Letters Shortaki/ Hey Arnold escrita por fanficniccals


Capítulo 7
A festa do fliperama




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EUGENE HOROWITZ: de certo modo, aquele nome era conhecido. Ele era um ruivo ambivertido e desastrado na maioria das vezes. Todavia mudou conforme os anos foram se passando. Não falava mais frequentemente com seus colegas, nem ao menos era chamado para fazer trabalhos em grupo.

 

 

 

Helga deduziu o porquê inúmeras vezes sobre aquele bilhete ter surgido em sua carteira inesperadamente. Pois Horowitz fora um dos garotos a quem havia escrito uma carta. Ele estava meio afastado e isolado dos colegas, mas não parecia um alvo para se preocupar. De fato, estaria pouco se importando, embora Pataki ficasse apavorada ao pensar na reação dele. 

 

 

 

Enquanto isso, sua principal função naquele horário entediante da aula de Simmons, era focar e prestar atenção na matéria. A loira se concentrava o máximo que podia, porém não conseguia parar de olhar para Arnold: o garoto copiava todas as atividades do quadro negro. Certamente, aquele semblante desanimado pôde revelar arrependimento, com certeza sobre os erros do passado. Mesmo tendo sido bem apresentado pelos professores, os demais alunos — sendo eles os garotos — sequer queriam conversar ou emprestá-lo um simples lápis de escrever.

 

 

 

A exclusão estava apenas começando e faltava apenas mais um passo para a classe inteira o ignorar. No fundo Helga queria ajudá-lo, no entanto era o momento errado para tomar atitudes severas, já que decidiu esquecer Arnold por livre e espontânea vontade. O sinal para o intervalo tocou, teria tempo de sobra para encontrar Eugene, que já saía antes de todos os alunos. Phoebe correu até a mesa da amiga, tentando convidá-la para assistir o treinamento dos atletas; Helga odiava esportes e a maioria das meninas só iam para fazer comentários maliciosos. No caso da asiática, sua intenção era ver seu namorado. Helga agradeceu pelo convite, e disse que iria depois de ler um pouco do livro em suas mãos. Heyerdahl disse então que a esperaria na arquibancada, se retirando em seguida.

 

 

 

[...]

 

 

 

A loira não se achava uma tola por querer chamar a atenção daquele jovem ruivo, que parecia muito focado no som de seus fones de ouvido. Pensou duas vezes e foi em direção à biblioteca. A sala permanecia vazia, afinal nenhum adolescente gostava de ler ou estudar, muitos consideravam a biblioteca como um espaço para nerds se esconderem dos valentões. Já Helga pensava diferente: era um ambiente tranquilo e silencioso, ótimo para esquecer dos problemas do dia a dia.

 

 

 

Com o passar dos minutos, Eugene encarou a figura de roupas rosadas lendo aquele exemplar de capa roxa, sem ao menos olhar para frente. Como não queria incomodá-la, o ruivo encostou seu dedo indicador na mão da menina. Ao vê-lo, Helga fechou o livro marcando a página onde havia parado, e percebeu aquele sorriso ladino para ela.

 

 

 

— Olá Helga! — Disse o Horowitz, pegando uma cadeira sem fazer barulho, sentando-se próximo a loira. — Tudo bem com você?

 

 

 

— Oi, Eugene! — Helga exclamou. — Está tudo bem sim, gosto de vir aqui às vezes.

 

 

 

— Que legal, você tem um bom gosto para leitura. — sorriu, elogiando a Pataki.

 

 

 

— Obrigada! Você conhece Jane Austen? — perguntou franzindo o cenho.

 

 

 

— Conheço sim! Minhas obras favoritas são: Emma e Orgulho e Preconceito. — respondeu.

 

 

 

Era bem curioso, de fato, conhecer alguém que tenha gostos semelhantes aos seus, o único em anos! Ninguém daquela escola lia livros clássicos. Eugene aparentava ser um garoto diferente dos que estava acostumada, pois lia obras escritas por mulheres. 

 

 

 

— Já leu algum do Thomas Hardy? — emendou o garoto com outra pergunta.

 

 

 

— Ainda não. — Suspirou. O assunto sobre livros estava interessante, mas não era aquilo que Helga queria saber, então deu início ao assunto do bilhete. — Enfim, foi você quem colocou este bilhete na minha mesa, não é? Sobre o que iremos conversar?

 

 

 

— Ah, sobre isso… — O jovem pensou por um minuto. Se sentia inseguro contando a verdade, porém seria menos arriscado do que ouvir boatos sobre a sua sexualidade. Como já conhecia Helga desde criança, acreditou no fato dela ser confiável. — Então, eu recebi uma carta semana passada, gostei muito da sua escrita e o texto me fez rir em alguns momentos específicos, mas… a verdade sobre mim é que desde muito cedo eu descobri que não gostava de meninas.

 

 

 

— Carta? — Helga soltou um muxoxo. Aquela história não acabaria facilmente, pois Arnold voltou morar na cidade e com certeza também deve ter recebido aquela carta, a qual estava com medo de abrir. Só de pensar no loiro lendo, suava frio. — Você está se referindo sobre a festa do fliperama?

 

 

 

— Exatamente. — Eugene concluiu — Você tinha ficado muito legal naquela fantasia de princesa Peach. Dançamos bastante, também conversamos. No entanto eu não entendo porque não consigo me apaixonar por garotas, então não quero te magoar, mesmo... Está sendo difícil esconder isso.

 

 

 

— Você é gay? — Helga perguntou — Não acho errado você me contar, sei guardar segredos, pode confiar em mim!

 

 

 

— É, sim. Sou gay e me assumi à pouco tempo atrás para algumas amigas. Exceto para os meus pais, que não sabem realmente da verdade. Estou tentando não esconder isso, acontece que tenho muito medo deles me odiarem. Fora isso me sinto feliz sendo quem eu sou, amo um garoto incrível desde a infância, foi meu único amigo, mas atualmente estamos afastados depois de tudo que passamos. É por isso que queria assumir isso também para você. — As palavras do ruivo de fato eram intensas. Recordar daquela festa era como se lembrar de seu ex amigo sorrindo para ele, ou andando de mãos dadas. Eugene claramente tinha uma alma gêmea e era um garoto.

 

 

 

— Calma Eugene, não vejo problema nenhum com a sua sexualidade. Aprendi sobre o amor e sei que ele não define a orientação sexual ou personalidade de ninguém. Você sempre poderá contar comigo em qualquer situação! — A loira entendia todos os sentimentos sobrecarregados do rapaz, e precisava ter empatia para animar os que também estão chateados assim como ela também se sentia em sua vida pessoal. — Acontece que… 

 

 

 

— O quê? Você se apaixonou mesmo por mim? Me desculpa, não era o que estava esperando. Você não é a primeira menina que recusei pedidos de namoro ou seja lá o que for. — O ruivo tentava ser compreensivo, entretanto não era o que Helga realmente iria dizer para ele.

 

 

 

— Deixa pra lá, não era importante. — Pataki cortou, mudando de assunto. — Que tal falarmos um pouco sobre essa carta para nos distrairmos, então? 

 

 

 

— Tem certeza?

 

 

 

— Claro, pode ler tudo, não me incomoda, de verdade, já que estamos sofrendo por amores diferentes.

 

 

 

— Também não exagere, Helga. — Riu, enquanto tirava a folha de caderno do envelope. — Vou te contar o que aconteceu comigo nessa festa. Antes de nos encontrarmos lá, tive alguém de olho em mim, desde aquilo.

 

 

 

— Hm, sério? Quem? — Helga perguntou, brincalhona.

 

 

 

— Melhor lermos a carta primeiro. — Sentiu um rubor esquentar suas bochechas.

 

 

 

— Você quem sabe!

 

 

 

[...]

 

 

 

Anos antes

 

 

 

O fliperama Joe's estava em grande confraternização pois o estabelecimento completava 40 anos. Ela era bem recebida pelos alunos do PS.118 que compareciam em todos os finais de tarde. Somente meninos iam para jogar após as cansativas aulas de trigonometria em todas as terças e quartas-feiras. 

 

 

 

Naquele momento tão especial ocorreria uma noite inesquecível com uma festa bem contagiante. O dono presenteou os alunos do colégio, portanto a turma do sétimo ano se reuniu e decidiram que cada um deveria se fantasiar de personagens dos jogos eletrônicos mais conhecidos da época. Helga não conhecia muito sobre vídeo games, o único jogo a ter visto pelo menos uma vez fora a franquia Mario Bros da Nintendo. Como estava sem opção de fantasia, a garota escolheu ir de Princesa Peach, — pois Stinky iria de Mario para que combinassem — Tudo de acordo com o planejado.

 

 

 

Em sua casa, trancada no quarto com Phoebe, as melhores amigas se preparavam em frente à penteadeira. A Pataki teve muita sorte, porque sua irmã comprou a roupa que usaria na ocasião pela internet.

 

 

 

A mais nova antes implorou ao seu pai para que a deixasse ir, porém Big Bob recusou, alegando que videogames são coisas de meninos e quem gosta de andar igual ao um personagem tinha sérios problemas mentais. O pensamento hipócrita de fato não abalou Helga. Todavia com a ajuda da irmã mais velha, a menina se questionava se aquilo realmente era uma decisão ruim, Olga afirmou que Bob estava errado e falando bobagens, então decidiu que Olga compraria o traje e não desistiria de ir se divertir com seus amigos e colegas de escola, assim o assunto pôde ser encerrado.

 

 

 

Helga se maquiava e começou de forma lenta a enrolar os fios claros em um babyliss emprestado de Miriam. Esperou Phoebe sair do banheiro, de onde saiu perfeitamente vestida como a Chun-Li de Street Fighter, usando um belo vestido chinês azul piscina com fendas nas pernas. Em seus punhos usava grossas pulseiras com espinhos de metal. A gargantilha em seu pescoço combinava com as pulseiras e nos pés calçava botas de cano curto. Os detalhes eram impecáveis e tão semelhantes à personagem chinesa que fez sua amiga confundir se era ela mesma ali no seu quarto ou a própria Chun-Li.

 

 

 

— Eu 'tô exagerada, né? — A Heyerdahl andou até o espelho e pegou um batom vermelho, passando por seus lábios.

 

 

 

— Que nada! A sua roupa está perfeita, bem melhor que a minha! — Helga disse dirigindo com o olhar seu traje pendurado na maçaneta da porta: um vestido rosa, cheio de babados, tules, cauda longa, junto a luvas brancas compridas até os ombros. Peach era uma princesa bem genérica, e não faria sentido se fosse um vestido básico. — A Chun-Li é uma lutadora, quanto a mim uma princesa frescurenta.

 

 

 

O comentário fez com que a japonesa soltasse uma grande gargalhada.

 

 

 

— Pense pelo lado bom, você terá alguém passando um bom tempo contigo. — Phoebe ajeitava as lentes de contato nos olhos, odiava usar aquela coisa. — Stinky pode não ser quem tanto esperava, mas ele é um bom namorado por enquanto.

 

 

 

— Tem razão. — Helga suspirava enquanto apoiava os cotovelos sobre a penteadeira. — Ainda assim, queria muito rever o Arnold.

 

 

 

— Não adianta esconder que gosta dele, saiba que este amor por ele é existente desde nossos 9 anos. — Afirmou Phoebe. — Talvez o Peterson, lhe faça esquecê-lo um pouco. Aproveite as boas coisas, não se deixe levar pelo passado.

 

 

 

— Eu sei, embora não queira magoar o Stinky, já vacilei antes. Vai pegar mal uma garota fazer um cara novamente de trouxa. Estamos vivendo bons momentos, o problema é o Arnoldo que não sai da minha cabeça. — Abria e fechava os óculos quando se referia a qualquer apelido sobre o nome do garoto. — Mudando de assunto, você e o Gerald combinaram de ir como um casal também?

 

 

 

Helga ajeitou sua aparência, finalizando com uma coroa na cabeça, outro elemento presente de sua fantasia cor de rosa, uma verdadeira princesa.

 

 

 

— Óbvio, desde que tornou-se campeão, ele só fala de Street Fighter. — Phoebe riu. — Porém escolheu ir de Ryu, ele não gosta muito do Ken. Engraçado que são caras com os mesmos poderes. — Durante a conversa terminou de ajeitar os cabelos naquele penteado de dois coques — Achei até bonitinho você e o Stinky de Peach e Mario, vão arrasar corações.

 

 

 

Gerald havia ganhado em primeiro lugar no campeonato patrocinado pela empresa Capcom, sendo também o único garoto afro-americano conseguir a meta. Ele ainda tinha o troféu guardado na estante.

 

 

 

— O grande azar é esse... — bufou, rindo logo depois. — Enfim, vou incorporar a princesinha, me espere ok? Só um instantinho!

 

 

 

— Tudo bem, pode ir.

 

 

 

Helga finalmente entrou no banheiro para poder se trocar. Todavia a indecisão que não parou de incomodá-la em meio aos seus pensamentos negativos; pois Arnold havia partido, e o novo relacionamento com Stinky Peterson nem sempre ajudava a superar tão depressa esse acontecimento. Conheceu um novo garoto chamado James em um passeio de domingo. Tornaram-se amigos, e começou gostar um pouco dele, ainda achando que provavelmente era uma paixão platônica. 

 

 

 

Os garotos sempre a deixavam confusa em sua vida, ao colocar o vestido e pedir para que Phoebe fechasse o zíper. Helga não entendia o porquê de tanto desânimo enquanto sorria por fora e por dentro acolhia dores em meio ao sofrimento.

 

 

 

Entretanto as inúmeras chances de aproveitar aquela festa pareceram vir para ela, seus pais saíram para jantar e ambos deram permissão para que ela pudesse ir e voltar do evento às 22:00. A loira pegou as luvas e as vestiu para finalmente terminar seu traje. A japonesa sorria bem animada, pois Helga estava linda.

 

 

 

— Você está muito linda amiga! — A Heyerdahl disse empolgada, era muito bom ver Helga diferente do habitual, estava deveras deslumbrante aos seus olhos.

 

 

 

— Que bom que gostou. Essa roupa é ridícula. — Debochou, fazia poses engraçadas frente ao espelho.

 

 

 

 Phoebe tirava algumas fotos zoando da Pataki, o celular vibrou e viu que seu namorado já as esperava com Peterson.

 

 

 

— Os garotos chegaram! — Phoebe exclamou. — Estou descendo, te espero lá embaixo.

 

 

 

— Ok, já estou acabando. — Helga rapidamente calçou suas sapatilhas, pegou a bolsa de cima da cadeira, guardando seu telefone caso seus pais ligassem. A ordem tinha de ser cumprida, senão Big Bob daria um chilique.

 

 

 

As garotas desceram as escadas, enfim saindo e trancando a casa. Helga não tinha mais problema algum para se importar, os meninos as cumprimentam e então puderam pegar um táxi para irem ao centro da cidade sem preocupações.

 

 

 

[...]

 

 

 

Diversão e exaltação, esses substantivos definitivamente mostraram a verdadeira intenção dos jovens. Os casais enfim desceram do táxi, adentrando o fliperama lotado e bem apreciado com o som de “Human Right” pelo ambiente; era gigantesco, diversas salas com televisão, playstations e gamecubes. Mais a frente um salão preenchido de máquinas arcade — The King of Fighters, Metal Slug, Donkey Kong, Street Fighter, Pac-Man — Foram os destaques mais procurados por ali. Além de jogos de dança, como Just Dance, em frente ao balcão de alimentos, parecia mais um buffet de eventos e festas infantis.

 

 

 

Era um paraíso gamer retrô, até os nerds tinham o direito de concordar, pois não saíam das máquinas, tinham muito dinheiro para gastar em fichas. Helga e Stinky, de mãos entrelaçadas, repararam alguns amigos conhecidos passando em suas direções, ouviam até comentários engraçados sobre a fantasia do Peterson, dizendo que ele era a versão gigante do Mario perto da linda princesa (palavras dos meninos). 

 

 

 

— Nunca imaginei esse fliperama tão cheio. — Helga sentia-se maravilhada com a alegria daquele local.

 

 

 

— Geralmente é vazio no final das tardes, mas não posso discordar de você, está realmente lotado! — Gerald riu — E, aí galera? Vamos jogar alguma coisa, ou querem andar mais um pouquinho?

 

 

 

— Pode ir na frente cara, estou esperando o Sid e a turma chegar. — Stinky certamente não gostava de ficar parado, porém era impossível estar sem seu melhor amigo próximo dele. 

 

 

 

— Beleza, nos encontre na mesa de pinball! — disse Gerald, saindo junto de Phoebe.

 

 

 

Em alguns minutos sozinhos, repararam em um fotógrafo contratado pedindo para que olhassem para a lente da câmera; Helga beijou o punk na bochecha e deu uma pequena risada. O homem os agradeceu, com certeza fazia parte de seu trabalho fotografar para eventos. Quando iam dar mais um passo à frente, viram os amigos de Peterson chegarem. Harold estava de Wario, Sid e Rhonda estavam vestidos de Leon Kennedy e Ada Wong em Resident Evil 4.

 

 

 

De fato não agradou Helga nem um pouco encarar sua inimiga, sequer combinava a roupa vermelha sensual em seu corpo. Muitos dos rapazes que passavam a despia com os olhos. Ela, no entanto, ignorava a atenção deles; a Wellington de semblante impaciente, segurava a mão do moreno introvertido que a acompanhava em meio ao silêncio constrangedor, até que Sid se pronunciou:

 

 

 

— Fantasias maneiras! — disse o de cabelos lisos, fazendo um high-five para Stinky, que o cumprimentou logo em seguida. — Tudo bem Helga? Você está muito bonita hoje.

 

 

 

— Valeu — lisonjeada, acenou para todos que estavam próximos do casal. Rhonda não gostou nem um pouco de ouvir Sid falando bem de Helga em sua frente.

 

 

 

— Pensei que não viriam. — Disse Stinky ansioso. Ali pôde perceber o quanto a morena encarava sua beleza, Rhonda não era comprometida com Sid, apenas saíam quando se sentia sozinha ou muito entediada, mas no fundo era apaixonada por Peterson e detestava vê-lo com a loira. 

 

 

 

— Nós fomos convidados bem depois, e como vai a princesinha rosada aqui? — Rhonda encarava o semblante irritado de Helga que tentava se afastar. Como a Wellington amava mexer com sua paciência, deu uma gargalhada anasalada. — Foi resgatada da sua torre de madeira, querida?

 

 

 

— Nossa, Rhonda. — A loira ironizou — E você decidiu ir se ferrar hoje, linda? — Com o ataque direto fizera o grupo rir da mais velha, humilhada e sem palavras, fora empurrada por Pataki, esta que não queria arrumar encrenca com aquela chata.

 

 

 

— Eita… — Harold censurou seu riso. — Desse jeito as duas vão fazer uma batalha de quem mais irrita a outra, eu hein!

 

 

 

— Harold, não se mete, tá! — Rhonda disse cruzando os braços. — Desculpa irritar a vossa alteza, irei me retirar, vamos Sid!

 

 

 

— Mas…

 

 

 

— Anda logo!

 

 

 

Stinky e Helga suspiraram em meio ao desânimo. Isso era bem estranho, para falar a verdade. Rhonda agia assim só quando eles namoravam, e de fato não escondia sua intenção amorosa. Stinky queria comentar sobre aquilo, porém esqueceu de imediato. Helga já estava ficando chateada por estragar o clima, sempre algo inesperado para arruinar momentos de paz. A loira sentia-se culpada. “Não era melhor ter ficado quieta?” Pensou nervosa.

 

 

 

— Me desculpa. — Helga suspirou, percebendo o rosto espantado do namorado. — A Rhonda me irrita, sabe disso.

 

 

 

— Entendo Helga, mas é melhor guardar a raiva para si, senão vocês duas brigam. — O punk não entendia muito sobre o universo das garotas, mesmo que Helga não se considerasse tão igual as outras adolescentes. — Não é verdade?

 

 

 

— É, por quê?! — Pôs as mãos na cintura falando com certo desdém. Nem ele podia a defender? Como assim? — Se você estiver do lado dela, que bom, sendo assim prefiro mil vezes seguir minha vida.

 

 

 

— Calma! — Stinky riu, era engraçado ver a Pataki ciumenta. — Não estou do lado de ninguém, adorei a forma que você deixou ela sem palavras, foi incrível, no entanto é melhor controlar para não dar uma briga pior.

 

 

 

— Se é assim... — bufou, afinal o Petterson não tinha culpa. Helga não queria brigar com Rhonda novamente. Por fim pensou em ficar um pouco isolada e propôs: — Stinky, se não se importa, quero ficar um pouco sozinha, depois encontro vocês lá no pinball.

 

 

 

— Tem certeza que não quer a minha companhia? — O namorado estranhou. — Saiba que sua presença não me incomoda.

 

 

 

— Sei disso, mas quero aproveitar um pouco a música e tomar alguma coisa. — Disse a loira o abraçando. Estava muito confusa sobre seus sentimentos por ele, sentia-se como a pessoa errada. — Vou ficar bem.

 

 

 

— Certo, me chame caso queira jogar conosco. — disse Stinky, correndo para onde seus amigos se encontravam.

 

 

 

A loira queria mais espaço, após aquela pequena discussão com Rhonda, e acabou percebendo que talvez aquela festa não fosse seu lugar. Acabou sendo zombada pela morena por usar um vestido de princesa. Helga ajeitava os fios do cabelo encaixando por suas orelhas. Foi até o balcão de bebidas e lanches, arrastou uma cadeira e pediu por um copo de Pepsi gelada enquanto assistia um casal jogar Just Dance. Nada a animou. Preferia ficar sentada até passar aquele sentimento desconhecido.

 

 

 

[ … ]

 

 

 

Em um outro local do fliperama, enquanto a noite ainda acontecia, havia outro rapaz entediado. Um ruivo fantasiado em uma versão masculina da Claire Redfield; chamado Eugene Horowitz. Na realidade seu principal propósito naquela festa era fugir do desespero que o afligia. Não conseguia se divertir, sua mente estava completamente perdida na realidade. Vocês devem estar se questionando “Qual motivo fez Horowitz se desanimar tanto?”

 

 

 

Eugene estava bobo e apaixonado, entretanto não era por uma moça e sim um rapaz; seu amigo mais próximo Thaddeus Gammelthorpe mais conhecido pelo seu apelido, Curly. Um garoto de cabelos negros, pele bem branca e que certamente escondia um grande e sério segredo. Apesar de brigas e desentendimentos dos dois, o sentimento amoroso consertava seus erros. Contudo, o medo da família do ruivo descobrir era o que mais lhe deixava agoniado, pois assumir sua sexualidade para os pais definitivamente levaria a grandes desavenças, seus pais e inclusive avós não aceitariam. A família era obrigada a seguir mandamentos e comportamentos cristãos-radicalistas. Menosprezam certas diferenças, certas religiões e, com certeza, homossexuais. A descoberta do ruivo inseguro levou a crer que era arriscado, pôde se imaginar dizendo aos pais que sentia atrações amorosas por meninos, e no final entenderiam errado, alegando que estaria influenciado pela mídia ou possuído pelo demônio.

 

 

 

Claro que parecia ser bobagem mas, pela situação, era capaz de seu próprio pai dizer que seria mais satisfatório vê-lo morto do que sendo uma “bixa”. 

 

 

 

Eugene ficou traumatizado só de pensar na reação deles. Sofria demais naquele lar tenebroso e não queria culpar a si mesmo. Por mais que seus pais fossem fechados para aceitar a realidade, ainda os amava, e não sabia bem ao certo se era mesmo um garoto homoafetivo. Porém o coração respondia de outra forma. Ele foi tarde demais para reencontrar o amigo e dizer o quanto ama a pessoa que era.

 

 

 

No entanto, preferiu fazer algo a respeito de tanta pressão e ansiedade nítida. O garoto decidiu ir ao fliperama para ter um breve motivo de se acalmar e esquecer a vida pessoal — embora machucasse seu subconsciente algumas vezes.

 

 

 

Sinceramente não mudou como gostaria. Os colegas riram dele por estar vestido de "menina''. Ainda que fosse uma versão diferente da roupa, ninguém parava de ofendê-lo sem ter feito absolutamente nada.

 

 

 

Eugene enfim ignorou as opiniões alheias e deu um passo à frente, sequer dando a maior atenção aos comentários tolos. Ele costurou e personalizou a roupa. Claire era sua personagem favorita da franquia Resident Evil, e ambos tinham a personalidade praticamente parecida. O lado ruim fora saber que Curly não iria comparecer ao seu lado. Ninguém andava tanto com Horowitz, apenas em questões estudantis ou em épocas de seminários.

 

 

 

Juntar-se a Thaddeus era surpreendente, mágico e intenso. A vontade de beijar os seus lábios lhe davam borboletas pelo estômago, cada mínimo detalhe: entre sorrisos, risadas, lágrimas, abraços. Poder entrelaçar suas mãos nas dele, acariciar seus cabelos... Porém estava imaginando as possibilidades demais; o rapaz não saía de sua cabeça. Não doeria se ao menos falasse um 'eu te amo', pensou.

 

 

 

Posteriormente aos seus devaneios, enfim voltando para a terra com o barulho da última ficha inserida na máquina. Cansou de jogar um pouco. Decidiu comprar mais fichas e reparou os bolsos do shorts de tecido jeans avermelhado. Saiu da onde se habituou e pôde encontrar uma pessoa familiar de semblante exaustivo olhando para uma gameplay de Just Dance, e esta pessoa chamava-se Helga G. Pataki.

 

 

 

Stinky se entretia no pinball junto a Gerald e mais alguns meninos. Pelo visto deveria ter esquecido da sua própria namorada,o que fizera Eugene pensar que o garoto alto fosse relativamente um irresponsável por aquele ato. Ao pagar pelas suas fichas, fora se aproximando do balcão. O atendente questionou se o ruivo queria algo, ele apenas disse que queria um milk-shake de chocolate. Cutucou os ombros da Pataki e a cumprimentou:

 

 

 

— Oi, Helga! — Eugene chamou pelo seu nome. A loira se virou, sentindo as bochechas um pouco coradas.

 

 

 

— E-Eugene!? Nossa, você veio! — Ambos se abraçaram, Helga considerava-o uma boa pessoa. — Amei sua fantasia.

 

 

 

— Obrigado! — Riu — Ficou fantástica, essa daqui eu tive que tirar as medidas e comprar uns retalhos mesmo. 

 

 

 

— Você que a fez? Interessante. 

 

 

 

Os assuntos deles variavam em muitas coisas diferentes, como sobre as suas roupas e qual era o jogo favorito de cada um. Helga respondeu que era Mario Bros e Eugene Barbie: In The 12 Dancing Princesses. O que era bem curioso, porque Helga já tinha assistido aquele filme na infância, mas não sabia que também tinha um jogo. De fato o Horowitz era um garoto muito distinto dos outros que estava acostumada.

 

 

 

— … Mas não conte pra ninguém ok? — O ruivo se referiu ao jogo. — Senão os meninos me zoam, e isso é muito chato.

 

 

 

— Não vou contar, relaxa. — Confirmou Helga. — Você veio com alguém?

 

 

 

— Vim sozinho. — Eugene pelo nervosismo coçava a nuca. Estava receoso e ela não entendia o porquê. — Cadê a Phoebe e o seu namorado?

 

 

 

— Uh, eles foram jogar pinball, lá nos fundos. — A garota afirmou sem nenhum entusiasmo. — Não sei jogar, então sei lá… ficaria muito boba perto deles, se é que me entende.

 

 

 

— Bom, também não adianta ficar abatida e ver outras pessoas jogando Just Dance né? — Ergueu a sobrancelha. — Gostaria de dançar comigo? Na amizade, é claro!

 

 

 

Foi aí que Helga se impressionou. Pela primeira vez alguém lhe chamou para se divertir. Dançar não parecia complicado em sua visão, mesmo estando como amigos, fora um ato romântico na visão da loira. Pataki aceitou dançar com ele, já que aquele espaço era enorme. Precisavam aproveitar o tempo que restava, andando lado a lado. A dupla esperou os jogadores liberarem o Kinect e Eugene escolheu Hot n' Cold da Katy Perry, pois era muito fã da cantora.

 

 

 

Quando a música deu início, puderam se soltar e se divertirem no ritmo certo. Helga algumas vezes se atrapalhava nos passos, mas ria conforme errava os comandos da tela, Eugene improvisava de vez em quando e até se atreveu a dar uma rebolada. Pelo menos os dois conseguiram passar vergonha juntos.

 

 

 

[...]

 

 

 

A festa estava quase acabando e após conversar muito com Eugene, o celular da Pataki vibrava sem parar dentro da bolsa. Big-Bob havia ligado mais de 10 vezes, e nem tinha passado do horário para ir embora, o relógio marcava 20:45. Como se a deram o limite de voltar até às 22:00? Fora as próprias ordens de sua mãe. Helga não teve escolha se não atender a chamada de seu pai revoltado.

 

 

 

— Me dê licença, preciso atender este telefonema, tchau Eugene! — Disse para o ruivo e logo se afastou do mesmo. Ela precisou encontrar um lugar silencioso para que ninguém ouvisse as discussões entre os dois pelo telefone.

 

 

 

Ao encontrar finalmente um lugar vazio, atendeu o telefone, levando o aparelho até a sua orelha.

 

 

 

— Fala, Big-Bob!

 

 

 

— Está ficando tarde, não me atende por quê garota? Te liguei 8 vezes! — O homem no outro lado respondia rispidamente, perdeu totalmente a paciência. — Você nem deveria estar nessa porcaria de festa!

 

 

 

— Mas, pensei que podia ficar aqui até às 22:00, não foi o combinado? — Helga Indagou mantendo o auto-controle.

 

 

 

— Isso não interessa mais! Amanhã a senhorita tem aula e nada de acordar tarde e se atrasar, pois sobra pra mim! — Robert mal conseguia conter a raiva por trás da voz, dava berros e gritos. — Estamos entendidos Helga? Ou vou ter que repetir?

 

 

 

— 'Tá, irei avisar aos meus amigos que terei de ir embora cedo. — Os gritos ameaçadores do pai lhe deixavam em pânico. — Cadê a mamãe? Peça para ela vir me buscar, então.

 

 

 

— Sua mãe está dormindo, pegue o ônibus e volte! Já está muito grandinha para ter que te buscarem! Estou te esperando. — exclamou, desligando.

 

 

 

A preocupação nem era essa. O centro da cidade era infestado de crimes e assaltos. Robert desligou em sua cara. Insistia no crescimento da filha, mas não compreendia que ela só tinha 14 anos, e por volta daquele horário muitas moças inocentes eram sequestradas.

 

 

 

Helga não teve escolha. Seria melhor do que ouvir seu pai falando merda na frente de todo mundo. A loira correu até Phoebe e os outros, dizendo que iria voltar para casa, pois seu pai ordenou.

 

 

 

— Você não pode ir sozinha no meio da noite, fica perigoso! — Stinky tentou impedir, no entanto a garota não deu a mínima. Soltou seu braço e o olhou.

 

 

 

— Eu me viro. Desculpa gente, mas preciso ir! — Abraçou o namorado, tentando não chorar em público. Seus amigos pediram que tomasse cuidado, Pataki respondeu apenas assentindo com a cabeça. 

 

 

 

Foi uma pena ter que deixá-los. Se não fosse pela rigidez de seu pai, nada disso teria acontecido.

 

 

 

 

 

Querido Eugene

 

 

 

(02/05/2015)

 

 

 

Amei passar cada segundo com você! Sendo sincera, nunca gostei muito de festas ou algo do tipo. Foi uma guerra para eu poder estar naquele lugar. Meu pai discutiu feio comigo quando voltei para casa naquela noite fria. O ônibus ficou vazio e o motorista me assustava só de olhar para o rosto maléfico dele. Fora isso, gostei realmente de termos dançado Katy Perry, de certa forma você animou muito aquele bom momento. De fato seria um bom amigo e talvez um bom namorado — esqueça isso! Estou escrevendo besteiras sem perceber.

 

 

Enfim, muito obrigada por tudo, foi divertido! E se algum dia dançarmos de novo deixarei você pegar na minha mão ou até mesmo beijar meus lábios se tiver coragem.

 

 

 

Helga G Pataki.

 

 

[...]

 

 

 

Eugene e Helga riram sem parar ao lerem aquela carta imbecil. A menina não se recordava de ter escrito que o ruivo teria a total liberdade de beijar seus lábios, pois claramente soube dele gostar apenas de garotos. Era um pouco simpático também. A conversa foi boa enquanto durou. Depois de horas conversando viram a bibliotecária voltar para seu devido lugar. Sussurraram um para o outro, Helga limpava a garganta pois tinha rido demais da conta:

 

 

 

— Nunca pensei que fossemos tão amigos assim. — A loira abaixava o tom de voz. — Então foi por isso que não tinha sido acompanhado na festa? Você ia com o Curly?

 

 

 

— Sim, o esperei muito, mas ele não apareceu. — Suspirou. — Atualmente conversamos bem pouco em comparação a antes, mas nunca pude ter a chance de contar que sou apaixonado por ele. — O Horowitz no entanto parou de esconder a verdadeira intenção e resolveu contar. — Mamãe e papai teriam ódio e vergonha de mim. Sei que eles odeiam e insultam todos os LGBTQS do mundo, e os que não são religiosos também, mas não é por isso que vou ser obrigado a apagar a minha orientação sexual. Continuarei vivendo como eu quiser.

 

 

 

— Mas você tem um sonho além disso? — Helga perguntou, não queria se intrometer na vida familiar do colega.

 

 

 

— Sonho em ser estilista. — Respondeu com sinceridade. — Toda a minha vida fui fascinado por moda masculina e feminina. A primeira vez que contei isso, meu pai riu de mim e disse que somente mulheres faziam isso. Por isso insistem que eu faça medicina ou vire um advogado.

 

 

 

— Sem ofensas, mas seu pai é bem otário! — Helga disse impaciente. De fato a fez notar sobre os problemas familiares não apenas conhecidos por ela. Existiam outras piores e mais rigorosas. Eugene sofria pela exclusão e atitudes preconceituosas da família e, diferente dela, sabia o que queria e aceitava as oportunidades do futuro. — Olha, não desista de suas decisões e sonhos por causa deles, pois você quem sabe do seu futuro, não eles!

 

 

 

— Tem certeza? Não acha estranho um rapaz se interessar por essas coisas? E se eles me odiarem mais? — Eugene perguntava desesperado.

 

 

 

— Bom, Elton John e Freddie Mercury também sofriam pela mídia por causa do talento e vida pessoal, entretanto nunca esconderam quem realmente eram, e tinham orgulho da personalidade deles. Se quer demonstrar seus talentos a quem ama, comece pensando assim: “Ninguém me mandará ser quem não sou, sou quem me orgulho, e tenho coragem de admitir isso.” — Helga se demonstrou confiante mesmo não seguindo seus próprios conselhos. — De agora em diante serei sua amiga e pode contar comigo quando quiser. Irei te ajudar no que for preciso, até posso tentar te aproximar do Curly se quiser.

 

 

 

— Verdade? Então somos amigos?

 

 

 

— Sim! – Confirmou o abraçando logo em seguida. — Somos oficialmente amigos! Foi divertido falar das boas lembranças. Mas agora tenho que me encontrar com a Phoebe.

 

 

 

— Certo. Ah sobre a carta, pode deixar que guardarei este segredo, palavras de honra. — Eugene jurou fielmente.

 

 

 

— Esqueça a carta! — Helga ignorou aquela parte, não considerou importante. — Tchau!

 

 

 

— Até, Helga!

 

 

 

Pataki saiu da sala de leitura com seu livro em mãos. Faltavam 2 horas para terminar o intervalo, então correu até a quadra, onde viu os atletas treinando. Ao subir as escadas, encontrou Heyerdahl sentada em uma das arquibancadas. A amiga perdoou seu atraso, se afastando um pouco para dar lugar. Tudo ia bem, Gerald jogava beijos no ar para a japonesa que ria tímida ao ver tanto galanteio.

 

 

 

— Onde esteve? — Phoebe encarou a mais velha — Deixe eu adivinhar, lendo?

 

 

 

— Bem mais que o esperado — Riu, colocando o livro em seu colo. — Hm, até que o Gerald joga bem.

 

 

 

— Ele se esforça bastante

 

 

 

— Percebi.

 

 

 

[...]

 

 

 

O dia na escola não estava tão bom quanto queria que estivesse. Tirando os professores, os ex amigos simplesmente lhe viraram as costas. Arnold percebera que os colegas e amigos não mais queriam a sua companhia. 

 

 

 

O primeiro dia foi complicado. Recomeçaria tudo do zero. Aquele chatíssimo processo de relações interpessoais, aproveitando os poucos minutos do intervalo. 

 

 

 

Andava e ouvia tranquilamente músicas de Joji em seus fones de ouvido. Nos arredores pôde encarar a aglomeração de alunos. Viu líderes de torcida sorrindo para ele, nos fundos do corredor ouviu algumas delas o elogiar, que pareceu enciumar Lila.

 

 

 

Todavia, a ruiva notou o garoto sentado em um banco de madeira, solitário e encarando as pessoas ao seu redor. Ninguém podia impedi-la de conversar com o mais velho. A ruiva pediu às garotas para que treinassem mais tarde, com a ordem as viu se retirarem; ser capitã tinha suas vantagens.

 

 

 

Lila andou em direção ao banco e encostou seu corpo próximo a Arnold que se manteve concentrado em sua música. Aparentava estar muito ocupado, mas virou para o campo de visão da ruiva a viu da cabeça aos pés — Vestida em um uniforme branco e vermelho, que consistia numa saia rodada e um top bem justo. — Arnold não conseguia parar de olhar.

 

 

 

 — Oi, Arnold! Está ouvindo o quê? — A ruiva tentava puxar assunto para o deixar menos desanimado. — Alguma mais ouvida no momento?

 

 

 

— Bom te ver, Lila. — beijou as bochechas da ruiva educadamente — “I Don't Wanna Waste My Time”, do Joji. — Quando disse a música que ouvia reparou no semblante desentendido da Sawyer, quase ninguém conhecia seu estilo musical.

 

 

 

— Entendi, deve ser horrível te ignorarem por causa de seu sumiço, né ? 

 

 

 

— Com certeza! — Suspirou com as mãos no bolso de sua blusa de moletom. — Confesso que a reação deles me assustou. Sei lá, acho que depois de eu ter me mudado e não ter voltado mais, eles se desmotivaram, não sei ao certo. 

 

 

 

— Porque quando você partiu, todos nós ficamos chateados com aquilo, nada era a mesma coisa sem aquele “bom lado das coisas” por perto — Lila tentou ser a mais clara possível. — Eu inclusive sofri um bocado também.

 

 

 

— Dizem que quando crescemos, parte da nossa infância desaparece. — Arnold filosofava conforme os devaneios invadiam a sua mente. — Tiveram muitas coisas legais para fazer na Argentina, mas meus pais não haviam me dado um telefone-celular naquela época.

 

 

 

— Ah, sim eles estavam certos! Aquela idade não era apropriada para a tecnologia. — Lila infelizmente teve que concordar. — O que te motivou voltar para cá? Foi mesmo fácil?

 

 

 

— Recebi uma carta...

 

 

 

— De quem era?

 

 

 

— De uma pessoa importante, mas acho melhor não falar sobre ela.

 

 

 

— Ah, sim… Desculpa invadir sua privacidade. – Lila riu sem graça.

 

 

 

— Relaxa! — Arnold também riu — Na verdade, não foi esse o motivo. Tive muita saudade de estar aqui. Enfim… Como anda sua vida?

 

 

 

— Minha vida? Nada em especial, agora trabalho e depois das aulas eu faço curso de artes visuais. — A Sawyer tentava censurar alguns detalhes de sua vida e situação atual, Lila fora oficialmente emancipada após seu pai e bisavó falecerem. 

 

 

 

Já sua mãe morava na Califórnia e não conseguia ter tempo de visitar sua primogênita. Quando soube da morte do marido e de sua avó se entristeceu, todavia fez um pedido de emancipação e a papelada da casa onde moravam, estaria legalmente no nome de sua filha.

 

 

 

 A ruiva tomou posse de tudo, tendo apenas 15 anos. Muitos que não a conheciam taxavam a menina como metida e superficial. Contudo, Lila Sawyer era comum, mas era sobrecarregada de muitas responsabilidades. Ia para o curso, no resto do dia livre estudava e cuidava das tarefas do lar, além disso, no colégio era a capitã das líderes de torcida.

 

 

 

Aquele rosto sardento trazia boas lembranças para o Shortman. As madeixas ruivas trançadas a davam um charme e extrema beleza. Imaginava ainda ser a mesma moça meiga e compreensível que conhecera.

 

 

 

— Legal ter um emprego. — Arnold balançava a cabeça frente ao campo de visão da menina. — Por enquanto estou enrolado nos estudos, atualmente.

 

 

 

— Ser um adulto é um saco na maioria das vezes. — Se aproximou do mais velho, podendo sentir seus ombros chegarem próximo dos dele. — Está quase no horário de voltarmos para a sala, se importa de me acompanhar?

 

 

 

— Quanto ao treino das garotas? — O Shortman erguia a sobrancelha.

 

 

 

— Irei ensaiar à tarde, fique tranquilo! — Lila se levantou junto ao rapaz. — Somos amigos, né?

 

 

 

— Sim! Grandes amigos.

 

 

 

Arnold não iria desperdiçar seu tempo com a exclusão dos colegas. Confiava em Lila e sabia que a garota entendia a mesma coisa. A dupla chegou no corredor das salas jogando conversa fora, Arnold só não esperava reencontrar Helga junto a Phoebe e o afro-americano. 

 

 

 

Os olhares e corações de ambos batiam loucamente. A lentidão era semelhante àquelas cenas de filmes, onde o casal se esbarra e ficam se encarando sem parar, mas a loira continuou andando, olhando para frente e ignorando a presença dele ao entrar na sala. Suas bochechas coraram e ficou totalmente sem fôlego. Não entendia o porquê de tanto desespero. Arnold estava ao lado de Lila, Sawyer a sua inimiga.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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