Vínculos das almas escrita por Yukiko Tsukishiro


Capítulo 23
A fuga dos pássaros Biyi


Notas iniciais do capítulo

Uma tribo continua...

Um demônio decidiu...

Próximo da fronteira do Norte, uma jovem...



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A tribo de pássaros Biyi foi forçado a abandonar o Vale Fan Yin por causa da caçada promovida pelos mestres de demônios oriundos da Montanha demoníaca.

A tribo era composta de alguns clãs e todos eles concordaram com a liderança da terceira princesa, Xiangli Aranya, da tribo de pássaros brancos por causa das suas façanhas no campo de batalha e perícia letal no manuseio de várias armas assim como em feitiços, além de estratégia ao defender todos os demônios pássaros dos ataques brutais dos mestres de demônios junto do fato dela ser companheira de Shen Ye que era considerado o demônio pássaro mais poderoso da tribo e sucessor do falecido Xi Ze que ao contrair um ferimento fatal, se sacrificou levando o máximo de inimigos consigo no último ataque que sofreram dos seus caçadores.

A princesa Xiangli Aranya assumiu a liderança porque o rei, Xiangli Que, assim como as suas duas irmãs, uma mais velha e uma mais nova, respectivamente Xiangli Junuo e Xiangli Changdi, foram capturados há alguns meses atrás em um dos ataques da caçada de mestres de demônios da Montanha demoníaca contra eles enquanto que o último ataque havia sido há alguns dias, atrás, fazendo-a questionar como eles conseguiram acha-los tão facilmente.

Nesses ataques havia aqueles que se sacrificavam em uma técnica suicida para impedir a perseguição por algum tempo enquanto que os demais membros da tribo fugiam. Era a única forma de deter o avanço dos seus caçadores.

Pelo menos, por algum tempo, permitindo assim que eles se afastassem o quanto antes.

Ao lado dela estava o seu amado Shen Ye, membro do clã dos pássaros noturnos, que ocupava atualmente o cargo de arquimago e general. O título de arquimago era dado ao demônio pássaro mais poderoso do reino, indicando assim o seu status perante os demais. Ele e a princesa se amavam, chegando ao ponto de marcarem um ao outro como companheiros enquanto que tinham esperança de algum dia encontrar um local seguro para o seu povo e assim, poderem fazer a cerimônia de casamento tradicional da sua espécie.

Junto do casal estava o primeiro príncipe, Xiangli He, que em tese deveria ser aquele que lideraria, mas, ele mesmo sabia das suas limitações porque apesar de ser bondoso era fraco. A sua irmã mais nova era a mais apta naquela situação em decorrência de todo o sofrimento que passou e que a moldou no que ela era atualmente. O descaso, a humilhação e os maus tratos, inclusive na temível gaiola de que era uma tortura para quem era aprisionado a fez ainda mais forte.

O mais velho se lastimava por não ter podido ajuda-la mais em decorrência de sua impotência no passado e pelo fato do seu tio Xiangli Que, que se tornou o seu padrasto e consequentemente o novo rei ao se casar com a sua mãe após a morte do seu pai biológico, ter feito de tudo para que ele ficasse longe do palácio.

O príncipe ainda se lembrava do caos que havia sido a morte do pai dele e que demorou vários meses até a tribo se acalmar, com ele sabendo que foi graças à atuação incessante do irmão mais novo da sua mãe biológica Qing Hua.

Ele ainda se lembrava da sua genitora que sempre o desprezou porque nunca amou o seu primeiro marido e que transferiu esse ódio para o filho mais velho porque ele o lembrava. Xiangli He foi tratado com descaso e criado por uma babá para depois, ser mandado para guarnecer a fronteira mais distante do outrora reino deles quando ficou mais velho.

Portanto, quando a sua mãe foi expulsa após ter falhado em envenenar o rei que sobreviveu e revelou o mandante do seu assassinato, o príncipe não sentiu nada porque a mulher era uma estranha para ele enquanto que havia sentindo uma grande satisfação ao saber da depressão do monarca porque Xiangli Que amou verdadeiramente a mãe dele.

Inclusive, ela foi o catalisador principal para ele se revoltar e matar o irmão, que era o rei, apenas para se casar com quem amava, adquirindo a coroa como consequência secundária na visão do seu tio.

Afinal, o interesse primordial sempre foi se casar com a sua amada Qing Hua e não a coroa.

O príncipe mais velho sai dos seus pensamentos com a voz da sua irmã que os levava a um novo destino ao buscar os locais mais isolados porque temia que ainda houvesse mestres de demônios no encalço da tribo.

Afinal, ela queria salvar o seu povo após o rei e as outras duas irmãs deles terem sido capturadas por mestres de demônios.

— Está tudo bem, meu irmão?

— Sim.

— Você estava distraído.

— Eu estava perdido em reminiscências.

— Procure ficar mais atento, príncipe. Os bastardos podem surgir a qualquer instante e precisamos ser ágeis na fuga. - Shen Ye fala enquanto reduzia levemente a sua corrida para se aproximar do príncipe que seguia logo atrás.

O jovem olha para o semblante sério do seu primo e consente, sabendo o quanto foi irresponsável enquanto ficava grato por terem membros do clã de pássaros noturnos dentre os clãs remanescentes, com Shen Ye sendo considerado o mais poderoso não somente do seu clã e sim, de toda a tribo, com a sua irmã ocupando o segundo lugar em termos de poder enquanto que ele sabia que era um dos mais fracos e que somente tinha aquele nível de poder acima do seu povo por causa da sua linhagem.

— Ele está certo. Todo o cuidado é pouco, irmão.

— Sim.

Nisso, Aranya olha para um ponto logo atrás dele e avista o seu tio que também era o oficial de Justiça quando tinham um reino no Vale Fan Yin.

Por um breve momento, ele olha para ela exibindo um olhar de raiva que depois se tornou neutro ao perceber o olhar em sua direção.

Porém, foi tempo suficiente para a princesa identificar o semblante ao mesmo tempo que essa reação não escapou do olhar atento de Shen Ye, para depois, o casal voltar a olhar para frente, com o membro do clã de pássaros noturnos falando a sua amada ao voltar a se aproximar dela após se certificar que o príncipe voltou a correr:

— Eu achei estranho o fato dos mestres de demônios nos acharem tão facilmente anteriormente. Também achei estranho o rei e aquelas duas terem corrido para a pior direção possível, acabando por caírem na armadilha daqueles desgraçados da Montanha demoníaca.

— Eu também acho. Quanto ao meu tio, ele adorava a minha mãe que praticamente o criou por ser a mais velha após a morte dos pais deles. Eu imagino como ele deve ter se sentido ao ter que receber a ordem real de expulsá-la. Se fosse outra, teria sido morta. O rei não conseguiu condenar a morte aquela que amou tão profundamente.

— Eu mandei alguns soldados o observarem discretamente e ordenei que revelassem a você também qualquer comportamento suspeito.

— Obrigado.

Algum tempo depois, o casal avista algo ao longe e após se aproximarem, identificam como sendo cavernas em uma parede rochosa com face para o oceano.

— Eu acho que aqueles rochedos no alto e o fato do mar estar logo embaixo irão fornecer um bom abrigo temporário. Nós devemos fazer uma pausa. - Ela falava enquanto olhava para o seu povo logo atrás e que exibia cansaço, principalmente os filhotes apesar dos menores serem carregados pelos seus pais e pelos amigos deles que não tinham crias.

Inclusive, desde que foram expulsos do seu lar de origem e foram obrigados a fugirem continuamente, foi decidido que ninguém mais teria novos filhotes enquanto não houvesse um local seguro para ficarem.

Afinal, era fácil para eles controlarem a natalidade porque havia períodos férteis identificados pelo olfato apurado deles ao mesmo tempo em que somente os respectivos companheiros eram afetados após marcarem um ao outro.

Além disso, mesmo havendo esse estímulo, os demônios pássaros não eram como os animais que não conseguiam resistir aos instintos.

Portanto, eles conseguiram lidar tranquilamente.

Quando Aranya comunicou a decisão de não terem filhotes, explicando que em uma fuga seria complicado, houve a aceitação de todos porque ainda não haviam encontrado um local seguro para criarem um novo reino e havia mestres de demônios atrás deles. Ter uma criança nessas condições era uma loucura.

Ao longe, o tio dos príncipes torce os punhos enquanto olhava para os últimos que faltava se vingar porque mesmo que tenha sido ordem do rei a expulsão da sua querida irmã mais velha, não mudava o fato de que dentre a dor e revolta pungente, ainda mais ao descobrir que ela foi capturada por mestres de demônios após ter sido expulsa, ele decidiu vinga-la em todos que tinham o sangue da família real em seu corpo ao mesmo tempo em que sabia que precisava ser precavido por causa de Shen Ye que era considerado o mais habilidoso e poderoso da espécie.

Afinal, ele iria proteger ferozmente a sua companheira de qualquer ameaça enquanto que o nível da terceira princesa era elevado, tornando-a um alvo difícil, também.

Quanto a Xiangli He, ele sabia que podia deixar por último porque seria absolutamente fácil se livrar dele. Os seus alvos mais difíceis eram Aranya e principalmente, o companheiro dela.

Sem que ninguém percebesse, nem mesmo os soldados, o demônio pássaro deixa outro rastro para os mestres de demônios acharem a tribo ao aproveitar a poeira que foi levantada brevemente quando alguns caíram no chão esgotados em decorrência do tempo que estavam correndo em suas formas humanas em vez de estarem nas suas formas verdadeiras.

Ele sabia que era perigoso, mas, o seu coração tomado pela dor, fúria e amargura não o permitia perceber a loucura que estava cometendo novamente, fazendo com que não se importasse com os inocentes que pagariam o preço da sua traição. O que importava era apenas a vingança.

Alguns minutos depois, a princesa usa magia e amplia a sua voz ao impregnar com poder demoníaco para alcançar todos os membros da sua tribo.

— Vamos parar naquelas falésias que margeiam o oceano. Isso nos dará uma vantagem caso precisemos fugir ao mesmo tempo em que permitirá um tempo de reação melhor a uma possível emboscada. Além disso, podemos caçar peixes para comermos.

Eles concordam e muitos ficam aliviados por poderem descansar ao mesmo tempo em que podiam comer algo enquanto se preparavam para a organização da caçada e quem iria primeiro porque queriam evitar que os mestres de demônios os achassem facilmente.

Há dezenas de quilômetros dali próximo da fronteira com o Norte, uma jovem caminhava com uma mochila de acampamento junto de outra bolsa recheada de ervas medicinais.

A garota era uma aprendiza de médico que vinha de uma longa linhagem de médicos reais.

Ela também tinha pulso oculto e graças ao fato do seu avô ter salvado a vida da rainha, o rei ofereceu uma recompensa e que podia ser pedida quando o avô da jovem desejasse.

Quando foi descoberto que a sua amada neta tinha pulso oculto, ele pediu encarecidamente que a sua recompensa fosse manter a sua neta consigo ao permitir que ficasse com a família em vez de ser enviada para a seita do grão-mestre de demônios ou a uma das regiões de mestres de demônios.

Como o rei concordou com o pedido, a jovem cresceu com a sua família ao mesmo tempo em que recebeu aulas particulares de um mestre de demônio para lidar com o seu pulso oculto enquanto estudava conhecimentos médicos ao ponto de começar a despontar como uma das melhores médicas do reino apesar de ainda ser jovem, além de ter sido a mais nova na história a dominar com perfeição a milenar acupuntura.

Naquele momento, ela se agacha e colhe com cuidado uma planta de folhas alaranjadas junto das suas raízes dentre a neve fofa, colocando em seguida em uma espécie de vaso para viagem.

Então, a garota guarda cuidadosamente dentro da grande bolsa que trazia pendurada em suas costas, para depois, voltar a caminhar ao mesmo tempo em que olhava discretamente para um belo colar que o seu avô lhe deu quando ela partiu na famosa jornada da sua família para buscar novas ervas e também para ajudar as pessoas doentes enquanto buscava adquirir conhecimentos práticos. Era uma jornada que demoraria alguns anos, com a jovem conseguindo manter contato assim como a sua última localização através de um selo de mensagem embora fosse somente de uma via porque o seu avô não tinha poder espiritual para mandar de volta ou para enviar alguma mensagem para ela.

Xiao Lanhua foi criada pelo seu amado avô porque os seus pais morreram enquanto salvavam vidas durante a ocorrência de um terrível acidente.

Além de cria-la, ele também lhe contou várias histórias do seu passado, inclusive quando era jovem e fez a sua jornada, assim como todos os membros da sua família faziam uma vez na vida em busca de novos conhecimentos e renovação de aprendizados, visando garantir o melhor tratamento e cura aos seus pacientes.

Afinal, não era recomendável ficarem confinados apenas nos ensinamentos da Academia médica imperial porque o ensinamento era limitado e várias vezes, os médicos errantes demonstravam um conhecimento prático superior daqueles que nunca viajaram e que ficavam somente restritos ao que aprendiam em livros.

Como ela tinha pulso oculto, a jovem buscou se especializar em ensinamentos médicos e de cura usando os seus poderes, inclusive, chegando ao ponto de unir o poder espiritual e habilidade com o conhecimento adquirido de acupuntura, com o rei garantindo o acesso aos livros e pergaminhos da seita do grão-mestre de demônios porque a família dela eram os médicos particulares da família real embora tivessem a liberdade de atuar em outros lugares desde que nenhum membro não estivesse cuidando do rei. Quando acontecia de tratar o monarca, este médico devia viver em reclusão até a cura do soberano porque ninguém podia saber do estado real de saúde do governante.

Enquanto se afastava do local após colher aquela planta que possuía propriedades espirituais e que somente nascia nas montanhas e no frio, a garota olha para o medalhão que continha uma pedra azul brilhante na ponta e quando perguntou que joia era aquela, o seu avô disse que era chamada de pedra vaga-lume.

Ela confessava que era um nome estranho, mas, que combinava porque o objeto parecia brilhar por si mesmo em uma luz cálida e confortante.

Inclusive, conforme o observava, se recordava da história por trás daquele colar e que era uma das muitas histórias que a fascinavam desde jovem.


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