessoas vêm para cá para se divertir. Eu trabalho meio período e estou me divertindo mais do que você, que não precisa mover nem o dedo mindinho do pé para conseguir o que quer”.

Meu primeiro desejo foi mandá-la cair fora. Não era da sua conta, Weasley. Não mesmo. Por algum motivo, porém, eu me segurei. Tantas certezas estavam caindo por terra naquele verão (todas as certezas que meu pai tecera para mim), então que diferença faria se mais uma desmoronasse? Eu não precisava ser seu inimigo ali. Ali, longe de Hogwarts — de Goyle, de Crabbe e de Pansy —, eu não precisava ser o velho Draco de sempre. Só para variar. 

Até você não estava sendo a mesma. Você jamais teria se aproximado de mim se estivesse em Hogwarts, ao lado dos seus amigos certinhos e da sua família enorme e enjoativamente afetuosa.

Talvez aquele lugar fosse um ponto neutro para nós dois.

“Eu estou estagiando na empresa do meu pai”, respondi, soltando o ar devagar. “Estamos negociando com clientes aqui. Não vim a passeio”.

“E você trabalha em tempo integral?”, desafiou. “Porque não estou vendo o seu pai e nem os clientes dele agora. No entanto, você continua aí, enfiado nesse celular e com cara de quem lambeu sabão”.

Eu respirei fundo, novamente me contendo para não dar uma resposta atravessada. A verdade era que você estava certa. Eu não trabalhava o tempo todo. Podia aproveitar as horas livres, porém, escolhia não aproveitar. 

“Eu não sei”. Dei de ombros e suspirei. “Só não me parece muito divertido me divertir sozinho”.

Não quis encará-la naquele momento. Por algum motivo, me permiti ser vulnerável diante dos seus olhos azuis e não gostei daquilo. Era assustador, muito assustador. Eu nunca tinha sentido aquilo e já começava a me arrepender por ter aberto a minha boca. 

“Eu vou querer um Cosmopolitan, por favor”, a ouvi pedir ao barman. “Sabe, agora que fiz dezoito anos, me sinto tão chique pedindo Cosmopolitan. Não é chique?”, brincou, voltando-se para mim.

“O que... o que está fazendo, Weasley?”. Finalmente a mirei, confuso demais para dizer qualquer outra coisa. 

“Você não falou que parece chato se divertir sozinho?”. Eu assenti. “Então vamos nos divertir juntos”.

 

Dia 7

Domingo era o seu dia livre, o único que era completamente seu, do amanhecer ao entardecer. Naquele, você me convidou para ir à praia. Não a praia privativa que tínhamos no resort, mas outra, mais distante. Para mim, todas as praias eram iguais e talvez tenha resmungado isso quando nos enfiamos dentro daquele ônibus. Você riu, me vendo naquela situação.

“Primeira vez em um ônibus, Sr. Riquinho?”.

“É tão óbvio?”, ironizei. “Você fez de propósito. Eu poderia ter alugado um carro”.

“Pode ser que seja”. Outra risada. “E só para constar, praias não são todas iguais. As da Inglaterra são horríveis, por exemplo”.

Não discuti; de toda maneira, quando chegamos, depois de uma viagem mais longa do que eu gostaria, você viu no meu olhar e na forma como meu queixo caiu que eu estava admitindo o meu erro: de fato, nem todas as praias eram iguais. Aquela era incrível. Incrivelmente azul, duas faixas de areia clara que se encontravam em V. Era como se dois mares distintos, de mundos distintos, enfim se comunicassem.

Você estendeu nossas toalhas na areia e então tirou a blusa. Naquele instante, o meu coração falhou uma batida. Minha garganta secou. Eu sabia que você era bonita. Droga, quem não sabia? Até mesmo um idiota como Draco Malfoy precisaria admitir uma evidência tão clara. Você sempre foi linda, Weasley.

Mas ali? Ali, você era fascinante.

“Passa protetor nas minhas costas?”, você interrompeu o meu fluxo de pensamentos um pouco delirantes.

“Eu... ah, claro!”, gaguejei, sem refletir direito o que estava me pedindo e o que isso significava. Você então me entregou o produto e virou-se, afastando os cabelos para o lado. Eu me engasguei de novo. Suas costas eram salpicadas por sardinhas delicadas, como pequenas estrelas.

“Você nunca me contou como veio parar aqui”, tentei amenizar o meu nervosismo com algum assunto ameno.

“Como alguém da minha condição conseguiu vir parar aqui, você quer dizer?”, você riu, mas eu a sentia na defensiva. Não a culpei. Era de se esperar, considerando o meu histórico de garoto mimado e estúpido. “Eu trabalhei por um semestre inteiro em uma loja esportiva, Draco. Também troco trabalho por hospedagem, como sabe.”

“Não era bem isso que eu queria saber. Acho que me expressei mal”, disse, passando minhas mãos por suas costas, em movimentos suaves e lentos. Sua pele era quente e macia e, naquele momento, eu sentia o meu coração acelerado, saltando freneticamente. “Eu queria saber por que aqui e por que sozinha? Acho que nunca a vi sozinha em toda minha vida. Digo, desde que nos conhecemos”.

“Não era para eu estar sozinha, Dean viria comigo, mas então nós terminamos e, bom... eu estou aqui, ele não”. Não havia tristeza na sua voz, entretanto. “Acho que foi melhor assim, essa viagem nunca foi um sonho dele, era algo que ele faria por mim. Eu, por outro lado, sempre sonhei com isso. Eu me encantei por este lugar desde a primeira vez que o vi em uma revista de viagem. Eu tinha nove anos e lembro que prometi a mim mesma que um dia viria, quando tivesse idade suficiente”.

“Sua família concordou?”.

“Hum, não muito. Eles ficaram preocupados, obviamente. Bastante receosos. Mas, bom, agora eu sou maior de idade, não? E estou gostando de passar esse tempo longe, sozinha. Não me entenda mal, eu amo todos eles de montão e não poderia desejar uma família melhor, só que... às vezes, eles são superprotetores demais e agem como se eu ainda fosse uma criancinha... e tudo isso cansa. Estar aqui é como andar com os meus próprios pés pela primeira vez. Eu quero tudo o que a vida pode me oferecer, essa é a verdade. Eu quero acertar, mas quero cometer os meus próprios erros também, se for o caso”.

“Acho que posso te entender”, refleti.

“Pode?”, você pareceu surpresa.

“Posso”, engoli em seco. “E... hum... sobre o Dean... você ainda gosta dele?”. Por que diabos eu estava perguntando aquilo? Não era da minha conta!

“Como amigo, acho. Na verdade, não sei se me sentia muito apaixonada por ele.  Nunca consegui entregar o meu coração completamente ao Dean. Talvez não seja possível oferecer algo que não é seu por inteiro, e esse é o caso do meu coração”. Agora, sim, havia tristeza em sua voz e isso me incomodou mais do que deveria.

Não era a primeira vez que sentia inveja de Potter, mas era a primeira vez que sentia por sua causa. Porque eu sabia, todos na escola sabiam, a quem pertencia parte do seu coração.

E Potter era um idiota por não corresponder.

“Quer que eu passe protetor em você?”, quis saber, virando-se, mudando os rumos daquela conversa.

Um alerta acendeu-se. Eu já estava sentindo coisas estranhas demais, inesperadas demais, por você, não podia permitir que outra linha fosse atravessada.

“Não precisa, eu passei no hotel”.

“Então vamos!”. E me puxando pela mão, você caminhou comigo até o mar.

 

Dia 15

Parecia um sonho irreal que tivéssemos nos tornado tão próximos um do outro naquele período — aquele verão já não se mostrava como antes; agora, era intenso, caloroso e brilhante. Água salgada, sol, sorvete e risos. Íamos à praia todos os dias, depois que terminávamos o nosso expediente. À noite, tomávamos drinks chiques, como você costumava brincar, e, às vezes, íamos ao cinema da cidade, ao parque de diversão, ao shopping. Qualquer coisa jovem e que nos fizesse sentir vivos.

Naquele dia, eu quis surpreendê-la. Em geral, você me chamava para os passeios. Daquela vez, eu o planejei. Aluguei um carro e, no seu domingo livre, a levei para uma cachoeira em uma cidade próxima. Já havíamos visto tantas praias. O sal do mar estava impregnado em nossas peles. Era hora de algo diferente, de água calma e doce. De quedas deslumbrantes. Você pareceu gostar da ideia e pude vê-la em toda sua força enquanto seguíamos pelas trilhas íngremes.

“Não seja molenga, Draco”, você gritou, vendo-me ficar para trás. 

Fiz careta. Eu não era um terço do atleta que você era, ainda que fizesse parte do time masculino de futebol da escola, mas meu orgulho nunca admitiria isso em voz alta.

“Não fode, Weasley”, grunhi em resposta.

“Ginny”, corrigiu. “Me chame de Ginny. Não acredito que ainda me chame de Weasley depois de tudo”.

“Ginny”, acatei, saboreando as sílabas em meus lábios. Você me olhou daquele seu jeito alegre e me esperou alcançá-la, estendendo a mão na minha direção. Às vezes — ou melhor, frequentemente —, eu me deixava acreditar que você vinha sentindo o mesmo por mim: aquela atração irresistível, aquele desejo de ficar junto, de algum modo. Eram os seus olhares e os seus toques discretos que a entregavam.

Já não me preocupava mais com limites ou barreiras, porque, naquela última semana, todos tinham desmoronado na minha frente e precisei admitir que eu a queria, se você me quisesse de volta. Eu só precisava de um sim, de uma demonstração que era recíproco, e seria seu por aquele verão. Não, ainda não tinha esperanças de que pudéssemos ser mais do que isso — não seria prudente acreditar que viveríamos algo fora daquele lugar, aquela era a única barreira que eu mantinha (e manteria) intacta. Porém, durante aquele resto de verão, nós poderíamos ser tudo um para o outro.

Bastava você querer...

Depois de um longo e tortuoso percurso, chegamos à cachoeira, ainda mais incrível pessoalmente do que nas fotos. Você abriu um sorriso de orelha a orelha e deu um gritinho de felicidade, o que encheu o meu peito de coisas boas e leves, coisas que nem mesmo estava acostumado, como o grande egoísta que era. Aquela foi a primeira vez que percebi que vê-la feliz também me deixava feliz.

Como sempre, você pediu para que eu passasse protetor em suas costas e... ah, como quis escrever o meu nome nela! Um desejo bobo, mas que me vinha à mente de tempos em tempos. Dessa vez, deixei que passasse protetor em mim e apenas aproveitei a sensação da suas mãos sobre a minha pele. Era calmante e ardente ao mesmo tempo e sinto que você se demorou mais do que o necessário, como se também estivesse aproveitando.

Nós dois corremos juntos para a água e mergulhamos. Por brincadeira, dávamos voltas ao redor um do outro, suas pernas tocando frequentemente as minhas e suas risadas alcançando o meu coração que eu julgava gelado. Quando chegamos próximo da queda d’água, você olhou diretamente para mim e sussurrou, as bochechas ficando vermelhas:

“Draco, eu.. Bem, às vezes... ok, talvez um pouco mais do que só 'às vezes', eu fico imaginando como seria se nós beijassemos. É maluco demais?". 

"Não é maluco". 

Você pareceu aliviada. 

"É algo que eu queria". 

“Você tem certeza?”, sussurrei de volta.

“Como nunca tive em toda minha vida”, sorriu. “Você já beijou alguém em um lugar tão lindo assim?”.

“Hum... não”.

“Então essa será a nossa primeira vez”, foi tudo o que ouvi antes de você me puxar e colar os seus lábios delicadamente nos meus.

 

Dia 29

Agosto passou rápido, como uma boa garrafa de vinho, que vamos bebendo, quase sem notar. Em um piscar de olhos, sem que pudéssemos perceber, tinha acabado. O nosso verão chegava ao fim e, em breve, estaríamos de volta à Inglaterra, à Hogwarts e às nossas antigas vidas. Eu a veria, depois dali? A beijaria outra vez? Aquelas questões vinham me atormentando, noite e dia. Naquele momento, contudo, ainda a tinha e sorria vendo-a dançar sob o luar, com aquele seu vestido vermelho de festa, os pés descalços e um copo de pinã colada já vazio nas mãos.

Eu me aproximei de você, abraçando-a pelas costas. Dançamos no mesmo ritmo lento e cambaleante por alguns minutos. Quando a música chegou ao fim, você se virou e me beijou, calidamente, seus lábios com gosto de rum. Estávamos em um luau, na praia perto do resort, e caminhamos em direção a uma das tendas vazias, deixando-nos cair sobre os lençóis macios de seda. Você encarou o céu estrelado e então me olhou.

“Você consegue encontrar a sua constelação?”.

“Eu conseguia, quando era criança. Mas faz tanto tempo que não tento...”

“Tente”, insistiu com um sorriso.

“Ali”, apontei depois de um tempo.

“Onde?”.

Ergui uma das suas mãos com delicadeza e, juntos, fomos unindo, como num desenho de pontilhado, todas as estrelas que formavam a constelação de Dragão.

“Viu?”.

“Sim”, riu. “Acho tão legal conseguir identificar constelações no céu, é tipo uma habilidade especial”.

“Quando eu era criança, eu queria ser astrônomo... tudo por causa do meu nome. Era tão bobo”.

“Não é bobo, não. É fofo. E, agora, o que você quer ser?”.

“Não é óbvio? Eu vou seguir os passos do meu pai”.

“Mas é o que quer?”.

“Não”.

“Ah!”, suspirou. “Então não precisa ser”.

Eu queria acreditar naquilo. Como queria!

“Aposto que você vai ser uma estrela do futebol”, tentei brincar.

“Vou sim! E, então, quando enfim me aposentar do campo, posso trabalhar como comentarista esportiva. Parece brilhante!”.

“É um futuro brilhante”, concordei.

“Estou ansiosa para o nosso último ano”.

Não respondi. Ao invés disso, tentei ajudá-la a encontrar outras constelações. Você sorria e ria.

“Ginny?”, chamei, quando um silêncio estranho e de despedida se instalou.

“Hum?”.

“Você vai me ligar quando voltarmos para a escola?”.

“Você quer que eu ligue?”.

“Quero”, admiti. A verdade é que eu derrubara a última barreira. Eu estava apaixonado e não queria mais que fôssemos apenas um romance passageiro de verão. Eu queria que pudéssemos ter o nosso “algo a mais”.

“Draco… Nós somos de mundos tão diferentes...”, você tentou argumentar.

“Isso não nos impediu aqui. Olha, Ginny, eu sei que o seu coração não é meu ainda, não sou idiota. De toda maneira, eu gostaria de tentar. Você não quer nem tentar?”.

“E se eu te magoar como fiz com o Dean?”.

“Talvez você não me magoe. O que aconteceu com o Dean... não precisa acontecer com a gente. Sei que você acredita que o seu coração será sempre de outro, mas não tem que ser assim. A vida é imprevisível e as nossas certezas são frágeis demais, este verão é a prova viva disso. Nós dois estarmos juntos agora já é um milagre em si”.

“Nós somos um milagre em si”, você repetiu com um sorriso sonhador,  inclinando-se na minha direção e depositando um beijo delicado sobre os meus lábios. “Eu gosto disso. Um milagre”.

“Vai me ligar?”. Coloquei uma mecha do seu cabelo ruivo atrás da sua orelha.

“Vou”, confirmou, me beijando novamente.

E eu acreditei. Pela primeira vez na minha vida, eu aceitei confiar em alguém. Pela primeira vez na vida, eu quis saltar sem paraquedas. Porque eu nunca havia sentido isso por mais ninguém. Só por você, Ginny.

 

 

Agosto se foi em um estalar de dedos, assim como nós dois, e agora estou vivendo pela esperança de que você me ligue algum dia. Cancelei planos, apenas esperando que cumprisse o que nunca me prometeu. Sei que você nunca foi minha, Ginny. Sei disso.

Mas ainda tenho esperança. De que você perceba que podemos ser mais. De que somos bons juntos. De que merece alguém que te veja realmente. E esta carta que deixo em seu armário é a minha última tentativa.

Você sabe o meu número.

Esperarei sua ligação hoje à noite — se não me ligar, saberei que é o fim e aceitarei que seremos, para sempre, apenas memórias de um verão.

 

Com carinho (e esperança),

D.


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Notas finais do capítulo

Então é isso.

Eu AMO fazer o Draco sofrer e se arrastar; sou assim mesmo nas minhas fics Drastoria. Acho que ele merece HAHA. Mas, em minha defesa, não é um final totalmente triste rs. É um final aberto e você pode imaginá-lo da maneira como quiser: 1) Com a Ginny criando coragem e ligando, se arriscando com o Draco e tentando superar uma paixonite platônica que não leva a lugar nenhum; ou 2) Com a Ginny não ligando e os dois seguindo a vida separados. Você escolhe, acho que ambas são perfeitamente possíveis dentro dessa realidade.

Espero que tenha gostado, apesar do finalzinho mais agridoce. Me diga nos comentários o que achou! ♥

Beijos e até a próxima :*



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