Letters Shortaki/ Hey Arnold escrita por fanficniccals


Capítulo 1
Prólogo: cartas de amor




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ROMEU E JULIETA, o romance mais brega lido pela milésima vez. Ela desejava que os acontecimentos e conflitos do livro, um dia pudessem suceder à sua vida também, em questões de brigas entre famílias, em um amor proibido, estar com sua irmã primogênita. O termo famoso “até que a morte nos separe”, teria bastante sentido. 

 

Já ela, mesmo sabendo que cada história real seria um inferno, sabendo que ia o encarar de frente. Pobre Helga… doida e totalmente viajada na maionese. Se o amor fosse igual a dipirona, era engolir ou passar mal. Para ela, nem bastava estar louca e terrivelmente inspirada todo dia. E tanto pelos livros que lia, como pela necessidade de desabafar com alguém, ela escrevia cartas, porém, nunca as entregava.

 

 

— Ei! Por que fez isso? — resmungou nervosa, ao sentir uma almofada ser jogada em sua cabeça. Fora interrompida por sua irmã mais velha, quase se atreveu a xingá-la com toda sua vontade. 

 

 

 

— Sinto muito Helguinha, mas estão nos chamando para ajudar na mesa — Olga a fez abrir seus olhos. A jovem sempre foi muito afastada da família, menos para a sua irmã mais nova.

 

 

 

A loira saiu de sua posição inicial para sentar-se, fechando seu livro e olhando sua irmã com um semblante sério, como se estivesse incomodando-a.

 

 

 

— Eu só vou terminar esse capítulo! — Exclamou.

 

 

 

— Eles morrem no fim, está cansada de saber, vem logo! — A puxou pelo pulso tirando-a de sua cama.

 

 

 

O convívio familiar não era de se esperar ser bom, para falar a verdade. Fingem ser civilizados quando visitas aparecem na porta ao invés do conselho tutelar, mas ninguém da vizinhança ligava para isso, cada um cuidava da sua própria vida.

 

 

 

Sua mãe, Miriam, era uma desnaturada viciada em álcool e drogas ilícitas, vivia esquecendo de seu nome e aniversário. O pai, Bob, um machista e ignorante que falava mal dos gostos da filha trocando seu nome pelo da sua primogênita.

 

 

 

Isso é menos importante para os planos dela, atualmente sabe sobre sua filha, viver sofrendo dentro do quarto por tanta dor emocional que os seus pais eternamente a proporcionaram, mas ao menos davam importância para sua opinião. Outro fato interessante de Helga, além das cartas, é que às vezes, palavras poderiam significar um pouco de seu sofrimento à procura de companhia que buscava em outros o que não tinha em casa.

 

 

 

[...]

 

 

 

Ambas as irmãs se dirigiram até a mesa de jantar, pelas boas vindas da Olga, sempre foi estranho o porquê daqueles banquetes tão cheios, só quatro que iriam comer. Até que a campainha tocou. O pai atendeu cumprimentando nada mais nada menos que ele, o namorado de sua irmã, o qual Helga mais desejava.

 

 

 

— Olha só! Se não é meu genro querido! — Big Bob o deu um aperto de mão o fazendo rir.

 

 

 

— Muito obrigado senhor Pataki! estava sentindo saudades da sua filha! 

 

 

 

— Jim! — A mais velha chamou sua atenção. O garoto foi até Olga, lhe dando beijos. Helga pareceu estar de queixo caído ao vê-lo pela escada toda ruborizada, sorrindo como uma boba.

 

 

 

— Tudo bem Helga? — Os dois fazem um toque rápido com as mãos mesmo assim, não houve nenhum diálogo.

 

 

 

[...]

 

 

 

James Ryan: o primeiro a não receber sua carta, por ser apenas uma típica paixão platônica. Foi o biólogo marinho, o principal charme que a fez sentir uma louca atração? Óbvio! Apesar de ser especial. Mas durante um bom tempo, James era o grande melhor amigo de Helga, depois dele se mudar para seu bairro os assuntos principais foram sempre “compostos em DNA”, justificativa para visitar os animais marinhos do aquário municipal todos os sábados. 

 

 

 

Por ser mais uma amizade, nunca esteve a um passo para admitir gostar dele, desde que conheceu Olga, tudo começou a ser diferente quando se reencontraram.

 

 

 

— Então, vou te propor um desafio! Entre água oxigenada e urina, qual seria mais eficaz para escapar de uma morte? — A loira criava desafios bizarros para distrair durante o tempo.

 

 

 

— A urina tem que ser humana? — perguntou o rapaz.

 

 

 

— Ou pode ser de um infectado dos rins! — Helga debochou.

 

 

 

— Você é muito sinistra, aprendeu com quem? — Ele riu.

 

 

 

— Tenho minhas teorias malucas né! — Revirou os olhos, nervosa.

 

 

 

Contudo, aquilo começou nas férias de verão do nono ano, Ryan até que era um vizinho atencioso, tanto como um jovem estudante comum da faculdade, só que virou outra pessoa com a Olga por perto.

 

 

 

— Água, com certeza água! — A mais velha lhe respondeu sobre o assunto do qual Helga havia comentado com ele.

 

 

 

— É, tanto faz… — Fingiu se importar, entretanto, para Helga não confundir as coisas naquela época, foi convidada a ir em cada encontro e evento, porém não se sentia confortável por estar lá parada, segurando vela para os dois, em todos os lugares, sentindo-se sozinha.

 

 

 

Pareceu ter perdido seu único melhor amigo. Não que ela pudesse deixá-lo por conta de sua irmã estar comprometida com ele. O livro que lia, talvez fizesse que a garota gostasse dele de outra forma — Aliás, entre outros garotos. Helga, quando ficava apaixonada, perdia a linha e o emocional. Desde criança, foi alguém rigorosa com os colegas, porém, na adolescência tudo se tornou um pouco mais estranho, de repente. São cinco cartas no total, algumas delas lhe associavam a decepção.

 

 

 

Seus nomes eram: Eugene, do fliperama. James, estudante e biólogo marinho. Gerald, namorado de sua melhor amiga. Phoebe — um detalhe do qual ela nunca pôde se encorajar a um dia contar — Stinky, o ex namorado de infância que pregou uma peça, e, por último, era o mais complicado dos que lidavam sua forma de se apaixonar, quase a descabelando por tanto nervosismo, ele era incomum. Bem antes de James, era Arnold o problema de tudo isso. Esse caso nunca foi resolvido, em meados de fevereiro de 2004 — Ano do qual o viu pela primeira vez — Passou sua infância sozinha. Indo para a creche em uma tarde de chuva, toda molhada, quando apareceu um doce garotinho emprestando seu guarda-chuva e elogiando seu laço cor de rosa.

 

 

 

Como não sabia demonstrar seus sentimentos, antes o tratava com desprezo simplesmente e não ligava para o que dizia, mas secretamente ela também gostava dele. Foi uma grande aventura por anos até o tempo os separar, ao viajar com seus pais e nunca mais se encontrarem.

 

 

 

Helga odiava todos, mas ele… Eram como se fossem almas gêmeas impossíveis de se separar, ela tentou mudar sua aparência deixando o seu laço cor de rosa guardado num lugar que não mexia mais, tentando esquecê-lo. Porém os devaneios ainda estavam bem presentes.

 

 

 

E novamente perdida entre seus pensamentos, seu pai lhe chamou a atenção para ir direto à mesa para jantar: 

 

 

 

— Helga, minha filha? Não sente fome não? — Perguntou em um tom sarcástico.

 

 

 

O jantar era frango assado com purê de batata. Ela odiava.

 

 

 

— Argh, Big Bob, isso é sério?! Já tô indo aí comer. Me deixa um pouco quieta.

 

 

 

— Hum, agora entendi. Está dando uma de rebelde? — Indagou.

 

 

 

— Bob, deixe ela! — A mulher disse numa voz bem rouca. — É só uma fase.

 

 

 

— Pobre Pataki Júnior — Debochou Ryan, a chamando pela sua alcunha.

 

 

 

Fase… Cada dia mais uma lerda” Helga pensou ao sentar-se, finalmente, com sua família e Ryan se entupindo de batatas e molho. 

 

 

 

Naquela mesma noite, Olga ficou calada enquanto seus pais conversavam. Ela finalmente irá contar sobre a sua mudança para Boston e sobre ter conseguido uma bolsa de estudos para Harvard, mas se sente impaciente. Havia algo atrapalhando seu sonho, esse algo era o Ryan. Não sabia, contudo, como essa mudança em sua vida chegou tão rapidamente, tanto que nem teve tempo para pensar muito.

 

 

 

— Querida! Eu consegui comprar uma passagem para Boston, podemos passar nossos estudos juntos! — A loira ficou boquiaberta, foi muito rápido esta proposta, ele já pagou por tudo, mas não teve escolha. 

 

 

 

— Jimmy você… Por quê? — Olga estava devastada, seus pais não a queriam na mesma faculdade que o namorado, e ela não desejava desobedecer eles.

 

 

 

— Isso não é ótimo! Assim ficaremos juntos — Ele respondeu em uma alegria contagiante.

 

 

 

Porém, Olga tinha que respeitar as ordens da família, era a chance de lhe dizer adeus, mesmo sendo apaixonada por ele. Sabia que doeria naquele momento, porém um dia aquele sacrifício iria valer a pena.

 

 

 

A mais velha saiu da mesa, pedindo para que James a seguisse. Helga não podia deixar de ouvir aquela conversa, então Pataki decidiu observar pela janela o casal conversando. 

 

 

 

A menina ficou chateada por ver a irmã brigar com ele daquele jeito, mas as escolhas que fez terão de ser esquecidas.

 

 

 

Olga, ao terminar a discussão, viu James se despedir voltando para sua casa cabisbaixo.

 

 

 

A mais nova parou de olhar a janela, suspirando de nervoso. Faltou ver a irmã chorar correndo para o quarto.

 

 

 

— Olga, espera! O que houve? — Correu Helga, pedindo para conversar com a maior deitada na cama, deprimida e desesperada. 

 

 

 

— Terminamos nosso relacionamento — Disse em um tom baixo. 

 

 

 

— Quê? Por quê? — Helga não esperou aquilo acontecer. Mesmo estando gostando um pouco de James, ela tinha certa noção que James era oficialmente o ex-namorado de Olga.

 

 

 

— Papai não quer me ver na faculdade com um namorado. Ele tinha me dito isso bem antes de você nascer — Suspirou.

 

 

 

— Mas você o ama? — Helga perguntou.

 

 

 

— Sim! Você ainda está sabendo sobre esta conversa. Existirão muitos garotos para você se apaixonar — Aconselhou. 

 

 

 

— Ah, entendi. Também é uma pena saber que você não irá mais voltar. A partir de amanhã estarei na escola me matando — Olga riu.

 

 

 

— Não estarei longe de você, nunca — Abraçou a irmã. — Sempre poderemos nos falar pelo Skype, quando quiser.

 

 

 

[...]

 

 

 

Daí tudo começou a mudar novamente, sua irmã deu adeus a viagem para Boston. Os pais fartaram-se de chorar pela filha partindo.

 

 

 

Helga tentou, enfim, seguir seu conselho. Qualquer garoto teria que deixar para lá, outros poderiam correr o risco de sofrer, alguns talvez ficariam com raiva.

 

 

 

Ela organizou tudo em seu quarto, retirando as coisas que a irmã deixou. 

 

 

 

Tudo era para doação, assim como seus brinquedos e roupas que não usava mais. Helga guardava tudo sem ver, mas não tinha lembrado uma única coisa, suas cartas estariam fora do lugar seguro. 

 

 

 

Big Bob olhou para uma caixa colorida de cor rosa pastel com um laço vermelho em cima. Ao abrir, encontrou diversas cartas, sem verificar os envelopes apenas reconhecendo o nome de Helga como remetente.

 

 

 

— Miriam! A Helga deixou isso aqui! Ela esqueceu de entregar pro correio de novo?

 

 

 

A mulher bocejou entediada.

 

 

 

— Devem ser as cartas que ia entregar aos amigos e esqueceu de as enviar, depois falamos com ela.

 

 

 

Bob deu de ombros começando a colocar aqueles envelopes na caixa de correio.

 

 

 

Helga nem imaginou o quanto estava ferrada.

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Playlist da fanfic: https://open.spotify.com/playlist/5HU1Qc39jNUArKGwLfEmsF?si=ELCcSj24Ryywkia_muBBuQ&utm_source=copy-link

Pasta do Pinterest ( aesthetics e imagens simbólicas dos personagens): https://pin.it/5yGYhwo



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