O homem desceu com um semblante sério do avião. Chegou na área de desembarque olhando atentamente para os lados, mas nem sinal dela. Tinha apenas uma mala simples na mão, pois fora chamado às pressas. Correu seu olhar mais uma vez pelo saguão do aeroporto e nada. Então sacou seu telefone e discou um número muito conhecido.

—-Onde você está? --Indagou.

—-No estacionamento. Carro preto, logo na entrada. –A voz respondeu do outro lado.

—-Certo, estou chegando. –E desligou.

Ele atravessou o aeroporto em passos largos, não tinha tempo a perder. Com a ajuda da escada rolante chegou mais rápido ao estacionamento e, como lhe dissera, ela estava logo na entrada lhe esperando, apoiada no capô.

Os dois se abraçaram saudosamente, mas sem delongas. Logo ela assumiu o banco do motorista e ele se acomodou ao lado, jogando a mala no banco de trás.

—-Está esperando há muito tempo? --Ele perguntou.

—-Dez minutos. –Ela parou no farol. –Vamos direto?

O homem assentiu com a cabeça e fez outra pergunta:

—-Quando ela falou com você?

—-Três dias, quando a coisa começou a ficar feia. Mas só consegui sair hoje de manhã. E com você?

—-Também. Vim o mais rápido que pude.

Eles ficaram alguns minutos em silêncio, apenas admirando as luzes de Las Vegas. Estava escurecendo e os luminosos coloridos começavam a ser acesos, mostrando todo o charme da cidade e ocultando parcialmente seu lado sombrio. 

Mais rápido do que o esperado, os dois estacionaram na frente do Departamento de Perícia de Las Vegas. Quase em sincronia bateram as portas do carro e rumaram para o lugar tão conhecido, e tão pouco visitado nos últimos tempos. Pareciam uma dupla dinâmica e invencível. 

Não precisaram se identificar na entrada, nem pegar crachás; e mesmo assim, ninguém ousou pará-los no meio do caminho. Ou talvez apenas não os enxergassem sob aquela nuvem de concentração, foco e nervosismo que envolvia todos ali. Mas logo que pisaram na conhecida sala de evidências, a presença deles foi notada com muito alívio por uma morena de dentinhos separados e um rapaz de cabelos espetados. E foi a morena, Sara Sidle, quem falou primeiro:

—-Gil! Catherine! Que bom que vocês chegaram!