La Belle Anglaise escrita por Landgraf Hulse


Capítulo 22
21. Berkeley Hall.


Notas iniciais do capítulo

Um pouco tarde, nesse momento em que estou postando o capítulo é nove da noite, mas aqui estou, no momento, com o maior capítulo. Aproveitem bem.

* AVISO: Esse capítulo tem representação de assédio. Se isso lhe incomoda ou causa algum tipo de gatilho emocional, não sinta-se na obrigação de ler.



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— Não sei... Gloucestershire é tão longe, mas tão perto.— Em pé, no meio da sala azul, Katherine comentou suspirando.— O que você acha, Wilhelm?

— Não. Com certeza não.— Nunca seria um sim para Bravandale, que direcionou a ele um olhar raivoso. O príncipe sorriu de lado e acariciou a cabeça de Welpe, que estava descansando nele.— Não, apenas para ficar claro.

— Eu ficaria surpreso se fosse um sim, alemão.— Era a melhor ofensa de Bravandale? Wilhelm riu zombador.— Vamos, Katherine. Será muito bom com você lá.

O dumm estava quase implorando, como se fosse um cachorrinho querendo um agrado da dona. Uma nova risadinha zombeteira saiu da boca de Wilhelm. Tirando seus olhos de Welpe, o príncipe olhou para a esposa. Katherine o encarava firmemente, visivelmente pedindo uma ajuda, então o príncipe negou com seriedade.

— O que faremos exatamente, James?— Revirando os olhos, a princesa perguntou. Dolorosamente Wilhelm fechou os olhos. Ela cedeu!— Quem estará lá? Quantos dias ficaremos? Sou uma mulher muito ocupada, você sabe.

E principalmente agora tentando se redimir aos olhos de Bristol. Wilhelm suspirou entediado. Tantos eventos, tanta gente insuportável e... eram como cachorrinhos correndo atrás de Katherine. Negando com a cabeça, o príncipe espantou esses pensamentos e voltou a encarar a esposa, que havia sentado em um sofá.

Apesar de tecnicamente estar na frente dele, os olhos dela estavam em Bravandale. Então Wilhelm também olhou paro o duque. O dumm sorria como um idiota, apenas por ter ganhado algum interesse da marquesa.

— Usaremos do parque, campos e bosques envolta de Berkeley Hall. Jogos, brincadeiras, passeios a cavalo e caçadas, claro.— Sim, claro. Os olhos do duque brilhavam como os de uma criança ao falar seus planos.

— Uhh, a resposta ainda é não.— Novamente Wilhelm ganhou um olhar raivoso de James.— A caça é uma barbárie, para o pior tipo de dumm...

— Está com medo dos alces, alemão?— Os olhos do príncipe se arregalaram em espanto, ele encarou raivosamente o duque. Havia em Bravandale um sorriso presunçoso.— Ou seria medo de, estando em meio a homens de verdade, descobrir-se um frouxo?

— Frouxo? Eu... não vou nem lhe dar o prazer de receber uma resposta, dumm.— Colocando muito ênfase na última palavra, o príncipe levantou do sofá.— Acabe logo com isso, Katherine. Seu amiguinho dumm se acha muito homem.

Bravandale era um... o pior tipo de gente que existia. Wilhelm afastou-se deles e foi para perto do piano, o cravo havia sido substituído, e começou a dedilhar nas teclas.

Sentada Katherine negou duramente a James. Ele tinha de perceber que não tinha mais os mesmos privilegiados de antes, esses que foram um erros ela ter dado.

— Comporte-se ao falar com meu marido, James. Eu não gosto de irreverência, você sabe.— O sorriso satisfeito dele, por ter ofendido Wilhelm, vacilou um momento.— Não tenho certeza se quero ir para Berkeley Hall.

— Serão apenas três dias, Katherine.— Mesmo assim...— Também convidei alguns amigos. Traga suas damas, os maridos delas também, até mesmo Grace...

— E meus filhos, James? Não quero ficar três dias longe de Richard e Anne.— Apesar de que... a marquesa dispersou o pensamento e encarou o amigo, era a última desculpa dela.— Você terá de entender que...

— Traga-os também. Não me importo com a presença daqueles... dois.— Essa hesitação de Bravandale fez Katherine parar um momento. Se James não gostava de Wilhelm, isso significava que ele também não gostava dos filhos dela, que eram de Wilhelm?— O importante é que você venha, e o alemão também.

Importante? Inerentemente Katherine olhou para Wilhelm, e os dois se encararam por um momento. Por que James fazia tanta questão da presença deles em Berkeley Hall? Chegava a ser suspeito... Não, não era suspeito! A marquesa negou esses pensamentos, a antipatia de Wilhelm por James deveria estar passando para ela. Se bem que...

Novamente, a princesa negou seus pensamentos. O que estava acontecendo com ela hoje? Encarando o marido, Katherine perguntou o que eles deveriam fazer com Bravandale, ele precisava de uma resposta, mas Wilhelm simplesmente deu os ombros e virou-se. Pois então... ela faria o que bem desejasse.

— Estaremos lá no dia planejado.— Um imenso sorriso surgiu nos lábios de James, mas...

— Como!? Nós iremos!?— Não era bem a resposta que Wilhelm imaginava. O olhar dele beirava a furioso desespero.— E nossos filhos, Katherine? Não podemos ficar muito tempo longe de Richard e Anne!

— Mamãe logo irá para Ocenia, então ela pode levá-los junto.— Por mais que fosse doloroso, era necessário.— Tudo para fazer James deixar de nos perturbar.

O tom divertido usado por Katherine impediu o duque de se irritar, James riu das palavras dela. Ele deveria estar feliz pela "vitória". Que assim ficasse então, melhor seria para a marquesa e o príncipe. Quem não ficou feliz foi Wilhelm, que embora não tenha fechado a cara, a deixou irritada.

— Será perfeito, Katherine. Acredite quando digo que será.

— Certamente. O que é mais divertido que um assassinato?— Assassinato? A marquesa encarou assustada o marido, que sorriu sarcástico.— Um duplo assassinato, na verdade.

— Basta sabermos o que será morto. E principalmente se o alvo será acertado.— James também ganhou um olhar assustado da marquesa.

Essa brincadeira de assassinato não era nada sadia.

— Creio que acabamos por aqui, não é James?— O duque assentiu a Katherine.— Pois vou me retirar agora, e sugiro que você prepare bem Berkeley Hall.

Estava decidido então. Eles iriam para a propriedade ancestral dos Berkeley de Elkstone. Agora dizia a eles, Katherine e Wilhelm, que essa viagem não acabaria nada bem.

*****

03|06|1782 Berkeley Hall, Gloucestershire

A apenas três milhas ao oeste da pequena vila de Elkstone e duas ao norte da diminuta Ernel, quase que escondida pelas copas dos bosques que circuncidavam a propriedade, estava a Berkeley Hall.

Uma grande propriedade elizabetana construída entre 1580 e 1588. Com seus 100 quartos e jardins italianos, que ocupavam apenas uma pequena parte da propriedade, Berkeley Hall era uma "típica" casa de campo inglesa.

— Dizem que a própria rainha Elizabeth passou uma noite aqui.— Katherine tento ganhar a atenção de Wilhelm, que olhava a casa com uma pequena careta.— Ela gostou tanto da propriedade, que no ano seguinte fez de Lord Berkeley, 1° conde de Ernel.

O silêncio do príncipe continuou, e apenas o barulho das carruagens separava-os do completo silêncio. Nesse momento Katherine daria tudo para saber o que passava na cabeça de Wilhelm, ele encarava Berkeley com tanta... ironia, claro.

— Como você sabe dessa história?— Não tirando seus olhos da janela, ele perguntou. Por um momento Katherine ficou surpresa, mas logo passou.

— O antigo duque de Bravandale tinha muito prazer em honrar os Berkeley. Talvez você não saiba, Wilhelm, mas eles existem desde os tempos anglo-saxões.— Poucas eram as famílias nobres que existiam a tanto tempo.— O 2° duque contou toda a trajetória dos Berkeley de Elkstone, desde de sua origem, como um ramo jovem dos Berkeley, passando por Ernel até chegar em Bravandale.

A típica história de família nobre britânica. Os Spencer eram pastores de ovelhas, os Howard bastardos do rei, os Neville já foram a família mais poderosa da Inglaterra e os Hamilton, da Escócia, tinham direito a coroa dos Stuart. A nobreza britânica era uma grande ascensão e queda. E os Tudor-Habsburg? Quando seria a queda deles?

Suspirando tristemente, a marquesa voltou a encarar o príncipe. Wilhelm realmente parecia estar pensando em algo, mas antes que Katherine pudesse perguntar, ele mesmo falou:

— Por que essa casa tem tantas janelas grandes?— As janelas? Katherine piscou tentando entender, até que um sorriso divertido tomou conta dela.— Parece até que tem mais vidro que...

Mais vidro que parede. Devo confessar que você ainda não viu nada, Wilhelm.— Um risada nasceu nos lábios de Katherine, era tão divertido saber mais. Ma o príncipe não achou engraçado. Ele finalmente olhou para ela, e com uma expressão muito desdenhosa.— Hardwick Hall, dos Cavendish, é a personificação de uma Casa Prodígio.

— Uma casa prodígio, então esse é o nome... disso?— Realmente, havia muito desdém em Wilhelm.— O que deveriam ser essas... casas prodígios?

— Berkeley Hall não é o melhor exemplo, mas eram ricas propriedades prontas para receber a rainha Elizabeth e sua corte.— Eram imensos palácios em tudo, menos nome.

Mas a conversa dos dois não pode durar muito. Logo a carruagem do casal parou em frente a entrada da casa, então era hora de ver os Bravandale. A marquesa colocou um sorriso no rosto e esperou Wilhelm descer, o ele logo fez.

Ao sair da carruagem, o príncipe analisou rapidamente, mas com muita atenção, a Berkeley Hall. Parecia uma casa renascentista, era renascentista, mas havia um certo capricho, sem contar nas muitas janelas grandes. Essa análise dele continuou até chegar na escadaria da entrada, onde no topo estavam os Berkeley. Voltando ao momento, Wilhelm estendeu sua mão a Katherine, para ajudá-la a descer.

Aceitando a ajuda do marido, a marquesa desceu e, ainda de mãos dadas com Wilhelm, subiu a escadaria para encontrar com a família, o duque, a duquesa viúva e Lady Christine Brosbank, a irmã mais nova de James. As duas damas fizeram imediatamente uma mesura com a aproximação do casal Bristol.

— Sua Alteza Sereníssima, estou honrada em tê-la conosco em Berkeley Hall.— A duquesa viúva fez uma longa mesura a marquesa, que assentiu sorrindo.— Sua Alteza, príncipe Wilhelm. Espero que nossa velha casa seja de seu agrado.

Apertando a mão dele, Katherine sinalizou para ele ficar calado.

— Estou impressionado com o número de janelas. É realmente uma casa antiga.— E as novas não tinham janelas? Sorrindo docemente, Katherine apertou a mão do marido.— E essa jovem? Devo confessar que esqueci o nome... perdão.

— Lady Christine Brosbank, casei a pouco tempo com John Brosbank, o filho mais velho de Lord Eugenie.— Como sempre, Lady Christine muito conveniente... a jovem continuou olhando para Wilhelm, muito fixamente, e sorrindo ainda por cima.

— Assim eu ficarei com ciúmes, Christine.— Embora não houvesse motivos, a Berkeley mais jovem era... difícil de aguentar.— Sou muito possessiva, você sabe.

Enlaçando seu braço no de Wilhelm, Katherine sorriu para ele e depois para Lady Christine. Ela sentia-se uma mulher terrível, embora fosse sim possessiva, porque, embora não parecesse, o Incidente em Bristol não foi esquecido. Ambos ainda lembravam fortemente. O que não era um impedimento aos "deveres conjugais".

— E que posse essa sua, Katherine.— Zombado e rindo, James comentou.

— Ah eu gosto.— Realmente, muito conveniente... Estava sendo difícil para Katherine não revirar os olhos. Mas as palavras de Lady Christine mataram a risada de Bravandale.— O que foi, James? O príncipe é tão bonito e alto, nem parece você. Katherine ganhou...

— Não dê atenção a minha filha, meu príncipe. Ela puxou a tolice do pai.— Alguém tinha que parecer com o velho duque, mas então... com quem James parecia?— Oh, os outros convidados, não devemos esquecê-los, Christine.

A duquesa viúva de Bravandale desceu alguns degraus da escadaria, com sua filha logo atrás, para receber os outros. Agora Katherine estava sozinha entre Wilhelm e James. Isso nunca parecia muito feliz. Sorrindo alegremente, o duque aproximou-se deles, enquanto o príncipe soltou a mão da marquesa.

— Estou muito feliz por você estar aqui, Katherine. Muito mesmo.— Esse sorriso inocente, ela gostava de vê-lo, a lembrava de... agora foi o sorriso de Katherine que vacilou.— Será um belo momento para estarmos juntos novamente, como antes.

— Não tenho tanta certeza assim se ainda gosto do antes.— Esse antes era tão doloroso agora. Mas percebendo que o sorriso de James estava esvaindo, Katherine tentou sorrir.— Será maravilhoso, serão como férias, não é Wilhelm?

— Imagino que sim, apesar de que... bem, não importa mais agora.— Seria uma provocação, ela sentiu isso fortemente, mas graças ao Divino o príncipe desistiu.

— Tão engraçadinho, mein Prinz. Você é um piadista.— Rindo irônico, James respondeu a provocação de Wilhelm, e com palavras que confundiram tanto ele, quanto ela.— Mas hoje suas provocações tolas não me abalarão.

Sumiu toda a inocência que havia no sorriso de James, no lugar tinha apenas malícia e disputa. O coração de Katherine apertou ouvindo a voz do amigo, seu antigo melhor amigo. O que... havia acontecido? Entretanto, ela sabia a resposta.

— Minhas provocações tolas? Quem tenta me tirar a paz é você, Bravandale!— A voz alta de Wilhelm trouxe a marquesa de volta.— Todos as vezes você tenta mostrar-se superior...

— Não vamos estragar esse momento, Wilhelm. Serão três dias, então devemos viver em paz.— As palavras saíram quase jorrando da boca dela, Katherine nem mesmo pensou. O que explicou o olhar ofendido do príncipe.— E você também, James. Seja um bom anfitrião.

Aquele sorrindo... não saia dos lábios do duque. James deu os ombros e foi para junto da mãe e da irmã.

— Já estou sendo, meu amor. Já estou.— Meu amor? Os olhos da marquesa arregalaram, e ela encarou as costas do amigo, completamente assustada.— Como vão? Os cavalheiros são homens ou garotinho?

Agora essas palavras atingiram Wilhelm. O que estava acontecendo nessa casa? Era algum efeito de estar no "território inimigo"?

Ambos, Katherine e Wilhelm, encararam sem expressão o duque de Bravandale. Então eles se entreolharam, da mesma forma. Nada mais parecia estar certo. Mas logo o casal voltou a sorrir quando vieram cumprimentá-los.

O restante da tarde ocorreu sem problema algum.

*****

A noite já havia chegado em Berkeley Hall, e não era uma noite comum, tudo estava muito escuro. Era a lua nova. E embora o interior da propriedade estivesse cheio de velas, assim como todas as lareiras da casa haviam sido acessas, a iluminação ainda não era perfeita em alguns cômodos.

Muito provavelmente todos estavam arrumando-se para o jantar mais tarde. Os corredores de Berkeley Hall estavam vazios e a criadagem muito ocupada em cuidar de todos os ilustres convidados. Isso tornava esse o momento perfeito.

Em, pé na frente do quadro que retratava a esposa do 1° conde de Ernel, James esperava sorridente por Katherine. Ele tinha na mão uma grande taça de vinho, muito provavelmente para acalmar seus próprios demônios internos, a ansiedade que crescia a cada instante. Ainda havia nele uma dúvida se ela viria realmente.

— James? O que você está fazendo no escuro?— O sorriso do duque tornou-se pleno. Ela havia chegado. Katherine entrou na galeria longa, segurando uma vela para iluminar seu caminho.— O que eu estou fazendo no escuro? Nunca vi uma noite como essa na vida.

— Não é nada agradável, realmente. Mas muito propício.— Bebendo um gole do vinho, Bravandale falou. Dois amantes se encontrando no escuro da noite. Voltando-se a marquesa, James percebeu que ela não sorria.— Está com medo?

— Eu preciso ter medo?— James riu e negou com a cabeça. Katherine tentou sorrir.— Aqui há apenas pinturas, embora quando criança eu tivesse muito medo dos meus antepassados me observando.

— É uma visão assustadora. Você está linda com esse vestido. O branco sempre lhe coube muito bem.— Novamente ela tentou retribuir o sorriso, mas não manteve-se. Bebendo do vinho, James o deixou sobre um móvel e aproximou-se de Katherine.— Estou muito feliz de você ter atendido meu chamado.

Com a proximidade entre eles aumentando, a marquesa deu um passo para trás e imediatamente sorriu feliz. Ela estava com medo. O sorriso de Bravandale diminuiu. Era desnecessário isso, ele nunca faria nada contra ela. Katherine era a vida de James.

— Achei muito bonitinho, rosas brancas são minhas favoritas.— Ele sabia, por isso mesmo escolheu essas.— Obrigada.

— Tudo para você, e por você.— Chegando mais parto de Katherine, James afirmou. O sorriso dela morreu.

— Por favor, James, não aproxime-se...

— O alemão já te deu rosas?— Antes que ela pudesse tentar se afastar, Bravandale pegou a mão de Katherine.— Alguma demonstração de amor?

Certamente não, nunca. Um vitorioso sorriso presunçoso surgiu nos lábios do duque, apenas para morrer ao perceber o sorriso e olhar de Katherine. Ela estava pensando nele! James deixou o braço dela.

— Quando eu...— Levando uma mão ao ventre, a marquesa fechou os olhos dolorosamente recordando, até sorrir lembrando.— Wilhelm me trouxe um lírio. Era tão simples e único, não um grande buque de rosas, mas estava cheio de... ternura e amor...

— Chega desse melodrama terrível!— Os olhos de Katherine arregalaram ao ouvir o transtornado Bravandale, que afastou-se novamente para perto do quadro.— Você está estragando tudo! Você e seu alemão!

Novamente os olhos da marquesa arregalaram, mas dessa vez não de medo. James não conseguiu ver, mas um brilho orgulhoso voltou aos angelicais orbes azuis de Katherine.

— Não ouse falar comigo como se eu fosse uma mulher qualquer, James! Sou maior que você, superior a todos os homens desse país, excluindo o rei, claramente.— Era melhor o "querido amigo" pensar muito bem antes de falar.— O que você tanto queria? Não posso ficar nos escuros com um homem para sempre.

Mas seria maravilhoso, pelo menos Bravandale iria achar. Pegando e bebendo novamente do vinho, James sinalizou para Katherine aproximar-se. Ela não moveu um dedo sequer, nem respirar parecia. Apesar da carranca no rosto, o duque iniciou.

— Vê essa mulher na pintura? É Lady Catherine Avoncaster, era uma das mais belas da corte da rainha Elizabeth, e ela tornou-se minha ancestral, depois do 1° Lord Ernel matar o primeiro marido dela!— O pequeno grito de James acabou por apagar a vela que Katherine segurava, quase a fazendo gritar de susto.— Não é interessante, meu amor!? Fiquei impressionado quando descobri. Principalmente naquele momento, você iria casar com o alemão. Parece até nós dois.

Essa conversa estava ficando muito estranha. O coração de Katherine batia tão rapidamente quanto um cavalo de corrida. E essa escuridão não tornava nada melhor. James sorria, ria e a encarava de uma forma... medonha.

— Não acha que já bebeu vinho o suficiente? Ele está te tornando um homem terrível, James!— A resposta dele foi simplesmente rir e aproximar-se dela abrindo os braços.— Fique onde está, não quero um tolo bêbado perto de mim!

— Bêbado? É o amor que me embriaga! Você!— Não obedecendo a marquesa, o duque agarrou a cintura de Katherine e a trouxe para perto dele.— Você nunca percebeu? Será que é tão tola e burra quanto dizem? Eu te amo, Katherine!

Por um momento o mundo da princesa parou, não por surpresa, ela já tinha ideia dos sentimentos dele, mas pelo abalo dessa revelação, e principalmente porquê James a beijou. Não, ele a violou! Os olhos de Katherine encheram de lágrimas e o desespero tomou conta dela.

Mas não durou muito o "beijo". Katherine bateu, cotovelou, o peito do duque, até que ele a soltou com dor. Percebendo sua liberdade, a marquesa deu um tapa em James e saiu correndo da galeria.

Permanecendo parado no mesmo lugar, James levou uma mão a bochecha. Haviam lágrimas descendo pelos olhos de Bravandale, porém, também tinha um sorriso em seus lábios.

*****

— Novamente, perdão pela falta do duque, cavalheiros. Não é normal ele faltar o jantar, mas não consegui encontrá-lo.— Junto dos Cottington e dos Torrington, a duquesa viúva pediu perdão.— Imagino que... deve ter sido algum imprevisto.

Perto da duquesa também estavam sua filha, a tão famosa Lady Palmer, os Monmouth e mais alguns amigos dos Berkeley. Muito diferente do grupo de Katherine, formado pelas amigas dela.

— Espero que James não tenha saído para fazer algum passeio noturno.— Olhando por uma janela no corredor, Lady Pembroke comentou impressionada.— Vocês viram a noite? Está escura como o purgatório.

— Seria tolice de Bravandale sair nessas condições.— Ao lado do marido, Josephine negou com a cabeça.— Mas é verdade, Grace. Sinto-me nas charnecas de Yorkshire.

De fato, esse era uma noite estranhamente escura, não tinha lua, estrelas e havia uma neblina no ar. Parecia realmente o purgatório, se ele realmente existisse. Mas a atenção de Wilhelm foi para Katherine, sua curiosidade estava nela. Desde antes do jantar ela estava muito calada e agora, sentada num banco, olhando perdidamente para lugar nenhum, estava mais ainda.

— Entretanto, devemos lembrar que homens tolos são capazes de tudo.— Essas palavras dispersas de Katherine, chamaram a atenção de todos, principalmente de Wilhelm.— Espero que Bravandale volte logo.

As palavras da marquesa foram as últimas. Não demorando muito, a duquesa viúva declarou que a noite deveria continuar de qualquer forma, as damas iriam para a sala de desenho e os cavalheiros para a sala de jogos. A comum divisão.

— Aconteceu alguma coisa, Katherine?— Quando todos estavam indo para suas salas, Wilhelm parou a esposa e revelou sua preocupação.— Seu rosto está tão pálido, seu olhar perdido... Foi Bravandale?

Não pareceu servir de nada, isso aos olhos de Wilhelm, ela apenas o encarou fixamente. Quando o príncipe estava prestes a desistir, Katherine deu um rápido beijo na boca dele.

— Fique tranquilo.— Depois ela correu para a sala de desenho.

Alguma coisa estava errada. Wilhelm sentia isso, mas no momento ele não daria importância e iria para a sala de jogos.

Na sala, junto com os outros cavalheiros, não havia realmente nada de impressionante ou divertido. A sala de jogos, parecia na verdade a sala de troféus dos Bravandale. Haviam tantas cabeças de alces que talvez Wilhelm tivesse pesadelos durante o sono. Até que o próprio duque entrou na sala.

Batendo fortemente as portas, entrou o duque de Bravandale. Ele parecia um pedaço de lixo inútil, principalmente segurando aquela garrafa de vinho vazio. Respirando com certa dificuldade, o "cavalheiro" bebeu o que havia sobrado na garrafa e foi até o meio da sala.

— O que aconteceu com você, Bravandale!?— O barão Monmouth foi o primeiro a perguntar.— Parece até que foi atacado por uma fera.

— Eu vou lhe mostrar a fera, Monmouth.— Fazendo todos os cavalheiros arfarem horrizados, Bravandale levantou o dedo do meio e praticamente o esfregou no barão.— Isso é a fera. Foda-se, Monmouth! Foda-se! Todos aqui, fodam-se bem fundo!

Naturalmente eles viraram a cara, ou encararam duramente o duque, como Wilhelm. Essa não era uma ação de cavalheiro, mesmo estando apenas entre homens. Negando com a cabeça, o príncipe desdenhou de Bravandale:

— Você é um completo dumm mesmo.— A repreensão veio com uma risada de Wilhelm.— Se fosse uma profissão, você seria o melhor dumm...

— Eu odeio essa sua boca de merda!— Perdendo totalmente o controle, Bravandale gritou e deu um soco em Wilhelm.— Seu bosta! Eu te mato!

Antes que o príncipe pudesse reagir, o duque novamente deu um soco nele, dessa vez o derrubando sobre uma cadeira. Por um momento, Wilhelm perdeu os sentindos, ele apenas sentiu o sangue descendo pelo nariz. Mas quando o príncipe voltou a si mesmo, uma confusão estava acontecendo.

Bravandale quebrou sua garrafa e tentava cortar a garganta de Wilhelm com os cacos. Apenas não cortava porque Lord Lennox e Courteney o seguravam com força. As damas, ouvindo o caos, entraram na sala para ver o que acontecia, o que apenas aumentou os gritos.


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Notas finais do capítulo

* Eu devo confessar uma coisa: esse capítulo não deveria existir, ele é mais uma das minhas "modificações" para deixar a história melhor. Mas eu até que gostei, parece realmente um folhetim, assim como eu gosto.

* Uma curiosidade: os Berkeley realmente são uma das quatro famílias nobres mais antigas da Inglaterra.

* A frase mais vidro que parede, realmente existe. Foi um elogio que deram a Hardwick Hall, que realmente parece ter mais janelas de vidro que parede. Essa casa, por casamento pertencente aos Cavendish, foi construída pela mulher mais rica da Inglaterra, Bess Hardwick, casada quatro vezes, sendo que numa delas foi com um Cavendish.

* La Belle Anglaise no Pinterest: https://pin.it/55IqMhb



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