La Belle Anglaise escrita por Landgraf Hulse


Capítulo 41
Epílogo.




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12|10|1793 Arredores de Bristol

Em mais ou menos dois meses muita coisa poderia acontecer, coisas boas ou ruins, e de fato aconteceu. A França havia entrado em um horrível estado de terror, onde qualquer um que mostrasse algum sinal de "traição a liberdade" seria preso e, muito provavelmente, levado à guilhotina. Estava um caos, um pior que antes. Os franceses estavam destruindo todos os símbolos da monarquia, nem mesmo os túmulos da Basílica de St. Denis foram salvos da profanação.

A Guerra da Coalizão não havia mudado em nada, da mesma forma que as nações europeias pareciam avançar, a França parecia retê-las. Mas, infelizmente, a guerra parecia apenas deixar o terror na França ainda pior. E, enquanto tudo isso acontecia, os Tudor-Habsburg tentavam continuar a viver com alguma naturalidade... embora estivesse muito difícil.

A proteção deles tornou-se muito mais severa, agora eles pareciam estar em constante perigo, tanto que Katherine decidiu voltar a Londres, para Hampton Court, seria melhor estar mais perto das notícias e do rei... porém hoje a marquesa e o príncipe não estavam em Londres, nem Windsor ou qualquer outro local perto da capital, mas sim em Bristol.

— Você consegue visualizá-lo, Wilhelm?— Em uma colina, não muito distante da cidade de Bristol, Katherine sinalizava para o marido, com um telescópio, as obras da nova residência.— Ficará bem ali, com a ala norte voltada à cidade, como se Bristol fosse nosso pequeno reino.

A expectativa dela estava grande em relação a essa construção, ainda estava em seus estágios iniciais de construção, mas já mostrava-se gloriosa! Sorrindo amplamente, a marquesa encarou o marido, ele, porém, olhou para ela confuso e depois voltou ao telescópio.

— Parece apenas uma grande confusão de pedras, blocos, tijolos e muitas pessoas, muitas mesmo. Deveriam ser tantas assim?— O sorriso de Katherine morreu, ela negou com irritação. Como ele poderia ser tão... sem imaginação!? Wilhelm revirou os olhos, sem dar importância.— Que estranho, poderia mostrar novamente a planta?

— Você por acaso usa seu idealismo apenas para "a iluminação do povo"? Realmente não consegue imaginar?— Pegando a planta de uma mesa próxima, a princesa perguntou. Revirando os olhos, ele tomou a planta dela.— Após entramos por um grande portão, terá uma grande alameda cercada por teixos que nos levará até uma pequena rampa, onde então a alameda será dividida em três, entre elas haverão dois grandes espelhos d'água que irão refletir o palácio.

— Então realmente será um palácio. Só de imaginar já sinto dor no pescoço.— Agora ele conseguia? A princesa revirou os olhos e pegou o telescópio dele. Wilhelm analisou a planta e depois a construção.— Tem certeza que é uma boa ideia construir um palácio barroco...?

— É rococó, não barroco.— Katherine corrigiu ele, apenas para receber em troca um olhar desdenhoso.

— Que seja, é quase a mesma coisa.— Não, existiam diferenças muito perceptíveis entre barroco e rococó.— Tem certeza? Você sabe onde o rococó surgiu, Katherine, e estamos no meio de uma guerra.

— Meu palácio não irá trazer problema algum, para ninguém. Será único, algo sem igual em toda Inglaterra.— As palavras dela saíram quase como uma certeza sonhada. Ao olhar para o príncipe, porém, Katherine percebeu ceticismo, então ela acrescentou:— Será inspirado em palácios alemães, italianos e russos, não haverá nada francês.

Foi o suficiente para calá-lo, porém não para sempre. Esse assunto não iria morrer aqui, Katherine sabia, pois, além de francês, o rococó era um estilo arquitetônico muito caro, mas a marquesa estava disposta a defender o que desejava, principalmente quando ela sabia que tinha a palavra final. Esse palácio seria o orgulho dos Tudor-Habsburg, o mais belo jardim para as mais belas rosas. Os dois ficaram em silêncio, observando a construção e os projetos de Sir Edmund Brocket. Tudo parecia estar indo muito bem, talvez até o palácio fosse concluído a tempo do próximo centenário.

— Qual será o nome?— Como? Katherine voltou a fitar o marido, sem entender a pergunta. Ele suspirou apontou para a canteiro de obras.— Estou falando do palácio, isto é, se você tiver coragem o suficiente para chamá-lo assim.

— Claro que tenho! Os duques de Hamilton, Buccleuch e Marlborough têm palácios, mesmo não sendo da realeza ou clero.— Embora os Hamilton fossem primos dos Stuart e Marlborough fosse o maior general britânico... mas isso não importava.— Sendo assim, eu, uma princesa descendente de imperadores e imperatrizes, tenho mais que o direito de ter um palácio para chamar de meu.

— Não funciona assim, você sabe.— De fato, não... por isso mesmo o marquês Alfred tinha recebido uma permissão real no passado.— Diga logo, qual será o nome? Palácio de Bristol?

— Tecnicamente o palácio está em Gloucestershire, não Bristol.— Evitando responder duramente a piadinha dele, Katherine respondeu e pensou um momento.— Será Goldenhall, o Palácio de Goldenhall.

Um sorriso voltou a surgir nos lábios dela. Sim, esse seria o nome, não fazia referência alguma a qualquer designação territorial, nem Gloucestershire e muito menos Bristol. Goldenhall era o nome perfeito... ao menos para ela. Ao lado da marquesa, Wilhelm começou a rir com terrível diversão, uma zombaria do nome escolhido. Irritada, Katherine encarou o príncipe, que respondeu entre os risos:

— Goldenhall? O Palácio de Goldenhall?... É uma piada, só deve ser! Esqueceu do antigo Palácio de Whitehall?

Ele continuou a rir, Katherine não disse nada, apenas esperou o melhor momento para falar. Entretanto, logo o príncipe parou de rir.

— O Palácio de Whitehall não existe mais, sendo assim, o nome está livre.— Embora... ela soubesse que de fato era uma cópia.— Assim como Whitehall recebeu esse nome por conta de suas pedras brancas, meu Goldenhall se chamará assim por causa de sua tintura creme, quase amarela.

— Certo então, não vou discutir o seu duvidoso gosto.— E quanto a Oldenburg House? A princesa encarou desafiadoramente Wilhelm, mas ele simplesmente virou o rosto.

Não tardando muito, Sir Edmund veio até eles afim de explicar mais sobre o palácio e dar alguns relatórios de como as obras estavam andando. Foi esclarecedor, assim como rápido, logo Katherine e Wilhelm estavam entrando na carruagem, prontos para voltar a Londres. As quatro damas de companhia da marquesa, Lady Courteney teve problemas em casa e Lady Cottington viajou ao País de Gales, também entraram em suas próprias carruagens.

Tudo estava andando como o esperado, tanto o palácio, quanto a volta para Londres, as crianças deles não poderiam ficar sozinhas por muito tempo. A viajem estava muito pacífica... pelo menos no início, logo Wilhelm começou a importunar a marquesa por conta dos que estavam trabalhando nas obras.

— Eu já disse que não sei, Wilhelm!— Massageando sua testa, ela respondeu irritada.— Não é problema meu onde os operários irão ficar.

— Claro que o é problema seu! Você que mandou Sir Edmund buscá-los, você garantiu que cuidaria deles.— Foi praticamente uma acusação. Pagar aquelas pessoas já não era o suficiente? Katherine negou, mas ele continuou:— Têm tantos, parecem até...
— Não quero ssaber com o que parecem. Eu queria pessoas da região, não de todas as Ilhas Britânicas.— Sir Edmund trouxe operários até da Ilha de Man.— O que você quer para essas pessoas? Casas, alimento e bem-estar?

— Apenas algum tipo de cuidado.— Mas isso era trabalho do governo da cidade! Katherine negou e virou o rosto.— É sua responsabilidade, você é a marquesa de Bristol.

Como!? A marquesa voltou a encará-lo, Wilhelm a fitava com força e... súplica? O título não significava responsabilidades com a cidade, ele sabia disso. Porém... esses olhar foi o suficiente para fazê-la repensar, não por bem ao povo, mas... foi uma promessa para o povo.

— Farei como você pediu, contente?— Wilhelm sorriu satisfeito, isso não era chantagem emocional? Pois se era, Katherine também conhecia esse jogo. Ela sorriu sugestiva.— Tudo para satisfazê-lo, embora também seja tudo para satisfazer-me. Sabe o que quero dizer?

O sorriso do príncipe rapidamente mudou para um muito lascivo, mostrando que havia entendido. Mas a questão era: ele faria algo? Katherine encarou o marido e esperou, Wilhelm apenas a encarou de volta. Então ela tirou o fichu dos ombros, revelando o decote do vestido, um que o príncipe conhecia muito bem, mas nunca parecia enjoar... nunca...

— Gosto tanto de apreciar sua beleza, Katherine. Cada parte dela me encanta.— Levando um dedo a boca e o mordendo, o príncipe comentou. Era possível se perder no oceano de desejo que eram os olhos dele.— Você realmente está disposta a brincar aqui mesmo, na carruagem?

— Eu fiz uma concessão ao seu desejo, então quero uma para o meu.— Em um dar de ombros, Katherine respondeu, o príncipe aproximou-se perigosamente dela.— Quero algo maravilhoso, não me decepcione.

Rindo irônico, o príncipe a abraçou e beijou com o mais puro, e desejoso, amor. Não foi um beijo casto, nem calmo ou paciente, ambos estavam cheios de paixão. Desesperadamente a princesa tirou o casaco do marido e depois sua camisa, enquanto Wilhelm, beijando o pescoço da esposa, tentava desabotoar o vestido, isso já tendo tirado a fita envolta da cintura dela. Os dois riam e arfavam com a emoção do perigo, mas nunca pensando em parar...

... Rindo prazerosamente, a marquesa, completamente nua e suada, foi deitada com certa força no banco da carruagem, o príncipe, no mesmo estado, só que arfando muito, estava em cima dela, ele tinha acabado lá em baixo a primeira parte dessa "doce brincadeira". Wilhelm, encarando-o, sorriu amplamente com os dentes, Katherine retribuiu da mesma forma e, após beijá-lo rapidamente, trouxe-o aos seios dela...

Em meio à toda essa guerra, mesmo com os desprazeres da vida, o amor deveria ser celebrado, porque a vida... ela não é um conto de fadas... paz e felicidade nem sempre duram para sempre...


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Notas finais do capítulo

* Estamos oficialmente chegando ao final de La Belle Anglaise, esse maravilhoso romance de época. A história de Katherine e Wilhelm chegou ao fim... spoiler: em todos os sentidos possíveis.

* Eu queria fazer essa "despedida" do nosso casal mais belo de uma forma bem característica deles dois, discussões e depois beijos cheios amor e desejo. Também coloquei algumas das características presentes na próxima história, por isso mesmo o último parágrafo foi escrito daquele modo um tanto quanto pessimista.

* De qualquer forma, sem mais delongas, minha próxima história será: Era Uma Vez... Uma Ilusão. Cujo tema central será: em um mundo governado por príncipes e princesas, a vida nem sempre será como um conto de fadas.



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