Christian Cross, um homem de longos cabelos castanhos, pele clara, olhos azuis cristalinos, magro e com barba, usando roupas humildes, e até um pouco rasgadas.

Andava pelas ruas de uma cidade qualquer, e não tinha nem lua, nem estrelas no céu, era uma noite extremamente sombria e escura, ele apenas via a escuridão, sua velha amiga, Chis via tudo embaçado, estava sangrando, ele estava machucado nas duas palmas da mão, nos pés, e o topo de sua cabeça latejava.

Ele então decidiu, parar um pouco em um beco, para respirar um pouco da caminhada, fazendo isso, ele sentiu uma vertigem, e acabou dormindo, mas ele estava tendo um sonho arrepiante, quase como uma visão.

No sonho ele viu um halo de uma luz na rua, uma figura iluminada, com um manto sob sua cabeça, era a silhueta de uma mulher, ela parecia pura, ela parecia uma santa, ele se sentiu em paz ao vê-la.

Ele no sonho e ele na vida real, arrumaram o colarinho da blusa rasgada que tinha para proteger do frio e da umidade. Quando os olhos dele foram apunhalados pelo lampejo de uma luz de neon, que dividiu a noite escura e tocou o som do silêncio que se instalava

E na luz, na pura luz, na luz nua, ele viu, dez mil pessoas talvez mais, pessoas conversando sem se falar, pessoas ouvindo sem escutar, pessoas escrevendo canções, que vozes nunca compartilharão e ninguém se atrevia perturbar o som do silêncio.

Com raiva daquilo, ele começou a fazer um discurso: “ Tolos”, dizia ele, “ vocês não sabem? O silencio é como um câncer que cresce “ “ Escute as minhas palavras que talvez eu possa te ensinar” “ pegue em meus braços e talvez eu possa te alcançar”.

Mas as palavras dele caíram como gotas silenciosas de chuva e ecoaram nos poços do silêncio da noite.

E as pessoas curvaram-se e rezaram ao deus de neon que elas criaram, e um sinal cintilou um aviso, e as palavras tomaram forma, e o aviso dizia: “ As palavras de profetas estão escritas nas paredes do metrô, e corredores de apartamentos”

Sentindo seu corpo finalmente ceder, e sentindo sua respiração falhando, ele percebeu que havia morrido.

Ele sentiu ser abraçado pela mulher santa de sua visão, e sussurrando, ele fala quebrando o som do silêncio

“ Eu não quero ir agora” ele estava com lágrimas nos olhos

E a mulher iluminada respondeu:

“ Não se preocupe, você algum dia vai voltar, e será breve” 

“ É mesmo? Por que eu tenho que morrer? ”

“ Você quebrou o som do silêncio, você é bom demais para esse mundo”