Sundays Like You escrita por Miwayui


Capítulo 1
Capítulo 1




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Sano Manjiro só queria passar seu precioso domingo assistindo animes, jogando ou simplesmente dormindo.

Mas estava tudo diferente naquele dia.

O loiro mal acordou e já tinha levado um feio tombo da cama depois de se assustar com o barulho alto que vinha da sala. Isso foi um ponto para seu mau humor.

Vida de estudante era difícil, poxa. Ele queria aproveitar seu domingo antes de ter que acordar cedo de novo na segunda-feira e ser obrigado a enfrentar o inferno que chamavam de ensino médio.

— Shinichiro! — pronunciou, descendo os últimos degraus da escada. — Tá maluco, é?! Cadê a mãe?

O irmão mais velho estava jogado no grande sofá de tom bege, com um sorriso ridículo para a tela do celular. Manjiro não queria nem saber com quem ele estava falando. Andou, apressadamente, até o monitor do computador e diminuiu o volume de uma música qualquer e super irritante que estava quase estourando seus tímpanos.

— Então foi por causa desta merda que levei um puta susto, seu idiota.

— A mãe saiu com o namorado dela. — Shinichiro ignorou os xingamentos do irmão e encarou o mais novo. — Esse humor todo e são apenas dez da manhã.

— Culpa desse som do caralho que tu colocou, eu vou te matar, juro!

— Ah, deixa disso. Faz bem acordar cedo.

— Não, não faz. Eu não sou feliz pela manhã.

— Ei, mas eu queria bem falar com você sobre um assunto. — enquanto caminhava para a cozinha, Manjiro escutou os passos pesados do irmão logo atrás de si. — Eu tenho um encontro com a Tsuki hoje.

— Que bom. — o loiro respondeu, secamente.

— O problema é que... ela quer levar o primo dela.

— Ai — Manjiro gargalhou da careta do mais velho. — Então não é encontro.

— Ainda é. Só que a Tsuki é muito próxima desse primo, ela me disse que o garoto é super educado e simpático, mas é literalmente igual a você que odeia sair de casa até pra comprar um pão e ela queria aproveitar esse encontro e fazer ele sair um pouco. Inclusive, ele tem a mesma idade que você.

— Hm, e daí?!

— Daí que... eu quero que você venha comigo.

O Sano caçula ergueu os olhos rapidamente para o irmão.

— Sem chance. Eu tenho mais o que fazer.

— Não tem não. Eu moro contigo e você fica no quarto o dia inteiro. Qual é, tu gosta de homem, não vai ter outra oportunidade de beijar na boca se continuar preso naquele teu covil.

— Você está me chamando para um encontro duplo, Shinichiro. Eu já fui em um com o Takemichi e a Hina e, só para constar, foi péssimo, foi terrível, foi humilhante, definitivamente a pior experiência da minha vida. Fiquei sentado pelo resto da noite, jogando no celular, enquanto eles se pegavam na praça e o menino que a Hina chamou já tinha ido embora porque nem ele aguentou. 

— Eu não vou te fazer de vela, Manjiro.

— Ah, vai sim. Já previ isso.

— Vamos lá, você está me devendo, lembra?!

— Devendo o que, seu surtado?

— A gente apostou não falar em japonês dentro de casa só pra testar o nosso inglês. — o mais velho sorriu, cruzando os braços. — E você errou mais de quinze vezes.

— Tu tá falando sério?! Isso foi na época em que você ia viajar para a Califórnia.

— Mas conta.

— Não conta não. Olha o nível que você está só para me fazer ir num encontro com você.

— Por favor, poxa. O que eu posso retribuir se você for?!

— Não tem o que retribuir porque eu não vou.

— Claro que tem, você deve ter algo para eu fazer. E eu faço, de verdade. É papo sério.

— Mentiroso, nunca esqueci da vez que você me levou para ver o papel noel e sumiu me deixando sozinho lá.

— Eu estava tentando te dar uma lição.

— Ah, claro, era uma lição com a moça da loja de maquiagem e ainda me deixou traumatizado.

— Deixa disso. — Shinichiro agarrou o braço esquerdo do menor, balançando levemente. — Eu faço o que você quiser.

— Você tá mesmo falando sério?! Tipo... — suspirou. — Encontro duplo, isso nunca dá certo. 

— Mas eu preciso que você vá comigo. Eu não posso deixar esse primo como vela e a Tsuki não deixaria também. E com você indo, pode puxar assunto com ele. Vocês vão se entender, ele também é um nerd.

— Ah, vai te catar, Shin. Tu não tem outra pessoa pra chamar, não?

— Quem eu iria chamar?! Só tenho você para ir comigo. E não será tão ruim, é só uma ida ao shopping de boas. Vamos comer pizza e sei lá, andar pelo jardim que tem lá.

— Um encontro. Vocês se pegam e eu e o primo dela fazemos o quê?!

— Se peguem também, ué.

— Eu nem conheço ele.

— Mas vocês vão se dar bem, eu tenho absoluta certeza.

— O que eu ganho em troca?

— A companhia de um casal legal e popular, ou seja, eu e a Tsuki.

— Eu já tenho isso na minha vida, eu ando no mesmo grupo que a Hina, lembra?! Ela é líder de torcida e famosinha.

— Hm, tá. Que tal eu comprar um jogo pra você?

— Você já me deu uns cinco no ano passado.

— Porra, Manjiro, não sei o que fazer.

— Me surpreenda.

— Bom, se tudo der certo, você ganha um namorado.

— Ah, é?!

— Sim e para de debochar. Você vai comigo e é isto.

— Eu não tenho lugar de fala aqui?

— Não. — Shinichiro voltou para a sala e se jogou, novamente no sofá. — Mas você vai comigo porque eu sou o mais velho e tô mandando. Ou então eu boto seu videogame na Shopee pra vender.

.

O Sano mais novo respirou fundo pela quinta vez naquela noite.

Seu irmão fez questão de chegar uns minutos mais cedo. Ele não sabia onde estava se metendo e, assim que entraram no carro do mais velho, Manjiro sentiu uma pequena pontada na cabeça lhe dizendo: “volta pra casa”.

O Sano mais velho parecia muito disposto à lhe levar consigo. Tanto é que, durante o cochilo da tarde, ele ameaçou jogar água gelada nele caso não levantasse da cama.

Manjiro conhecia Tsuki. Ela e seu irmão se gostavam há tempos, mas passaram a ter algo sério depois que terminaram o ensino médio. A menininha fofa, com um cabelo ruivo e franjinha, nem parecia ter vinte e três anos. Mas esse “algo” que ela e Shinichiro tiveram eram conversas até de madrugada, uns beijos talvez em encontro de amigas, uma vez que os dois tinham colegas em comum. 

Honestamente, o loiro achava a ideia mais ridícula do mundo em levar um primo para sair com o cara que ela gosta. Qual o sentido disso? Mas ele também conhecia a alma bondosa de Tsuki e não desconfiou quando o irmão lhe contou as intenções da ruiva.

Ele não conhecia este primo dela, mas imaginava que os dois tinham o mesmo mecanismo de zona de conforto, já que Manjiro também detestava sair de casa. Só ia para a escola, banco, mercado, porém sempre na companhia do irmão ou da mãe.

Gostava muito de ficar em seu quarto jogando, assistindo animes, séries, um filme, ou simplesmente dormindo. Talvez lendo uma HQ ou um mangá, dependendo de seu humor. Ou copiando matéria atrasada – isso acontecia muito.

Mas odiava sair.

Ele, literalmente, odiava.

Pensou por um momento que seu irmão estava aproveitando essa chance para o mais novo conversar mais com alguém da mesma idade. Algo que Manjiro não achava muito necessário. 

Estava perdido em seus pensamentos e lendo um de seus mangás no celular quando sentiu o irmão lhe dar uma cotovelada muito forte.

— Au, caralho, que foi?!

— A Tsuki chegou, acabou de me mandar mensagem pedindo para nos encontrarmos na praça de alimentação. — Shinichiro se levantou do banquinho, puxando o mais novo pelo braço. — Eu tô apresentável?

— Como assim?

— Se eu to gostoso, tipo... olha pra mim e diz: “eu te pegava”.

— Eca, eu não te pegaria de jeito nenhuma. — riu da cara que o moreno fizera. — Você tá bonito sim.

— Valeu. Eu espero que você se dê bem com esse primo da Tsuki e, por favor, sai desse celular enquanto estivermos conversando, não me faça ter que te bater na frente deles.

— Poxa, falou como se eu não tivesse ética.

— Você fica no celular até quando o médico está falando contigo.

— Mentira, e ele nem estava falando comigo, ele estava falando com a mãe.

— Mas o assunto era sobre você.

— Tá, tá, entendi. Sem celular durante o resto da noite, prometo.

Quando chegaram na praça, Shinichiro assumiu os passos à frente de Manjiro. Os dois já conseguiam identificar a garota ruiva bem de longe com aquele sorriso enorme que ela sempre carregava em seu rosto, não existia a possibilidade daquela mulher passar despercebida. 

Enquanto se aproximavam, a ruiva parecia querer levantar e dar pulinhos, visto que suas pernas não paravam nem um segundo de se mexer.

Logo à frente, um garoto, que Manjiro presumiu ser o tal primo de Tsuki, estava sentado. Ele tinha um cabelo loiro, longo — maior que o do Sano mais novo — e muito liso, que caía como cascatas por seus ombros. Ele até poderia estar de costas para os dois irmãos, mas Manjiro percebeu que aquele garoto, definitivamente, era muito alto e todo malhado.

— Hey. — Shinichiro sorriu, chegando perto de Tsuki e depositando um beijo em sua bochecha, fazendo a menina ficar vermelha. — Como estão?

— Estamos bem. — Tsuki sorriu e encarou o Sano mais novo. — Jiro! Que bom que veio. Este é o Ken, mas a galera tem o costume de o chamar só de Draken, é apelido de infância.

O loiro se sentou ao lado do outro, que parecia um pouco nervoso em proferir algum tipo de palavra, mas, pelo menos, virou totalmente o rosto para que tivessem um contato melhor.

Ah, cara.

Ele era muito bonito.

Porra, ele era realmente muito bonito. Sendo primo de Tsuki, já explicava a genética boa.

O rosto dele parecia der esculpido perfeitamente. O nariz fininho e a boca carnuda que Manjiro, provavelmente, passara muitos segundos encarando. Ele percebeu que o rapaz tinha os dois lados do cabelo completamente raspados e ele conseguia enxergar, nitidamente, uma tatuagem imensa de dragão em seu lado esquerdo.

E o Sano estava certo. Aquele cara era malhado, era visível seus músculos através da estampa preta da blusa que ele usava.

Como eles poderiam ter a mesma idade? Ele parecia até mais velho que Shinichiro.

— Oi. — a voz incrivelmente rouca dele fez com que Manjiro tremesse levemente. — Sou Draken.

— Manjiro... — ele teve medo de não conseguir abrir a boca de tão hipnotizado que estava. — Engraçado... já ouvi este nome em algum lugar...

— Ah, é porque vocês estudam na mesma escola. — Tsuki respondeu, apesar de não estar, de fato, encarando os dois mais novos. Mantinha o foco no namorado ou sei lá o que eles eram.

— Você estuda na Shibuya High? — Manjiro apoiou os cotovelos na mesa. — Como nunca te vi? Está no terceiro ano também?

— Sim, mas estou no turno da noite. Durante a manhã, eu trabalho num lar de idosos.

— Hum, e é do tipo que não sai muito?

— É... — Draken não o encarava, ele parecia estar interessado em ver os outros andando pela praça do que trocar um olhar sério com o Sano mais novo. — Prefiro ficar em casa lendo ou escrevendo.

— O que você escreve?

— O que vier na minha cabeça...

— Ele é um ótimo escritor. — Tsuki desviou os olhos de Shinichiro. — Ele tem um livro sobre um assassino. Eu li e aprovei.

— Assassino? — Manjiro perguntou. — Legal. É tipo... aqueles filmes de explosão?

— Quase. — o outro riu. — É sobre um cara que é acusado de matar a esposa.

— Ah, entendi. Gostaria de ler. Eu gosto livros, não todos, tá bom. Mas... mitologia é maneiro.

— Eu gosto bastante de livros. Retiro o tempo que poderia copiar matéria atrasada para ler um livro. Gosto de procrastinar.

— Não brinca?! O Manjiro é assim também. — Shinichiro debochou. — Passa horas naquele PS4.

— Cala a boca, babaca! — o menor revirou os olhos, tal atitude fez Draken soltar uma risada.

— Vamos comer, gente. — Tsuki deu tapinhas leves na mesa. — Eu tô cheia de fome.

.

Ok.

Ele não achou que fosse se divertir naquela noite.

Depois que terminaram de comer, Manjiro e Draken concordaram em se despistar de Tsuki e Shinichiro para dar espaço aos dois. Ambos sabiam o que ia rolar de um jeito ou de outro então saíram logo que puderam. 

E nos minutos, ou horas, que passaram, os dois pularam de assunto em assunto. Seja sobre motos, jogos, mangás e HQs, séries e animes, ou assuntos sobre faculdade e futuro. Ele contou que não tinha um sonho definido, já Ken queria trabalhar com algo envolvendo motos e escrita ao mesmo tempo, o que não fazia sentido algum na cabeça de Manjiro mas ele achou interessante e diferente.

Comentaram sobre o ódio que tinham por exatas e o amor que tinham por história. Manjiro descobriu ter mais pontos em comum com Draken e o mais alto tinha se soltado mais. Agora, ele gargalhava sem se preocupar e falava muito. Quando o viu, diria que ele era mais fechada que o próprio Sano, mas Ken mostrou ser bem comunicativo ao seu lado e contava coisas bizarras que aconteciam no lar de idosos em que trabalhava e Manjiro só ouvia.

Parecia clichê dizer que poderiam ficar mais tempo conversando e eles nem teriam percebido a hora passar.

Manjiro só tentou esconder a chateação por ter que ir embora e viu, claramente, o sorriso estampado no rosto de seu irmão mais velho quando foram para o estacionamento. Ele claramente dizia: "eu avisei que você ia gostar dele".

E não tardou as perguntas. 

Quando se despediram e entraram no carro, Shinichiro riu tão alto que fez Manjiro lhe encarar como se ele fosse louco. E era, de fato.

— Vocês se pegaram?

— O quê? Não, é claro que não. Ficamos conversando.

— Jura? Esse tempo todo?

— Qual é, não sou pervertido como você.

— Até parece. — o homem de cabelo preto prestava atenção na rodovia. — Eu tenho o número dele. Vocês podiam... sei lá... sair de novo. E não reclama das perguntas que tô fazendo, a Tsuki deve estar na mesma agora com o Ken e ela é mil vezes pior que eu.

— Coitado, pior que a Tsuki não para de falar.

— Eu sempre dou um jeito nisso...

— Ah... — o menor, imediatamente, entendeu o sentido da frase. — Eca, Shin.

— Eca nada, você tá doido por isso também que eu sei. Quando chegarmos em casa, você anota o número dele. Eu vou te obrigar!

— Você sabe que abrigo é esse que ele trabalha? Tipo, localização dele.

— Oh... — Shinichiro desviou os olhos da estrada por poucos segundos, chocado com as palavras do irmão menor. — Está considerando ir até ele? Misericórdia, vai chover muito. É realmente um milagre. Só pode estar apaixonado e num tempo tão curtinho, espera a mãe saber disso. 

— Não é pra tanto. Eu só gostei dele, seria uma amizade bacana.

— Amizade? Nem vem com essa, Sano Manjiro, você quer pegar ele, eu sei disso. — Shinichiro riu. — Fica na rua Lester, uma casa grande e verde florescente, não tem como errar.

— Eu devo ir? — Manjiro perguntou, inseguro.

— Com toda certeza. Vale a pena. Ele seria um boa cunhado, sabe...

— Ah, dá um tempo. — o mais novo reclamou, mas acabou sorrindo também.

.

— Manjiro?! Veio fazer o que aqui?

Se inclinou sobre o balcão, vendo Draken sorrir um pouco. Ele vestia uma blusa azul simples com uma calça jeans e seu cabelo estava preso em uma trança. A tatuagem de dragão estava totalmente exposta. Ele deveria deixar assim mais vezes pois só destacava a beleza dele.

— Queria dizer que eu fiquei parado na entrada por quase cinco minutos pensando se deveria vir aqui ou não.

— Caramba. E resolveu vir?

— É. — Manjiro abriu um sorriso. — É algo que vale a pena, sabe.

— É? — Ken cruzou os braços. — E o que seria?

— Uma hipótese, digamos assim, de um cara muito bonito que conheci. Pareço um idiota agora mas, que merda, ele é tão gato que eu não consegui tirar ele da minha cabeça, ainda mais por temos tantas coisas em comum e eu não falo apenas da idade.

— Bom... curiosamente, eu também conheci um cara gato e que também não saiu da minha cabeça, principalmente o fato dele corar lindamente quando eu olho para ele.

— Oh, mesmo? Que situação. — o menor sentiu as bochechas queimarem, mas não deixou a provocação de lado. — Não seria ótimo se esses dois se encontrassem e saíssem um pouco? Desta vez só eles, sem ninguém para atrapalhar, tipo um irmão mais velho fofoqueiro.

— E uma prima barulhenta pra caralho. — o mais alto continuou. — Acho que ele gostaria muito.

— Que bom porque conheço um lugar maravilhoso aqui perto.

Ken mordeu os lábios, vendo Manjiro sorrir sugestivamente.

— Hoje é seu dia de sorte porque esse cara foi liberado mais cedo do trabalho e ele não poderia desperdiçar um convite desses, não é?!


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