La Belle Anglaise escrita por Landgraf Hulse


Capítulo 6
5. Concessões.




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Esse Bravandale gostava muito de falar, as palavras dele pareciam intermináveis, como água jorrando de uma fonte. Mas havia uma coisa, o duque falava muitas besteiras, coisas que Wilhelm não dava a menor importância, e por isso mesmo não prestou atenção alguma. Ele estava entediado.

Nesse meio tempo a Srta. Leke voltou com um livro para Wilhelm, que aliás era de Montesquieu, mas não importava muito, de qualquer forma serviu para distraí-lo. Um alívio para o príncipe era saber que as princesas Elizabeth e Charlotte também não estavam muito animadas com o duque. Cada uma fazia sua própria atividade: jogar e tocar.

Mas apesar de não dar muita atenção a conversa do duque, vez ou outra Wilhelm ainda olhava para Bravandale e Katherine. Isso era tão estranho, Wilhelm não conseguia entender o motivo daqueles dois parecerem tão próximos. Não era ciúme claro, apenas curiosidade, afinal de contas, Wilhelm considerava-se muito melhor que o duque.

Bravandale tinha sim a sua beleza, era um homem vigoroso, com traços gentis e agradáveis, mas o príncipe sabia que superava o duque. Wilhelm era inteligente, esbanjava beleza, ele não era assim tão vigoroso, mas também não era magro como o marquês, e acima de tudo, Wilhelm era sincero e verdadeiro, qualidades que Bravandale dificilmente teria.

Ao perceber seus próprios pensamentos o príncipe escondeu uma risadinha irônica. Por que ele estava se comparando? Wilhelm sabia que era natural, mas ainda assim, por que fazer isso quando não importava o que a princesa gostava ou não?

— James é um caçador muito bom, o melhor em toda Gloucestershire.— Despertado de seus pensamentos, Wilhelm olhou para Katherine. Isso tinha alguma importância a ele?— Pelo menos é o melhor que conheço, e eu conheço muita gente.

— Bom para Bravandale então.— Todos na sala olharam pasmados para Wilhelm.

O príncipe deu de ombros. Ele foi sim grosso, e não fez esforço algum para não ser, a importância que Wilhelm dava ao duque era mínima, quase nula. Bravandale o encarou com força, visivelmente irritado com essa declaração. Wilhelm esperava o mesmo dos outros, mas ao invés disso eles começaram a rir. As palavras dele seriam vistas como uma piada.

— Katherine, minha irmã, só consigo imaginar as risadas que você dá com Wilhelm.— Tanto o príncipe, como Katherine, olharam para Elizabeth e sua ironia disfarçada.— Deve ser tanta alegria.

— Você não imagina os gritos que damos.— Novamente Wilhelm falou com sarcasmo, mas agora fitando Katherine com um sorrisinho desafiador. A princesa sorriu falsamente.— Assustam a casa inteira.

Olhando para Katherine, Wilhelm a desafiou.

— Meu marido é um homem de muito humor.— O olhar de desafio tornou-se então dela.— Ele sempre me leva ao limite.

— Estou comovido, sim, de fato estou.— Até mesmo os falsos elogios dela eram cheios de sarcasmo.

A princesa abriu levemente sua boca para falar algo, e Wilhelm fez o mesmo, pronto para responder. Mas o maldito Bravandale limpou sua garganta, lembrando aos dois que ele ainda estava lá. Era uma pena, estava começando a ficar bom. Katherine olhou para o duque feliz.

— Conte-nos uma história interessante sobre alguma caçada sua, James.— Quando Katherine acabou de falar, Wilhelm fez questão de bocejar.— Talvez dê algum ânimo ao meu marido.

— Uma história? Acho que já contei todas para você.— Bravandale olhou para a princesa arrogante, antes de fitar Wilhelm convivendo.— Katherine ama ouvir minhas histórias, meu príncipe.

Não parecia. Apesar de Katherine manter um sorriso no rosto, havia uma pequena pontada de irritação nesse sorriso. Ao perceber isso, foi Wilhelm que sorriu, e sorriu sarcástico para ela e o duque. Bravandale mentia, ou aumentava as coisas.

— É necessário dizer isso, James?— Internamente o príncipe riu, Katherine quase não conseguia esconder.

— Acho isso spannend! Que tipo de histórias são essas?— Sorrindo nada inocente, Wilhelm chamou a atenção do duque e da princesa. O príncipe deu de ombros.— Eu não caço, mas mein Bruder e meine Schwestern gostam muito, embora as histórias deles fossem sempre muito maçantes. Mas as de Sua Graça não... Que sorte temos.

Sarcástico e irônico, Wilhelm ganhou um rosnando raivoso do duque de Bravandale, um que o príncipe ouviu até onde estava sentado. O que apenas fez o sorriso dele aumentar. Mas surpreendentemente o duque ainda conseguia falar sem raiva:

— Então meu príncipe não caça?— A resposta de Wilhelm foi um vago dar de ombros. Mas quem sabe começasse agora? Talvez ele até acertasse uma bala no meio do...— Você não sabe o que perde.

— Eu até que entendo você, Wilhelm.— Katherine estava sendo irônica. O que não era surpresa.— Caçar é para pessoas fortes, corajosas e que gostam de aventura. Não para... os intelectuais e... sociais.

Era um insulto oculto? Consigo mesmo Wilhelm riu afrontoso. Ela o havia chamado de fraco, na frente de toda a família dela, em particular ele poderia permitir, mas em público, isso não.

— O que você disse certamente é verdade, Katherine.— Wilhelm fez questão de falar o nome dela, e embora Katherine continuasse a sorrir, ele sabia que isso a irritava muito.— Mas eu não vejo alegria, e muito menos diversão, em tirar a vida de pobres animais. Für Christus, me dói só em imaginar.

Wilhelm sentia até calafrios, principalmente quando recordava da primeira, e até agora última vez, que em caçou. Ele tinha onze anos e foi obrigado a matar um coelho. O bichinho era tão bonitinho que assombrou os sonhos de Wilhelm por semanas.

Balançando sua cabeça, o príncipe voltou a olhar para a princesa. E aconteceu a última coisa que ele esperava. Katherine não mostrou desdém, ironia ou qualquer olhar provocador, o sorriso presente dela sumiu, desfez-se, não por raiva ou irritação. Wilhelm via outra coisa, parecia até... compreensão.

— Eu... penso o mesmo.— Katherine pensava o mesmo? Isso... Wilhelm nunca poderia imaginar, mas estranhamente ele se sentia... feliz!?— É uma tristeza aquelas criaturas serem mortas apenas por...

Diversão. Ela iria dizer isso. Mas ele nunca iria ouvir.

— Katherine realmente sempre mostrou muita repulsa pela caça, meu príncipe.— Esse estranho momento de paz e compreensão que Wilhelm e Katherine estavam compartilhando, foi destruído por Bravandale.— Ela nunca caça.

Apesar desse momento de conexão ter acabado, ainda sobrou alguns resquícios. Os dois não paravam de se olhar, e mesmo que ambos estivessem se repreendendo, era impossível evitar. Os outros na sala perceberam isso também, mas pelo menos tiveram bom senso.

— Como ela poderia caçar, se nenhuma de nós têm permissão, James?— Charlotte foi designada para quebrar qualquer silêncio.

— Mas as mulheres têm permissão para caçar.— Na Inglaterra funcionava diferente? A princesa mais nova fitou Wilhelm explicativa.

— E de fato tem, mas papai não gosta dessa atividade. Ele nos proibiu de caçar, proibiu a família toda.

Por quê? Wilhelm agora fitou inquisitivo o marquês, deveria ter algum motivo. Ele já tinha ouvido falar de pessoas que não gostavam de caçar, mas que proibiam a família inteira? Isso era novo.

— Foi um trauma do passado.— O marquês explicou vagamente, antes de falar mais:— Tanto meu avô, o primeiro marquês, como meu pai, o príncipe Frederik de Orange, morreram em caçadas.

Mas que situações...

— Isso é tão trágico. Essas tragédias são tão...— Mordendo a própria língua Wilhelm calou-se. Mortes e traumas eram assuntos tão...— terríveis e... dolorosas.

Por experiência própria ele sabia que sim. Sabia muito bem que sim. Novamente o príncipe balançou a cabeça expulsando esses pensamentos, ou se não, Wilhelm iria acabar relembrando de seus próprios traumas, e ele não queria isso.

Não demorou muito e o próprio duque de Bravandale levantou de seu lugar e avisou que já teria de partir. Segundo ele mesmo, sua mãe, a duquesa viúva, e a irmã, uma tal de Lady Christinie, já deveriam ter chegado de Gloucestershire. E por educação Katherine e a marquesa acompanharam o duque até a saída. Oh, que alívio.

O ar da sala azul até ficou mais agradável quando Bravandale saiu da sala, Wilhelm sentiu isso. O ambiente ficou mais leve, fresco, tragavel até. Mas ele não poderia aproveitar muito. Pegando novamente seu livro, Wilhelm levantou de seu assento, ele iria acabar a leitura em seus aposentos, com mais calma.

— Eu gostaria de conversar com você, Wilhelm.— Era o marquês, Wilhelm quase fechou os olhos ao ouvi-lo, mas assentiu mesmo assim.— Elizabeth, Charlotte, nos deixem a sós.

Obedientes as duas princesas fizeram uma mesura ao pai e saíram da sala azul com rapidez. Pronto, Wilhelm estava sozinho com o marquês.

— Sobre que assunto seria essa conversa, meu marquês?— Voltando-se para o príncipe de Niedersieg, Wilhelm perguntou sério.— Embora eu já tenha uma ideia.

— Katherine.—Como ele imaginava. Wilhelm chegou até a suspirar, esse assunto era odiavel, mas todos pareciam ter um grande interesse nele.— O relacionamento de vocês dois na verdade.

O príncipe fez uma careta com essa última fala do marquês. Esse assunto era mais horrível ainda. E para a surpresa de Wilhelm, quando ele abriu os olhos, o marquês não lhe censurava.

— Há algo que o incomoda, meu marquês?— Inicialmente Wilhelm perguntou com sinceridade, antes de acrescentar irônico.— Tenho certeza que sim.

— E muitas. Primeiro, gostaria que você desse um jeito nesse seu modo de falar comigo. Não sei qual eram os problemas que você tinha com seu pai, Wilhelm, mas lembre-se que eu não sou ele.— Era justo. Cedo ou tarde o marquês iria tocar nesse assunto, mas pelo menos foi rapidinho.— Mas como eu disse não é isso que vamos conversar. Indo direto ao ponto, eu gostaria saber por que você e Katherine se provocam tanto?

Oh, mais direto impossível. Wilhelm pensou por um momento nessa pergunta. Não havia uma resposta certa, não da parte dele. Ele agia daquele modo com ela, porque ela começou primeiro. Era simples assim, mas não...

— Sinceramente, eu não posso dar uma resposta, meu marquês.— O olhar do marquês sobre Wilhelm continuava calmo.— Talvez seja porque não nos conhecemos. Somos dois estranhos.

— Mas vocês discutem como dois velhos conhecidos.— Isso era verdade.— Se o problema é o desconhecido, tornem-se conhecidos um ao outro.

Falar era fácil. Wilhelm acabou por rir levemente dessa sugestão do primeiro.

— Farei o meu melhor, mas o mesmo não posso garantir nada de Katherine.

A princesa já era outra coisa.

— Elizabeth irá falar com ela, não se preocupe.— De forma alguma Wilhelm se preocupava.— Apenas seja gentil e tente conhecê-la melhor, ser amigo dela.

— Eu...— Wilhelm faria, se ela também fizesse.

— Só faça como eu digo. Lembre-se que Niedersieg e Bristol precisam de herdeiros. E mais, Katherine vai precisar de apoio e proteção, o seu apoio e proteção.— Wilhelm não dava a mínima importância para Bristol ou Niedersieg. Mas ele cumpria suas promessas, e os votos de casamento eram uma promessa.— Somos seus amigos, aliados, e de Katherine também. Faça como pedimos.

Depois disso o marquês saiu. A mensagem ficou bem clara e Wilhelm obedeceria, se Katherine fizesse o mesmo.

*****

Por que as coisas tinham que ser assim tão ruins? Tudo estava indo perfeitamente bem, Katherine estava conseguindo provar que Wilhelm não era agradável. Ela estava quase completamente convencida. Até que chegou naquele maldito assunto da caça.

Foi um erro, um terrível erro, um erro fatal. Um que era totalmente culpa dela, Katherine que buscou.

Quando Wilhelm disse que não caçava por sentir pena dos animais, que matá-los não era divertido, isso realmente tocou Katherine e foi bem forte em seu coração. Isso era um desastre! Agora eles tinham um pensamento igual! E isso ela não queria. Wilhelm era um grosseiro irritante que falava tudo que pensava.

Nesse momento Katherine se arrependia muito de suas palavras e ações, foi tudo terrivelmente impensado, com um resultado próprio para essa falta de planejamento. E ela se arrependia mais ainda por ficar sem palavras depois do que Wilhelm disse. Katherine não deveria se deixado levar. Homem algum havia conseguido fazê-la ficar sem palavras, até o dia de hoje claro. A princesa sentia que estava traindo Frederik Adolf por isso.

Enquanto pensava em todas essas coisas, James, que estava ao lado de Katherine, comentava o que aconteceu na sala azul, embora ela não estivesse o escutando.

—... Agimos perfeitamente bem.— Katherine discordava. E James ainda tinha irritação na voz.— Ele é exatamente como eu esperava: orgulhoso, arrogante e parece ver a si mesmo sob uma luz muito bela. É um pretensioso.

— Não acho ele arrogante, e muito menos pretensioso. Meu tio é arrogante e pretensioso.— Enfim dando uma resposta a James, Katherine conseguiu que o amigo a fitasse.— Wilhelm é apenas uma pessoa irritante e desagradável, que parece ter um grande prazer em irritar-me.

Chamá-lo de outra coisa seria até dar muita dignidade. Katherine não sabia o porquê, mas James continuava a fita-la, e agora com uma expressão ofendida.

Wilhelm? Katherine, você chama ele pelo nome!?— Bravandale falou tão alto que até a marquesa ouviu.— Katherine!

— Ele é meu marido, James!— Hora ou outra teria de ser assim.— Você queria o que!?

— Como você deseja que ele lhe mostre respeito e se submeta se o chama pelo nome?— Katherine desviou seu olhar do amigo e balançou a cabeça. Hoje James estava ridículo.— Não me diga também que o chama pelo nome? Não! Como aquele filho da...

— Calado, James!— Apesar de visivelmente irritado James calou-se. Muito bem, agora era a vez de Katherine falar.— E não difame os mortos, por favor.

— Mas eu estou preocupado.

— Eu também, James, mas ao invés de você se preocupar com meu marido, deveria se preocupar em manter minha amizade.— Katherine estava irritada, e essa última parte fez Bravandale olhar para ela alarmado.— O que foi aquilo de que eu amo as suas histórias?

O modo como James falou aquilo incomodou muito Katherine. Foi de uma possessão e malícia tão grande que a irritou, enojou. Mas a julgar pela reação do duque agora, ele não se importava nenhum pouco.

— Não vejo problema alguma na forma...

— Mas eu sim!— Por um momento Bravandale ficou assustado com a reação dela.— Aquele seu modo de falar foi malicioso. James, se você tivesse dito aquilo em outro lugar, as pessoas iriam comentar.

Seria um desastre. Iriam pensar que Katherine traía seu marido com o duque de Bravandale. E isso seria muito pior que os outros comentarem que ela e Wilhelm se odiavam.

— Certo, Katherine. Perdão.— Ele falaria apenas isso? A princesa voltou a encarar James. Não havia muita sinceridade nesse pedido.— Mais alguma coisa?

O descontentamento voltou a expressão de Katherine. O que estava dando em James hoje? Normalmente ele era tão doce e gentil com ela. Certamente era o ciúmes.

— Não quero nem pensar o que Wilhelm pensa de mim agora.

— E desde quando você dá alguma importância ao que ele pensa?— Havia novamente irritação em James. Mas dessa vez Katherine não daria uma resposta, ela não era obrigada a responder um simples duque.— Faz apenas uma semana que vocês estão casados, e essa semana foi cheia de brigas.

Ela não se importava, realmente. Mas no final os dois eram casados, um dia Katherine e Wilhelm teriam que consumar o casamento e fazer herdeiros para Bristol e Niedersieg. Mas novamente, James não era ninguém para ela ser obrigada a responder.

— James, por favor. Preze por minha amizade. Pois eu facilmente posso a desfazer.

Nesse mesmo instante eles chegaram em frente a carruagem do duque, que se despediu e então foi embora.

Mas que adeus rápido e seco foi isso. James não gostou nenhum pouco das coisas que Katherine falou, das reação dela a tudo que ele fez. Mas Katherine não se arrependia, tudo tinha um limite, até mesmo amizade. Pelo menos agora que James foi embora, talvez ela tivesse alguma paz. Foi um engano pensar assim.

Antes que Katherine pudesse fazer qualquer coisa, sua mãe agarrou seu braço e as duas começaram a caminhar juntas para por onde vieram. A princesa quase fez uma careta. Elas iriam conversar.

— Vamos voltar juntas, Katherine?— Tinha outra opção sem ser "sim"?— Seu pai mandou avisar que iremos ao teatro hoje. Será apresentada uma pantomina. Todos estarão presentes.

Franzindo o cenho, a princesa se surpreendeu com esse início, suspeitamente elas começaram com algo diferente.

— Vou me preparar depois.— Fitando sua mãe, Katherine respondeu. Mas a marquesa continuou encarando a filha.— A senhora sabe que da minha parte tudo será perfeito, mas o mesmo não posso garantir de Wilhelm.

— Você sempre é perfeita, minha rosa.— Sorrindo amavelmente a marquesa afirmou.— Mas por favor, tentem mostrar alguma afeição um pelo outro. As pessoas gostam disso.

— Não posso garantir nada, mamãe.— Novamente, sua parte Katherine faria. A marquesa balançou a cabeça.— A senhora sabe que Wilhelm e eu não nos damos bem.

O sorriso da marquesa permaneceu em seu rosto. As vezes Katherine perguntava-se como sua mãe conseguia, e se esses sorrisos eram sinceros ou apenas costume.

— Então dê uma jeito de vocês se darem bem.— Com certeza esse sorriso de agora era costume, a marquesa falou tão autoritária, que matou a disposição da filha.— Katherine vocês estão casados, e irão viver juntos pelo resto da vida. Você realmente acha que irá conseguir viver com alguém que não gosta?

— Então eu serei forçada a gostar de Wilhelm!?

— Todos estamos sendo forçados a alguma coisa.— Katherine entendia isso, mas mesmo assim ela negou com a cabeça.— Não veja isso como um mal, mas sim como um bem. Wilhelm não é feio, Katherine, nem desagradável. Ele é gentil, atencioso e...

— Com a senhora talvez, mas comigo não.— Embora ela também tivesse...— Estou sendo obrigada a muitas coisas, mamãe. Coisas que eu não queria, pessoas que não desejava.

Rapidamente Katherine se arrependeu de suas próprias palavras. A marquesa parou de sorrir e a seriedade tomou conta de seu rosto. Elizabeth olhou então para a filha, e... esse olhar, Katherine nunca gosto dele. Toda vez que a marquesa estava com esse olhar, partia o coração da princesa.

— Nem sempre fazemos o que desejamos, e estamos com quem queremos. Abnegação, Katherine.— Abnegação, as vezes Katherine ficava cansada de ser abnegada.— Lembre-se também que você não sabe de tudo. Nem sempre quem desejamos nos deseja.

— O que a senhora quer dizer com isso?— Essa última frase da marquesa foi curiosa. Mas ela simplesmente balançou a cabeça.— Perdão mamãe, eu sei que a senhora e papai estão certos.

Não seria bom alongar esse assunto desagradável. Katherine bem percebia que seus pais não gostavam quando ela falava sobre Frederik Adolf, ou a decisão de seu casamento. E no fundo Katherine também não gostava, ainda doía muito nela.

— Apenas escute o que eu digo, Katherine. Tenho ser gentil, encontrar pontos em comum com Wilhelm. Não queira a dor de um casamento fracassado.— Eles eram tão comuns, mas ainda assim terrivelmente ruins. No fundo Katherine não queria essa dor. Mas enfim um pequeno sorriso surgiu nos lábios da marquesa, fazendo a princesa também sorrir.— Mudemos de assunto, Katherine. Lady Knolly encontrou um colar que ficará lindo em você.

Tão rápido quanto iniciou o assunto, a marquesa mudou. Mas Katherine havia entendido, e ela iria obedecer, ela iria se esforçar para ser gentil com Wilhelm, mas apenas diante da sociedade, o resto iria depender apenas dele.


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Notas finais do capítulo

Um pequeno aviso:
Eu primeiro peço perdão pelo atraso do capítulo, eu fiquei doente esse semana. Mas eu o trouxe, ainda nessa semana.
Gostaria também de dizer que começarei a postar os capítulos de La Belle Anglaise três vezes por semana, na segunda, quarta e sexta-feira. Qual o motivo? Não vem ao caso explicar no momento.