Vínculos das almas escrita por Yukiko Tsukishiro


Capítulo 10
Surpresa inesperada


Notas iniciais do capítulo

A-Ji fica...

Chang Yi se encontra...



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Chang Yi toma cuidado para não atingi-la com a sua cauda ao começar a se virar enquanto ela usava magia para sair de cima dele ao mesmo tempo em que a jovem fazia selos rápidos com as mãos, criando uma grande matriz mágica com três camadas que se projeta entre eles e o inimigo, com os tentáculos se chocando contra a barreira que quebra com o impacto, fazendo com que os membros fossem ricochetados de volta para o seu dono.

Então, o jiaoren termina de se virar para encarar o recém-chegado e estende uma das suas nadadeiras para aparar A-ji que foi atirada para trás quando a sua matriz foi estilhaçada pelo impacto enquanto que a humana sentiu que ele usou uma nova magia nela assim que as suas costas tocaram na nadadeira dele.

— Você está bem? – A voz do príncipe se encontra imersa em preocupação.

— Sim. Como mestra de demônios, nós possuímos força, resistência e velocidade acima dos humanos comuns. Eu fico feliz que a barreira de três camadas tenha aguentado o primeiro impacto. Eu senti que você usou outra magia em mim.

— É uma magia temporária para entender a linguagem do meu povo porque ela não vai falar em seu idioma ao contrário de mim.

— Obrigada, peixe de cauda grande.

— Disponha. Obrigado pela barreira tripla anterior. Agora, se afaste.

A princesa consente e se afasta, passando a olhar com temor para o monstro marinho recém-chegado enquanto se preocupava com Chang Yi porque o inimigo era uma lula. Em termos de tamanho era menor do que ele, mas, havia o aspecto da quantidade de tentáculos e a capacidade de gerar um liquido negro para dificultar o ataque do inimigo segundo o que leu sobre as lulas.

A jovem nota que alguns tentáculos avançam contra ela apenas para serem rebatidos pela cauda potente do tritão que gera uma forte correnteza, arrastando a lula para longe, com a mesma voltando em seguida, chicoteando os seus tentáculos de modo frenético ao demonstrar a sua fúria.

— O que pensa que está fazendo? – Ele pergunta com a voz barítono autoritária que soava como um trovão rasgando os céus.

— Estou tentando matar essa humana. O que mais seria, Taizi (príncipe herdeiro)? – A voz que soava era barrenta e notoriamente feminina, evidenciando o fato de ser uma sereia, além de falar na linguagem do povo dele conforme o que o príncipe previu.

— O que alguém da tribo das lulas faz nesse local? Está longe de onde vocês costumam ficar.

— Eu estava de passagem quando vi essa humana. Como ousa trazer uma criatura tão ordinária ao nosso ambiente? Eles são criaturas vis e indignas, além de traiçoeiras por serem mentirosos natos.

— Você devia cuidar dos seus próprios assuntos. Quem eu trago é problema meu e eu vou arcar com qualquer responsabilidade sobre os meus atos. Quem você pensa que é? – Ele pergunta dentre rosnados guturais e igualmente ameaçadores com a ponta da sua cauda se mexendo em sinal de raiva e aborrecimento, para depois, os seus olhos azul-gelo demonstrarem uma frieza congelante em direção a recém-chegada.

— De fato, não tenho nenhuma autoridade e sou apenas uma plebeia, Taizi. Mas, estamos no oceano. É o nosso domínio e não dos humanos. Se essa raça entra no nosso território, eles estão assumindo os riscos de virarem presas. Confesso que também sinto vontade de provar novamente a carne de humanos. Sabia que é mais tenra que a dos mariscos?

A-Ji sente um calafrio de medo com as palavras da sereia enquanto suava frio. O pensamento de virar uma refeição era aterrorizante.

— Saia e não sairá ferida. Fique e vai enfrentar as consequências.

Ela ri levemente, com a água se agitando um pouco, para depois, falar de forma arrogante:

— Você pode ser o Taizi. Mas, tenho o direito de atacá-lo se for uma disputa por comida, território ou se fizer algo que pode vir a ser uma ameaça ao oceano, desde que seja fora do palácio real. Afinal, ainda não é o Zhushang (Lorde ou senhor assim como governante supremo ou imperador em chinês clássico).

— Você recebeu o seu aviso. Não reclame depois. - Ele fala com fúria em sua voz.

A princesa assistia a cena em um misto de fascínio e terror enquanto pensava no fato de que iria assistir uma batalha de monstros gigantes porque só havia lido sobre isso em relatos de alguns marinheiros na biblioteca real. A jovem nunca imaginou, nem em seus sonhos mais surreais, que veria pessoalmente dois demônios imensos brigando entre si no melhor estilo de batalha entre monstros gigantes.

Ela decide se afastar um pouco mais para não ser atingida por acidente durante o embate entre os demônios e por precaução, conjura escudos triplos. Se fosse atingida, talvez conseguisse sobreviver apesar de saber que na água, os demônios subaquáticos ficavam mais poderosos e os jiaorens se destacavam dentre as espécies subaquáticas por causa do seu poder em virtude do fato de nascerem do espírito do oceano segundo o que leu em alguns pergaminhos, tornando-os assim os mais poderosos dentro dessa classe de demônios por representarem o poder do mar.

Pelo canto dos olhos, o príncipe nota que a humana usa escudos triplos após conjurá-los, fazendo-o ficar aliviado, com ele decidindo aumentar a proteção por causa do poder da sua espécie dentro do oceano.

A-Ji vê um escudo azulado surgir na frente dela e depois, ficar transparente, com este sendo de origem demoníaca.

A jovem olha para Chang Yi que consente, fazendo a princesa sorrir com gratidão enquanto exibia um olhar agradecido.

Então, a lula demônio lança os seus tentáculos contra o príncipe herdeiro, com a mestra de demônios vendo ele desviar habilmente do ataque apesar do corpo imenso enquanto dava outra caudada, gerando ondas violentas que atacam a sereia que enrola seus tentáculos em torno de si mesma para tentar se defender precariamente porque era visível o fato de estar sendo arrastada levemente mesmo usando dois tentáculos para se prender em um rochedo gigante na espécie de vale de rochedos naquela área. Também era visível os cortes e escoriações pelas ondas cortantes.

O tritão bate novamente a sua cauda de forma implacável, acabando por fazer a lula se soltar.

Mas, para a surpresa da jovem, os tentáculos fortes arrancam pedaços de rochedos para atirar consecutivamente contra o tubarão que é obrigado a quebrar todos com a sua cauda potente, com a princesa concordando que a cauda dele era poderosa.

Porém, atirar rochas era apenas uma estratégia porque a inimiga usa os outros tentáculos para dar impulso e usando as suas membranas laterais para nadar, ela avança contra o tubarão, jorrando um jato de tinta preto que o envolve enquanto os seus tentáculos o envolviam, mantendo o tubarão preso ao mesmo tempo em que se virava para expor a sua boca mortífera, forte o suficiente para triturar ossos de outros demônios, conforme avançava para mordê-lo.

— Peixe de cauda grande! – A-ji exclama desesperada.

Então, ela concentra os seus poderes e faz surgir símbolos dourados em uma matriz na mesma cor que rodeia a lula que observa a jovem fazendo movimentos frenéticos de selos com as mãos enquanto concentrava o seu poder espiritual.

Porém, antes que a jovem lançasse o seu ataque, o tritão morde um dos tentáculos da inimiga, arrancando um grito de dor da sereia enquanto que a cauda dele se remexe furiosamente, com ele usando as bordas para cortar parte da pele da sua adversária, para em seguida, virar violentamente as suas mandíbulas possantes para o lado, arrancando um dos tentáculos ao rasgá-lo no meio para desespero da sereia.

O ato de rasgar a carne deixa A-Ji estupefata enquanto questionava a si mesmo quando eles iam usar as suas respectivas magias demoníacas porque estavam usando no nível mínimo como era no caso de Chang Yi que a usava em seus movimentos de cauda.

Aproveitando o afastamento da lula cuja boca estivera momentos antes perto do pescoço dele, ele vira as suas mandíbulas possantes para a sua inimiga e morde violentamente mais um tentáculo, provocando outro grito de agonia da demônia, para despois, rasga-lo brutalmente.

Em seu desespero, a sereia faz surgir uma onda feita de terra contra o tubarão cujos olhos brilham levemente, fazendo surgir lanças afiadas de gelo em volta dele, com ele as unindo em uma espada imensa que gira na água e corta a onda de terra no meio enquanto que o gelo da espada se expandia violentamente, jogando o volume de terra para os lados ao mesmo tempo em que mostrava novamente a sua maestria em embates para uma lula desconcertada que sentia dores lacerantes pela perda de dois dos seus tentáculos.

Então, o príncipe herdeiro das tribos do oceano quebra a espada imensa em pequenas lanças de gelo que afligem o corpo da lula demônio, fazendo-a receber vários cortes massivos, com A-ji observando estupefata os ataques e o sangue que se concentrava no entorno, com a jovem percebendo que próximo dela tinha outra matriz azulada cuja cor se avermelhava gradativamente conforme absorvia o sangue no local de batalha.

Ela reconhecia a magia demoníaca como sendo de Chang Yi e acreditava que o uso dela era para evitar que o sangue se espalhasse para longe, acabando por atrair a atenção de outros jiaorens pelo odor forte do sangue derramado na água.

Ainda mordendo o tentáculo ao mesmo tempo em que provocava danos através dos seus dentes afiados, o tritão usa os seus músculos possantes para arremessar o inimigo para longe, em direção ao abismo escuro e em seguida, executa alguns movimentos vigorosos com a sua cauda para gerar novas ondas cortantes que atingem a parede de rochedos, fazendo com que despenque gigantescas pedras na direção que a sereia em sua forma verdadeira foi arremessada, ocasionando assim uma mudança drástica na aparência do entorno e que foi iniciada durante o combate de ambos.

A princesa nota que ele praticamente enterrou a lula sobre grandes pedaços de rochas e considerando os ferimentos da demônia, ela com certeza iria demorar para sair dali, caso sobrevivesse ao contra-ataque feroz, com o jiaoren demonstrando que de fato honrava a sua forma verdadeira de tubarão branco.

Afinal, além dos ferimentos, a sereia havia perdido um grande volume de sangue.

A-ji percebe que Chang Yi ignorou os pedaços de um dos tentáculos dela, demonstrando na prática que eles não comiam a sua própria espécie.

Então, ela desfaz as matrizes e o tritão na sua forma verdadeira se aproxima dela, com a jovem evitando olhar estoicamente os pedaços de carne presos entre os dentes afiados enquanto confessava que apesar do sangue, achou fascinante e igualmente empolgante a batalha entre monstros gigantes.

O jiaoren abaixa o focinho e a jovem sobe nele novamente, acarinhando-o enquanto falava:

— Você é incrível. Mas, não terá problemas com o que você fez? Você decepou dois tentáculos dela. Na verdade, não decepou e sim, os rasgou com os seus dentes afiados.

— Não. Em qualquer situação e mesmo em uma batalha, independentemente do inimigo, nós devemos arcar nós mesmos com as consequências. Essa é a regra. Ela errou ao comprar briga com quem não era indicado lutar. Afinal, era inferior em vários aspectos. Nem me aqueci direito. Sinceramente, devia ter encerrado antes. Mas, achei que ela iria se revelar, ao menos, um desafio. Foi decepcionante.

A-Ji decide guardar para si mesmo que achou a luta empolgante porque viu uma batalha de monstros gigantes.

Afinal, quantos humanos tinham a chance de presenciar uma batalha desse nível? Mesmo que ele falasse que a lula era inferior e não foi um bom desafio, na visão de um humano foi um espetáculo empolgante.

A princesa o afaga novamente até que nota o tritão olhando na direção que atirou a inimiga, com ela percebendo a tensão dele.

— Peixe de cauda grande? O quê...?


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