(Querido) Fábio,

Eu sei que parece ser meio esquisito te escrever uma carta, mas preciso que entenda o meu verdadeiro motivo de eu estar escrevendo, como também quero lhe revelar o real motivo de eu não ter fugido.

Fábio, eu preciso que me entenda que eu não quero tornar as coisas mais frustrantes para você, como também quero dizer que você foi uma das melhores pessoas que eu conheci na Cruz do Sul. Que isso fique bem claro! E que todo esse tempo em que estive no presídio de alguma forma me fez tornar a pessoa que eu não era. De uma jovem aparentemente inofensiva e indefesa a uma mulher madura e empedernida com a vida na prisão. E foi graças às minhas colegas de prisão e, principalmente, você.

Uma coisa que eu preciso muito lhe contar é o verdadeiro motivo pelo qual abri mão da minha tão sonhada liberdade. A condenação por um crime que cometi inconscientemente e a morte dos meus pais foram os gatilhos para me tornar uma mulher sem sentimentos e empedernida, assim como Zulema, ao acordar todos os dias e viver mais uma nova rotina na prisão. Eu vi que eu precisava assumir a nova pessoa que eu me tornei e que isso não pode voltar atrás. E percebi que a prisão por outro lado se tornou minha verdadeira casa.

Não quero que me entenda mal, Fábio, nem ao menos quero te culpar pela pessoa que me tornei. Só quero muito que entenda que eu quero recomeçar minha vida do zero. Quero começar uma nova vida contigo, quero muito cumprir a minha pena até o fim para finalmente viver. E viver contigo.

Depois de toda a tragédia, quero ter paz e segurança aqui na Cruz do Sul. E amor contigo.

Eu te amo!

Maca