Entre 4 Paredes escrita por SMening


Capítulo 3
Sasuke


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora. Prometi que postava ontem, mas acabei por ter de postar hoje. Porém para compensar fiz um mega cap. Espero que gostem.

Desta vez é Sasuke quem fala.



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Sasuke

 

Quantas formas de amor existem? Amor fraterno, amor romântico, amor filial... Será que é possível amar alguém de várias maneiras? Será que tipos diferentes de amor coexistem? Particularmente, acho que não.

 

Chegar a essa conclusão não foi fácil. No início da minha adolescência eu tentava convencer-me que tudo que sentia era tolice de uma fase da vida. Mas não era, nunca foi, eu só não via isso.

 

Admitir para mim mesmo que eu gostava da Sakura mais do que deveria foi difícil. Eu descobri isso quando tinha 12 anos, mas não entendia o que era. Nessa idade tudo era confuso.

 

Aos 13, nós passávamos tempo demais juntos, mais do que os outros irmãos. Aos 14, já sabia que gostava dela de um jeito especial, e era recíproco. Sakura é um ano mais nova, mas é uma rapariga muito sensível. Acho que ela se deu conta de tudo antes de mim.

 

Foi quando tinha 15 anos que percebi que aquilo não era paixão. E muito menos simples atracção. Era mais, muito mais. A gente se amava.

 

Aquela foi a pior época. Era terrível! Eu não conseguia conviver comigo mesmo, não conseguia dormir, não conseguia pensar, não podia admitir. A culpa era uma sombra. Eu via Sakura sofrer em silêncio por mim, sempre desconversando ou dando desculpas quando nossos pais perguntavam o que eu tinha.

 

Eu falava com ela o mínimo possível, apenas o necessário para manter as aparências. Estava decidido a ignorar tudo que sentia, o que não era fácil. Principalmente por Sakura. Ela não havia reclamado da nossa distância, mas eu sabia que se sentia mal. Ela chorava a noite, comia pouco, parecia sempre triste. Nossos pais pensaram que estávamos doentes, mas claro que a nossa saúde estava perfeita.

 

A situação durou alguns meses. No verão daquele ano, quando fiz 16 anos e ela 15, Sakura veio falar comigo durante uma noite.

 

"Eu vou embora", disse, "vou dizer à mãe e ao pai que quero estudar num colégio interno e vou te deixar em paz".

 

A ideia de tê-la longe era terrível. Pior do que amá-la daquela forma. Eu podia estar mal, mas ficaria pior longe dela. Então eu disse que não, que ela ficasse.

 

E a gente percebeu, juntos, que era tarde demais. Sempre havia sido tarde demais. O sentimento estava ali, nasceu connosco.

 

Desde então, tudo foi acontecendo com naturalidade.

 

Nós sempre nos demos muito bem, mas passamos a ter liberdade e intimidade. Não há constrangimento algum entre nós. Acho que é uma relação bonita, apesar de tudo. Às vezes, penso que parecemos um casal acostumado um ao outro há décadas.

 

É claro que não temos paz e tranquilidade sempre, mas a gente vive, dando um passo de cada vez. Esta é a única forma. Foi assim que cheguei aos 17 e Sakura aos 16.

 

Sakura.

 

Eu a amo, mais do que tudo. Queria muito que ela não fosse minha... irmã.

 

Sinto falta das coisas simples, como pegar na mão dela em público, abraçá-la sem restrições, fazer um passei ao ar livre e beijá-la. Mas essas são coisas que nunca poderei ter. Assim como nunca a terei completamente.

 

Nós nunca nos beijamos de verdade ou nos relacionamos com maior intimidade. Não por falta de vontade, mas porque a gente não pode. Não parece certo. Porém, às vezes... Eu a quero tanto, tanto, tanto! E sou capaz de ver nos seus olhos que ela me quer. Mas não dá, não pode ser.

 

Se um dia tudo isso vai acontecer, eu não sei. Desejo e repulsa entram em conflito. É muito difícil para mim. Para ela também.

 

Por isso nosso amor vive do valor que damos às coisas pequenas. Acordar um ao outro de manhã, um roçar de mãos quando ninguém está vendo, um beijo simples, apenas os lábios, dormir abraçados, dedicar uma canção ao outro... Nós aproveitamos cada oportunidade que temos para ficar juntos.

 

Mas nem tudo são flores, pois brigamos, enlouquecemos de desejo, nos sentimos sujos e culpados, choramos, sentimos ciúme, dividimos as dores e medos... Nos conhecemos bem. Eu conheço os sentimentos dela, conheço o corpo, as qualidades e os defeitos. Ela conhece meus sentimentos, meu corpo, minhas qualidades e defeitos.

 

E, acima de tudo, em meio a todas as impossibilidades, nós nos amamos.

 

Para aqueles que nos vêem de fora, parecemos uma família feliz. Os quatro Haruno, os dois filhos adoráveis, o casal praticamente perfeito. Mas ninguém imagina como é difícil fingir sempre, principalmente dentro da sua própria casa.

 

Por sorte, alguns detalhes conspiram a nosso favor. Minha mãe é pedagoga e trabalha das 8h às 17h, assim como meu pai, que é arquitecto e tem a sua própria empresa. Logo, de segunda a sexta-feira eu e Sakura temos cerca de 2 horas para ficar sozinhos em casa e fazer o que quisermos. Menos às quintas, quando eu tenho futebol e chegamos a casa uma hora mais tarde do que de costume.

 

Além disso, o quarto dos nossos pais fica do outro lado do segundo andar, então podemos circular livremente pelo nosso corredor e eles nunca nos vêem entrando e saindo do quarto um do outro com mais frequência do que um casal de irmãos normalmente faria. E nossas portas são exactamente de frente uma para a outra, em dois passos encontramos o nosso refúgio.

 

Refúgio, este, que eu procuraria muito em breve, mas antes tinha que sair debaixo do chuveiro. A água estava quente e não afastava meu sono, então era melhor parar de enrolar de uma vez.

 

Assim que sai do banho, senti frio. Parecia que aquela quinta-feira seria a mais gelada de Abril.

 

Vestido com o meu roupão, ouvi os sons da casa. Nada. Estava tudo em silêncio, exactamente como eu queria.

 

Com cuidado, sai e passei pelas portas fechadas do corredor, que dava num outro, e desci as escadas para o térreo. Na cozinha, peguei a mesma bandeja que Sakura havia usado no dia anterior para levar meu café. Agora eu iria retribuir seu favor.

 

Peguei o sumo na geladeira, dois copos, torradas, marmelada, muffins, tudo que precisaria. Queria preparar ovos, linguiça, bacon, mas isso faria barulho. Se a mãe e o pai acordassem, iriam querer saber o que eu estava fazendo de pé às 6 da manhã.

 

Quando subi novamente, tive de tomar muito cuidado para não deixar tudo cair. O mais difícil foi abrir a porta do quarto da Sakura, já que as minhas mãos estavam ocupadas segurando a bandeja.

 

Lá dentro parecia outro mundo: um mundo seguro e bonito. O lugar tinha um tom quente, graças ao papel de parede e as luzes vermelhas dos abajures.

 

Coloquei a bandeja no chão perto da cama e tranquei a porta. Sakura dormia tranquilamente.

 

Deu-me pena de chamá-la, então deitei ao seu lado debaixo das cobertas. Adorava o cheiro dela, a pele, o cabelo. Sakura tem longos cabelos rosa, ao contrário da minha mãe que tem cabelo negro, mas olhos verdes, do meu pai. Já eu tenho os cabelos do meu pai, negros e rebeldes, e os olhos da minha mãe, verdes.

 

Ela foi acordando lentamente. Resmungou, suspirou, se espreguiçou para, enfim, abrir os olhos.

 

- Oi, meu bem.

 

- Olá, Sakura.

 

Ela sorriu, a paixão crescendo em mim. Sakura é tão bonita!

 

- Que surpresa boa, acordar e ver-te.

 

- Para tu veres o quão feliz eu me senti ontem, Sakura.

 

- Preciso ir ao banheiro. Aliás, que horas são?

 

- Pouco mais das seis da manhã.

 

- Então a gente tem tempo. Agora com licença.

 

- Não, não vais. Eu quero ficar contigo.

 

- Não demoro. Não te preocupes.

 

Infeliz, soltei. Vi Sakura correr para acender a luz do quarto.

 

- Apaga os abajures – ela pediu.

 

Na volta, quando se virou para o guarda-roupa, ela viu a bandeja no chão aos pés da cama.

 

- Tu trouxeste o café para mim? Para nós? Oh, Sasuke, que adorável. Obrigada!

 

- E tu abandonas-me sozinho nesta cama de casal grande, fria e vazia.

 

- Tu preferirias uma cama de solteiro? Talvez tu devesses trocar a tua então. – Sakura fez uma careta para mim, mexendo no seu guarda-roupa. Vi-a pegar o velho roupão do Peter Pan, que ela tinha desde os 10 anos e que eu tanto criticava pelo tamanho.

 

- Tu só tens esse roupão de banho, Sakura?

 

Ela me ignorou.

 

- Tu sabes que estás grande demais para ele.

 

- Eu gosto dele.

 

- Eu não. Traz-me pensamentos lascivos.

 

Sakura riu, mas era verdade.

 

- E o que te faz pensar que o teu não me traz esses pensamentos, Sasuke? Só porque ele é comprido?

 

- Exactamente. Ele é decente. E eu sei que tu tens mais um roupão de banho, então tu só deves fazer isso para me testar. E também tem aqueles penhorares estampados, que...

 

- Penhor não é roupão.

 

- Que diferença faz? Pelo menos eles são compridos.

 

- Compridos, mas tu reclamarias se eu os usasse da mesma forma, porque são de tecido fino e meio transparentes. Eu vou continuar a usar o meu roupão do Peter Pan até não me caber mais, e vê se paras de me chatear.

 

- Eu ainda prefiro o penhor. – gritei para ela, porque Sakura já tinha batido a porta atrás de si.

 

Sem mais o que fazer, me aconcheguei na cama e esperei ela voltar. Eu não poderia dizer se ela demorou ou não, porque logo entrei num estado de dormência que só passou quando senti um peso sobre mim.

 

- Dormis-te? – Sakura estava sentada às minhas costas, falando no meu ouvido.

 

- Não.

 

Ela me abraçou e ficamos um silêncio. Eu debaixo das cobertas, ela em cima.

 

- Que horas são, Sakura?

 

- Hum... Seis e vinte e dois.

 

- Trancas-te a porta?

 

- Tranquei.

 

- Então deita aqui comigo.

 

Ela deitou, cheirando a sabonete. O hálito dela me lembrava a pasta de dente que usávamos.

 

- Tu preferes um penhor? – havia riso em sua voz.

 

- Prefiro.

 

- Então eu vou vesti-lo um dia destes. Talvez numa segunda-feira.

 

A ideia me trouxe algum divertimento. Toda a segunda meu pai tinha de enfrentar 90km e ir até Londres para resolver qualquer coisa da empresa. Diversas vezes ele e mãe iam sexta à noite e passavam o fim de semana por lá. Então eu e Sakura tínhamos a casa só para a gente.

 

- Mal posso esperar – sussurrei.

 

Ela estava tão próxima, quente, colada a mim. Estávamos abraçados, embolados sob as colchas e edredões. Ficamos nos olhando por um longo tempo, uma das minhas mãos perdidas no seu cabelo.

 

Foi Sakura que se aproximou e me beijou. Não o beijo que queríamos, mas o de sempre: apenas os lábios, nunca mais do que isso. E seus lábios eram macios e aconchegantes.

 

Eu a senti apertar com força meu braço quando desci os beijos para o seu colo e o vale entre os seus seios, aquele pedaço de pele que o roupão deixava de fora. As cobertas estavam nos atrapalhando, então foi tudo para o chão.

 

- Ai! – ela me empurrou quando mordi com um pouco mais de força a curva de seu pescoço – Sasuke...

 

Sakura se colocou sobre mim, as mãos ladeando minha cabeça. Ela era linda... Seus cabelos caíam para um lado, formanda uma cascata rosa.

 

- Estou muito feliz agora. - Ela sorriu da sua forma encantadora ao dizer aquelas palavras. Tudo nela era encantador.

 

Ficamos em silêncio, mas entendíamos o que o outro dizia. Bastava um olhar.

 

Novamente nos beijamos. Minhas mãos na sua cintura, as delas em mim.

 

- Senta – ela pediu.

 

Me sentei, Sakura sobre minhas pernas, uma de cada lado do meu corpo. Os lábios dela queimavam a minha pele, que ela beijava lentamente, descendo do pescoço aos ombros e peito.

 

- Sakura...

 

- Shhh. – o dedo dela calava meus lábios. Ela se aproximou e me beijou, nos beijamos milhões de vezes, as mãos dela desamarrando meu roupão.

 

É realmente, realmente difícil me controlar quando ela é tão doce e provocante.

 

Ajudei-a a tirar a peça. Olhando nos seus olhos, tudo que vi foi amor e devoção.

 

- Te amo – eu disse.

 

- Eu te amo.

 

Ela sorria. Nos beijamos e novamente nos deitamos.

 

A sensação que seus pequenos beijos no meu pescoço, peito e barriga provocavam era magnífica e agoniante. Era dolorosamente belo estar ali com ela.

 

Sakura voltou para os meus lábios, e nesse momento uma das minhas mãos desceu para a pele da sua coxa, enquanto a outra tirava aquele roupão infantil.

 

Já a vi nua milhões de vezes, e ela conhece meu corpo tão bem quanto eu o dela. Mas nunca pude tocá-la com liberdade, nunca com paixão. Temos limites um com o outro, porque ambos sabemos que se formos muito longe não poderemos parar.

 

- Eu quero te.

 

Mas, claro, não a tive. Em vez disso, beijei aquele espaço entre seus seios, a barriga, o umbigo, o ventre, as pernas, apertei suas coxas e quadril. E beijei seus lábios, sem nunca ter mais do que isso.

 

- Se este momento tivesse uma trilha sonora – ela me perguntou, quando a virei de bruços -, qual música seria?

 

- Eu não sei – não fazia ideia, não queria pensar, só queria continuar sentindo o seu cheiro e roçar os lábios nas suas costas. Tocando a pele dela, beijando. – Qual?

 

- Pensei em Le Ciel Dans Une Chambre.

 

- O Céu Em Um Quarto?

 

- É. Ai! – mais uma vez a mordi com mais força do que o necessário.

 

- Desculpa.

 

- Não te desculpes. – ela se virou para mim – Não te desculpes, porque quando tu estás perto de mim, este quarto não tem mais nenhuma parede, mas sim árvores, árvores infinitas, e quando tu estás assim perto de mim é como se aquele teto não existisse mais, eu vejo o céu apoiado em nós.

 

Ela sorriu, e eu sorri de volta. A beijei mais uma vez, provando seus lábios. A sensação dos nossos corpos nus se tocando era o céu e o inferno.

 

Suas pernas enlaçaram o meu quadril e o apertaram contra si. Não esperava por aquilo. Congelei.

 

Ouvi Sakura começar a rir baixinho, apesar de tentar segurar-se.

 

- Desculpa – ela tentava conter o riso -, esqueci.

 

Levei um instante para conseguir me controlar e sair de cima dela, o que exigiu toda minha força de vontade. Apertei os olhos com as mãos, senti o movimento de Sakura levantando da cama. Precisava respirar fundo e me acalmar.

 

Quando abri os olhos, ela estava sentada na cama de calcinha e sutiã.

 

- Lamento. Não foi minha intenção te deixar excitado e testar seus limites.

 

- Não me diga.

 

- Toma. – ela jogou o que percebi ser uma cueca, que vesti – Estava na minha gaveta.

 

- Tu devias tirar isso daí.

 

- A mãe nunca mexe nas minhas coisas, não te preocupes.

 

Sakura arrumou a bandeja sobre a cama e sentou-se ao meu lado, segurando a minha mão.

 

Ela me serviu, colocando uma torrada com marmelada na minha boca

 

– Por que tu só dormes de cueca, não usas um pijama?

 

Por que, por que, por que... Sakura sempre tinha o que perguntar e falar.

 

Tomamos nosso café e quando terminamos era pouco mais de sete horas. Se não descêssemos até 7:30h, a mãe ia subir para nos chamar.

 

Deitamos novamente para aproveitar aqueles últimos minutos, nossas mãos unidas entre nós. O tempo foi passando sem que percebêssemos. Depois de um longo silêncio, Sakura falou.

 

- Tu és lindo, Sasuke.

 

Ela disse aquilo com a sua simplicidade habitual, que me fazia lembrar o quanto a amava. Eu adorava isso e tudo nela.

 

- Tu és linda.

 

- Tu pareces um galã de filme francês.

 

- Não pareço.

 

Ela se esticou e me beijou.

 

- Pareces sim. E ponto final.

 

ooOoOoOoOoOoo

 

Três da tarde a aula acaba e eu posso ir para casa. Mas não hoje, pensei. Porque era quinta-feira e, como de costume, tinha futebol.

 

A última aula foi educação física e nós íamos ficar mais uma hora jogando bola. "Nós" significa meus colegas de turma nessa disciplina.

 

O sinal já havia tocado e Madame Anko, a professora, ido embora. Logo Sakura apareceria e sentaria nas bancadas, como sempre faz, me esperando.

 

- Vamos lá, rapaz? – Neji Hyuuga bateu no meu ombro, me chamando de volta para o campo.

 

Segui meu amigo e vi que, das garotas da turma, só Ayame e Hanabi Harizikage e Karin tiveram coragem de jogar connosco, os rapazes. Tenten estava sentada na bancada, seguindo Sasori com os olhos.

 

- Não sejam violentos - as meninas pediram. Era charme, porque na verdade as três eram muito boas no futebol. Principalmente Karin, que só perdia para Hana Inuzuka, que já tinha saído da escola, e talvez para Sakura.

 

O jogo foi difícil para a minha equipa. Todos pareciam cansados, e perdemos por três golos de diferença. Vi as meninas, que ficaram juntas na equipa vencedora, comemorarem, antes de eu sair em direcção aos balneários.

 

A verdade era que eu não estava com cabeça para jogos e lamentações quaisquer. Havia descoberto que a festa de primavera da escola seria no final do mês. Isso enchia minha cabeça, como costumava acontecer nessa época.

 

Eram as garotas que convidavam, e eu realmente esperava que nenhuma me chamasse. Pois assim, no fim, Sakura e eu acabaríamos sem par e sendo "obrigados" a acompanhar um ao outro por "bondade". Contudo, se alguém me convidasse... Como eu poderia recusar? Havia murmúrios sobre eu nunca me envolver com ninguém, sobre não ser visto com garotas. Os rapazes sempre comentavam algo, e mesmo quando eu dava desculpas qualquer, como dizer que "não ser visto não quer dizer que eu não faça", meus amigos não sossegavam completamente.

 

Às vezes eles usavam um tom brincalhão, de modo que não parecesse realmente sério, mas eu podia sentir que havia uma cobrança. Em outros momentos a pergunta era directa. Eu dizia o de sempre: que era discreto.

 

Mas o assunto sempre voltava. Um dia durante uma aula, outro no almoço, em um trabalho escolar, numa festa... A cobrança para provar minha masculinidade me envolvendo com o máximo de garotas possíveis sempre me cercava.

 

E não só meus amigos comentavam, mas também aqueles que eu não conhecia. Sabia disso porque os rumores sempre se espalhavam depressa e acabavam chegando ao meu ouvido.

 

Sakura diz que com ela também há algum questionamento, mas as meninas são mais discretas. Basta ela dizer que está esperando a pessoa certa e as garotas sossegam. Mas ela logo terá de pensar em outra desculpa. Ela tem quase 17, e quem chega nessa idade sem nunca se envolver com ninguém?

 

Eu queria que essa cobrança em cima de mim fosse mais fácil de lidar, como é para Sakura, por ela ser rapariga. Eu não devo explicações a ninguém, mas todos parecem querê-las. Realmente não me importo sobre o que desconhecidos pensam a meu respeito, mas quando são meus amigos me sinto chateado pelas piadinhas e comentários. Só Sasori e Gaara no Sabaku nunca comentam nada. Sou grato a eles por isso, apesar de nunca ter-lhes dito nada.

 

O pior de todos é Neji, mas tenho de lidar com a questão. O que mais poderia fazer? Como explicar a minha situação? Que, de alguma forma, eu estou com alguém sim?

 

A pressão tornava tudo pior do que era. E não era só isso: e se alguém descobrisse? E se descobrissem que eu e Sakura nunca saíamos com ninguém pela nossa... relação? Era preciso manter as aparências, e nunca sair com ninguém não era algo que passasse despercebido. Em casa não conversamos muito sobre isso com minha mãe e meu pai, então eles acham que fazemos tudo que todos os outros adolescentes fazem, mas que nos mantemos quietos. E mesmo de vez em quando é preciso fingir que há alguém, que fulano ou sicrano que ligou é mais do que um amigo ou amiga. Caso contrário eles iriam notar algo errado connosco.

 

Logo, fingir eventualmente um romance era necessário ao nosso constante teatro. Mas a não ser para os nossos pais, a gente nunca fazia isso. Todavia, se alguma garota do colégio me chamasse para acompanhá-la, eu não poderia dizer não. Seria muito suspeito... Todos iam começar a pensar no motivo e, uma vez que eu claramente não sou gay, um outro porquê teria de existir. E eu temia que descobrissem, temia de verdade.

 

E eu tinha quase certeza que Karin iria me convidar. Ela estava dando sinais há algum tempo que estava interessada em mim, e eu adoraria ir com ela se não tivesse Sakura.

 

Karin é uma garota muito bonita e alegre, eu a adoro. Gosto de conversar e rir com ela, mas isso é tudo. Ela é uma amiga e nunca poderia ser mais, porque esse espaço especial já está preenchido.

 

E além de tudo, como eu poderia dizer não a Karin depois do que ela passou? O namorado dela, Shikamaru Nara, havia morrido no ano passado e ela estava mais frágil. Eu temia que, com um não, ela se sentisse desprezada.

 

Então eu tinha que aceitar se ela me convidasse. E mesmo se não fosse ela, se fosse qualquer outra garota, eu tinha que aceitar, porque era preciso manter as aparências. Eu entendia isso, mas Sakura não entenderia. Ou pelo menos não tão bem. Para evitar brigas, era melhor que ninguém me chamasse.

 

Porém... Eu sentia que Karin ia me convidar. Assim que avisaram sobre o baile, naquele dia mesmo, percebi que comecei a encontrá-la mais do que de costume. Para mim ela estava tomando coragem para fazer o pedido, e iria fazê-lo logo, para garantir que ninguém pedisse antes e eu dissesse sim.

 

Eu precisava rezar para que estivesse errado.

 

Para evitar cruzar com qualquer garota, resolvi não tomar banho na escola e ir embora antes de todo mundo. Em cinco minutos estaria em casa. Juntei minhas coisas no vestiário e saí. Àquela altura, todos já deveriam estar no banho, então era seguro.

 

No caminho até o ponto das arquibancadas onde Sakura esperava, vi Tenten. Não havia problemas em encontrar com ela, que iria ao baile com Sasori.

 

- Olá, Tenten.

 

- Oi, Sasuke. Tu vais para a Universidade de Kiri no começo de Maio, não vais?

 

- Vou. Vou dar uma olhada por lá.

 

- Será que tu me darias uma boleia? Eu realmente não quero entrar para Kiri, mas estou a inscrever-me no maior número de faculdades possível. Então, como eu sei que tu vai visitar...

 

- Eu te dou uma boleia, Tenten.

 

- Obrigada, Sasuke!

 

Depois de dar alguns passos, ouvi Tenten gritar algo sobre Sasori, que não entendi.

 

- O quê?

 

- Talvez Sasori também queira ir contigo.

 

Ela gritou bem alto dessa vez, e eu pude compreendê-la perfeitamente. E não só compreendi o que Tenten disse, mas também que aquele ponto esvoaçante de cabelos ruivos metros e metros atrás dela era Karin.

 

- Ta!

 

Apertei o passo. Ia chegar ao pé de Sakura antes que Karin chegasse até mim, mesmo que ela estivesse correndo e eu não. A menos que... Ai! Que ela gritasse, como estava fazendo.

 

Era impossível fingir que eu não estava ouvindo. Sakura, alguns metros à minha frente, claramente ouvia. Ela olhou para mim confusa. "O que ela quer?" Perguntou, movimentando os lábios sem emitir som. Eu tinha uma ideia precisa do que Karin queria, mas apenas dei de ombros e me virei para a voz que me chamava.

 

- Sasuke! – Karin esta ofegante e vermelha quando chegou até mim. Ela precisou recuperar um pouco do fôlego antes de falar – Sasuke... Sasuke, eu queria saber... Será que, talvez... Talvez tu queiras... Me acompanhar na festa de primavera?

 

Eu estava preocupado com Sakura atrás de mim. Tinha absoluta certeza que ela ouvia a conversa. Tentava imaginar a cara dela, o que ela estava pensando a respeito. Com certeza esperava uma desculpa e um não de minha parte... E Karin esperava um sim, parecendo ansiosa.

 

A escolha não era entre as duas, entre desapontar uma ou outra, mas o que seria melhor para nós, Sakura e eu. Eu sabia que ela ficaria chateada, porém não podíamos fazer tudo que quiséssemos, mas o que era preciso. Eu não queria magoar Sakura, de modo algum...

 

- Sasuke, alguém já te convidou?

 

- Han... Não.

 

Vi o alívio percorrer Karin. Num gesto que esperava ser discreto, dei uma olhada em Sakura. Ela procurava disfarçar, mas estava surpresa. Provavelmente pensava em nomes nada educados para dar a Karin.

 

- Que bom, Sasuke. Eu pensei que talvez alguém... Enfim. Ah, mas... Tu aceitas ir comigo?

 

Sakura iria ficar furiosa e irritada quando eu dissesse sim. Porque eu tinha que dizer sim. O sim iria nos proteger, o não levantaria suspeitas.

 

– Eu... Eu aceito. Será um prazer, Karin.

 

- Oh, que bom! Por um momento... Esquece. Agora eu preciso ir, tomar banho e tudo. Depois a gente combina os detalhes, Sasuke.

 

- Claro.

 

Eu queria que Karin demorasse mais, mas ela saiu correndo a todo vapor. Provavelmente estava tão feliz que mal podia esperar para contar a novidade às amigas. E eu teria de enfrentar Sakura. Encará-la. Será que a decepção estaria estampada em seu rosto?

 

O maxilar dela estava trancado, como acontecia toda vez que ela ficava brava. Foi curioso, mas me deu vontade de beijá-la. Mesmo que pudesse não tive hipótese, pois ela logo me deu as costas e começou a andar em silêncio.

 

Não dissemos nada ao entrar no carro ou no trajecto para casa. Ela colocou uma música alta que eu detestava, mas deixei tocar. Se fôssemos discutir, era melhor estar em casa.

 

Sakura bateu a porta do carro com força quando estacionei. De propósito. E então eu tinha perdido a paciência! Ela viu que eu estava anormalmente furioso, mas não conseguiu me trancar para o lado de fora da casa, como pretendia. Eu era mais forte e mais rápido.

 

Ela correu escada acima. Antes de eu colocar o pé no primeiro degrau, ouvi a porta do seu quarto bater três vezes. Em alguns momentos eu tinha vontade de dar porrada em Sakura, porque ela agia como uma criança teimosa e birrenta.

 

- Abre a porta. – eu gritei em um tom que era impossível Sakura não perceber que as coisas não estavam bem. – Abre ou eu vou arrombar! E tu sabe que eu faço isso!

 

- Vai-te embora.

 

O choro estava misturado à sua voz. Aquilo me deu desespero. Desespero não só para vê-la, mas também para saber se tudo estava bem.

 

- ABRE A PORTA AGORA!

 

Sakura abriu sem que eu precisasse pedir de novo. Eu nem sabia mais se estava nervoso ou preocupado, porém me obriguei a contar até dez. Ela só tem 16, disse a mim mesmo. Então me lembrei que eu só tinha 17.

 

- Sakura, tu vais parar de agir como uma idiota para a gente conversar?

 

Ela não reclamou quando a chamei pelo nome, do qual não gostava muito. Apenas continuou sentada na cama, as pernas cruzadas, me ignorando com classe.

 

- Não vais falar comigo não?

 

Ela fazia um esforço enorme para não deixar cair nenhuma lágrima. Sakura pode ser dura quando quer.

 

- Até quando vais me ignorar?

 

Passou um instante e Sakura correu quarto a fora. Eu ouvi quando a porta do meu quarto bateu, seguida da do banheiro de lá.

 

- Merda!

 

Ela não trancou as portas, então foi fácil vê-la debruçada sobre o vaso sanitário. Sakura sempre vomitava quando ficava muito nervosa.

 

- Tu estás bem, Sakura?

 

Minha resposta foi o barulho da descarga e o da água correndo na pia. Ela escovou os dentes e lavou o rosto. Quando tentei tocá-la, Sakura fugiu da minha mão, mas pelo menos não saiu. Ficou parada de costas, perto do lavatório.

 

Ela não disse nada. Por vários minutos ficou imóvel, e eu aproveitei para encher a banheira. Liguei todas as torneiras e o chuveiro, observando a água.

 

Ela caia do chuveiro e parecia se despedaçar em mil pedaços ao se chocar na banheira. Depois todos esses cacos se uniam de forma perfeita, formando uma só superfície.

 

O amor tinha de ser como a água: mesmo se partindo em mil, todos os pedaços se uniriam perfeitamente, transformado no mesmo de antes, mas maior e melhor. Eu sabia que o amor não era assim. Porque apesar do que se diz em livros e filmes, o amor, esse amor romântico, não suporta tudo. As circunstâncias, os sonhos, a distância muitas vezes são mais fortes. E isso não significa que o amor não exista, mas que ele não pode ser concretizado.

 

Ele podia se partir e se unir, mas chegaria um momento em que os pedaços não combinariam. Estariam desgastados. Os cacos do amor são sólidos, não líquidos. Eu temia o dia que os cacos de Sakura se solidificassem. Por mais que ela dissesse que não, que era impossível, eu temia. Eu temia que esse momento fosse aquele instante. Com ela tudo é difícil, complexo, grande. A gente pode errar um com o outro pensando que acertou.

 

Eu temo o dia em que ela vai dizer: cansei. O dia em que ela irá querer alguém para levá-la ao cinema, para apresentar aos nossos pais, para ter filhos. Ela diz que isso não é importante, mas Sakura é muito jovem ainda, como eu. Hoje o cinema é uma prioridade maior do que os filhos, mas um dia o quadro irá se inverter. "Eu posso adoptar", ela diz, mas eu me pergunto se isso será suficiente. E até quando será suficiente? E quanto a mim, vou amá-la para sempre? Não tenho dúvidas disso. Ela é meu sangue, o que corre em minhas veias, o que passa pelo meu coração e o faz bater. No dia em que Sakura disser que não pode mais, eu me perco. Eu me perco.

 

Se ela dissesse naquele banheiro que era melhor acabar com o que quer que tínhamos de uma vez, para evitar os problemas futuros, eu estava disposto a me atirar na banheira e morrer. Nem sei se a enchi por esse motivo, mas estava disposto àquilo.

 

Era impressionante. Assustador! Ela me tinha nas mãos e nem sabia... Que poder era aquele sobre mim? Que encantamento, que magia? Era só amor? Penso que meu amor pode de fato ser doente, de tão forte que é.

 

- Não me mates com o teu silêncio, eu imploro, Sakura.

 

- Eu... Eu sou pedaços, Sasuke. Porque... – ela me olhava agora, chorando enlouquecida. E ela chorava por mim. Sakura não ia me deixar. Não naquele momento, não tão cedo. – Por quê? Por que eu não sou suficiente? Por que eu não sou boa o bastante?

 

- Tu és, tu és! Como tu não serias?

 

- Então por quê? Por que tu vais ter um encontro com ela? Por quê?

 

- Como eu ia dizer não?

 

- Dizendo: não. É tão simples!

 

- Não, não é! Tu sabes que não é! Tu sabes da cobrança em cima de mim, desse julgamento silencioso que as pessoas fazem, tu sabes que...

 

- Tu devias te importar menos com o que as pessoas pensam e se importar mais com o que eu penso! – ela correu até mim e me beijou. Aquele beijo pesado, que pressiona, um último pedido, uma mensagem para que eu entendesse o que ela sentia, um por favor. Suas mãos seguravam minha blusa com força, um gesto que pedia: entende, Sasuke, tu és meu, tu ficas comigo, tu tens de ficar comigo – Eu te amo.

 

- Eu sei, eu sei – eu a abraçava e ela chorava -, eu também te amo, mas tu sabes, tu entendes... Eu sei que sim.

 

- Entender não significa concordar, Sasuke! – ela se separou de mim com tanta brutalidade... Parecia uma peça essencial de um quebra-cabeças, sem o qual a figura a ser montada se perdia, ficando indefinível – Eu sei sobre os teus problemas com os teus amigos, tu já me contas-te milhões de vezes! E entendo que essa cobrança seja dura, eu entendo que tu precises fingir – ela enfatizou muito fingir -, até suporto olhares, comentários de garotas... Mas dividir-te com elas? Eu não posso, não posso! Não me peças isso, por favor, por favor!

 

- Sakura...

 

Ela começou a chorar descontroladamente mais uma vez, sentada ao pé da porta. Vê-la chorar por mim naquele momento... Significava que eu estava no poder, que a tinha nas minhas mãos. O pensamento durou um segundo, algo mínimo, egoísta, e logo eu já estava ao seu lado, pedindo que se acalmasse.

 

- Tu não vais me dividir com ninguém, Sakura. Eu só vou sair com a Karin, nada demais. Como amigos.

 

- Mentira! Tu sabes, sabes tão bem quanto eu, que isso é um encontro! Um encontro em que vocês vão, no mínimo, se beijar no final. Então ela vai querer sair contigo de novo, e tu terás de dizer sim, porque vais ficar perguntando o que os outros vão pensar se disseres não... Logo vão namorar...

 

- Não!

 

- ...e eu serei o teu segredo, uma parte escondida de todos nesse triângulo, e só vai me sobrar os restos! Porque tu vais ter que fingir tão bem e a mentira será cada vez maior que vai engolir o que temos, até que não existirá um "nós", mas um "eu" e um "tu".

 

O que eu poderia dizer? Era verdade. O problema em fingir era que o jogo crescia... Por que é essa a ordem das coisas, certo? Tu conheces alguém, sais com ela algumas vezes, começam a se ver mais, percebem que estão apaixonados e então estão juntos. Claro, pode haver um corte em algumas dessas fases, então não há toda a coisa do "ficar juntos". Mas por tanto tempo eu fugi dessa situação que se eu dissesse "não" à Karin em algum momento, haveria rumores... E eles poderiam levar a mim e à Sakura, então o que seria? Eu não sei como aconteceria, mas haveriam de nos separar. E se a gente, eu ou ela, ficássemos com alguém, mesmo que só para manter as aparências, as coisas ficariam complicadas também, certo? Ficaria complicado entre nós.

 

Não havia opções, mas eu sairia com Karin e não deixaria nada passar de um encontro. Essa foi minha decisão, que contei a Sakura.

 

- Eu não acredito em ti, Sasuke. Tu dizes isso agora, mas na hora tu dirás "sim" àquela rapariga. E cada "sim" a ela é um "não" a mim. E mesmo que tu realmente pretenda fazer como dizes... Tu podes sair com ela e gostar dela mais do que de mim, e eu te perco de qualquer forma!

 

- É esse o teu medo? Isso nunca vai acontecer! – os soluços sacudiam o corpo pequeno entre os meus braços. Seu desespero era praticamente sólido, eu quase chorava com Sakura – Eu nunca te trocaria por ninguém!

 

- Tu não podes saber. Não podes saber se nunca vais te apaixonar ou amar outra pessoa. Eu nunca, nunca vou, mas tu podes, porque vai chegar um momento, uma hora, em que o que posso oferecer não será suficiente.

 

- Não vai, não.

 

- Vai sim! Vai, eu sei, e isso pode estar acontecendo agora.

 

- Não, nunca! Eu prometo, prometo!, que nunca vou me separar de ti. Eu não posso! Sou egoísta demais para imaginar a minha vida sem ti, Sakura. Que tolice, pensar que eu poderia amar outra pessoa. Tu sabes que não, já te disse. Podes duvidar do que sinto, mas isso é eterno. Nem que eu tivesse oportunidade de conhecer todas as mulheres do mundo, nunca amaria nenhuma mais do que a ti.

 

- Tu mesmo dizes, Sasuke, que o amor não sobrevive a tudo. Tu dizes...

 

- Ele se desgasta, mas não o meu. Talvez o teu...

 

- Não, não o meu!

 

- Nós podemos não ficar juntos, mas eu sempre vou te amar. A Karin... Ela é necessária, porque a gente precisa fingir, Sakura, tu sabes disso. Se alguém descobrisse... Isso não pode acontecer, e a gente precisa fingir, tu sabes.

 

- Eu vou te perder. Eu sei, eu sinto!

 

- Não vais.

 

- Eu vou. Pode não ser hoje ou amanhã, mas eu vou te perder um dia. Essa Karin foi só o primeiro passo... Imaginar-te com ela, sorrindo ao seu lado, beijando-a... É muito difícil, mas vai acontecer. E tudo para sustentar essa situação? Por nós? Que terrível! O que é pior, descobrirem sobre nosso amor ou a dor de ver-te com outra?

 

- Sakura! Que...

 

- E se eu resolvesse sair com alguém também? Talvez eu convide Lee Rock ou Shino Aburame para ir a essa festa comigo. Tu irias gostar, Sasuke?

 

Fiquei em silêncio. Na minha mente, as imagens passavam em flashes rápidos: Sakura sorrindo ao lado de alguém, sussurrando-lhe ao pé da orelha, beijando, dando as mãos...

 

- Tu não farias isso.

 

- Então tu podes e eu não?

 

- É diferente. A cobrança comigo é grande, contigo não.

 

- Então vamos ver se eu posso ou não.

 

- Tu não farias.

 

- Duvidas?

 

Duvidava, claro, mas não diria a ela. Não diria, porque ela poderia resolver fazer apenas para me enfrentar. Sakura não sairia com qualquer garoto, porque não queria estar com ninguém mais além de mim. Ela já havia me dito isso muitas vezes, e eu também podia enxergar o facto nos seus olhos. Mas, por via das dúvidas, fiquei calado. Deixei Sakura sair, ir para o seu quarto ou se meter em qualquer outro canto da casa. Logo tudo ficaria bem de novo. Sempre ficava.

 

Tomei meu banho pensando nela, a água quente relaxando meus músculos. A mãe e o pai chegaram trazendo comida chinesa, que seria o jantar. Ela não quis comer. Não tinha nada no estômago e não quis comer. Desajuizada!

 

Levei a comida para ela, mas Sakura fingiu dormir. Deixei-a. Era melhor.


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Notas finais do capítulo

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