Vínculos das almas escrita por Yukiko Tsukishiro


Capítulo 15
Mestre de qi


Notas iniciais do capítulo

O monge descobre...

Ele fica...



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Ao mesmo tempo em que não detectou nenhum controle demoníaco sobre eles, o monge descobriu como ambos sobreviveram.

Pai e filho tinham amuletos espirituais de proteção que bloqueavam qualquer tentativa de controle demoníaco ao mesmo tempo em que impedia de serem atingidos pelas toxinas demoníacas enquanto que Li Cang não compreendia como humanos comuns tiveram acesso a esses itens.

O monge sai dos seus pensamentos e se vira na direção da moradia enquanto ficava triste porque a hipótese anterior estava começando a ganhar força após a sua posterior se revelar como errônea, fazendo-o se lastimar que a sua primeira suposição fosse aparentemente a correta.

Suspirando, ele caminha até o local ao mesmo tempo em que sentia a presença do demônio cada vez mais forte, para depois, ficar surpreso ao sentir uma outra presença demoníaca, mas, que era muito mais fraca do que a outra e que somente foi possível senti-la quando se aproximou do local.

Afinal, o poder maior encobriu o poder menor a longa distância.

Ao entrar cuidadosamente na construção ao mesmo tempo em que mantinha o seu poder em alerta após conjurar um escudo de qi, ele avista em um canto da espaçosa sala uma espécie de gaiola que continha fudas e objetos com poder espiritual cuja função era selar demônios em locais específicos. Nesse caso, em uma gaiola e ao se aproximar, fica estarrecido ao ver que era uma criança, com ele detectando que era a fonte do fraco poder demoníaco que sentiu.

Ademais, conforme o observava era possível avistar uma pequena cauda de serpente e que as írises em seus olhos heterocromáticos eram estreitas enquanto que as roupas pareciam surradas.

Quando o menino percebeu a presença do monge, se encolheu contra o outro lado das barras ao mesmo tempo em que demonstrava o mais puro medo no olhar e ao olhar mais atentamente o pequeno, ficou enojado ao ver marcas de queimaduras e de cortes que apesar de estarem cicatrizando ainda eram visíveis, com ele notando que os contornos eram provenientes de fudas usados contra a pele pueril cujo corpinho tremia enquanto chorava em um pranto mudo, sem emitir qualquer som.

Li Cang sorri gentilmente e fala em uma voz gentil para não aumentar o medo do menino:

— Não se preocupe. Eu não vou te machucar. Qual o seu nome?

— Tong Lei - ele fala dentre soluços e com a voz pueril embargada, para depois, falar – Eu quero a minha mamãe.

— Onde está a sua mamãe?

A criança aponta em uma direção e o monge se levanta, seguindo a direção apontada pela criança, com ele subindo as escadas e ao chegar no segundo andar, avista uma porta no final do corredor e conforme se aproximava dela, ignorando as outras portas, sente o poder demoníaco ficando mais forte e ao ficar em frente, ouve o som alarmante de correntes.

Ao perceber que não conseguia abrir ao mesmo tempo em que confirmava que o seu escudo ainda estava ativo, ele usa os seus poderes para destruir a maçaneta da porta e ao abri-la, fica estarrecido com o quarto que continha fudas e selos, para em seguida, ficar chocado com o que avistou encolhido em um canto.

Havia um demônia seminua e acorrentada por correntes negras pelo tornozelo que suprimiam a maior parte dos seus poderes enquanto era visível o fato de estar suja de uma substância branca e que ao vê-lo, se encolhe ainda mais enquanto murmura em súplica:

— Faça o quiser comigo, mas, por favor, poupe o meu filhote. Eu farei qualquer coisa que o senhor mandar. Por favor, não machuque o meu bebê. – Ela implora com a voz embargada, passando a se prostrar ao monge que observa a casa desarrumada, fazendo com que ele tivesse uma boa ideia do que ocorria, com tal pensamento o enojando.

Cang se aproxima e ajuda a mulher a se levantar, com a demônia sentindo o poder espiritual dele que a faz se encolher ao mesmo tempo em que olhava com confusão para o homem que sente o tremor nela, sabendo que as correntes negras suprimiam grande parte do seu poder.

— Eu sou um monge e confesso que esperava outra situação. Foi a dor e o sofrimento que a fez liberar seu poder demoníaco, certo?

— Sim. Eles me puniram por isso, mas, não consigo controlar.

— Também é uma forma de comunicação, certo? Eu consigo sentir um certo padrão na emanação como uma mensagem falada repetidamente. Mesmo o veneno se concentrando na água, você não estava mirando o rio porque estava propagando a pouca emanação de poder que conseguia liberar como um pedido de ajuda.

A demônia fica estarrecida e com medo até que o monge usa o seu qi para quebrar a corrente ao mesmo tempo em que a destrói por completo, impedindo o seu uso novamente sobre a face atônita dela enquanto falava:

— Eu vou salvar você e o seu filho. O que eles fizeram com vocês é abominável, para não dizer, desprezível. Ademais, você não é um demônio malvado porque mesmo impregnando a água por acidente, você estava dosando a emanação para não ser tão forte. Se você não controlasse a quantidade acabaria matando todos ao longo do rio. No máximo, causou um mal-estar, mas, nada que ameaçasse de imediato a vida das pessoas e quanto aos animais, eles estavam mais próximos da fonte de emanação ao contrário da vila, além de serem mais vulneráveis do que os aldeões. O problema de controlar a emanação é que o seu pedido de ajuda está demorando mais do que devia, certo?

Ela consente, percebendo que não adiantava ocultar nada, além do fato dele demonstrar nitidamente a sua raiva pelo que fizeram com ela e a sua cria ao mesmo tempo em que o seu desejo de ajudar era sincero, com a mulher sabendo que os monges, ao contrário dos mestres de demônios que capturavam e matavam os demônios indiscriminadamente assim que os avistavam, buscavam uma solução pacifica e só usavam o seu poder purificador em último caso e somente em demônios notoriamente perversos.

— Vamos. Eu vou libertar o seu filhote. Vocês devem fugir porque eles estavam falando em chamar mestres de demônios e como você sabe, eles vão matar você e a sua cria, isso se tiverem sorte porque eles podem captura-los para domarem ambos. – Ele fala o final com nojo porque ele leu os relatos de como eles domavam.

Chamar o processo de cruel e desprezível era eufemismo. Os métodos superavam a perversidade com o agravante de os usarem indiscriminadamente ou de matarem independente do demônio ser bom ou malvado. Não havia qualquer julgamento ou discernimento ao tratar todos como iguais e passíveis de torturas atrozes e igualmente perversas.

Ela consente, ainda exibindo medo em seu olhar, para depois, controlar o tremor que a acometia ao mesmo tempo em que usava os seus poderes para se limpar e retornar a sua roupa original.

Ao chegarem na pequena jaula, a criança exibe um sorriso fraco ao ver a progenitora, para depois, ficar com medo ao ver o mesmo homem de antes apesar dele exibir um sorriso amável.

Prontamente, Cang destrói todos os selos e fudas, para em seguida, abrir a porta da gaiola.

Então, a mãe chama a criança que corre até os seus braços, com ela o abraçando e enchendo-o de beijos para confortar o pequeno que chorava de felicidade enquanto agarrava fortemente a sua progenitora com as suas mãozinhas por medo de ser afastado dela novamente e após confortar o seu filho, a mulher ergue o rosto e exibe um semblante agradecido, falando em seguida:

— Muito obrigada. Muito obrigada. Muito obrigada.

— Eu fico feliz em ajuda-la. Você e seu filho foram vítimas de homens perversos e cruéis. Eles também foram responsáveis pela morte das pessoas que se aproximaram desse local, certo?

— Sim.

— Eu imagino que eles capturaram o seu filho e depois, o usaram para subjuga-la.

— Sim. O meu filho se afastou inadvertidamente do meu lado e acabou encontrando esses dois homens cruéis e ao verem que eu me aproximava, o trancaram nessa gaiola e usaram alguns fudas e selos, além de um pouco de corrente negra que tinham guardado e que conseguiram com um mestre de demônio que esteve no local alguns anos, antes, pelo que falaram.

— Então foi assim que eles conseguiram esses itens...

De repente, a casa treme e a mulher fareja o ar, falando em um misto de alívio e de felicidade:

— O meu companheiro nos encontrou.

O monge sente o poder demoníaco e a ira que era emanada através dele. Era visível o fato de que o companheiro dela estava furioso e com razão se a mensagem dela o alertou para o que estava acontecendo.

Afinal, além de ser movido pela proteção e desejo de cuidar da sua companheira e prole, os demônios, tanto machos quanto fêmeas podiam ser possessivos com os seus conjugues pelo que ele estudou. Com certeza, o fato da companheira dela ter sido abusada e estuprada deve ter provocado uma fúria sem precedentes junto dos maus tratos a cria de ambos.

De fato, ao sair, percebe que havia dois contornos no estômago da serpente imensa, com ele acreditando que eram pai e filho que foram devorados pela grande serpente esguia que devia medir, pelo menos, trinta e cinco metros de altura enquanto exibia presas proeminentes e uma fúria sem precedentes em seus olhos vermelho-sangue enquanto o monge ficava surpreso pelo demônio ter conseguido devorar ambos apesar dos selos protetores, demonstrando assim que possuía um grande poder demoníaco que suprimiu eficazmente os itens, permitindo-o que os devorasse.

Então, quando o demônio enfurecido se preparou para avançar contra o monge que reforçou o seu escudo apenas para refletir o ataque de volta ao mesmo tempo em que não desejava mata-lo, a demônia ao seu lado se transforma em sua forma verdadeira que era metade do tamanho dele e fica protetoramente na frente do monge.

O seu ato faz o ataque do seu companheiro cessar enquanto era visível a confusão em seus olhos, com ela começando a silvar algo para ele no idioma deles.

O semblante foi da confusão à surpresa, para depois, a serpente consentir e olhar para o monge, exibindo agradecimento em seus olhos enquanto se curvava levemente.

Então, surge um brilho arroxeado e em seguida, o corpo da enorme serpente recua para o de uma forma humanoide perfeita.

Inclusive, se não tivesse visto a sua forma verdadeira ou não fosse capaz de sentir o seu poder demoníaco, o demônio a sua frente podia se passar facilmente por um humano porque não havia nenhum traço em seu corpo que denunciava a sua raça, assim como a companheira dela. Somente o filho de ambos exibia algumas características da sua forma verdadeira, com o monge acreditando que era em decorrência do fato de ser uma criança, ainda.

Ele se aproxima e abraça a sua companheira que havia retornado a forma humana, para depois, se ajoelhar para abraçar a sua cria, com o mestre de qi se aproximando enquanto falava:

— Eu fico feliz em reunir uma família, novamente.

O demônio se ergue e fala, se curvando levemente, para depois, falar:

— Muito obrigado. A minha amada me contou o que você fez. O senhor é um monge, certo?

— Sim.

— Vocês sempre demonstram o quanto são diferentes dos bastardos mestres de demônios. Eles são impiedosos, implacáveis e cruéis. Matam e escravizam os demônios independente da culpa ou inocência. Eles não são criteriosos como vocês.

— Buda está em tudo e tudo é Buda. Inclusive, não podemos matar indiscriminadamente um demônio e se formos obrigados, devemos fazer o mais rápido possível. Mesmo assim, a purificação deve ser usada como último recurso. O diálogo e um julgamento sereno da situação sempre são preferíveis.

— É uma pena que vocês são caçados como nós somos.

— Aprendemos a lidar com a caçada. Ademais, eu sou um mestre de qi. Eles não podem me prender, mesmo que desejem.

— Sempre achei que era um mito.

— Não é.

— Isso explica as estranhas flores que eu vi. Nunca vi tais flores nesse local, além delas não pertencerem as árvores.

— São flores criadas por mim a partir da aglomeração de algumas espécies para gerar e amplificar o poder sonífero delas.

— Entendo. Eu devorei ambos após destruir os selos que eles tinham pelo que eles fizeram com a minha amada e cria.

— Bem, isso já ocorreu e eles não eram inocentes. Aliais, eu quero deixar registrado que nenhum dos aldeões sabia o que ocorria aqui. Inclusive, os que vieram investigar foram mortos por eles. A vila é inocente. Não ataque os aldeões e se afaste o quanto antes com a sua família porque eu não sei se eles tiveram tempo de solicitar o envio de um mestre de demônio até esse local. Por precaução, é melhor vocês se afastarem o quanto antes.

Após avisá-los do perigo era visível no semblante do pai serpente um misto de raiva e de medo a menção dos mestres de demônios, com este medo sendo compartilhado por sua companheira que instintivamente o abraça mais forte, buscando inconscientemente conforto e proteção enquanto abraçava com o seu outro braço o filhote de ambos que não compartilhava do medo dos pais por desconhecer a crueldade e perversidade da maioria esmagadora dos mestres de demônios.

— Muito obrigado por avisar. Nós vamos embora o quanto antes.

— Eu expliquei para o meu companheiro que você nos ajudou e que a vila não sabia o que ocorria.

— Obrigado. É melhor vocês se afastarem o quanto antes.

Eles consentem e ainda na forma humana, o trio brilha levemente, se tornando esferas arroxeadas que partem velozmente dali como um flash, com o monge sentindo que eles já estavam bem longe e que se moviam com imensa rapidez.

Suspirando, ele usa os seus poderes e faz as flores mudarem de aparência, com ele as colhendo, para depois, fazer os galhos voltarem ao normal, se ajoelhando em seguida no solo e ao usar os seus poderes novamente, fazer surgir algumas folhas que lembravam o capim.

O monge as colhe e guarda em um pedaço de pano, para em seguida, a planta desaparecer do solo.

Após se certificar que tinha os ingredientes principais, Cang fica de pé e se concentra, usando os seus poderes no rio, no solo e no ar ao propagar uma purificação massiva em toda a área afetada, purificando assim as toxinas e após terminar de anular o veneno, o mestre de qi se afasta do local em direção a vila enquanto seguia o curso do rio que agora estava cristalino e límpido.

Ao voltar para a vila, os aldeões se aproximam dele e começa uma cacofonia de perguntas até que o monge ergue as mãos e todos se silenciam automaticamente.

— Era um demônio venenoso. Eu analisei o veneno e tenho como produzir a cura. Eu vou precisar de alguns itens para o preparo. Eu também purifiquei o local e agora, vocês não vão mais sofrer com as toxinas – Ele preferiu omitir o que ocorreu porque monges não mentem e não queria que a vila mandasse mestres de demônios atrás deles como vingança, caso conseguissem dinheiro para pagar um deles ou mais de um.

— Como conseguiu matá-lo?

— Você é um mestre de demônios?

— Quem é você?

— Como um humano conseguiu isso?

— O que é você?

— O demônio foi mesmo eliminado?

— O rio é seguro?

— Como conseguiu voltar?

— É impossível um humano comum conseguir matar um demônio. Como conseguiu essa proeza?

— Como era o demônio?

Ele levanta a mão e as perguntas cessam novamente, com o monge respondendo pacientemente porque sabia que enfrentaria várias perguntas assim que chegasse na vila:

— Eu disse que tenho poderes espirituais. – Ele não estava mentindo porque estava se referindo a purificação do local enquanto deixava os aldeões acreditarem no que eles mesmos falavam - O importante é que agora vocês estão seguros, além do fato de que irei preparar o tratamento para tratar os que foram afetados. Eu agradeceria se me ajudassem com alguns objetos e ingredientes que eu preciso. Por sorte, eu tenho ervas e flores capazes de anularem as toxinas.

A cacofonia ameaça reinar novamente até que Cang a interrompe ao perguntar:

— Vocês desejam que eu salve as pessoas afetadas pela toxina?

— Sim.

— Eu já respondi as perguntas e preciso falar que é necessário administrar o quanto antes o remédio.

Eles consentem e o monge fala o que é necessário, com os aldeões se prontificando a preparar o local e após terminarem, o mestre de qi se aproxima de uma mesa de madeira e corta as flores e folhas que trazia consigo, para depois, mergulhá-los em uma panela grande de água que era mantida no ar por um apoio enquanto o fogo se encontrava queimando as madeiras embaixo da panela redonda imensa.

Ele também pega o conteúdo de uma pequena garrafa e vira, para depois, guardar dentro das suas vestes enquanto começava a mexer o conteúdo e após estar pronto, separa em porções que são entregues aos que sofriam os efeitos da toxina, com eles sendo curados depois de sorverem o conteúdo dos potes.

A recuperação rápida deixa todos eles atônitos e quando retornam até o local onde o monge se encontrava, ele já havia se retirado.

Cang fez isso porque leu sobre relatos de aldeões querendo manter obrigatoriamente o monge que os curou na vila, fazendo com que o mestre de qi fosse obrigado a usar os seus poderes.

Portanto, por precaução, decidiu se retirar do local.

Após se afastar consideravelmente da vila, ele concentra os seus poderes após pegar uma semente, fazendo-a brilhar até que surge uma águia-de-asa-redonda dourada e majestosa, além de efêmera que pousa elegantemente em seu braço enquanto aguardava as ordens do seu criador.


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