Letters Shortaki/ Hey Arnold escrita por fanficniccals


Capítulo 5
Minha cabeça está ferrada




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NAQUELE FINAL DE TARDE. Pataki Infelizmente se encontrava deitada em sua cama abraçada contra o travesseiro, no qual abafou seus gritos e encheu-se de lágrimas desesperadas. 

 

 

 

Ela não conseguia enfrentar todo o dilema das cartas que agora foram entregues a todos os destinatários; seu coração acelerava e a ansiedade trazia o medo constante, cada vez mais forte. No entanto, desconfiava que seu pai incrivelmente sarcástico, trouxera em grande alvoroço, pois aquele semblante visivelmente maléfico o havia assustado.

 

 

 

E se Big Bob soubesse daquele segredo? Todos sabiam o quanto Helga tinha escondido as cartas com cautela. Inclusive aquelas lembranças e objetos simbólicos sobre Arnold, a loira guardou aquilo até o fim, porém manteve escondido em lugar discreto pelo sótão. Não era um bom motivo para se preocupar agora — já que o problema era outro muito pior.

 

 

 

Através da quietude de seu quarto a garota se aproximou frente a janela, ajeitando as cortinas. Helga quando se sentia avoada gostava de observar as pessoas passando pelas ruas, geralmente se encontrava crianças brincando e alguns casais bem familiares. Ela pôde ficar mais aliviada, ver as pessoas seguindo suas vidas, a tranquilizava um pouco. Todavia o pesadelo frustrante esteve vindo dar as caras de novo; quando o ex-namorado de Olga, vulgo James Ryan aparecia próximo a porta de sua residência, Helga entrou em pânico, assim correndo desesperada e fechando as cortinas, respirando ofegante.

 

 

 

Saiu de onde estava distraída, o nobre rapaz de olhos claros e cabelos acastanhados tocava a campainha. Embora nunca tenha imaginado revê-lo, com certeza James comentaria sobre sua irmã em algum momento específico, era praticamente inevitável. 

 

 

 

A loira preferiu não perder tempo com aquilo, fez o favor de pentear os cabelos e lavar seu rosto choroso, secando-o com uma toalha roxa do seu banheiro. Arrumou a camiseta amassada, com os dedos sobre o tecido, por fim, saindo do dormitório e descendo as escadas para encontrar seu pai, atendendo James um pouco surpreso da parte dele. 

 

 

 

Robert resmungava insatisfeito, Helga pôde entender tanto desânimo, pois o pai odiava visitas. Contudo o ex-genro era uma boa pessoa, embora tenha jurado não mais namorar Olga até o término de sua graduação.

 

 

 

A garota se deparou com o moreno, acenando para ela dando um sorriso ladino. Big Bob virou para trás, percebendo que ela havia saído do quarto depois de chorar e os obrigar a assinar os papéis da receita que Darcy lhe entregou na enfermaria.

 

 

 

— Oh, Ryan! — Big Bob disfarçou de imediato a forma brusca e seca, assim cumprimentando o aspirante a biólogo. — Há quanto tempo não nos vemos desde que nossa Olga foi para Boston, Como vai?

 

 

 

— Vou muito bem senhor Pataki, obrigado. — Assentiu com a cabeça. — Eu gostaria de falar com a Helga se não for muito incômodo da minha parte, é claro!

 

 

 

— Vou chamá-la! — Disse Bob, gritando para a esposa, ocupada ao aspirar o quarto. — Miriam, James está querendo ver a Olga… uh, quer dizer, Helga!

 

 

 

— Está bem, vou falar para ela! — A matriarca desligou o aparelho de limpeza, assim vendo a loira em um canto da sala pensativa. — Filha, o James está querendo falar com você.

 

 

 

— S-Sério? — gaguejou nervosa com tão anunciado — Estou indo.

 

 

 

Helga engolia em seco e faltava tremer novamente pela ansiedade nítida, agora não haveria motivos para desmaiar, pois o pesadelo não tinha acabado. Ao ver que o universitário segurava uma carta em mãos, enquanto conversava com Big Bob, a Pataki enfim o cumprimentou.

 

 

 

— Oi Jimmy! — cumprimentou-o sem graça. — Peço perdão por não ter falado com você antes, ia lavar a louça da pia.

 

 

 

— Lavar a louça? — O homem indagou — Você nem ao menos saiu daquele bendito quarto, e vem para lavar a louça, cadê suas atitudes de mulher, minha filha?

 

 

 

— Papai! — Ironicamente se atreveu a responder aquele comentário desnecessário, Robert era machista o quanto podia, mas Helga não queria fazer aquilo para provar que é uma mulher de verdade. — Estava fazendo minhas atividades diárias sim! Terminei de limpar meu quarto e fazer minhas lições da escola, ia lavar a louça depois que Mamãe arrumar o escritório.

 

 

 

— Coisas que você deveria fazer, e não só a sua mãe, esperava mais de você. — Bufou. 

 

 

 

— Então, Jimmy, vamos para a cozinha? — Helga voltou a atenção para o convidado. — Me acompanhe.

 

 

 

— Certo! — Diante aquela conversa desconfortável, James entrou na casa aproximando da mais nova. — Já estou indo.

 

 

 

— Espero mesmo que a senhorita limpe aquela pia imunda! — O pai a encarou de modo aterrorizante. — Sem reclamar.

 

 

 

— E, se eu não….

 

 

 

— Cale a boca, e não me responda! – Esbravejou. — Ande logo!

 

 

 

Helga ignorou a grosseria de seu pai, ela quase o respondeu algo como: “Vá sonhando, Big Bob!! Mamãe é traída e trabalha o dia inteiro aqui, e não é porque somos mulheres que devo seguir seus princípios de merda só pra te agradar”. Entretanto deu um suspiro longo invés de criar uma discussão pior.

 

 

 

Ao chegarem na mesa próxima, Pataki puxou a cadeira e esperou que o maior se sentasse para que ambos colocassem o papo em dia. Ryan junto a um semblante espantado não esperou ver Bob ser tão hostil com a adolescente.

 

 

 

A dupla ficou em silêncio por um minuto, até esquecerem aquela cena do pai nervoso, Miriam acenou para o jovem e ninguém mais apareceu, a Pataki no entanto fez com que ele começasse dar início a um assunto.

 

 

 

— Você deixa seu pai falar assim? — James perguntou ao ver o semblante caído da mesma. — Digo… na grosseria?

 

 

 

— Os gritos dele? É estou acostumada, ele me desmerece desde que nasci. — Helga não queria estender o problema, seu pai fazia coisas piores do que aquilo e já estava mais do que acostumada com as suas ações. 

 

 

 

— Acho que não é bem isso, você não me parece bem, aconteceu alguma coisa na escola? Porque está bem estranha.

 

 

 

— Tá, não vou mentir — Afirmou: — Parei na enfermaria e meu melhor amigo me socorreu, a diferença é que não desmaiei de propósito. Gerald descobriu meu segredo e graças a isso quase perdi minha melhor amiga — assumiu explicitamente — Ainda assim é difícil enfrentar esses problemas com a Olga afastada, sei lá, estou sofrendo demais na mão desses otários que chamo de família. Então fica complicado dizer a verdade quando posso.

 

 

 

— O seu melhor amigo, por acaso recebeu uma carta? — Perguntou sabendo logo de cara o que ela estava se referindo. — Entendo como se sente, hoje recebi uma carta sua que me chocou muito.

 

 

 

— Ah, não! – Helga se alarmou — James, por favor… isso está errado! Se a minha irmã descobri sobre isso, o que farei a respeito? Me diga! — A loira afobada tentou se acalmar com aquele susto. E com certeza se sentiria culpada por ter escrito sobre o seu cunhado, a cada momento as coisas pioravam.

 

 

 

— Ei, Calma, Helga! – James tentou fazê-la parar de falar para que enfim pudesse explicar, a menina quase gritava, por sorte Miriam e Bob não escutaram. — Isso é normal, não te culpo por se sentir sozinha nesses momentos, e sabe… fiquei muito admirado com a sua escrita, é muito bonita! Me fez lembrar daquele dia no aquário onde nos conhecemos, foi mesmo divertido. – Ele explicou. — Portanto, você é minha amiga, e sou mais velho, e infelizmente era comprometido com sua irmã. – a garota enfim entendeu.

 

 

 

— Tudo bem, acontece que isso era um segredo. Vai ser arriscado demais se ela ou mais alguém souber disso, você me conhece bem, não sou uma traidora e sequer mencionei ser apaixonada por ti. – Helga o encarou por um tempo. — Você é muito especial para mim Ryan, diria que seria um irmão a mim, no entanto… nem eu mesma sei o risco desses meus sentimentos, até onde eles podem chegar.

 

 

 

— Existem outros garotos né? — Ele riu — Já passei por isso uma vez, uma moça que conheci durante o ensino médio, também escrevia muitas cartas para quem ela amava, eu era um deles inclusive. — A lembrança fez a Pataki rir sem graça, apesar de James ser irresistível — Na verdade ela escrevia cartas porque recusava-se gostar do mesmo rapaz.

 

 

 

— O que quer dizer com isso? – A loira se questionou. — Que estarei como ela?

 

 

 

— Não! — Concluiu. — Porque o amor é uma perda de tempo, nós escrevemos e vemos que não se passou de uma paixonite ridícula, assim também como você se sente Helga.

 

 

 

James tinha razão de fato. Se a menina do laço cor de rosa pensasse mais a respeito, teria jogado tudo fora, já que seu coração só pertence a aquele que esteve distante, embora lembrasse cada detalhe. 

 

Da desilusão; agora no presente, todas as palavras em textos românticos viajaram para todos que escreveu, causando pequenos incidentes: Phoebe quase perdera sua confiança, Gerald se sentiu intimidado, Olga mudou-se e rompeu seu namoro com James, este que está tentando saber a verdadeira motivação do texto escrito há anos atrás que acabara lendo sem hesitar, afinal ela é apenas uma mera adolescente.

 

 

 

Qual seria a próxima reação? Stinky voltaria aos seus braços contente sobre as palavras sinceras terem o feito amá-la novamente? Impossível! era apenas seu ex. Esqueceu dele como as folhas para o vento. Todavia uma explicação nesta história deveria estar por vir; seus pensamentos clamavam por um desfecho.

 

 

 

— Sinceramente… Eu não sei o que é o amor — Balbuciou — Desde que me lembro, sou solitária e chata, a mesma de sempre, em questão dessa moça que você conheceu me identifico com ela. quem eu amei de verdade, foi para outro país. Sei sobre meus amigos terem o amado e estado próximo dele, fingia ter ódio dele, mas ele era especial para mim. – se tranquilizou. — Mas devo aceitar as mudanças, e encarar de frente, o passado está morto.

 

 

 

— Continue pensando assim! — Ryan começou a se tranquilizar — Vou auxiliá-la no que precisar, confio em você Helga! — sorriu cordialmente — Solidão vicia, e se te conheço bem, sei que será forte e vai superar esses desafios. Acredite em si mesma!

 

 

 

— As pessoas mudam só quando é necessário Jimmy! – Helga o respondeu sincera. — Vou estar pronta quando der, mas obrigada pela conversa.

 

 

 

— Espero ter ajudado de algum modo — James percebeu o horário, decidiu partir, tinha que estudar, já que não conseguiu uma bolsa presencial para Harvard, tinha que se arriscar na educação a distância. — Preciso ir para casa, pode me acompanhar até a porta?

 

 

 

— Posso — ambos saíram de onde se habituaram.

 

 

 

Quando finalizaram aquela conversa, todos se despediram do rapaz; Pataki pôde sentir-se acolhida e consolada. 

 

 

 

Após horas de trabalho doméstico, Miriam pôde descansar, Robert voltou ao trabalho em seu escritório, e agora a filha estaria passando o resto daquele dia lavando louças sujas; antes de terminar tudo e as guardar em seus devidos lugares. O celular de seu pai não parava de vibrar, Helga se irritava com o barulho tão chato. Pelo azar de Big Bob, era uma mensagem da secretária metida a vadia: Elizabeth Carter, uma bela loira de 23 anos. 

 

 

 

Quando guardou as últimas panelas já lavadas, a menor leu a seguinte mensagem no visor da tela “Espero te ver mais vezes aqui comigo, querido. a cama fica muito grande sem você” Helga preferiu não ligar para isso. Seu pai era um promíscuo sem dúvida; o que Olga faria no meu lugar? — Helga pensou, sua cabeça já se sentia ferrada, entretanto foi melhor ignorar isso por enquanto, o dia havia sido muito cheio.

 

 

 

A menina subiu voltando ao seu quarto, se sentindo triste e confusa como todos os dias.

 

 

 

[...]

 

 

 

Buenos Aires havia sido um ótimo lar enquanto durou. Passou a vida inteira mudando seus costumes ou aprendendo espanhol mesmo não tendo prática.Os argentinos tinham um sotaque exótico e bonito de se falar, todavia longe de Hillwood, Arnold ficou insatisfeito e avoado, sequer lhe pertencia. 

 

 

 

Gertrudes e Phill mandavam telegramas diariamente pelo correio, já que não se acostumaram com a tecnologia atual; preenchidos com fotografias dos avós pela pensão e algumas apenas de Abner seu porquinho de estimação. 

 

 

 

A nostalgia diminuía a sensação vazia. Não que o lugar no qual se habituava fosse ruim de fato, o Shortman fizera novas amizades e novas paixões depois de Helga e Lila, a doce e bela cubana Roberta Gùsman, morena de esvoaçantes cabelos negros, olhos castanhos caramelo e pele branquinha como a neve. Porém mudou-se para Havana; tinha prometido que voltaria para reencontrá-lo, ainda não mandou nenhuma mensagem, ou ligou para dar boas notícias, tudo só se gastava, durou pouco; por isso as suas maiores vontades eram poder voltar para Hillwood e ser feliz novamente na América.

 

 

 

Sentia saudades de: Gerald, Sid, Stinky. Todo aquele pessoal tão importante, porém se arrependimento matasse, nada disso teria acontecido. Desde o fatídico passeio em rumo a San Lorenzo e a história misteriosa sobre seus pais, a melhor parte em sua opinião foi ter beijado Helga sem ter se chateado, seu segundo beijo repleto de mistério e pela garota mais inesperada.

 

 

 

Aquela maluca que tanto o irritava, falava sobre o tamanho de sua cabeça, e gaguejava diversas vezes fingindo seu clássico sarcasmo, mas ele não conseguia parar de pensar sobre Pataki e do porquê rompeu contato quando partiu.

 

 

 

O novo quarto era pequeno junto a uma televisão anos 90, e um vídeo cassete pra lá de velho, preferia ouvir lo-fi ou jogar em seu Nintendo DS em mãos; apesar de se dedicar aos estudos, Miles e Stella se preocupavam com a atitude do filho. Os diálogos eram curtos e não ficava tão contente, talvez pela decisão de ter vindo morar com eles o chateou, Arnold teve de abandonar sua vida passada muito cedo.

 

Mesmo com a Cubana distraída, tudo foi em vão.

 

 

 

Arnold odiava vivenciar um cotidiano tão monótono, era seu maior desejo voltar para a américa. Cogitava abraçando uma moldura de uma fotografia antiga, nela tendo registrada Gerald e Arnold atrás da entrada do zoológico, largando o quadro ele deitou as costas na cama, olhando o teto. Exausto e impaciente; seu tédio foi atrapalhado quando batidas na porta chamaram sua atenção, era Stella, sua mãe.

 

 

 

— Pode entrar! – Arnold permitiu.

 

 

 

— Filho, você está ocupado? — A mãe abriu a porta, vendo o semblante fechado de Shortman, tirando os fones de ouvido.

 

 

 

— Não, senhora, já terminei o que fiz. — Ajeitou as almofadas atrás de si, procurando uma posição mais confortável para se sentar. — Está tudo bem?

 

 

 

Stella fechou a porta e por fim chegou, se sentando ao lado do filho mais velho. 

 

 

 

— Trabalhando muito! — Riu — E você? Como foi a aula?

 

 

 

— Um saco! — Reclamou — Muitos trabalhos para entregar, junto a seminários. — Enquanto o garoto loiro cabisbaixo ajeitava os fios de cabelo pelo rosto, suspirou de imediato. — Sabe mãe andei pensando em algo importante, mas se a senhora não concordar, tudo bem para mim.

 

 

 

— O que seria afinal? —Stella percebeu o óbvio. — Ah, entendi! se sente sozinho desde a Roberta ter ido embora né?

 

 

 

— Não é exatamente isso, eu sinto muita falta do vovô, da pensão, de Abner, na verdade de meus outros amigos, anda bem chato estar nessa mesmice, ir para o colégio, e sair de vez em quando, me sentia mais livre lá.

 

 

 

— Quer voltar a morar em Hillwood? — Stella viu o menino concordar que sim. — Não vejo problema algum, pensei que estava feliz conosco.

 

 

 

— Eu amo vocês, porém tenho certo receio, e se eu perder vocês de novo? — Disse ele — Sabem o quão me assusto com isso.

 

 

 

— Relaxe, Arnold! Ninguém mais estará atrás de nós. — Stella o tranquilizou. — Estamos salvos graças a você.

 

 

 

— Eu sei, me desculpa a preocupação — O menino por fim parou de tocar no assunto, isso não parecia abalar a mulher, contudo encarou correspondências sob seu colo. Intrigado, o garoto notou vários envelopes com diversos nomes desconhecidos. — Mudando de assunto, o que são essas cartas?

 

 

 

— Recebi algumas do trabalho, o Doutor Reynolds está em busca de uma nova descoberta arqueológica. — Diz Stella. — Uma das cartas me chamou atenção, tem o seu nome nela, e está um pouco velha.

 

 

 

Arnold encarou um envelope verde escuro um pouco sujo e amassado, com umas letras miúdas sobre o papel, não duvidou de quem seria, pois reconhecia aquela escrita de algum lugar.

 

 

 

— Deixe-me ver! — O Shortman, pegou a carta, vendo todo seu nome escrito tão bem detalhado, seu sobrenome “Phillipe” simplesmente escrito em caneta bem escura, estava nada preparado para a revelação que presenciara, mas não se arriscou a ler, aquilo. — Pode me dar licença? Me parece bem pessoal.

 

 

 

— Oh, claro! — A matriarca se afastou, levantando-se até a saída. — Nossa conversa sobre a mudança ainda está de pé, lembrem-se que caso se decidir faremos o mais rápido possível para te mandar de volta.

 

 

 

— Tudo bem, Mãe! — Arnold concordou.

 

 

 

O garoto, enfim atento, reparou no envelope, retirando a folha de caderno. Era uma carta muito misteriosa, não só pela letra e sim, aquela folha de um caderno antigo; resolveu a ler, quando encarava o texto de cima abaixo, e logo leu o nome da remetente, Helga Pataki.

 

 

 

“Helga Pataki? É você mesmo?”

 

 

 

[...]

 

 

 

Há oito anos atrás, ambos se lembravam bem daquele passeio no qual a loira com seus diversos vídeos e ações de Arnold. Junto com Phoebe e Gerald, seus melhores amigos realizaram seu sonho, assim fazendo o bairro inteiro apoiar aquela viagem para San Lorenzo — Lugar do último paradeiro de Miles e Stella.

 

 

 

Seus pais desapareceram desde o seu nascimento, largado e obrigado a morar com os avós, quando o caso misterioso veio à loucura. Nenhuma resposta tinham sobre isso, Phill achou ter perdido seu filho, com isso preferiu estar sob a guarda de seu neto, todavia ninguém esperava ser ao longo da vida de Arnold.

 

 

 

O jovem passou todo seu crescimento como órfão. Duvidoso e triste em cada situação que mencionaram sobre seus pais, ao fazer 9 anos, o sofrimento fora maior; Arnold não passava nenhum dia sem saber daquilo, no entanto aquele tal lugar em uma pequena ilha latina, teria a resposta que tanto queria; no inicio não tinha dado certo, com a ajuda de Helga, conquistou todos que conhecia na cidade.

 

 

 

Helga mesmo sendo uma menina excêntrica e insegura naquela época. O Shortman achava que a odiava, só que houvera mudanças, semelhantes ao dia 28 de junho, quando iriam destruir e tomar lares para construírem um shopping center. Entretanto sua opinião não foi mais a mesma; Helga não era uma pessoa má, apenas desesperada por atenção, pela família tóxica que tivera, composta por um pai revoltado e uma mãe viciada em álcool, a imaginou como uma filha indesejável, porque a primogênita tinha mais reconhecimento do que ela.

 

 

 

A viagem ocorreu finalmente; toda a turma de classe e o professor Simmons dentro de um barco atravessando o continente americano; começou divertida e repleta de aventuras, exceto uma Rhonda chorando pelo cabelo armado e um Eugene alérgico a pitaya. Até que de repente um grupo contrabandista invadiu e manipulou os que estavam envolvidos.

 

 

 

 Eduardo César, conhecido como “La sombra”. O responsável pelo suposto assasinato de sua família, o latino queria se vingar por terem descoberto toda a verdade, o casal de arqueólogos estava preso em uma estufa, dormindo profundamente, La sombra havia destruído o objeto que fortalecia a cura daquela “Doença do sono”.

 

 

 

Arnold não perdoou a traição, seus colegas foram forçados a serem presos até o homem conseguir seu plano maligno, o jovem fugiu junto a Gerald e Helga, para enfim derrotar os impostores; por um outro lado, Helga não queria o ajudar, a loira só se sentia mais nervosa, que quase destruiu aquele medalhão de ouro, a foto de Arnold rasgou em mil pedaços, e sem pestanejar, Helga se tocou que estava errada, recuperando o depois, chorando pelo feito.

 

 

 

Não houveram momentos para se declarar, assim quis sacrificar sua vida; lutando contra o criminoso, que quase os matou, Arnold percebeu pelos olhos dela, que faria de tudo para salvá-lo de qualquer perigo. 

 

 

 

Helga pôde revelar seus segredos a ele, mostrar que se importava de verdade com o mais velho, que até revelou seu medalhão em formato de coração, que denominou como algo puro, era o amor dela por ele, aquele coração era mais puro do que Helga imaginava. No final daquela aventura Arnold salvou seus pais, eles acordaram, enfim, vivos.

 

 

 

O momento esperado chegou, Shortman decidiu agradecer a Helga, pelo que fez a ele; chamando pelo nome da loira, introvertida e atônita, escondeu o colar que segurava na mão direita, incrivelmente maravilhada.

 

 

 

— Oi, Helga! — Arnold se pronunciou.

 

 

 

— Er…. oi Arnold! — Revirou seus olhos percebendo aquela aproximação se tornar mais intensa.

 

 

 

— Helga, sabe que eu te conheço a minha vida toda, e você sempre agiu esquisito comigo, me xingava e tudo mais e me fazia acreditar que era… você sabe, malvada! — A garota o interrompeu.

 

 

 

— Sim! mas, e daí? — Falou com certo desdém, pondo as mãos na cintura.

 

 

 

— Mas, acabei reparando em algo que nunca saiu da minha cabeça, na verdade você não é aquela pessoa rude quanto eu pensava, você é alguém forte e corajosa, também tem mais outro detalhe… bom você me ama?

 

 

 

— Eu te amo? — Ruborizou — Ah, tá! Como eu amo ir ao dentista. — Disfarçou com uma risada forçada.

 

 

 

— Escuta Helga, sei que você gostaria de ter me contado antes, mas nunca consegui te ouvir, você que me ajudou a estar nesse lugar, tudo foi graças a seu medalhão!

 

 

 

— Que medalhão? — Indagou, quando um barulho chamou sua atenção, o objeto havia caído no chão, Arnold no entanto o pegou.

 

 

 

— Este medalhão! Você salvou meus pais, fez tudo por mim, e eu… — Arnold então concluiu — Também te amo.

 

 

 

Segurou aquelas delicadas mãos as entrelaçando com as dele, chegou dando um passo a frente pela sua testa, trouxe seus lábios aos dela, dando-lhe um beijo naquele anoitecer, tão sincero e tão carregado de sentimentos, estavam livres das mentiras e confusões. Pois beijar aquele que ama te trás um novo mundo. Já que ambos são destinados a ficarem juntos; Arnold não esqueceu aquela sensação do beijo; daquele toque em sua mão, e no final ela o rejeitando, Helga foi a pessoa mais intrigante de sua vida. Até o garoto Infelizmente partir.

 

 

 

[...]

 

 

 

As pretendentes latinas nunca chegavam aos pés dela; exceto a cubana que o ensinou a dançar tango, entretanto era apenas uma paixão de verão, nada de especial.

 

 

 

Enquanto relembrava dos últimos momentos, Arnold começava a dar início na leitura do texto, sem perder interesse.

 

 

 

Querido Arnold Phillipe Shortman

 

( 07/10/2014)

 

 

 

Quero oficialmente admitir que esta será: minha última carta, minha última declaração, e meu último motivo de sofrimento; tenho chorado muito por ti e justamente nessa data que tomei um tempo para escrever sobre você, hoje é seu aniversário. Te confesso que em todos os anos quis saber onde você se meteu. Por que sumiu assim? não consigo aceitar de jeito nenhum! 

 

 

 

Arnold é difícil esquecer alguém igual a você. Passei o resto da vida fingindo te odiar, só te xinguei, te humilhei, pela droga da minha insegurança, fingi ser outra pessoa a tal “Cecille” naquele encontro de dias dos namorados, você beijou minha mão como nunca. Sabia que gostava de mim, entre outros e bons tempos.

 

 

 

 Mas não deixa de ser passado; joguei fora meus poemas, o meu cordão, todas as vezes visto por mim e a sua maldita voz falando “Seu coração é tão puro quanto imagina”. Aquela droga fez ficarmos afastados. Eu te amei até o fim; beijamos duas vezes em situações malucas, porque a merda do meu coração não para de bater, o que eu fiz para merecer isso, cabeça de bigorna?!

 

 

 

Agora me vejo sozinha, lendo livros da Jane Austen; como em Emma: “Posso ter perdido meu coração mas não meu auto-controle” esse controle algumas vezes me incomoda, te imagino muito metido nessa porcaria de país, tendo uma namorada de corpão violão que fala espanhol igual nas novelas. 

 

 

 

Se duvidar você deve estar mais bonito do que já é. Se te visse chegando a falar “E, aí cabeça de futebol”, seria na pura ironia, enfim… só isso que te digo.

 

 

 

Eu odeio amar você, só brigo demais com as dores no peito, prefiro me perder e arrancar meus sentimentos.

 

 

 

Acho menos preocupante ler sobre outros relacionamentos, escrever sobre outros garotos, Stinky pode ser o meu atual namorado, porém quando estou com ele, vejo você perto de mim, virou uma praga em meu caminho.

 

 

 

Peço que mantenha distância, caso nos vermos novamente, não sei como irei reagir, o mundo sem você é sem graça.

 

 

 

Todos ficam tristes sem sua presença, até o Gerald sofre com isto; não importa o passado está morto, assim como essa carta, Adeus Arnold!.

 

 

 

Helga G. Pataki

 

 

 

Então tudo era culpa dele? mas porque Helga estava tão chateada? E será mesmo que ela não se apaixonaria mais pelo loiro que tanto almejava? Eram mentiras para o ponto de vista dele, Arnold abria e fechava os olhos; confuso com aquilo que acabara de ler, entretanto surgiu a tão esperada decisão. A melhor opção seria voltar para aquela cidade e mudar seu caminho, para ser o que era antes.

 

 

 

 


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