Sanji estava arrumando a cozinha do Sunny, ele levava caixas de suprimentos para a dispensa que ficava nos fundos. Naquela tarde, não recebia a ajuda do espadachim como de costume, porque ele estava na enfermaria curando alguns ferimentos e não quis perturbá-lo — e não podia, mesmo se quisesse, Chopper nunca deixaria o marimo fazer esforço estando mal.

No entanto, Sanji escutou a porta da cozinha sendo fechada e reconheceu o dono dos passos pesados adentrando no cômodo. Enquanto carregava uma caixa, ele olhou para trás.

— Quer ajuda? — Perguntou Zoro, o dono dos passos pesados.

— Ah, não. Não mais, essa é a última.

Sanji deixou a caixa na dispensa e voltou para a cozinha, viu que o marimo agora estava sentado na mesa.

— Chopper sabe que você está aqui, né? — Perguntou desconfiado, enquanto buscava um prato no armário.

Zoro suspirou. — Claro, ele quem me mandou vir pra cá.

— Pra comer? — Disse enquanto caminhava até o fogão com as panelas ainda quentes, o almoço fora há pouco tempo. — Eu podia levar o prato até a enfermaria.

— É. — Deu uma pausa. — Mas ele disse que há outra pessoa preocupada com o meu estado tanto quanto ele.

Zoro suspirou mais uma vez, sentia-se de saco cheio com os chiliques de Chopper e agora tinha que aguentar os do cozinheiro também.

Sanji serviu o espadachim, colocando um prato de comida diante dele na mesa. — Sou eu?

— É, diz Chopper que você ia me matar se eu morresse.

— Ah. — Lembrou-se. — Falei mesmo, te carregar até aqui foi um pé no saco.

— Você me carregou?! — O rosto de Zoro corou e a colher ficou suspensa no ar, porque seu corpo ficou duro imediatamente.

— Chopper não te disse? Sabe, eu estava bem machucado também. — Sanji se sentou na cadeira em frente a Zoro. — Mas só tinha eu, te largar lá era tentador e tudo mais, mas...

— E por que não me largou, criatura?! — Questionou ao se lembrar de Robin.

O espadachim começou a se preparar para quando a arqueóloga o pegasse em algum canto do navio e começasse a provocá-lo com aquela risadinha estúpida, já até podia ouvi-la.

Robin era a única que sabia de algo que ele ainda nem sabia — talvez soubesse quando todos chegassem em Laugh Tale — e terminava sempre constrangido com as insinuações que envolviam o cozinheiro do bando.

Zoro era devagar, mesmo que se tratasse de seus próprios sentimentos, e a sensação era que Robin já soubesse de tudo.

— Por que não te larguei? Luffy ia perder o peão dele e Chopper nunca me perdoaria. — Sanji estava indignado com a pergunta idiota, enquanto via Zoro reclamar da língua queimada no caldo. — Você precisa que alguém lhe dê na boquinha?

— Não! — Zoro soltou o talhar e sacudiu as mãos negativamente. — Robin pode entrar aqui...

Sanji piscou os olhos, confuso, até entender o que o marimo idiota queria dizer na verdade. — E daí? Ela viu coisa pior, ela viu você em cima de mim. — Dessa vez foi Sanji que corou, logo cobrindo o rosto com as mãos. — Da próxima vez morra de uma vez e me poupa desses constrangimentos.

 Zoro se queimou de novo ao imaginar mais nitidamente ele em cima do cozinheiro. — Merda, está quente!

— Foi feito no fogo.

— Olha, você me carregou que nem em Wano?

Sanji revirou os olhos e resolveu acender o cigarro apagado que segurava nos lábios. — Queria levar uma pancada muito grande e esquecer tudo.

— Ah, tá nesse nível?! — Exclamou surpreendido e por conta da sua agitação, se queimou de novo.

O cozinheiro estava de saco cheio e resolveu pegar a colher de uma vez. — Diga "Ahhh...", marimo.