Love Like Winter escrita por KaguraWay


Capítulo 3
Ao pôr do sol


Notas iniciais do capítulo

Olá! Queridos Leitores (as).
Eu voltei com capítulo novo! Sentiram Saudades?
Tudo bem com vocês?

Essa atualização não demorou muito... Aleluia...

Espero que gostem...
Esse capítulo foi revisado. Boa leitura.



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POV REITA

"Read the lines in the mirror through

The lipstick trace (Por siempre)

She said, 'It seems you're somewhere, far away,'

to his face"

Mais uma vez, após adormecer, vejo-me perambulando perdido pela neve, ouvindo as vozes distantes dos meninos. No entanto, já não sou mais um garoto e sigo na direção que a melodia da voz misteriosa me guia.

A youkai está parada entre os arbustos secos, cercada por toda aquela neve, esperando por mim no mesmo local do sonho de ontem. Mesmo sabendo que pode ser apenas um sonho, preciso descobrir o motivo de seu interesse por mim. Um pouco confuso, pergunto: "Qual promessa fiz para me salvar naquele dia?"

Fixo meus olhos em seus lábios, pois seu rosto ainda está coberto pelo capuz.

Percebo uma alteração em sua voz, de uma tristeza profunda, quando ela responde: "Você disse que ficaríamos juntos para sempre, mas partiu para longe..."

E então, o vento frio ao nosso redor começa a ficar mais intenso, criando uma tempestade e formando um redemoinho de emoções negativas. Eu sei como isso termina: sendo jogado no lago e afogando-me. Não desejo que o sono termine em pesadelo, como os outros.

Não quero que o sono termine em pesadelo como os outros, então digo o motivo de estar ali. "Gomenasai, voltei para saber sobre a lenda da Dama da neve que busca sua alma gêmea". Ao ouvir isso, o vento começa a diminuir, cessando aos poucos.

"Até o pôr do sol, venha me encontrar neste lugar ou farei o inverno congelar tudo ao seu redor...", ela diz, se afastando e seguindo seu caminho em direção à floresta.

—.—.—.—.

Acordo sentindo o sol no meu rosto, sabendo agora que a youkai não é um delírio da minha mente, e à tarde vou finalmente vê-la, apesar de gostar do inverno não quero que dure mais do que deveria...

Aproveito que os outros estão dormindo, e caminho sorrateiro até o quarto da vovó, esperando ela já estar acordada.

Necessito urgente contar sobre a revelação do sonho dessa noite.

— Ohayoo... Ayumi-san.

— Hai, Reita-san.

— Gomenassai, acorda-lá, tive outro sonho.

— Ah! Me conte o que você lembra...

— Então eu perguntei que promessa fiz para me salvar naquele dia.

— Boa pergunta, teve resposta?

— Sim, que íamos ficar juntos para sempre, mais fui para longe.

— Eu imaginava que podia ser isso.

— Então uma tempestade de neve começou a ficar mais intensa e deu para sentir que ia virar outro pesadelo onde ou me afogo, ou sou congelado.

A preocupação toma conta de mim enquanto relato aquela experiência assustadora para minha avó.

— Por um instante aquela pessoa que procura sua alma gêmea falou com você.

— Acredito que sim, só que a aura negativa assumiu, rápido falei que voltei para saber sobre a lenda, e os ventos cessaram.

— Bem temperamental essa youkai, entrar no sonho e cobrar uma promessa de criança.

— E a última coisa que me disse foi para se encontrar com ela naquele local na floresta até o pôr do sol.

— E se você não achar esse local, o que acontece?

— Disse que vai fazer o inverno congelar todos à minha volta... e sumiu então acordei e sai do quarto sem assustar o Kai.

— É mais sério que imaginei, essa youkai tá ressentida que você não lembra da promessa que fez, então melhor ir com calma.

— Melhor eu ir sozinho, procurar o lugar à tarde, e não envolver os rapazes. Por serem adultos também é perigoso essa youkai se sentir ameaçada com a presença deles.

— Verdade as pessoas daqui da região já perseguiram essa lenda por causa das mortes dos homens na floresta. Todo cuidado é pouco.

—.—.—.—.

Mais tarde depois do almoço, quando Aoi e Ruki se distraíram com jogos no quarto. Kai foi chamado à cozinha para ajudar, pela vovó Ayumi na montagem de um prato para a noite.

Essa foi minha deixa para sair, juntei o casaco mais grosso com gorro, luvas, e meu celular para partir na missão de encontrar o local do sonho.

A paisagem hoje era inusitada, a neve cobria tudo à nossa volta, caminhando dava para perceber as marcas de sapatos afundando naquele gelo depositado no trajeto que levava a floresta.

É bem complicado encontrar um lugar específico onde toda vegetação é composta de troncos e galhos secos. Cheguei até a ponte sobre o lago agora congelado que leva para a entrada da floresta nevada.

Avistei a grande árvore do sonho ao final da ponte, sendo refletida pelo sol de inverno se preparando para se pôr e dar lugar para lua.

Acredito ser este o local, a temperatura está caindo rápido e os ventos de repente aumentaram, então escuto a melodia cada vez mais perto de mim.

Estou tremendo, só não sei se é de frio ou medo, analisando agora não foi uma boa ideia vir sozinho, nem dá para ver a cabana daqui e correr muito menos, a neve já está cobrindo a metade da minha bota.

Sinto um arrepio no corpo todo e a presença de um vulto me rodeando, parando na minha frente com uma certa distância.

Engulo seco e movimento lentamente as mãos esfregando-as para conter o pavor que estou no momento, a adrenalina faz meu coração disparar.

A lenda é verdadeira, uma pessoa com sobretudo e capuz está aqui, criando coragem estendo a mão para confirmar se é real ou uma manifestação espiritual.

Comprovo ser uma pessoa real, pois a mesma esticou a mão para também me tocar, sendo fria como no sonho.

— Você veio ao meu encontro — sorriu me olhando com carinho.

— Sim, foi um pedido bem objetivo. — respondi reflexivo.

— Você me fez uma promessa e eu o salvei. — falou com tom indignada.

— Eu era uma criança assustada na neve, não queria morrer. — tentei explicar.

— Senti uma conexão da essência da sua alma com a minha pedindo para salvá-lo. — disse confusa. — essa conexão profunda que me faz acreditar que, apesar do tempo e das circunstâncias, nossa história ainda pode ser resgatada e vivida novamente. A esperança de reencontrá-lo, de reviver os laços do passado, é o que me mantém aqui, à espera do momento em que nossos caminhos se cruzariam novamente.

— O que sou para você? — explanei minhas dúvidas.

— Um belo jovem que me lembra alguém que eu amava e perdi no passado. — era o que a minha avó suspeitava. — Você é a reencarnação do meu general samurai do passado é a crença que me traz conforto e esperança, como se estivesse diante de uma segunda chance para reviver o amor e a lealdade que um dia existiu entre nós.

— Por acaso você conheceu seu general na época feudal do Japão imperial? — questionei ela.

— Sim, ele foi convocado para comandar o exército do Imperador Ōgimachi, numa campanha de incluir novas terras na Província de Sagami. Nós tínhamos nos casado a poucos meses. Avisei para não ir, senti um mau presságio. — respondeu triste.

O ar frio e o vento começaram a formar um mini redemoinho à nossa volta, a aura das emoções negativas dela contando sobre seu amor do passado pode ser perigoso e me congelar antes de saber qual meu propósito aqui.

— O que aconteceu com ele?

—Sofreram uma emboscada quando comemoravam uma vitória. Houve um ataque surpresa do outro exército durante o temporal, e o corpo do general e seus comandantes foram jogados no lago. Não consegui fazer um funeral adequado para ele.

— Sinto muito por sua perda. Segundo a lenda, você tentou trazer ele de volta à vida?

— Na verdade, a lenda diz que eu tentei trazer ele de volta à vida durante a época feudal do Japão imperial. Foi um período cheio de desafios e perigos, com uma atmosfera assustadora que ainda me faz tremer só de pensar. — ela suspira e continua — O que aconteceu é que fui atrás de um feiticeiro para trazer ele de volta com a magia da flor de lótus. Só que sem o corpo físico sua alma não voltou, naquela época. Infelizmente, a tentativa de trazer essa pessoa de volta à vida teve um resultado que foi algo terrivelmente catastrófico, a alma iria renascer só que numa geração futura. Sinto-me arrepiada só de lembrar daquele momento, pois mexer com forças sobrenaturais nunca é algo a ser feito levianamente como fiz por amor.

— Como você ainda está vagando aqui na floresta depois de tantos anos?

— Após buscar desesperadamente por uma solução para me manter viva e aguardar o seu retorno, acabei me envolvendo com a magia negra. O pacto que me mantém aqui você já sabe. Utilizo uma melodia sedutora para atrair os homens e, infelizmente, sugo sua energia, congelando-os, até encontrar o escolhido. — Olhando para ela dá pra sentir sua tristeza contando o que lhe aconteceu. — Essa espera é solitária e a necessidade de absorver a energia vital de outros para me manter viva são fontes de tristeza e melancolia. Cada dia que passa, vagando nesta floresta, sinto o peso da solidão e a angústia de não saber quando ou se nosso reencontro realmente acontecerá.

— Você me salvou por que acredita que eu sou a reencarnação do seu general samurai do passado?

— Acredito que você seja sim, senti que meu samurai Imagawa Shōhō tinha renascido, naquele menino que brincava na neve, eu cantei e você veio ao meu encontro, e foi por essa crença que decidi salvá-lo.

— Que nome bonito, ele devia ser respeitado também. O meu nome é Suzuki Akira, meus amigos me chamam de Reita.

As manifestações negativas e o ar frio dissiparam, nossa conversa está fluindo tranquila agora, deu para perceber que ela não é má só quer ser feliz e encontrar seu amor perdido. Ela leva a mão ao capuz retirando-o revelando seus longos cabelos escuros, o seu rosto que possui traços andróginos misturando a feição feminina com a masculina sendo seus olhos amendoados profundos e enigmáticos.

— Eu já sabia seu nome, Reita-san, escutei seus amigos te chamando quando veio conversar comigo. Você me deu a sua mão e íamos embora juntos, só que você estava congelando, então lhe escondi numa árvore para buscar um agasalho. Quando voltei uma senhora idosa estava toda feliz lhe abraçando e beijando, olhei a cena e deixei você ir na esperança de você se lembrar de mim e de sua promessa.

— Agora tá explicado o que aconteceu no dia que desapareci na neve. Depois disso voltei pouco aqui, meu pai ficou com medo. Os pesadelos eram uma forma de você tentar se comunicar comigo...

— Gomen, pelos pesadelos a casa ficou vazia, quase perdi a esperança de lhe encontrar de novo, desde o Período Sengoku que estou nessa busca. Essa melancolia que carrego em minha voz é reflexo de toda a espera e solidão que enfrentei ao longo desses anos.

— Você passou muito tempo sozinha, nessa busca. Você tem um nome?

— Já me deram vários nomes Dama da Neve. Yuki-onna, a "bruxa da neve". Uma youkai cruel que atrai os homens em busca do seu amor perdido. Mas depois que te encontrei Akira, só encantei alguns esperando você voltar para mim.

— Antes de ser o que é agora, você ainda se lembra quem você era?

— Ao longo dos anos quase esqueci, eu pertencia ao clã Takeda e era descendente do Imperador Seiwa. Meu samurai Imagawa-san adorava me chamar de Imperatriz Uruha.

— Lindo nome combina com sua beleza, Imagawa Uruha.

Seu rosto fica corado com o elogio, deixando-a envergonhada por um raro instante. Um barulho de passos na neve, assusta e ela volta a posição de defesa fazendo o vento e a neve aumentarem sua intensidade com medo de ser atacada.

— O que houve Uruha-san?

— Sinto a presença de alguém se aproximando.

— Você acha que pode estar em perigo?

— Sim, por causa dos desaparecidos que congelei.

— Está fora da compreensão deles que os seus motivos são por amor.

— Ah... Reita-san, estou contente que você me entende.

— Agora sei como tudo aconteceu, e não era um sonho, mas sim uma memória esquecida.

— Então tá tudo certo, vamos ficar juntos afinal.

Uruha segura minha mão agora com temperatura controlada, com a intenção de sair daquele lugar. Como irei explicar que não posso apenas seguir com ela, sem avisar a minha família. Mesmo ela dizendo que sou sua alma gêmea renascida é muita coisa para processar, são decisões importantes.

— Como posso explicar isso, sem você ficar brava.

— Explicar o quê?

— São muitas informações que você me passou, certo?

— Certo, só quero seu amor. Reita-san, está com medo de mim?

— Não tenho medo, estou aqui com você e ainda não tô congelado.

— Por que não quer ficar comigo agora que consegui te encontrar?

— Não posso embora assim, sem avisar minha família. Eles vão me procurar e não quero que te machuquem.

— Gomenassai, esqueci dos seus parentes. Você pode falar com eles, amanhã encontro com você perto da casa.

— Uruha-san, me sinto bem na sua presença, só preciso decidir como fazer isso.

— Reita-san, amanhã à tarde nos vemos, tenha bons sonhos essa noite...

— Até amanhã, Uruha-san...

Após a despedida, Uruha sumiu como o vento na direção da floresta nevada. Por um tempo fiquei olhando o horizonte vendo o sol encostando no lago deixando uma tonalidade alaranjado no céu.

Na minha volta encontrei o Kai, Aoi e meu irmão, a minha procura, a vovó disse que sai em busca da lenda eles vieram atrás.

"It's in the blood, it's in the blood

I met my love before I was born

He wanted love. I taste of blood"

—.—.—.—.

 


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Notas finais do capítulo

Notas Finais

Esse encontro do Reita foi interessante, ele descobriu as motivações da youkai Uruha sobre ele ser sua alma gêmea. E agora o que ele vai decidir?

Deixem suas teorias nos comentários.

Obrigada por ler
Obrigada por favoritar
Obrigada por comentar ❤
Obrigada muuuito obrigada
Capítulos novos assim que ficarem prontos.

PS: Love Like Winter está sendo publicada ao mesmo tempo no Spirit e Wattpad .

Link da música da história, a Banda é AFI - Música do Album December underground.

https://youtu.be/ZAvOiEeAnSY



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