Arco 1 - Vale da Lua de Prata

Vale da Lua de Prata do Universo Primordial…

A boca da Taka Onna continua presa ao pescoço de Sakuya Shihoin mesmo após consumir uma quantidade razoável do chakra da garota. E o pior: enquanto sentem seus corpos sendo esmagados, Rupa Dores e Zaku Mikazuchi também percebem que suas reservas de chakra estão sendo absorvidas pelo ser nefasto que os capturou. Os dois continuam sendo asfixiados pelos braços alongados da criatura e aparentemente não há mais nada que possam fazer.

Eventualmente, Zaku da Aldeia da Folha e Rupa dos Apátridas desmaiam. A absorção de chakra em si não causa danos severos, mas a força constritora dos braços da Taka Onna os impossibilita de respirar. Em breve, se nada for feito, o pior acontecerá. E, por alguns instantes, de fato nada é feito.

Sakuya Shihoin passa algum tempo dentro de sua própria mente, dialogando com o que restou do seu falecido pai. Na realidade física, no entanto, apenas alguns poucos instantes se passam. As reservas normais de chakra dela já estão quase no fim, mas quando a consciência de Sakurai Shihouin se desfaz por completo, algo já previsto por ele acontece.

— É melhor você me soltar, queridinha – articula a filha de Sakurai Shihoin, enfim retomando a sua consciência, colocando a mão sobre a cabeça da criatura que está lhe mordendo.

Pensando em algo que ela própria viu seu pai fazer em um passado distante, a jovem concentra o seu chakra do Estilo Relâmpago na mão ao ponto dele ficar visível. Seu chakra se manifesta como impulsos elétricos que, em contato com o rosto da Taka Onna, descarregam um choque na mesma. Ao sentir isso, o ser berra de dor e tenta recuar a cabeça. No entanto, levantando-se rapidamente, Sakuya pega uma kunai da sua bolsa de ferramentas e crava no lado direito da face da Taka Onna em direção ao chão. Desse modo, ela fica presa à grama pela lâmina e não consegue recuar.

— Isso é pra você aprender a não se meter com quem está quieta! – declama a Gennin, olhando na direção dos seus colegas temporários de equipe.

Devido à dor que está sentindo, a Taka Onna acaba relaxando os seus braços, soltando Zaku e Rupa, e enfim recuando seus dois membros para o seu tronco que permanece escondido no arbusto. É quando a jovem da Aldeia da Nuvem retira o pergaminho em branco que recebeu, depositado em sua bolsa de ferramentas até então. Sorrindo, abre ele com um rápido movimento no ar, encarando a face do Youkai a poucos centímetros diante de si, preso ao chão.

— Você quer o que está dentro de mim, não é? Eu tive uma ideia – afirma Sakuya. – Tente pegar por conta própria. Se eu falhar e a Anti-Vida vencer, essa energia é toda sua. Mas eu te garanto que eu não desisto fácil. Em troca, firmaremos um Contrato de Invocação. Querendo ou não, você precisa aceitar se não quiser apodrecer onde está.

Se agachando e colocando o pergaminho aberto no chão, próximo à Taka Onna, ela morde o polegar do dedo direito, assinando o seu nome no espaço em branco. Ao lado, pressiona o seu dedo para marcar suas digitais. Em seguida, puxa a própria kunai com a mão esquerda, derramando um pouco do sangue do Youkai no espaço vago do outro lado da sua assinatura.

Enfim livre, a Taka Onna ergue o seu rosto, encarando a humana por alguns instantes. Apesar dos cabelos desgrenhados à frente da sua face, o olhar do Youkai cruza com o olhar da Shihoin. Por breves instantes, a Gennin reconhece o respeito presente em seus olhos. Por fim, o pescoço da criatura recua para o arbusto. As folhas se remexem por alguns segundos até que, enfim, o ser abandona este local.

Ao olhar para o pergaminho, Sakuya o fecha e o guarda em sua bolsa de ferramentas, ciente de que não será a última vez que verá as tais Taka Onnas.

— Mas no futuro, na próxima ocasião… – começa a dizer para si mesma, observando com atenção as outras Youkais inconscientes espalhadas pelo gramado ao seu redor. – Vocês serão apenas amiguinhas esquisitinhas.

— O que aconteceu…? – Rupa se manifesta no chão, lentamente recuperando a consciência. – Sinto como se tivesse chupado um pirulito batizado com alguma erva das bravas.

Zaku também começa a acordar e se mexer, mas sem falar nada. Sakuya, ao se virar na direção dos dois, se lembra das palavras do seu pai. A jovem suspira e sabe que, por enquanto, não deve compartilhar com ninguém as informações que obteve. Por outro lado, ela se lembra de que o Gennin do clã Mikazuchi é da Aldeia da Folha.

— Aquela coisa feia quase acabou com a gente, mas consegui dar um jeitinho de última hora – diz ela enquanto os outros dois se colocam de pé por definitivo. – Ei, Zaku.

— Sim? – o mascarado pergunta, se sentindo meio zonzo e afetado pela ardência do arranhão em sua barriga, ferimento qual ainda está sangrando.

— Você conhece um tal de Haruki Senju? – a Gennin da Aldeia da Nuvem faz tal pergunta, cruzando os braços em seguida.

— É claro – confirma, encarando-a. – Ele é o meu colega de equipe…

…/–/–/…

Multiversalmente longe dali…

Três figuras se movem em alta velocidade pelo gramado nos arredores do Vale da Lua de Prata, no País da Geada. A figura do meio é Caius Lao Bistal, tendo à sua direita a Jonin Silvanna Senju e à sua esquerda a Jonin Especial Eudora Hatake. Há alguns minutos, a loira pediu o auxílio de Eudora para rastrear a pessoa que ela acredita ter causado a interferência na viagem dos Gennins para o Universo Primordial. Juntas, chegaram à seguinte hipótese: para ocultar a própria presença, o indivíduo em questão utilizou algum tipo de barreira para não ser detectado por ninjas sensoriais antes da interferência.

Caius, por sua vez, decidiu acompanhá-las por medida de segurança, caso fosse preciso mais “poder de fogo”. Azuma Senju, temido por muitos, é conhecido como o único ninja vivo a portar a Kekkei Genkai do Estilo Madeira. Mesmo que Silvanna seja a atual líder do clã e uma das três kunoichis lendárias, Caius acredita que Azuma não deve ser subestimado. Por isso, aqui está, acompanhando-as.

— Esperem! – exclama Eudora, arregalando os seus olhos azuis e parando de se mover.

Mais que depressa, os outros dois também param de se mover, cessando o avanço a menos de um metro de distância da Jonin Especial da Aldeia da Folha. É quando a integrante do clã Hatake aponta para um local a noroeste, levando o olhar dos outros dois para lá.

— Está ali. Eu tenho certeza, a energia residual de quem fez aquilo está lá. Mas… – articula a mais baixa entre os três, percebendo que são múltiplas fontes de chakra. – Se ainda estiverem lá, não é apenas uma pessoa, Silvanna. Se de fato o Azuma estiver ali, e com reforços, precisaremos de ajuda.

Ignorando o alerta da sua colega, a loira caminha e se aproxima do ponto designado por Eudora. Carregando a sua Lança Cometa com a mão esquerda e cerrando o punho da mão direita, após dar alguns passos, a tutora de Haruki Senju, Akaemi Yuuhi e Zaku Mikazuchi encerra sua movimentação.

— É meramente uma barreira de classe A – assim conclui, erguendo sua mão direita, passando-a sobre uma superfície sólida invisível bem diante de si. – Será simples.

A kunoichi dá um grande salto para trás, afastando-se daquele ponto por vários metros. Em seguida, fazendo uso de uma velocidade assombrosa, corre em direção ao local onde sentiu a barreira, movendo o seu punho direito para realizar um soco. Apesar de nada ser visível, Silvanna acerta seu punho em algo tão sólido que Caius e Eudora escutam um grande estrondo. A onda de choque gerada pelo ataque cria uma vibração potente e é possível ouvir a barreira invisível se despedaçando como uma grande vidraça feita em pedaços.

— Um único movimento do Impulso do Punho Certeiro e ela acabou com uma barreira sem nem mesmo enxergá-la… – Caius, em silêncio, pensa sobre isso. – Não deveria esperar menos da única pessoa que me supera em força bruta em toda a Aliança Shinobi.

Apesar da destruição da barreira, Silvanna e seus colegas percebem que não há nada mais ali. Sem trocarem nenhuma outra palavra, os três compreendem que os inimigos deixaram a barreira intacta para trás, mesmo sabendo que ela se dissiparia normalmente em breve, apenas para despistá-los.

— Eles sabiam que o chakra presente na barreira iria chamar a atenção de ninjas sensoriais – reflete Eudora, observando a Jonin ao longe que permanece de costas. – Aproveitaram isso para escapar. Porém, se Azuma Senju realmente estava entre eles, talvez seja melhor assim… A Silvanna, com toda a certeza, iria…

A expressão da loira ao longe é de ira. O seu punho direito está apertado com tanta força que qualquer coisa entre sua palma e seus dedos seria esmigalhada com facilidade. Os olhos claros da kunoichi evidenciam o que sua mente está dizendo para si mesma:

— Azuma… Quando eu o encontrar, considere-se um homem morto.

…/–/–/…

Algum tempo depois, no Vale da Lua de Prata deste mundo…

Apesar da interferência de inimigos desconhecidos para eles, os Jonins e Jonins Especiais reunidos neste local estimaram que os Gennins retornarão naturalmente em breve. Vale Kahn e Eudora Hatake, ambos com habilidades especiais que lhes permitem voar, se encarregaram de ir até a sede da ONSU para informar sobre tudo o que aconteceu. A dupla partiu deste local há poucos minutos. Afinal de contas, os Jonins Especiais da ONSU temem que tudo isso tenha alguma relação com as recentes ações de Kamui Yato Uzumaki.

— Você acredita que Azuma e Kamui estão trabalhando juntos para encontrar o ser Nexus, Silvanna? – questiona Caius Lao Bistail, de braços cruzados, reunido com outros três Jonins.

Lado a lado, à certa distância do círculo de pedras, estão, da direita para a esquerda: Caius, Silvanna, outra Jonin da Aldeia da Folha e uma Jonin da Aldeia da Nuvem.

— Essa é uma possibilidade, infelizmente – diz a loira, mantendo o seu olhar fixo ao círculo de pedras assim como os demais ao seu redor.

— Se isso for verdade, a Aliança Shinobi precisa se preparar para enfrentar muito mais do que os Bestiamorfos – opina uma mulher quase tão alta quanto Silvanna, de pele negra, olhos verdes e longos cabelos lisos de um loiro bem claro que atingem seus joelhos.

Seu nome é Nico Lee Chinoike, uma Jonin da Aldeia da Nuvem. Líder de um dos maiores clãs do País do Relâmpago, ela é uma famosa kunoichi valorizada tanto por suas habilidades quanto por seu vasto intelecto e sua beleza irrefutável. Muitos a consideram como a mulher mais bela do mundo e Nico faz questão de enfeitar essa reputação. Seus brincos, gargantilhas e braceletes, todos feitos do mais puro ouro, jamais deixariam que alguém dissesse o contrário. As sombras douradas em suas pálpebras e o batom verde em seus fartos lábios são meramente a cereja sobre um bolo pomposo.

— O que me impressiona é que nem mesmo as pesquisas mais avançadas no País da Tecnologia mapearam os universos com grande riqueza de detalhes. O que eles fizeram aqui indica que, no mínimo, tinham algum mundo como alvo específico – se manifesta a terceira mulher, uma moça baixinha de cabelos ruivos de tom alaranjado até a cintura, pele alva, busto farto e olhos azuis relativamente escuros.

Seu nome é Orihime Inoue, uma ninja médica de nível Jonin da Aldeia da Folha. Sua aparência dócil e fala mansa fazem com que, rapidamente, a maioria das pessoas confiem nela. Por outro lado, certos adversários que a subestimam por isso tendem a se arrepender. Afinal, a ruiva se inspirou na Segunda Hokage Jeanne D’arc Senju para se tornar uma médica ninja e usuária de Kekkaijutsus que também é capaz de batalhar diretamente quando necessário. No momento, ela é a única entre os quatro que está usando a sua bandana – embora, no caso, o item esteja fixado em sua cintura como um cinto para seu longo vestido branco e não na testa.

— Não há mais como adiar – Nico Lee se manifesta outra vez. – A situação exige uma reunião dos Cinco Kages e da ONSU imediatamente.

— Acho que você tem razão – concorda Caius, suspirando profundamente.

Repentinamente, um grande círculo de marcas escuras surge no centro do Vale da Lua de Prata. Os Jonins e Jonins Especiais percebem isso, assim como a cortina de fumaça que aparece acima das marcas, trazendo cada um dos Gennins de volta para este mundo. Embora a maioria esteja apenas com leves ferimentos, Orihime Inoue e outros médicos de nível Chuunin associados à ONSU se organizam nos próximos minutos para avaliar o estado dos menores de idade e cuidar de eventuais danos por eles sofridos.

Após algum tempo, reunida novamente com Aruhana Yotsuki e Romoku Mutou, Sakuya Shihoin olha para todos os lados em busca de Haruki Senju. E pensa sobre a breve descrição que Zaku Mikazuchi deu: “Um menino baixinho, de olhos escuros, cabelo curto e uma carinha fofinha”.

— Afe, desse jeito será difícil achar… Tem tanta gente por aqui. – pensa a garota, fazendo os seus olhos percorrem com pressa por todos os lugares em que é capaz de enxergar pessoas.

— Oi, pessoal – diz o sorridente Caius Lao, se colocando perante o trio enquanto sorri largamente. – Tudo bem com vocês?

— Oi, mestre Caius – fala Sakuya, tentando disfarçar.

— Olá. Estamos melhores agora – diz Aruhana, cruzando os braços enquanto tenta afastar as memórias das suas experiências vividas no dia de hoje.

— Sim. Comigo não aconteceu muita coisa – revela o único garoto do trio de Gennins tutorado pelo líder do clã Bistail.

— Que bom. Porque temos que retornar. Imediatamente – esclarece o mais alto, colocando ambas as mãos sobre sua larga cintura enquanto seu rosto se torna bem sério.

— Por causa do que aconteceu? – considera Sakuya, ainda com as lembranças vívidas de tudo o que ocorreu contra as Taka Onnas e com o seu pai Sakurai.

— Sim – ele confirma sem hesitação alguma. – Os acontecimentos recentes exigem uma reunião entre as principais figuras da Aliança Shinobi. Os funcionários da ONSU não podem mais ficar por aqui. Além disso, o plano original era que vocês ficassem sendo acompanhados por eles até mais tarde no Universo Primordial, mas isso nem será mais possível.

— Acho que dá para entender – admite Aruhana, olhando com atenção para os olhos púrpura do seu tutor.

Em silêncio, Sakuya pensa que perder essa chance de conhecer e conversar com Haruki Senju é uma pena. Por outro lado, considera que talvez seja melhor assim. Com tantas pessoas próximas e com os acontecimentos ardendo de tão recentes, o ideal é que cada um aqui presente retorne para casa. Ela imagina que, cedo ou tarde, o destino se encaminhará de colocá-los próximos um do outro uma vez mais. Ainda assim, a filha de Sakurai Shihoin mal consegue conter a curiosidade. O que poderia ser tão importante a ponto de tornar Haruki a única pessoa para quem ela deve confiar a verdade sobre a Anti-Vida?

— Venham – pede Caius, dando meia volta e começando a caminhar em direção a uma carruagem. – Nosso veículo está pronto para partir.

Conforme caminham atrás do Jonin, os três Gennins observam com atenção as movimentações finais neste local. Todas as outras equipes, assim como os Apátridas convidados e Jonins Especiais, também estão se organizando para partir. De uma maneira ou de outra, o Vale da Lua de Prata ficará marcado nas memórias de muitos desses jovens como a primeira grande aventura do seu mundo ninja…

…/–/–/…

Algumas horas depois, em algum lugar desconhecido longe dali…

Um homem alto, de pele negra, olhos castanhos e cabelos da mesma coloração, mas com um penteado incomum, está assentado sobre uma grande muralha do que parece ser um velho castelo. Seus olhos enigmáticos observam o entardecer com um prazer quase palpável. O homem traja uma túnica prateada, símbolo do Lineamento Universal Sublime que o mesmo criou anos atrás. Com as pernas cruzadas e uma taça aparentemente cara em sua mão direita, Azuma Senju saboreia seu vinho por meio de goles pausados e ritmados. Ele é incapaz de esconder o sorriso estampado em seu rosto.

— Quem diria que eu estaria equivocado ao interpretar a profecia de Ishizu Ishtar – articula o homem, como se conversasse com alguém, apesar de estar sozinho aqui. – O mais curioso é que, apesar do meu erro, algumas coisas muito interessantes aconteceram…

Tomando o último gole do seu vinho, o homem repousa a taça sobre a estrutura de pedra na qual está assentado. Usando o dedo indicador direito, coberto por uma luva branca, Azuma limpa os resquícios do líquido em um dos cantos de sua boca. Mesmo assim, seu sorriso não desaparece.

— O importante é que eu continuo alguns passos à frente de todos os outros que estão em busca do ser Nexus – o Nukenin da Aldeia da Folha retoma a palavra para si mesmo. – Eu tenho a plena certeza de que ninguém, exceto eu, será capaz de colocar as mãos na verdadeira portadora da energia Nexus. E quando isso acontecer… Será o fim da Aldeia da Folha.

…/–/–/…

Enquanto isso, na Aldeia da Areia, no País do Vento…

Não há sons. Ocasionalmente, me ocorrem essas visões das quais nada posso escutar, apenas enxergar. Uma jovem com a bandana da Aldeia da Nuvem na testa corre em uma floresta para tentar alcançar alguém. Não sou capaz de ver com precisão quem ela está tentando ajudar, mas parece ser alguém ferido. O local me parece ser a Floresta da Morte da Aldeia da Folha, ocasionalmente utilizada para uma das fases do Exame Chuunin. Sendo assim, a garota de pele negra, olhos escuros e cabelos ajustados em tranças loiras é uma Gennin.

O meu dom é recorrentemente imprevisível. Muitas vezes, vislumbro coisas sobre pessoas que não conheço ou que nunca conhecerei de fato. É impossível controlar esse talento, embora se mostre extremamente útil na grande maioria das situações. No passado, qualquer aldeia ninja daria tudo para ter entre suas forças alguém com a habilidade sensorial raríssima que possuo. Utilizariam como arma de guerra para massacrar os seus adversários. Apesar disso, isso que eu carrego é simultaneamente um dom e uma maldição.

Isso porque, a exemplo do que estou vendo agora, posso sentir a dor da jovem que tenta alcançar a pessoa ferida. Seu coração pulsa desesperadamente, uma vez que ela não tem certeza se quem busca alcançar está vivo ou morto. Viva ou morta. Parece ser alguém que ela valoriza muito, o suficiente para sentir seu coração se rasgando apenas com a possibilidade de nunca mais ouvir a respiração do indivíduo desconhecido. A dor da garota é futura, mas a minha está viva neste exato momento. Cada grito emudecido dessa jovem vida é uma pontada profunda em meu peito. Eu sinto o que ela sentirá, vivo o que ela viverá e me desespero com o desespero do seu amanhã.

A visão vai ficando cada vez mais fraca, se dissipando enquanto me pergunto se a jovem poderá evitar a tragédia. Seria ela importante o suficiente para que esta visão seja repassada para a Aliança Shinobi? Há algo a mais nisto do que meus mortais olhos são capazes de detectar? Não sei… Não consigo entender ao certo, mas me parece que o que vejo é meramente sobre a dor de uma vida que ama outra vida. Como ninja médica, eu me comovo com suas lágrimas e me compadeço diante de todo o seu sofrimento. Eu rogo aos deuses para que o desfecho do que ainda virá seja diferente do que minha racionalidade está calculando. Boa sorte, pequena Gennin. Que a luz esteja com você…

Quanto ao meu nome? Eu sou Ishizu Ishtar, da Aldeia da Areia. Porém, sou mais conhecida como… Ishizu, a Profetisa…

Arco 1 - Vale da Lua de Prata… Encerrado!