Havia momentos em que Draco se questionava o motivo dos bruxos se esconderem por tanto tempo, por tantos anos. Na sua cabeça, aquilo não fazia o menor sentido, pois eles tinham em suas mãos algo superior aos não mágicos, eles podiam simplesmente se unir a outros pequenos condados na Inglaterra, pequenos reinos bruxos que ele sabia que existia. Os bruxos podiam simplesmente usurpar o trono da Inglaterra e impor suas vontades, eles podiam simplesmente dizimar qualquer rei e principalmente a igreja. 

Northumberland era um lugar que ele gostava, mas ele sentia-se injustiçado por não poder sair dali. Não que ele quisesse, ele não tinha vontade alguma, já que sua família era uma das mais poderosas do condado e isso lhe dava privilégios que ele não desejava perder. Northumberland era rodeada por uma densa floresta e diversas montanhas com topos esbranquiçados de neve e talvez fosse esse arranjo geográfico que o incomodava tanto, pois ele sempre escutava de alguns velhos que “é uma região perfeita, que fomos presenteados, pois a natureza nos protege”. 

Obviamente, seu pai detinha da mesma opinião que a sua, mas existiam algumas famílias no ciclo influente do rei - chamado de Sagrado 28 - que era contra aquela ideia que todos não mágico mereciam morrer e que os bruxos eram superiores. 

Os devaneios de sua mente foram dissipados, no instante em que seu cavalo se assustara com algo em meio às árvores, o fazendo quase cair. Draco bufou irritado, descendo sem paciência para ver o que tinha ali, querendo finalizar aquela tarefa odiosa que precisava exercer de vagar pela região, protegendo Northumberland, afinal, ele era comandante da guarda real, posto que seu futuro sogro e rei, havia o destinado. 

Draco sentiu uma ansiedade estranha, quase que como um medo, surgir dentro do seu ser, ao se deparar com uma garota caída na terra. O vestido lhe lembrava de uma camponesa, muito similar ao que famílias inferiores a dele usava, os pés descalços e o cabelo todo embolado com folhas e gravetos. Havia machucados pelos braços desnudos da garota, assim como alguns arranhões em sua face. 

— Hey, garota, o que está fazendo aí? — Questionou o garoto, com a voz tentando passar firmeza, porém sem se aproximar muito, querendo voltar para a segurança da cidade. Se ela fosse uma não mágica, ele precisava avisar os demais — Hey… —  antes de se abaixar como pretendia para ver se ao menos ela estava viva, Draco congelou em seu lugar e as palavras morreram em sua garganta, por ver os olhos amendoados o encarando tão assustados e desnorteados, quanto um animal encurralado pronto para ser abatido.