Sieghart voltava ao seu dormitório, devorando o bolo que ganhou de Mari, quando deu um encontrão com Lass. Por pouco, o bolo não caiu.

– LASS!

– Olhe por onde anda.

– Como assim, olhe por onde anda? Você estava com a cara enfiada no meio desse livro idiota e... que livro é esse? – Sieghart sentou-se no chão e pegou o livro das mãos de Lass – AHN? Como entender as garotas? Por que raios você está lendo isso?

– Não interessa! – Lass ficou vermelho e puxou o livro das mãos do amigo – estou ajudando alguém. Só isso.

– Não está, não!

Sieghart pegou o livro de volta e correu para o dormitório, enquanto o amigo tentava alcançá-lo o mais rápido possível.

– Ryan! EI, RYAN!Abre a porta rápido!

Ryan abriu a porta, sem entender nada. Sieghart entrou correndo e, quando Lass se aproximava, fechou a porta.

– AAAII! SIEGHART!

– ...Sieghart, o que foi isso?

– Ah, olha só isso. Peguei do Lass! – o moreno jogou o livro para o alto.

O druida pegou o livro e começou a ler. Seu rosto ia ficando cada vez mais vermelho, enquanto Lass entrava no quarto, com o nariz sangrando.

– Essa doeu! Não precisava ter jogado a porta na minha cara, sabia! – Lass pegou o pescoço de Sieghart quando Ryan começou a gargalhar.

– Lass, não acredito...háhá... você não entende a cabeça de uma garota? Háhá, que piada! – Ryan não agüentou mais e se jogou na cama.

Jin entrou no quarto, com os punhos prontos, e se deparou com a cena mais estranha que já viu na vida: Lass quase asfixiando Sieghart e Ryan rindo sem parar na cama, quase tendo um ataque histérico.

– Eu ouvi o Lass berrar e vim correndo. Posso saber o que aconteceu?

– O Lass...háhá!

Lass soltou Sieghart, pegou o livro das mãos de Ryan e mostrou ao lutador.

– Qual é a utilidade disso? Lass... – Jin jogou o livro no chão – você deveria saber que não dá pra saber o que se passa na cabeça de uma garota! Veja o meu exemplo: eu namoro a Amy há... sei lá quanto tempo. Ela decidiu ter uma crise de ciúmes porque não tenho mais tido tempo para sair com ela. Outro exemplo: o Sieghart!

– EI, o que eu tenho a ver com isso? – Sieghart estava sentado no chão, apenas ouvindo. Ryan parou de rir.

– É o seguinte: todo mundo sabe que a Mari é apaixonada por ele, mas ela não diz nada! Provavelmente, está querendo que ele se declare pra ela.

– É ruim, hein? – Ryan levantou-se – é a mesma coisa que eu dizer que acho a Lire a irmã mais legal do mundo! Ela é uma mala, vive tentando cuidar de mim, me deixa irritado toda vez que me fala para fazer as lições... e ainda me pede para ir passear com ela! Vê se pode!

– São muito interessantes os seus exemplos, mas não quero saber de nada relacionado ao emocional delas. O que eu quero saber mesmo é: há alguma chance da garota que eu gosto desistir da garota que ela gosta?

Todos ficaram em silêncio na sala. A pergunta de Lass fez com que os amigos prendessem a respiração, mostrando o quão estranha foi a pergunta.

– Cara... em que bagunça você se meteu?

– Amy, vamos, melhor você ir lavar seu rosto – Arme e Lire deixaram o quarto, ainda carregando a cantora. Mari vinha na direção delas, voltando sabe-se lá de onde, já que sumiu sem dar nenhuma explicação.

– Mari, onde você foi? – perguntou Lire – eu queria te pedir para dar mais uma livrada na cabeça da Amy...

– Eu ouvi! – Amy parou de se arrastar e levantou-se, parecendo que não chorou até o momento – que que você quer dizer com isso?

Arme foi postar-se ao lado de Mari e cochichou:

– Você viu o Jin no caminho de ida ou de volta da ala masculina?

– Co...como você sabe?

– Intuição. Mas e aí, você viu o Jin?

– Sim, eu estava no corredor e o vi subindo as escadas.

– Amy! – chamou Arme – Quer dar uma passada no quarto dos garotos? O Jin deve estar lá...

Amy ainda estava irritada com Lire, mas ao ouvir o nome do namorado, começou a olhar para todos os lados, berrando:

– ONDE! ONDE ELE ESTÁ?! EU QUERO SABER, EU VOU PEGAR O PESCOÇO DELE E TORCER ATÉ...

As amigas se entreolharam. Teriam que arrastá-la de volta ao quarto, antes que a garota começasse a destruir tudo.

– Arme!

A feiticeira olhou para trás e viu Ronan se aproximando.

– Ah... meninas. Eu já volto.

– Pode ir, Arme. Eu e a Lire vamos tentar controlar a Amy – Mari já ia puxando o braço de Amy, quando ela soltou o braço e correu até Ronan.

– Muito bem, Ronan! O que foi que o idiota do meu namorado disse? – Amy estava enfurecida, parecia prestes a ter um colapso.

– Amy, é o seguinte... o Jin quer que você vá falar diretamente com ele e...ah, não é pra você pedir pra mais ninguém ir falar com ele.

A garota o soltou. Ela começou a chorar e sentou no chão. Lire e Mari agacharam-se ao seu lado, tentando fazê-la se levantar. Arme foi até o namorado e o abraçou.

– Obrigada por fazer isso, Ronan.

– De nada. Mas e agora? Eles nunca vão fazer as pazes de novo.

– Acho que temos de esperar que o tempo dê um jeito nisso... ajudando a Amy ou não...