Patético.

Era como Scorpius se sentia, enquanto tentava salvar o seu celular, que acabara de cair no pote de comida dos gatos. A surpresa ao ler as mensagens fora tão grande que o deixara escapar das mãos. Ele remexeu a vasilha e o pegou com os dedos em pinça. Largando-o sobre a bancada, encarou o objeto. Não parecia comprometido. Estava ligando e não havia nada quebrado, só fedia a patê de fígado.

Ele suspirou.

Desejou que o celular estivesse de fato estragado, pois, agora que sabia que Rose havia voltado para a Inglaterra, passaria o resto da noite atormentado, buscando migalhas de respostas nas redes sociais dela. Scorpius se sentou no chão gelado da cozinha e acariciou a cabeça de Nala, a sua gatinha mais velha, a única que não comia naquele momento. Seu outro gato, Simba, e seu cachorro, Anakin, devoravam a mistura de ração e patê.

— Você não está bem, não é, amigona? — disse para Nala, que miou em resposta. — Vou levá-la amanhã ao veterinário. É uma pena que não exista também um médico para corações partidos. Como eu deveria estar me sentindo sobre isso, hein, além de patético?

Ele esperou que Nala miasse novamente, em sinal de compreensão, mas a gata apenas continuou olhando-o. Patético! Com outro suspiro, Scorpius se levantou e limpou o celular com um pano de prato, desligando-o logo em seguida. Não queria pensar em Rose naquela noite — afinal, ele tinha uma gata doente para cuidar, e um texto teatral para terminar.

Talvez a volta de sua ex não tivesse que representar nada. Talvez eles nem mesmo se encontrassem daquela vez — não seria como naquele Natal de quatro anos atrás, quando ele se deixara envolver mais do que deveria. Logo, ela estaria em Nova York.

A Broadway era o sonho dela.

Não ele.