La Belle Anglaise escrita por Landgraf Hulse


Capítulo 25
24. Revelação Inevitável.




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"Sua Alteza Sereníssima, o príncipe de Niedersieg e marquês de Bristol, sinto-me muito honrado com a proposta que me foi feita, casar com a princesa Katherine, mas terei de recusá-la. Eu não nutro nenhum tipo de sentimento romântico em relação a sua filha mais velha, muito pelo contrário, existe apenas um pequeno sentimento de amizade, pelo menos da minha parte.[...]. Não sei como a princesa chegou a conclusão que eu estava apaixonado por ela, mas garanto ao senhor que apenas mostrei a devida atenção, sem segundas intenções.[...]. Em todas as situações, sou um príncipe sueco e o segundo na linha de sucessão, meu deve é casar com uma princesa a altura, talvez britânica, prussiana ou até mesmo francesa. Novamente, perdão pelo mal-entendido. Com certeza a princesa encontrará um bom casamento com algum príncipe alemão, quem sabe um eleitor ou arquiduque, como suas irmãs, mas comigo ela nunca encontrará um marido.[...]. Garanto-lhe que sua carta a meu irmão, o rei, já foi interceptada e não mais irei me corresponder com sua filha. Espero que possamos, um dia, nos encontrar em situações mais agradáveis."

— Sua Alteza Real, Fredrik Adolf, duque de Östergötland...— Lentamente desviando seus olhos da carta, Katherine encarou perdidamente seu próprio reflexo no espelho da penteadeira. O que ela havia acabado de ler... Fredrik Adolf...— Maldito cretino!

Atrás da marquesa, as damas de companhia assustaram-se com esse grito cheio de ódio, assim como ficaram confusas e curiosas. Katherine estava respirando com dificuldade e murmurava palavras inaudíveis.

— Aconteceu... alguma coisa, Katherine?— Mantendo-se afastada da princesa, Lady Courteney perguntou receosa.— O que diz nessa carta...

— Onde está a marquesa viúva?— Interrompendo Maria, Katherine perguntou fria. Não houve resposta.— Onde está a marquesa viúva!? Digam logo!

— Foi visitar... um sarau... Middleton...— Lady Torrington não poderia falar palavras de verdade!? Pelo reflexo do espelho, Katherine direcionou a Frederica um olhar duro.— Perdão!

Faltou apenas chorar. Cansando de esperar pela condessa, a marquesa virou-se na direção das seis damas para perguntar novamente, mas antes dela falar, Lady Monmouth respondeu com rapidez.

— A marquesa viúva está saindo para visitar Lady Middleton. É algo sobre escravidão.— Mas claro. Enquanto ela descobriu que foi enganada, sua mãe discutia humanismo.— O príncipe está indo junto.

Está, então ainda não foi. Deixando suas damas para trás, Katherine foi até uma janela, com vista para a saída das carruagens e viu sua mãe se preparando para entrar na berlinda. Nesse momento a raiva tomou o corpo da princesa, ela foi enganada! Não dando nenhuma importância ao certo ou errado, Katherine simplesmente gritou:

— MAMÃE! VENHA AQUI IMEDIATAMENTE!— Completamente assustada com os gritos, Elizabeth encarou a filha. Até mesmo Wilhelm colocou a cabeça para fora, tentando entender. Quanta demora!— NÃO FAÇA EU GRITAR NOVAMENTE! O REVERENDO RAMSAY PODE ESPERAR!

Em muitas ocasiões Katherine sentiu raiva e decepção, mas poucas chegaram a esse nível. A marquesa novamente se preparou para gritar, a marquesa viúva estava demorando muito, mas logo ela saiu do estado perplexo, disse alguma coisa a Wilhelm e voltou, quase correndo, para dentro. Muito bem, Katherine entrou fechando as janelas com força. Essa não seria uma cena bonita.

Parando no meio do quarto, ela esperou pela mãe, com a mais fria expressão. Qual seria a explicação? Melhor ainda, a marquesa viúva teria coragem de explicar essa... farsa? Lágrimas ameaçavam descer dos olhos de Katherine, mas a raiva era maior que a tristeza. Até que...

— O que foi aquilo, Katherine!? Você parecia uma histérica!— A marquesa viúva entrou falando com dureza.— Seja rápida. Sir Charles Middleton e Lady Middleton são abolicionistas e conhecem uma testemunha ocular da escravidão, um padre anglicano ainda mais. Quero saber...

— Certamente sei que a escravidão é uma prática que deve ser erradicada e nunca deveria ter existido. Mas, mamãe, o que é mais importante para: minha felicidade ou o fim da escravidão?

A marquesa viúva ficou calada, perplexa demais com essa pergunta para respondê-la. As duas mulheres, mãe e filha, se encaravam firmemente. Katherine com um olhar ríspido e Elizabeth cada vez mais preocupada.

— Sua felicidade? O que aconteceu, Katherine?

A verdade tornou-se conhecida. Isso aconteceu. Respirando com força, a princesa olhou de lado para suas damas.

— Quero ficar sozinha com minha mãe, miladys. Saiam e digam a Wilhelm que ele irá visitar os Middleton sozinho.— Fazendo rápidas mesuras elas saíram, deixando as duas marquesas sozinhas.— Mamãe, eu li.

De imediato Elizabeth não entendeu, mas rapidamente as recordações começaram a vir. Como se fosse uma onda de informações, a marquesa viúva levou as mãos a boca e gemeu debilmente, seus olhos encheram de lágrimas e, não aguentando encarar a filha, ela virou o rosto.

— O quanto você leu?— Fechando os olhos dolorosamente, Elizabeth perguntou.

Tudo. Li cada palavra que Fredrik Adolf escreveu. As mentiras, enganações, ilusões...!— Pausando um momento, Katherine tentou segurar as lágrimas. Era doloroso como a morte.— Ele me enganou, mamãe! Rebaixou, fez-me de tola!... Um mentiroso! Um mentiroso cretino!

Parada em seu lugar, a viúva tremeu ouvindo os gritos da filha. A própria Katherine conseguia ver remorso nas expressões dela, mas não era esse o ponto! A princesa deu as costas a mãe e deu alguns passos para longe.

— Sim, Katherine. Fredrik Adolf mentiu para todos nós.— Nós!? Ouvindo isso a marquesa riu amargamente e negou com a cabeça. Elizabeth tentou se aproximar da filha.— Escute-me, por favor...

— Não quero seu toque, mamãe! Quero apenas uma explicação!— Sentindo teimosas lágrimas sendo derramadas, lágrimas de um amor indigno, Katherine as limpau com ódio.— Por quê? Por que, mamãe!? Eu passei todos esses anos em uma farsa, esperando um amor que nunca viria, um homem que não me ama. EU SOFRI, MAMÃE!

Virando-se e encarando Elizabeth, a marquesa gritou com toda a sua dor. Agora as lágrimas nem faziam mais diferença, Katherine as iria derramar como água. A viúva estava em silêncio, soluçando em seu próprio remorso, sem saber o que dizer, responder ou defender. Mas... havia defesa?

— Nós... erramos, minha rosa! O que fizemos foi imperdoável!— Soluçando e fungando, Elizabeth disse, e acrescentou baixo:— Eu sempre soube que esse dia chegaria, mas nunca estive preparada.

Suspirando, a marquesa viúva colocou a mão no bolso do vestido e tirou um envelope. Mais uma carta cheia de verdades!?

— O que é isso, mamãe?— A viúva apenas estendeu. Sua expressão era plácida.

— A explicação... seu pai e eu fugindo das consequências de nossos atos.

Pegando o envelope com rispidez, Katherine sentou na cama, abriu o lacre e começou a ler.

"Nossa mais bela rosa, Katherine, o amor que sentimos por você é imensamente inimaginável. Você, Elizabeth e Charlotte as belezas do nosso pequeno jardim. Amamos você, e foi por esse amor que agimos assim, escondemos a verdade. Não vamos tentar nos defender, seu sofrimento não deixa. Apenas podemos dizer que estávamos com medo, você estava tão apaixonada por Fredrik Adolf, não queríamos destruí-la com a verdade. Fomos fracos, sabemos disso. Pensávamos que seu casamento com Wilhelm iria ajudar a esquecer o príncipe sueco, então além de fracos, fomos tolos. Fizemos errado, muito errado, queríamos concertar as coisas, mas quando vimos que fizemos o contrário, já era muito tarde. Por isso mesmo os diários, cartas, tudo na esperança de você descobrir e sermos obrigados a falar. Perdão, Katherine! Mil vezes perdão. Espero que um dia você nos perdoe."

Baixando a carta, Katherine suspirou tristemente e limpou as lágrimas que desciam de seus olhos. Agora não eram mais por ele, mas sim pelo pai. Tecnicamente, eram as últimas palavras dele para ela. Ao lado dela, Elizabeth não ousava olhar para a filha.

— Por que, mamãe?— Parecia repetitivo mas... era doloroso.— Essas anos foram uma tortura.

— Naquele momento parecia ser a melhor solução.— Tomando coragem, mas sem encarar a filha, Elizabeth respondeu.— Não é fácil saber que sua filha está apaixonada por um amor não correspondido. Mas é pior ainda saber que ela sofre em vão.

Pensando melhor agora... muita coisa estava começando a fazer sentido.

— Por isso toda aquela insistência na minha felicidade com Wilhelm.— Fechando os olhos com dor, a marquesa os abriu e encarou a mãe.— Vocês queriam me fazer esquecê-lo.

Assentindo lentamente, a viúva confirmou as palavras.

— Não houve sequer um dia que eu e sei pai passamos sem sentir remorso. Éramos as piores pessoas que existiam.— Piscando seus olhos, Katherine tentou não chorar. Então seu pai morreu assim?— Perdão. Novamente, perdão. Sei que sua raiva...

— A única pessoa da qual devo sentir raiva, sinto ódio na verdade, é Fredrik Adolf. Ele merece minha raiva e meu ódio.— Talvez até mais que isso. A marquesa suspirou.— Não vou mentir. Estou muito sentida com vocês, mamãe.

— Eu entendo, minha rosa. Alfred e eu esperávamos por isso.— Fazendo certo esforço, a viúva colocou um sorriso no rosto.— Os pais também erram, Katherine, e como erram.

Mãe e filha ficaram em silêncio, apenas digerindo o que aconteceu. Até que, em certo momento, Katherine deitou a cabeça no colo da mãe e fechou os olhos, pensando. Tantos haviam tentado conquistá-la, amá-la, mas ela amou quem não merecia. Um amor no limbo da indignidade. Agora a verdade havia sido revelada. Como as coisas seriam agora?

Apenas uma coisa a marquesa sabia: ela não queria mais nada de Fredrik Adolf e da Suécia! Abrindo seus olhos, Katherine levantou-se do colo da mãe e foi até o quarto de vestir. Se ele a achava insignificante, ela o faria mais insignificante ainda. A marquesa pegou uma caixa ricamente decorada.

— Mamãe, quero que você dê um fim nessa coisa.— Como se a caixa fosse algo repugnante, Katherine entregou a mãe.— São lembranças dele. Lixo no caso.

— Oh, são cartas. Irei queimá-las.— Um ótimo destino. Mas ao vasculhar melhor a caixa, a marquesa viúva encontrou algumas joias.— Esses diamantes eu não posso queimar na lareira, e muito menos descartar.

— Derreta o ouro. Os diamantes... pegue dois ou três e dê para a caridade, enquanto o resto... jogue numa caixa de joias qualquer.— Assentindo, a marquesa viúva então saiu.

Katherine estava sozinha agora. Que manhã terrível, tantas verdades dolorosas de ouvir. Indo para sua cama, Katherine deitou e cobriu os olhos. O que ela faria agora? Como seria a vida?... Katherine queria chorar...

... Mas, as coisas não era bem assim...

*****

A imagem de Katherine gritando cheia de raiva, uma diferente da que ela sentia ao discutir com ele, não saia da cabeça de Wilhelm. Ele não estava curioso, mas sim muito preocupado. Havia nela tristeza e desespero, além de raiva. Uma visão completamente diferente da sempre honrosa, digna e orgulhosa Katherine.

Mas... ainda havia sim curiosidade no príncipe. O que teria feito Katherine gritar daquela forma com a marquesa viúva?

Wilhelm passou quase todo o sarau de Lady Middleton pensando sobre isso. Havia também uma parte dele que se perguntava o motivo dos Middleton ainda não terem voltado para Kent, já eram meados de setembro. Sem contar no visconde Ricketts, por que ele veio sozinho e não com Lady Ricketts?

— Meu príncipe conhece o Sr. Ramsay?— Por causa dessa solidão, Ricketts escolheu o príncipe para ficar perto.

— Não faço a mínima ideia de quem seja.— Suspirando entediado, Wilhelm respondeu. A marquesa viúva convidou, mas não explicou.— O milorde sabe quem é esse reverendo Ramsay?

— Conheço apenas de nome. Ah, antes de mudar para a reitoria de Sir Charles, ele morou no Caribe, onde viu as atrocidades da escravidão.— Não deixava de ser interessante, um padre anglicano que viu de perto a escravidão.— Onde está a marquesa viúva? Ela não viria também?

Encarando o visconde, Wilhelm pensou se falaria ou não o motivo dessa falta. O interesse de Ricketts seria sincero? Talvez... Melhor não, Katherine iria ficar irritada depois.

— E onde está Lady Ricketts? Ela não deveria estar aqui também?— Usando seu tom mais desdenhoso, Wilhelm retribuiu na mesma moeda. Ricketts corou envergonhado.— A marquesa viúva estava indisposta.

Os dois ficaram em silêncio por um momento, talvez o melhor da noite. Mas acabou:

— É uma pena. Eu e Barnander estávamos pensando em convidar Sir Charles e Lady Middleton para o Comitê de Ajuda aos Órfãos e Pobres, mas sem ela nada é certo.— Uma pena verdadeira. Wilhelm suspirou e encarou o relógio da sala, quando esse sarau iria começar?— E Josephine... "a escravidão não é algo que me afeta diretamente", ela disse.

Novamente, era uma pena verdadeira. Os dois cavalheiros voltaram ao silêncio, até que Lady Middleton anunciou que as apresentações do sarau já iriam começar. Graças ao Cristo! Wilhelm não aguentava mais... Logo o príncipe lembrou que melhor seria nunca ter iniciado mesmo. Esses eventos eram muito... cansativos. Apenas um monte de músicas, poesias e leituras, nada digno de nota, ruim ou boa.

Era obras falando sobre a sofrida vida dos escravos nas colônias, a liberdade e ainda outras não comentavam nada em específico. Como todos os poucos saraus em que Wilhelm já esteve na vida, esse seria fácil de esquecer. Na Dinamarca também era assim, nem mesmo os poemas de Johannes Ewald ou Ludvig Holberg tinham salvação.

No final, o Sr. Ramsay contou seus relatos sobre a escravidão no Caribe. Embora um pouco sórdidos, o reverendo não poupou os detalhes, eram impressionantes. Havia algo muito pior que ser escravo do absolutismo e da tirania... Era vergonhoso a Dinamarca ter participado nesse crime.

Não demorando muito o sarau acabou e, não estendendo nenhum pouco sua presença na casa dos Middleton, Wilhelm voltou para Hampton Court. Agora ele finalmente poderia descobrir o que estava acontecendo. Mas assim que entrou no hall de entrada, o príncipe encontrou as damas de companhia de Katherine, que ficaram muito aliviadas em vê-lo.

— Meu príncipe, o que está acontecendo!?— Embora Bess tenha sido a primeira, todas vieram para cime dele buscando informações.— Katherine trancou-se no quarto!

— Ela estava furiosa, parecia até possuída pelo demônio!— Perplexo com essa descrição, Wilhelm fitou incrédulo Lady Monmouth. Isso era exagero.— O senhor deveria tê-la visto.

— Por algum motivo a marquesa viúva está agora queimando papéis na sala azul.— Assustada com tudo isso, Lady Cottington comentou.

— Não sabemos nada do que acontece.— E ele muito menos. Se não fosse muita informação ao mesmo tempo, Wilhelm teria revirado os olhos para Lady Torrington.— Devemos nos preocupar?

As damas estavam fazendo uma chuva de perguntas, como se ele soubesse de alguma coisa. Apenas Lady Courteney e Lady Ricketts estavam caladas, a primeira preocupada e a segunda pensativa. O olhar de Wilhelm foi diretamente para essas duas, buscando alguma orientação, mas elas simplesmente negaram a cabeça.

As perguntas continuaram, aumentavam... Estava sendo difícil pensar com esse barulho!

— Chega! Estou tão no escuro quanto as miladys!— As perguntas imediatamente pararam. Melhor agora, Wilhelm suspirou aliviado.— Deixaram algum recado para mim?

— A marquesa viúva está esperando o príncipe na sala azul.— Wilhelm assentiu em agradecimento a Lady Courteney e foi para a sala.

A cada instante as coisas ficavam ainda mais entranhas e confusas. Quando o príncipe entrou na sala, a marquesa jogava várias cartas na lareira com Lady York e Lady Eugenie, enquanto mais atrás, sentada na mesa de cartas, Lady Knolly desmontava algumas joias. O que estava acontecendo em Hampton Court? Não era possível que tudo isso tivesse alguma relação com Katherine, ou era?

A presença dele não foi percebida de imediato, Wilhelm tinha quase medo de chamar atenção. Mas logo Lady Knolly o percebeu:

— Meu príncipe, que bom que chegou!— Ouvindo a condessa, a marquesa viúva olhou para o genro e sorriu.

— Graças ao Cristo que você chegou, Wilhelm! Você deve estar nos achando loucas.— Rindo levemente, a viúva brincou sem sorrir. O príncipe assentiu, ele estava achando sim.— Talvez você... Um minuto. Acabou com as joias, Clare?

— Sim, todas foram desmontadas.— Aproximando-se da condessa, Wilhelm analisou os restos. Diamantes?— Mas o que faço com as pedras?

Não eram apenas diamantes, mas também reluzentes peças de ouro... rosé!

— Coloque-as na caixinha, mas deixe duas comigo. Quanto ao ouro, leve para o joalheiro, faça... grampos.— De ouro rosé? A condessa fez assim como foi dito e saiu.— Jane, Beatrice, deixem-me sozinha com o príncipe.

As duas baronesas fizeram suas mesuras e saíram. Agora eles estavam sozinhos. Wilhelm encarou com expectativa a marquesa, mas ela simplesmente sentou no sofá e respirou fundo, tentando ganhar fôlego.

— O que... o que está acontecendo aqui?— Não aguentando esse silêncio, ele perguntou impaciente.— Nada parece certo!

— Estou ajudando Katherine, e você também.

— Como queimar cartas e desfazer joias seria uma ajuda?— Ela iria responder, Wilhelm percebeu! Mas rapidamente a viúva mudou e calou-se pensativa. Sendo assim...— Sobre o que você e Katherine conversaram? E não me deixe no escuro, eu não gosto.

Mais silêncio. Por que tanto segredo? O príncipe negou e deu as costas, pronto para sair.

— Não cabe a mim dar uma explicação, Wilhelm. Peça a Katherine, ela saberá falar. Apenas não seja rude, não é um momento feliz.— Como assim não era um momento feliz? Essa seriedade estava preocupando ele.— Leve essa caixinha também.

Seria uma ótima desculpa para ir vê-la. Pegando a caixa, o príncipe saiu da sala com certa apreensão, mas ainda assim rapidez. Não demorando muito, Wilhelm chegou na porta do quarto de Katherine, bateu e chamou, talvez gritou, por ela. Inicialmente, por causa da demora, ele até pensou que ela não abriria, mas abriu.

Ela... francamente, estava exatamente igual a mais cedo. Katherine usava o mesmo robe a l'anglaise da cor creme, as mesmas joias, o cabelo continuava impecável e o rosto estava normal, embora abatido. Mesmo assim, quando ele a viu, foi impossível não dar um pequeno sorriso de lado.

— Vim deixar sua caixa.— Não houve resposta, ela apenas saiu da porta, abrindo o caminho para ele.— Katherine, o que aconteceu? Você sente algo?

Talvez uma nova gravidez? Não, não seria isso. Ainda em silêncio, Katherine pegou a caixa e colocou bem fundo na gaveta da penteadeira. Depois disso ela o encarou e suspirou sem ânimo.

— A única coisa que sinto é decepção, Wilhelm. Hoje eu tive uma grande desilusão. Amei quem não deveria amar, quem não merecia meu amor.— Havia tantos... sentimentos nela. Wilhelm não aguentou e aproximou-se da esposa.— Descobri que sou tola, cega e ingrata.

Ela nem mesmo olhava para ele, nos olhos dele. Katherine estava falando de... chegando mais perto dela, o príncipe tentou falar.

— Foi ele? O que...

— Não! Nunca mais fale o nome dele, Wilhelm!— Finalmente virando-se para ele, com seus rostos quase encostando, Katherine falou rancorosa. Então Fredrik Adolf fez algo! Novamente, ela voltou a tristeza.— E pensar que tudo iniciou em Niedersieg. Von Frieden teve de comprar grãos, as cheias do Inn destruíram as colheitas em Königsstadt, agora ele quer aumentar os impostos. Então procurando ajuda, eu encontrei a verdade.

Novamente a marquesa desviou o olhar do marido. Que verdade foi essa que ela encontrou? O que ele fez!? Pegando delicadamente o queixo da esposa, Wilhelm fez Katherine encará-lo de novo.

— Explique-me tudo, por favor. Quero entender.— Levando sua mão a dele, Katherine afastou-se e foi a penteadeira, onde pegou uma carta e deu para ele. Wilhelm então leu a carta, leu cada maldita palavra...!— Filho da puta!

Maldito Fredrik Adolf! Por tantos anos Katherine esteve tão apaixonada pelo maldito, mas tudo era enganação, uma mentira! E essas ofensas!? Um filho da puta!

— Não vou discordar da ofensa.— De costas para Wilhelm, desde que ele começou a ler a carta, Katherine respondeu rancorosa. Todas as maldições eram pouco para esse homem!— Oh Wilhelm, me arrependo tanto. Ele era tão bonito, sensível, falava tão bem de mim e da minha beleza. Talvez eu mereça ser chamada de tola. Pois sou mesmo!

Nada Wilhelm respondeu de imediato, qualquer coisa seria uma ofensa a Suécia e a Fredrik Adolf. O príncipe estava completamente furioso, nunca em toda sua vida ele desejou tanto ser o rei da Dinamarca, para assim poder fazer o sueco se arrepender de todos os estragos que fez, por ter iludido Katherine... ou talvez fosse apenas a velha disputa entre Dinamarca e Suécia.

Mas... isso de nada iria ajudar Katherine. Pegando as duas mãos da esposa e as apertando fortemente, Wilhelm a encarou e sorriu docemente. Apesar dos problemas, ele estava aqui, com ela, pronto para consolá-la. Ou era isso que o príncipe deveria fazer, até abraçá-la. Mas, para a surpresa de Wilhelm, foi Katherine quem o abraçou.

Apesar de inicialmente surpreso, ele fechou os olhos e envolveu seus braços envolta dela. Katherine tinha um aroma tão doce de rosas, um anjo calmante. Mas ainda assim... não acabou.

— Como essa carta só chegou agora em suas mãos?— Pousando seu queixo no ombro dela, Wilhelm perguntou com voz baixa. Até que... os olhos dele arregalaram.— O marquês e a marquesa!

Sentando na cama, Katherine contou ao marido tudo, desde o momento da carta, passando pela conversa com a marquesa viúva e acabando na omissão e arrependimento deles. Tudo fazia sentido agora, aquele medo e os sussurros... como eles não perceberam?

— Naquele momento, estando sozinha, eu pensei em chorar, eu queria chorar. Mas... então eu percebi que não precisava, sou melhor que isso.— Segurando a mão dela, Wilhelm apertou mais.— Não preciso chorar pelo maldito, porque eu tenho alguém que é o que ele nunca foi, e muito menos será.

Katherine falava... Os dois novamente voltaram a se encarar. Era quase um feitiço.

— Tem? Quem é?— Os dois riram, ao mesmo tempo que o príncipe levou uma mão a bochecha de Katherine, acariciando-a.

Você. Não poderia ser outro. Talvez... acho até que te amo.— O feitiço nos olhares continuava. Os dois aproximaram os rostos.— Wilhelm, você me ama?

Os lábios de Wilhelm e Katherine encontraram-se num doce beijo. Foi curto, mas muito significativo.

— Isso responde sua pergunta?— Pausando um momento o beijo, Wilhelm perguntou, apenas para receber uma afirmativa.

Novamente os dois voltaram a se beijar, como desejavam a muito tempo. Mais beijos vieram, até que...

...Katherine estava apoiada nos travesseiros, a parte superior do seu vestido havia sido arrancada, seus seios quase fugiam da chemise e do stay por causa de seus suspiros e respiração pesada, suas mãos apertavam com força os lençóis. Mais em baixo, entre as pernas dela, Wilhelm excitava a esposa com a língua, ao mesmo tempo que suas mãos acariciavam as coxas dela.

Essa doce brincadeira continuou por minutos, com os suspiros da marquesa aumentando mais e mais. Até que... Katherine sentiu um grande êxtase, suas mãos apertaram mais ainda os lençóis, mas logo pararam. Ela havia chegado ao maior prazer. Wilhelm saiu debaixo da esposa e a beijou com desejo, apenas esperando sua vez...

Entre esses beijos, as mãos de Katherine desceram até os botões da calça do marido. Ela o agarrou com força, apertou e então o tirou da prisão.

— Wilhelm, eu senti você, então agora você deve me sentir.— Parando o beijo, Katherine sussurrou no ouvido dele, ao mesmo tempo que o excitava.— Você quer? Gosta?

O príncipe gemeu altamente. Nem sempre ela fazia isso, brincava tão intimamente com o dote natural dele.

— É um brinquedo para o seu deleite...— Novamente um gemido dele.

Um sorriso malicioso estendeu-se pelos lábios de Katherine. Depois dela tirar o que sobrou do vestido, as chemises e o stay, assim como Wilhelm tirou o que sobrou das roupas, a marquesa desceu para... brincar com o marido...

"Na quinta-feira, 07 de agosto de 1783, às 10:35 da manhã, nasceu em Hampton Court a mais nova criança da marquesa de Bristol e do príncipe Wilhelm, um menino.[...]. Batizado de George William Robert Charles."


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Notas finais do capítulo

* Esse é sem sombra de dúvidas um dos maiores, se não maior, capítulo de La Belle Anglaise. Eu havia percebido desde a primeira vez que escrevi, mas com a edição ficou maior, ou melhor.

* Talvez eu nunca tenha deixado claro, mas Fredrik Adolf realmente existiu, era o "príncipe mais bonito da Europa". Ele amava beber, gastar e mulheres. Sua própria cunhada certa vez disse que ele era um homem perfeito quando bem vestido, quando queria, mas horrível quando mal vestido. Em 1777, quando a carta foi escrita, Fredrik Adolf realmente era o segundo na linha de sucessão, mas em 1783 ele já havia ficado mais para trás.

* Sir Charles Middleton, Lady Middleton e o Reverendo Ramsay também existiram. Eram todos abolicionistas. Sir Charles, depois feito barão Barham, era um oficial da Marinha Britânica e político. Enquanto Lady Middleton era uma pintura e fortemente abolicionista, ela que convidou Ramsay primeiro.

* Quanto a parte mais adulta do capítulo... não tenho comentários, vou me abster disso.

* Uma nova criança Tudor-Habsburg nasceu. Será que alguém pegou minha "homenagem" ao Brasil? Eu juro que foi involuntário.
Ps: Basta usar as versões em português dos nomes.

* La Belle Anglaise no Pinterest: https://pin.it/3BJDlXz



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